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Dissertação sobre as contribuições a partir dos seguintes autores Humberto Ávila

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Dissertação sobre as contribuições a partir dos seguintes autores Humberto Ávila (Sistema Constitucional Tributário, p. 316-339) e Giambiagi e Além (cap 10). 
Na presente dissertação buscaremos traçar o entendimento dos autores Humberto Ávila, Giambiagi e Além sobre as contribuições. Pela leitura do texto de Giambiagi e Além estudaremos a complexa origem e evolução do sistema tributário brasileiro a fim de chegar na sua possível reforma. Com base nessa analise, os autores buscaram determinar as bases para uma reforma tributária na qual reduziria o impacto negativo da tributação sobre a eficiência econômica. 
Já pela leitura do texto do autor Humberto Ávila, entenderemos melhor a ideia sobre a legalidade da tributação e sua relação com o Poder Judiciário. 
Giambiagi e Além começam seu trabalho discutindo o tema “sistema tributário” e questionando a dificuldade de se alcançar tal “ideal” de sistema. Argumenta que essa discussão é uma também com a divisão de renda do país. Há cinco cortes a serem feitos com relação a distribuição de renda, funcional, regional, pessoal, o corte do governo versus o setor privado e o corte federativo. 
A partir de uma exposição histórica breve, observamos que a principal fonte de receitas públicas era o comercio exterior e durou do Império até os anos 1930. A primeira importante mudança veio com a Constituição de 1891, na qual regulamentou as competências distintas da União e dos estados com relação as fontes tributárias. 
Já em 1956, vemos o Brasil dando os primeiros passos em direção a tributação sobre o valor agregado com a criação do imposto sobre o consumo. Logo após, com a necessidade de aumentar a capacidade de arrecadação do Estado, visando solucionar o problema de déficit fiscal e estimular o crescimento econômico, é implantado a reforma dos anos 1960. 
Concluem que o principal aspecto modernizador da reforma foi a mudança da sistemática de arrecadação, priorizando a tributação sobre o valor agregado, em vez de “em cascata”- referente a impostos cumulativos. Sendo criados dois impostos sobre valor agregado o IPI (imposto sobre produtos industrializados) e o ICM (imposto sobre circulação de mercadorias), que mais tarde, esse último, se tornaria o ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços).
Com a reformulação do sistema tributário, observa-se que os recursos na esfera federal foram centralizados, principalmente através da redução dos percentuais de transferência dos fundos de participação e ocorreu uma ampla concessão de incentivos e subsídios a atividade produtiva – o que mais tarde o governo percebeu que deteriorava a receita e assim foi criado o PIS (Programa de Integração Social). 
Giambiagi e Além criticam que a reforma da década de 1960 criou um sistema tributário que denotava a falta de equidade e retinha alto grau de centralização, apesar de ser tecnicamente avançado para a época. Essa extrema centralização do sistema gera perda de autônomia dos estados e municípios, fazendo com que fiquem com grande dependência das transferências federais (repasses). 
Com o advento da Constituição de 1988 vemos que o funcionamento, organização das contribuições parte da teoria tradicional das finanças públicas, na qual o governo federal é responsável pela arrecadação de alguns impostos característicos, principalmente sobre a renda, o comercio exterior, os de caráter regulatório e alguns impostos específicos. De um modo geral, são impostos que requerem um certo grau de centralização administrativa que facilite a cobrança. Os impostos arrecadados pelas esferas de governo compõem a receita bruta, já a receita disponível depende do balanço entre o que cada esfera repassa e recebe das outras. 
Um marco da Constituição de 1988 foi o aumento no grau de autonomia fiscal dos estados e municípios e a descentralização dos recursos tributários disponíveis. Os autores ressalvam que, no entanto, essa Constituição não previu os meios legais e financeiros, para que se desenvolvesse um processo ordenado de descentralização de encargos. 
Diante do exposto, os autores começam a discutir os problemas do sistema tributário. Sendo o primeiro dele o nível da carga tributária agregada. Analisa-se na tabela 10.2 do texto que é expressivamente superior as de outros países da América Latina a sua carga tributária, quando se comparar a países com a renda per capita alta o Brasil mostra-se em patamar inferior. 
O segundo é a falta de equidade. O aumento da qualidade da administração fiscal é essencial para que se atinja esse objetivo, à medida que poderá reduzir os altos níveis de sonegação existentes, garantindo a boa qualidade do sistema tributário e uma maior justiça fiscal. 
Assim apesar da contribuição que a tributação da renda e da riqueza pessoal possam fazer a justiça fiscal é principalmente a qualidade da administração fiscal que pode garantir o sucesso do objetivo perseguido. A existência de sonegação conduz a utilização de alíquotas nominais de imposto excessivamente altas que incentivam mais sonegação, o que, por sua vez, exige aumentos de alíquotas para garantir o nível de arrecadação, fechando o circulo vicioso da injustiça fiscal: contribuintes que cumprem rigorosamente suas obrigações – principalmente aqueles cujos impostos são retidos na fonte – competem em desvantagem com sonegadores e são prejudicados por novos aumentos de alíquotas. 
O terceiro problema são a dificuldade de competitividade no mercado interno e externo tendo em vista a nossa forte presença de impostos cumulativos. Ao fabricar bens cujo preço está “inchado” por esses tributos o produto nacional se torna caro em comparação ao importado. E no mercado externo, esse mesmo produto também enfrenta a concorrência com produtos sem essa carga tributária. 
Dessa forma, a solução dos autores é a alteração das regras de tributação aplicáveis as transações interestaduais que estimulam as guerras fiscais e a sonegação e dificultam a introdução de aprimoramentos, como as mencionadas desonerações dos bens de capital e das exportações. A harmonização da tributação pelo ICMS e ISS, evitando a bitributação de serviços de uso intermediário também se faz necessária. 
Nesse sentido, somos introduzidos a leitura de Humberto Ávila na qual afirma que somente a lei pode instituir tributos, de acordo com a Constituição de 1988. Ademais, somos apresentados ao princípio da determinabilidade fática, oriundo da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
O princípio da determinabilidade fática é sintetizado no texto em dois pontos pelo autor: primeiro, a própria lei deve determinar todos os elementos essências da obrigação tributária, sem delegar sua determinação para outros Poderes (Executivo e Judiciário); segundo, a lei também deve estabelecer os critérios essenciais para a decisão a ser tomada pelos outros Poderes. 
Além disso, ao analisarmos a legalidade da tributação se faz necessário a conceituação da exigência da determinação fática. A exigência da determinação fática exige um conteúdo material que só pode ser concretizado se a hipótese de incidência estiver prevista em uma lei formal, geral e abstrata que esteja conforme as normas constitucionais. Por isso, pode-se afirmar que a legalidade constitui um “mandamento formal- material”.
O principal é saber que a lei não contém as próprias decisões, mas sim indicar parâmetros e padrões em razões dos quais a decisão será tomada. 
Para Humberto Ávila a redução da extensão da influência sobre a decisão por meio de elementos distintivos da lei, determinados com a maior clareza, nunca pode ser identificada com uma predeterminação absoluta. A determinabilidade não é sinônimo de determinação prévia. Determinabilidade é a possibilidade de fornecer pontos de partida para aquilo que é essencial a determinado âmbito normativo. 
Logo, a exigência da determinação fática exige que o conteúdo da relação obrigacional tributaria deva ser determinável pela análise de uma lei formal, geral e abstrata, como visto acima, cuja hipótese de incidência deve concretizaras determinações constitucionais de competência e os princípios constitucionais conexos (incluídos os direitos fundamentais). 
Do apresentado, o autor analisa os limites da exigência da determinação fática. Observa-se que para tal faz uma examinação dos fundamentos de Teoria Geral do Direito. O autor destaca que, para nossa compreensão, basta a constatação provisória de que a exigência de determinação não pode estabelecer nenhuma determinação absoluta do conteúdo da norma jurídica. A chamada tipicidade escrita não pode ser compreendida como predeterminação conceitual da leis tributárias. 
Dessa forma, o autor propõe o princípio da determinabilidade fática. Sendo que os elementos essências da constitucionalmente pressuposta relação tributária devem resultar com a maior precisão possível de elementos distintivos da hipótese de incidência de uma lei, cuja aplicação depende de uma constatação concreta da combinação do significado preliminar do texto da norma e da situação de fato. 
Esse princípio da determinabilidade fática seria a melhor forma de implementação do ideal de reforma que Giambiagi e Além apresentam. Na qual uma reforma adequada deveria levar em conta que é essencial minimizar o efeito negativo da tributação sobre a eficiência e a competitividade do setor produtivo e promover a harmonização fiscal, para assegurar a consolidação do processo de integração comercial - sem causar danos à economia do país – bem como combater a sonegação. Assim, simplificar o sistema tributário a fim de reduzir custos tanto do fisco como dos contribuintes.
Por exemplo, o Brasil é o único país no mundo em que o maior tributo arrecadado na economia (ICMS) é um imposto sobre o valor adicionado regido por leis subnacionais. A harmonização internacional pressupõe a harmonização dos subsistemas tributário domésticos, e as regras constitucionais a esse respeito são falhas. A ideia é unificar as diversas legislações estaduais em uma única federal, seguindo a tendência mundial (adotando para tal o princípio do destino). 
Contudo, deduz que o contribuinte merece ser protegido contra mudança de critério adotada pelo Fisco na interpretação da legislação tributária. O contribuinte não pode ser prejudicado, muito menos punido, pelos fatos e atos anteriores à sua nova orientação. O principio da segurança das relações jurídicas se sobrepõe para garantir a estabilidade necessária aos sujeitos das obrigações. 
O essencial é que a dignidade humana, apesar de não possuir eficácia direta sobre a matéria tributaria, tem uma eficácia indireta sobre as relações obrigacionais tributárias. A preservação do direito a vida e à dignidade e da garantia dos direitos fundamentais de liberdade alicerçam não apenas uma pretensão de defesa contra restrições injustificadas do Estado nesses bens jurídicos, mas exigem do Estado medidas efetivas para proteção desses bens.

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