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Rio de Janeiro DIREITO DO TRABALHO I Professor: José Carlos Leite Unidade 1 - INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 1.1. Origem e evolução do Direito do Trabalho 1.2. Conceito de Direito do Trabalho, características, natureza jurídica 1.3. A inter-relação com demais ramos do Direito e outras ciências 1.4. Princípios peculiares ao Direito do Trabalho. 1.5. Fontes do Direito do Trabalho 2 - RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO 2.1. Conceito e distinção 2.2. Requisitos da relação de emprego 2.3. Espécies de trabalhadores sem vínculo de emprego: autônomo, eventual, avulso, estagiário, empreiteiro, voluntário, representante comercial autônomo Unidade 3 - SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO 3.1. Empregado - conceito e definição legal 3.1.1. Empregados urbanos 3.1.2. Empregados rurais 3.1.3. Empregados domésticos 3.2. Empregador : conceito e definição legal 3.2.1. Empregador, empresa e estabelecimento: conceito e distinções e empregador pessoa física 3.2.2. Poderes do empregador: de comando e disciplinar 3.2.3. Grupo econômico e suas alterações legislativas 3.2.4. Sucessão trabalhista: requisitos e efeitos dentro do contrato de trabalho CONTEÚDO Unidade 4 - CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO 4.1. Conceito, natureza jurídica, características 4.2. Elementos essenciais do contrato individual de trabalho: nulidade e efeitos 4.2.1. Agente capaz: idade mínima para o trabalho e normas de proteção ao menor 4.2.2. Objeto lícito 4.2.3. Forma prescrita ou não defesa em lei: ingresso na administração pública 4.3. Duração do contrato de trabalho 4.3.1. Contrato por prazo indeterminado 4.3.1.1. Contrato de Trabalho em Teletrabalho 4.3.2. Contrato por prazo determinado (a termo): regras gerais 4.3.2.1. Contrato de experiência 4.3.2.2. Contrato de aprendizagem 4.3.2.3. Contrato de safra 4.3.2.4. Contrato de obra certa 4.3.2.5. Contrato por prazo determinado da Lei nº 9.601/98 4.3.2.5. Contrato de Trabalho Intermitente 4.4. Contrato de trabalho temporário da Lei nº 6.019/74 e alterações da Lei 13467/2017 4.5. Terceirização com as alterações da Lei 13.429/2017 4.6. Cooperativa Unidade 5 - ALTERAÇÃO, SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 5.1. Alteração unilateral e bilateral 5.2. Jus variandi e o jus resistentiae 5.3. Promoção, rebaixamento, reversão: cargo de confiança e suas alterações 5.4. Transferência provisória e definitiva 5.5. Suspensão do contrato de trabalho: conceito, espécies e efeitos 5.6. Interrupção do contrato de trabalho: conceito, espécies e efeitos Unidade 6 - SALÁRIO E REMUNERAÇÃO 6.1. Remuneração: salário e gorjeta - conceito e distinção 6.2. Salário 6.2.1. Salário mínimo, salário básico, piso salarial: conceito e distinções 6.2.2. Normas de proteção salarial, irredutibilidade, intangibilidade salarial (descontos no salário) 6.2.2. Salário in natura 6.2.3. Sobressalário: gratificações legais, comissões e importância fixa 6.2.4. Prêmios, percentagens, abonos, diárias de viagem, ajuda de custo, adicionais 6.2.3.1. Adicionais de insalubridade e periculosidade 6.2.4. Salário complessivo 6.2.5. Participação nos lucros 6.2.6. Gratificação natalina 6.3. Meios e formas de pagamento de salários 6.4. Equiparação salarial, e desvio de função e as alterações legislativas Unidade 7 - DURAÇÃO DO TRABALHO 7.1. Limitação do tempo de trabalho: fundamentos e objetivos 7.2. Jornada de trabalho e horário de trabalho 7.3. Jornadas especiais: bancário, telefonista, cabineiro de elevador, turnos ininterruptos de revezamento, aprendiz, intermitente 7.4. Horas extras e variações de horário 7.5. Compensação de horário: semanal, mensal e semestral (banco de horas) 7.6. Empregados excluídos do capítulo da duração: trabalhador externo e gerentes Bibliografia Básica Cassar, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 16ª ed. Revista, Atualizada e Ampliada. São Paulo: Método, 2018 Amauri Mascaro Nascimento. Iniciação ao Direito do Trabalho. 41 edição. Rio de Janeiro: editora LTR, 2018. Carlos Henrique Bezerra Leite. Curso de Direito do Trabalho. 10 edição. Rio de Janeiro: Saraiva, 2018. Bibliografia Complementar Delgado, Maurício Godinho. Delgado, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no Brasil. 2ª Edição. São Paulo: Ltr, 2018. Junior, José Cairo. Curso de Direito do Trabalho. 15ª Edição. São Paulo: JusPodivum, 2018. http://www.estacio.br/reforcoacademico Teste seus conhecimentos e ganhe pontos extras na AV3 O Avaliando o Aprendizado são simulados divididos em 4 ciclos, que te ajudam a estudar e testar seus conhecimentos sendo realizados ao longo do semestre, e ainda ganhar até 2,0 pontos extras para AV3. Confira as disciplinas participantes e outros benefícios. Nova Chance Você, que teve o rendimento na Av1 menor que 4,0 pontos, tem a possibilidade de recuperar sua nota assistindo a aulas de reforço e refazendo a prova. 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Os servos tinham de entregar parte da produção rural aos senhores feudais em troca de proteção que recebiam e do uso da terra. Nessa época, o trabalho era considerado um castigo. Os nobres não trabalhavam. • Num terceiro plano, encontramos as Corporações de Ofício, em que existiam três personagens: os mestres, os companheiros/oficiais e os aprendizes. Os mestres eram os proprietários das oficinas; Os companheiros eram trabalhadores que recebiam salários dos mestres; Os aprendizes eram os menores que recebiam dos mestres o ensino metódico do ofício ou profissão. • Havia nessa fase da história um pouco mais de liberdade ao trabalhador, os objetivos, porém, eram os interesses das corporações mais do que conferir qualquer proteção aos trabalhadores. Revolução Francesa • Em 1789 as corporações de ofício foram suprimidas pela Revolução Francesa, pois foram consideradas incompatíveis com os ideal de liberdade do homem. Logo após a Revolução Francesa , houve o início da liberdade contratual. O Decreto d’Allarde suprimiu de vez as corporações de ofício, permitindo a liberdade de trabalho. Origem • O direito do trabalho nasce como reação ao cenário que se apresentou com a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: • Inglaterra – 1775 até 1820; • exploração desumana do trabalho; • classe trabalhadora se mobiliza no séc. XIX pedindo proteção e direitos trabalhistas. • Transformou o trabalho em emprego; • Os trabalhadores de maneira geral passaram a trabalhar por salários; • Surgimento da máquina a vapor como fonte energética; • Invenção da Máquina de Fiar e do Tear Mecânico; • Substituição do trabalho manual pelo trabalho com uso de máquinas; • Extinção de vários postos de trabalho causando desemprego; • Os trabalhadores começam a reunir-se, surge as associações de trabalhadores, para reivindicar melhores condições de trabalho e de salários, redução da jornada de trabalho, exploração de menores e mulheres; • O Estado deixa de ser abstencionista, para se tornar intervencionista, interferindo nas relações de trabalho; Marcos internacionais • 1802 – pela 1ª vez, na Inglaterra, é fixado o prazo máximo de 12 horas de jornada de trabalho. • 1919 – Constituição Alemã de Weimar traz direitos trabalhistas. - Na mesma data cria-se a OIT. • 1948 – Declaração Universal dos Direitos dos Homens. Oriundo da Revolução Francesa. OIT • Organização Internacional do Trabalho; • Sede em Genebra, Suíça; • Instituída através do Tratado de Versailles - 1919; • Organismo neutro, supra-estatal, que institui regras de obediência mundial de proteção ao trabalho; • Baseia-se em argumentos humanitários, políticos e econômicos. Evolução no Brasil: • A Lei do Ventre Livre dispôs que, a partir de 28/09/1871, os filhos dos escravos seriam livres; • A Constituição de 1824, apenas tratou de abolir as corporações de ofício (art.179, XXV, pois deveria haver liberdade de ofícios e profissões; • Em 13/05/1888, foi assinada pela Princesa Isabel a Lei Áurea, que abolia a escravatura. • Inicialmente, as Constituições brasileiras versavam apenas sobre a forma do Estado e o sistema de governo. Posteriormente, passaram a tratar de todos os ramos do direito e especialmente, do direito do trabalho, como ocorre em nossa Constituição atual; • A partir de 1930, começa a surgir uma política trabalhista idealizada por Getúlio Vargas; • A Constituição de 1934 é a primeira constituição brasileira a tratar especificamente do Direito do Trabalho, com influência do constitucionalismo social. Garantia da liberdade sindical (art.120), isonomia salarial, salário mínimo, jornada de trabalho de 8 horas, proteção do trabalho das mulheres e menores, repouso semanal, férias remuneradas (§ 1º do art. 121); • Em 1º de maio de 1943, foi editado o Decreto-lei nº 5.452, aprovando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). • Em 5-10-1988, foi aprovada a atual Constituição , que trata dos direitos trabalhistas nos arts. 7º a 11. • Introdução da Lei 13.467/17 • Conceito de CLT: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) pode ser conceituada como um compilado de leis, em um único documento, em que constam as principais normas, referentes às relações individuais e coletivas, entre empregado e empregador. CLT e CRFB/1988 • Entre 1949 e 1964 tem-se ampliação do mercado industrial interno e crescente mão de obra assalariada. • A CLT trouxe os direitos mínimos e fundamentais para a sobrevivência mínima dos trabalhadores. • A CF/88 trouxe o artigo 6º e 7º destinados a proteção do trabalhador. Conceito de Direito do Trabalho • “É um sistema jurídico permeado por institutos, valores, regras e princípios dirigidos aos trabalhadores subordinados, aos empregadores, empresas tomadoras de serviço, para tutela do contrato mínimo de trabalho e de suas obrigações decorrentes, sempre norteados por princípios constitucionais, principalmente da dignidade da pessoa humana”. Vólia Bomfim Cassar. Natureza Jurídica • A natureza jurídica do direito do trabalho é complexa – 4 acepções. • 1. Direito Público: possui normas imperativas, o Estado determina regras mínimas – art. 9º, CLT. • 2. Direito Privado: contrato entre particulares feito entre sujeitos privados. (majoritária) • 3. Direito Social: tem finalidade social, por amparar os hipossuficientes, caráter protetivo. • 4. Direito Misto: enquadra o direito do trabalho como público e privado ao mesmo tempo, por conter ambas as normas. Divisão do Direito do Trabalho: • Direito Individual do Trabalho: • Relação entre empregado e empregador. • Direito Coletivo do Trabalho: • Relação entre grupo de empregados e grupo de empregadores; • Envolve as categorias de empregado e empregadores. Relações do Direito do Trabalho com outros Ramos do Direito • O Direito é único e não comporta fragmentações, seus ramos apesar de autônomos são interdependentes e coexistem em harmonia. Vejam os exemplos: • a) Direito Constitucional – vide art. 7º da CF. • b) Direito Civil – origem do contrato de trabalho. • c) Direito Internacional – OIT • d) Direito Previdenciário e Tributário – FGTS, PIS. • e) Direito Penal – penas para delitos no trabalho. • f) Direito Empresarial – mudança da estrutura empresarial. Princípios podem ser conceituados como proposições diretoras de uma ciência, as quais todo o desenvolvimento posterior dessa ciência deve estar subordinado. No universo jurídico, temos inúmeros princípios considerados como regras ou preceitos, utilizados pelos juízes e juristas, como alicerce para a exata compreensão do Direito. Além dos princípios gerais de direito, temos princípios específicos referentes ao Direito do Trabalho. Princípios Princípios do Direito do Trabalho • 1. Princípio da Proteção: consiste na utilização da norma e da condição mais favorável ao trabalhador. Princípio que tenta corrigir as desigualdades entre empregado e empregador. Tende a proteger os menos abastados, para evitar a sonegação dos direitos trabalhistas destes. Para compensar esta desproporcionalidade econômica desfavorável ao empregado. O Direito do Trabalho lhe destinou uma maior proteção jurídica. Está caracterizado pela intensa intervenção estatal nas relações entre empregado e empregador, o que limita em muito, a autonomia da vontade das partes. O Estado legisla e impõe regras mínimas que devem ser observadas pelos agentes sociais. Estas formarão a estrutura basilar de todo contrato de emprego. • Seus subprincípios são: a) Princípio da Norma mais Favorável; b) Princípio da Condição mais Benéfica; c) Princípio in dubio pro operario. a) Princípio da Norma mais Favorável: havendo duas normas aplicáveis a um caso concreto, o intérprete deve utilizar a norma mais favorável ao empregado. novas leis devem dispor de maneira mais benéfica ao trabalhador. havendo várias normas a serem aplicadas numa escala hierárquica, deve-se observar a que for mais favorável ao trabalhador. b) Princípio da Prevalência da Condição mais Benéfica: busca-se na relação de emprego, a criação de condições e regras, mais benéficas ou trabalhador, como também, as vantagens já conquistadas, benéficas ao trabalhador, não podem ser modificadas a trazerem prejuízo ao trabalhador. vantagens já conquistadas, que são mais benéficas ao trabalhador, não podem ser modificadas para pior. É a aplicação da regra do direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal. Exemplo: Contrato de trabalho estabelece labor das 8 horas às 17 horas, de segunda a sexta-feira, com uma hora de intervalo para refeição e das 8 horas às 12 horas aos sábados, com descanso aos domingos, respeitando o limite legal de 44 horas semanais. Todavia, nos últimos anos o empregadorpermitiu que o empregado Manoel da Silva cumprisse, de segunda a sexta-feira, a jornada de seis horas, concedendo folga dos os sábados e domingos. Ao permitir que o empregado usufrua desta condição que lhe é mais favorável (trabalhar menos horas, com folgas também aos sábados) que aquela prevista no contrato de trabalho e na lei, o empregador limitou seu poder potestativo de variar o contrato e vinculou-se ao cumprimento desta nova condição mais favorável ao trabalhador, por tacitamente ajustada pela habitualidade (repetição no tratamento benéfico). Essas benesses se incorporam de forma definitiva ao contrato de trabalho. Não pode mais o patrão exigir o labor de oito horas diárias e o trabalho aos sábados, conforme ajustado na admissão e no contrato escrito. Se o fizer, deverá pagar ao trabalhador , duas horas extras diárias, além das horas trabalhadas aos sábados também como extras. c) Princípio do “In Dúbio Pro Operário”: segundo este princípio, havendo dúvida quanto à interpretação de uma lei ou de um caso concreto, deve o intérprete decidir a favor do empregado; Há explícita necessidade de se observar as seguintes condições: • a) somente quando exista dúvida sobre o alcance da norma legal; • b) sempre que não esteja em desacordo com a vontade do legislador. Devem estar presentes alguns pressupostos, quais sejam: • Pluralidade de normas jurídicas; • Validade das normas em confronto; • Aplicabilidade das normas concorrentes ao caso concreto; • Maior favorabilidade, para o trabalhador, de uma das normas em cotejo. • 2. Princípio da Primazia da Realidade: Para o direito do trabalho, os fatos são sempre mais importantes que os ajustes formais, ou seja, a verdade real prevalece sobre a verdade formal. Concede, portanto, valor maior ao que aconteceu do que está escrito. Exemplo1: Um empregado é rotulado de autônomo pelo empregador, possuindo contrato escrito de representação comercial com o último, o que deve ser observado realmente são as condições fáticas que demonstrem a existência do contrato de trabalho. Exemplo2: Cartões de ponto não noticiam labor extra, apesar de assinados pelo empregado. Entretanto, o trabalhador sempre trabalhou duas horas extras por dia. Se comprovar o fato, este prevalecerá sobre os controles de ponto. Exemplo3: Empregado recebe R$ 2.300,00 mensais. Todavia, seus contra cheques consta apenas o valor do salário mínimo, sendo a diferença paga “por fora”. Se comprovar o valor do real salário pago, este fato prevalecerá sobre os recibos saláriais. • 3. Princípio da Continuidade: Prioriza os contratos de trabalho por prazo indeterminado, trazendo assim, situações específicas em que é possível a contratação por prazo determinado. Presume-se que o contrato de trabalho terá validade por tempo indeterminado, ou seja, haverá a continuidade da relação de emprego. A ideia geral é a de que se deve preservar o contrato de trabalho do trabalhador com a empresa, proibindo-se, por exemplo, uma sucessão de contratos de trabalho por prazo determinado. • 4. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva: • São vedadas alterações no contrato de trabalho que tragam prejuízos ao empregado. • Alterações favoráveis podem. • Artigos 444 e 468 da CLT. Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. A Reforma Trabalhista permitiu uma série de alterações contratuais, mesmo que prejudiciais ao empregado, como analisado a seguir. Autorização indireta para alteração do trabalho continuo para trabalho intermitente, desde de que por ajuste escrito – art. 452-A da CLT Supressão ou redução de direitos pela flexibilização dos direitos trabalhistas por meio das normas coletivas (art. 611-A da CLT. Supressão da gratificação de função de confiança mesmo após dez anos, caso o empregado seja revertido ao cargo efetivo – art. 468, § 2º, da CLT. Retirada da natureza salarial e permitida a supressão do auxílio-alimentação, das ajudas de custo, de diárias de viagem ou prêmios por determinação do empregador que antes os concedia por liberalidade – art. 457, § 2º, da CLT. Retirada da natureza salarial das gratificações, salvo a de natal, art 457, §§ 1º e 2º, da CLT. • 5. Princípio da Irredutibilidade Salarial: não se admite o impedimento ou restrição à livre disposição do salário pelo empregado. Tal princípio baseia-se na natureza alimentar do salário. Art. 7º, da CF: - São direitos dos trabalhadores (...) além de outros: VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; • 6. Princípio da Irrenunciabilidade: Os direitos trabalhistas não são renunciáveis, ou seja, o trabalhador não pode renunciar, por exemplo, ao recebimento do salário em razão de a empresa para a qual trabalha passar por dificuldades financeiras. O art. 9º da CLT estabelece que “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos trabalhistas”. Fontes do direito do trabalho Conceito: Meio pelo qual o Direito Trabalho se forma, se origina e estabelece suas normas jurídicas. É a partir da fonte que se cria o direito e, como este, a obrigação e a exigibilidade ao cumprimento desta. A fonte formal regulamenta o comportamento das pessoas que, por sua vez, têm que ter ciência do direito que as obriga naquele momento. São importantes para que empregado e empregador se conscientizem de que, além da força obrigatória do contrato de trabalho, existem outros regramentos que têm força coercitiva e que devem ser respeitados e cumpridas. Importância do assunto Fontes do direito do trabalho • Dentre as classificações comuns das fontes de direito, nos interessa a classificação tradicional em fontes formais e materiais. FORMAL MATERIAL FORMAL AUTÔNOMA FORMAL HETERÔNOMA Fontes Materiais • São aquelas ligadas ao conteúdo e ao fato social que dá origem ao direito positivo. É o momento pré-jurídico, o contexto social, psicológico, econômico, histórico que dá origem às normas. • Exemplo: As reivindicações dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Greves. Pressões dos empregadores em busca de seus interesses econômicos ou para a flexibilização das regras rígidas trabalhistas. Fontes Formais • São as formulações jurídicas criadas para regulamentação do fato social. Sucedem as fontes materiais. Estas fontes são caracterizadas pela abstração, impessoalidade e imperatividade (norma cogente). Fontes Formais Autônomas: formadas pela participação direta dos destinatários das normas. • São elas: Convenção Coletiva (SxS) e Acordo Coletivo (SxE), Regulamento de empresa e usos/ costumes. Fontes Formais Heterônomas • Estas, normalmente, emanam da atuação estatal, ou seja, são formadas pela intervenção de um agente externo – O Estado que pode impor ou interferir na criação da norma. • São elas: • Constituição, leis em geral, decretos expedidos pelo Poder Executivo, sentença normativa, e súmulas vinculantes. • Art.8º, § 2º da CLT. a) Constituição – ( regras, valores e princípios); b) Leis – leis ordinárias, medidas provisórias; c) Decretos – expedidos pelo executivo; d) Tratados e convenções internacionais – desde que ratificados no Brasil. e) Sentença normativa – Art. 114, §2º da CF; f) Convenção e Acordo Coletivo; g) Laudo ou sentença arbitral coletiva– Art. 114, §1º da CF; h) Regulamento da empresa; i) Súmula vinculante j) Costume Fontes Formais segundo sua hierarquia formal. Métodos de interpretação ou integração da lei • São eles: • Analogia; • Jurisprudência; • Equidade; • Princípios do direito; • Direito comparado; • Doutrina; ATENÇÃO! Art. 8º, CLT - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 2o Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 3o No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) • Analogia; • Jurisprudência; • Equidade; • Direito comparado; • Doutrina; • Costume; • Uso; virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos. relação de semelhança entre coisas ou fatos distintos. conjunto das decisões e interpretações das leis feitas pelos tribunais superiores, adaptando as normas às situações de fato. conjunto de ideias, opiniões, conceitos que servem de sustentação para teorias e interpretações da ciência jurídica; prática reiterada e/ou habitual de atos específicos e determinados de uma relação jurídica específica, não se tratando de uma fonte material, e sim formal autônoma verifica-se que, num contexto mais amplo, uma empresa, categorias, regiões, etc., podem adotar práticas habituais, firmando assim um modelo, ou um critério de conduta geral, impessoal. método de trabalho ou pesquisa que permite comparar elementos do direito de diferentes .
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