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NATAÇÃO PARA BEBÊS Caio Graco Simoni da Silva Tertuliano, I.W. Apolinário,M.R. Oliveira, T.A. NATAÇÃO PARA BEBÊS Caio Graco Simoni da Silva 1. INTRODUÇÃO Sabe-se que a prática de nadar, seja para bebês ou crianças, é tão antiga quanto atividades naturais como correr, pular e brincar. Assim como os Polinésios que desde os primeiros dias de vida inseriam e circundavam seus bebês dentro da água já em outros séculos, hoje em dia, cada vez mais essa prática torna-se sobressalente em clubes e academias. Isso tem levado a muitas dúvidas e críticas quanto a condutas e planos de aula. Antigamente as práticas não estavam estabelecidas por aspectos fisiológicos e sim de acordo com o ambiente, no caso dos polinésios, inserirem seus filhos na água na mais tenra idade estaria ligado à preocupação de suas mães com a possibilidade de afogamento e com o aspecto cultural do país. Natação para Bebês 3 As primeiras pesquisas realizadas sobre o ambiente aquático foram descritas por Watson (1919) e, posteriormente, por McGraw (1939). Estes autores procuravam explicações para o comportamento motor aquático em bebês e crianças. Watson defendia que essa aquisição seria condicionada pelo ambiente, enquanto McGraw atribuía essa aquisição a maturação do organismo. Watson só encontrou movimentos desorganizados do bebê na água, segundo este autor os bebês se debatiam na água sem demonstrar qualquer comportamento adaptativo no meio líquido. McGraw, por outro lado, registrou padrões de coordenação motora aquática bem-definidos, mostrando que os bebês conseguiram se deslocar mostrando um padrão de movimento de braços bem coordenados com os de pernas e tronco. Vale ressaltar que esses resultados estavam associados à forma com que cada bebê foi levado a interagir no meio aquático. Watson introduziu os bebês em decúbito dorsal, uma posição incômoda para inúmeros bebês, enquanto que McGraw os introduziu em decúbito ventral. Apesar desses resultados, ainda predomina a visão de que a aquisição da habilidade nadar é exclusivamente dependente do ambiente externo. Vários estudos foram feitos no âmbito do comportamento motor de bebês sem a preocupação das alterações fisiológicas, portanto, é preciso uma investigação mais clara destas alterações que ainda não são conhecidas e/ou estudadas no meio aquático, principalmente quando se trata de recém- nascidos. Tais considerações, mais atuais, são importantes no sentido de controlar riscos, bem como a efetividade dos exercícios propostos. Natação para Bebês 4 É de grande importância, no primeiro trimestre, as relações mãe e filho e obviamente no psiquismo infantil, ajustes como a rotina alimentar e do sono. Neste período, portanto, a presença dos pais durante as aulas é de suma importância. Outra vantagem de se iniciar a prática na mais tenra idade reside no progresso do tônus muscular, principalmente da região cervical, possibilitando uma melhor sustentação da cabeça. A não adaptação ainda a posição ereta, leva o bebê a aceitar de forma mais natural as posições horizontais, dorsais e ventrais, e assim inserir e estimular essas posições dentro do programa aquático é de grande relevância. A presença de alguns reflexos, ainda que em fase de extinção, coloca esta etapa de desenvolvimento como a mais propícia para a aprendizagem, assim como o resgate de memória da sua vida fetal (intra-uterina), pode ser responsável pelo bem- estar do bebê na água. Estudos na área de exercícios para bebês são escassos, mais ainda em idade precoce como o proposto por este trabalho. Nos estudos de Soares, Silva, Costa e Cunha (1999) foi analisada a alteração da freqüência cardíaca em bebês de um ano de vida em “situação estranha”. Esta “situação estranha” é definida como um procedimento laboratorial onde o bebê é submetido a oito fatores seqüenciais e fixos. Natação para Bebês 5 O procedimento dura vinte minutos iniciando com a entrada em um contexto, contato com uma pessoa estranha, duas separações da figura de vínculo. Esta é caracterizada como uma situação crescente de estresse. Neste trabalho os autores estudaram a reação dos bebês diante do estresse e para medir tal estresse foi avaliada a variação da freqüência cardíaca, usando, portanto um parâmetro fisiológico. Ainda segundo estes autores a variação da freqüência cardíaca pode ser uma medida de avaliação exógena como variações ambientais, mudança de postura e efeitos mecânicos da respiração, que ocorre na natação. E, naturalmente fatores endógenos como alterações nos estímulos de baroceptores e alteração da resistência vascular periférica. Neste contexto poder-se-ia supor que para alguns bebês a situação de entrar em contato com a piscina poderia ser causador de estresse. A pressão arterial em recém-nascidos é um ótimo indicador da função cardiovascular, sendo importante sua correta mensuração (RIBEIRO, GARCIA & FIORI, 2007). Portanto, é importante para o profissional dessa área tão específica entender e estudar todos esses processos que envolvem a segurança e o bem estar do bebê durante as aulas. Recentes estudos (SILVA ET. al, 2011) controlaram por meio de avaliações as alterações dos fatores funcionais através de indicadores como: pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e a temperatura corporal. Natação para Bebês 6 2. CONDUTAS DO PROFESSOR DURANTE AS AULAS DE BEBÊ: Saber formas de segurar esse bebê e oferecer ao seu corpo uma maior participação, passando assim maior segurança para os pais; Apresentar um tom de voz que dê segurança; Ter um olhar seguro, atento, afetivo; Valorizar os “pequenos”,mas, “grandes” ganhos; Saber estimular e diferenciar ritmos diferentes de cada bebê; Utilizar adequadamente os materiais de acordo com a faixa etária; Ter conhecimento profundo de primeiros socorros; Fazer uma programação que condiz com o educando e atenda as necessidades dos pais; Não comparar um bebê com outros bebês, avaliação individual; Informar os pais sobre toda mudança do projeto quando o mesmo for modificado Natação para Bebês 7 NATHANIELSZ, P.W. A vida do bebê no útero. Rio de Janeiro. Editora: Ediouro, 2002. 3. BEBÊ, QUEM É VOCÊ? O nascimento Por mais de nove meses o bebê foi carregado e envolto dentro de um outro corpo. Um lugar quente, úmido, onde o bebê dava cambalhota, era estimulado por sons de diversos timbres (sons da voz, estômago e coração), tanto interna como externamente. Agora é hora de sair, mesmo fora cabe a aos pais criarem uma base para seu crescimento físico e psicológico. Segundo Nathanielsz (2002, p. 200), os cientistas descobriram que: Biologicamente, o nascimento não é apenas um início ou um fim, é apenas um pouco de referência do desenvolvimento ao longo do caminho. Enquanto ainda estava no útero, seu bebê começou a aprender muitas das coisas que pensamos pertencer à vida fora do útero, como: respirar, degustar, aprender, e escutar. Você está transmitindo informações sobre o dia e a noite enquanto o seu bebê ainda está no útero, para que ele possa começar a entrar em sincronia com um ciclo de 24 horas logo após o nascimento. A amamentação dá continuidade ao programa de desenvolvimento que começou no útero. O seu estresse continua a afetar o desenvolvimento do bebê. Seu exercício nos meses após o parto pode continuar a ajudar o bebê a se desenvolver. Natação para Bebês 8 Antropólogos descrevem que, de certo modo, nós seres-humanos, nascemos todos prematuros, mesmo depois de enormes 9 meses dentro do útero. Na maioria dos animais selvagens, recém-nascidos, podem levantarem-se e moverem- se após 1 minuto do seu nascimento. Nós humanos ainda não, os bebês precisam de meses ou até anos para locomoverem- se em busca de alimento. Um dos motivos segundo Nathanielsz (2002), para esse desenvolvimento tão lento é que somos criaturas com cérebros muito grandes. O cérebro dobra o seu tamanho após o nascimento, sendo assim, não passaríamos pelo canal de nascimento. Portanto, mesmo após o nascimento, o bebê continua a se desenvolver de diversas maneiras. Durante a amamentaçãoestá ligação aumenta ainda mais, o corpo da mãe continua a ser fonte direta de nutrição e elo emocional com o bebê. O que a mãe ingere está diretamente ligado com o desenvolvimento do bebê ao longo de sua vida. Natação para Bebês 9 Pesquisadores descobriram que: O ambiente do bebê após o nascimento influencia a qualidade das conexões neurais no cérebro em crescimento. A quantidade e qualidade do leite materno estão diretamente relacionadas com a alimentação e o nível de estresse da mãe. Os anticorpos do leite materno mudam o sistema imunológico do bebê. Tocar, falar e brincar com o seu filho podem realmente alterar o desenvolvimento neural e melhorar o crescimento do cérebro. Quando uma mãe continua a se exercitar após dar a luz, isto tende a ajudar o desenvolvimento físico e psicológico da criança. Fatores que promovem o crescimento estão presentes no leite materno. A proporção de crescimento correta após o nascimento é tão importante quanto a proporção do crescimento antes do nascimento, para determinara saúde no curso da vida do bebê. Bebês que crescem muito rápido ou muito lentamente após o nascimento têm maior probabilidade de ter problemas de saúde futuramente. Natação para Bebês 10 Para uma programação mais saudável, Nathanielsz (2002, p. 202), recomenda: Amamentar seu filho pelo menos nos três primeiros meses. Reduzir estresse na sua vida diária. Exercitar-se. O exercício ajuda tanto a você quanto ao bebê. Curta o seu bebê! Brincar, abraçar, tocar e falar com o seu bebê criam a base física e mental sobre a qual ele vai construir sua futura segurança e felicidade. Após o nascimento os estímulos ambientais, são muito maiores que os de dentro do útero, temos que transformar esses estímulos em aprendizado. Num primeiro momento esses estímulos podem ser gerados através dos estímulos reflexos existentes nos bebês. Esses movimentos reflexos são evidentes em todos os bebês em maior ou menor grau, dependendo de suas idades e estruturas neurológicas. São reações involuntárias do corpo, as várias formas de estímulos externos, a maioria desses reflexos são subcorticais (são controlados pelo centro cerebrais inferiores), também são responsáveis por numerosos processos involuntários de conservação da vida como a respiração”. (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Natação para Bebês 11 4. "CONFISSÕES DE UM BEBÊ" Natação para Bebês 12 10 Mês – Completo hoje 30 dias de idade e confesso que já estou farto de ver caretas e ouvir "bilu-bilu" o dia inteiro na minha cara. Por que será que os adultos não falam direito, fazem uma voz esquisita e fanhosa, sabendo que não entendo nada do que dizem - Muito menos falando assim!! Natação para Bebês 13 20 Mês – Coisa que chateia é quando as visitas dizem que sou a cara do pai. Antes eu não ligava, mas agora já vi a cara do pai, acho um desaforo! Natação para Bebês 14 40 Mês – A vovó tem mania de ficar me balançando no colo e pensa que eu durmo por causa disso. Mas não é não! É que fico tontinho e desmaio. Outro negócio que me enche é quando a mamãe insiste em tirar a minha chupeta e o papai diz que é melhor do que botar o dedo na boca. O que me incomoda não é nem a falta de chupeta nem do dedo, é a discussão na minha frente. Natação para Bebês 15 60 Mês – Não gosto de pediatra porque vive receitando um monte de remédios e sopinhas horrorosas. Só não gosto daqueles ferrinhos que ele traz na malinha, mas toda vez que seguro um pra brincar, ele tira da minha mão e enfia em minha garganta. E por falar em Médico – aqui em casa todos acreditam nos livros que ensinam "como cuidar de bebê", mas nunca nenhum médico me perguntou do que realmente gosto e do que não gosto, pois quando eles escreveram seus livros eu nem tinha nascido! Seguir estatística é nisso dá: quem entra pelo cano sou eu... Natação para Bebês 16 80 Mês – As pessoas grandes ensinam os bebês a falar errado porque acham que é mais engraçadinho. Ficam dizendo "Mamã", "Papá", mas o certo é Mamãe e Papai. Depois eu sei o que acontece: de tanto a gente falar errado eles acabam mandando a gente pra escola para aprender a falar direito. Natação para Bebês 17 100 Mês – Não gosto de visitas. Entram no meu quarto para ver se estou dormindo e ficam falando baixinho que estou acordado. Depois vem outro e diz que estou dormindo, depois vem mais um e diz que estou acordado. Ninguém se manca, pois com todo mundo cochichando eu não consigo dormir! Natação para Bebês 18 120 Mês – A maior emoção da minha vida foi quando consegui ficar de bruços. Agora já estou engatinhando e ouço dizer que logo começarei a andar. Eles não perdem por esperar: Assim que eu começar a andar, SAIO DE CASA. Natação para Bebês 19 5. FASES DOS REFLEXOS Os movimentos reflexos são manifestados em todos os bebês em maior ou menor grau, vai depender de sua idade e estrutura neurológica, esses movimentos são reações involuntárias que o corpo do bebê responde através de algum estimulo externo, a maioria desses reflexos são controlados pelos centros cerebrais inferiores que são os subcorticais, responsável também pelos variados processos involuntário (SILVA, apud GALLAHUE, 2007). Após o nascimento o bebê organiza seus comportamentos com uma precisão cada vez melhor, seus reflexos fazem com que ele tenha uma rápida resposta, através de como ele será estimulado aguçando suas habilidades motoras progressivamente. Os reflexos que são coordenados entre si farão com que o bebê tenha oportunidade de se adaptar ao meio, Damasceno (1994). Natação para Bebês 20 De acordo com Cirigliano apud Damasceno (1994, pag. 31), “da equipe reflexa com que nasce munido o bebê, alguns elementos facilitam a aprendizagem da natação e seguramente também, de outras habilidades”. O que ocorre sobre as respostas reflexas é avaliar o que está sendo estimulado, pois isso irá facilitar o processo de aprendizagem, mesmo que os reflexos sejam negativo. Os reflexos negativos são aqueles que modificam as posições do corpo do bebê impedindo que ele adquira uma posição de equilíbrio que facilitar a sua flutuação. Segue abaixo a sequência dos reflexos que os bebês adquirem durante seu crescimento. Reflexo mecânico altera de forma ineficaz a mecânica respiratória útil na água, isso faz com que aja de forma negativa e provoca sensações que incomodam o bebê, especialmente quando trazem insegurança. Segundo Damasceno (1994) na aula de natação o bebê apresenta vários padrões de reflexos devido aos estímulos apresentados pelo professor de Educação física. Natação para Bebês 21 O Reflexo de Moro acompanha o bebê do nascimento até os quatro meses, ele é estimulado através de qualquer acontecimento de surpresa onde ocorra um barulho muito forte, ou que de repente algo se aproxime do bebê, ou seja, deixar de suspender a cabeça do bebê onde o mesmo encontra-se deitado. O bebê reagirá estendendo os braços e pernas como fosse agarrar em alguma coisa. Na água a esse reflexo aparece quando o bebê é colocado em decúbito dorsal executado em exercícios de flutuação, esse exercício é o mais indicado pedagogicamente, pois os outros estímulos podem acarretar uma insegurança trazendo um incontrolável choro, fazendo com que a aula seja interrompida. Natação para Bebês 22 O Reflexo de Busca começa no nascimento e vai até os quatro meses podendo ser prorrogado até os 6 meses, esse reflexo é estimulado através de um simples toque em um dos lados na face do bebê. O bebê responderá com uma pequena inclinação para o lado que está sendo tocado. Na aula de natação podemos estimular de modo que sejam feitas pequenas correções da cabeça quando o mesmo estiver em decúbito dorsal, isso faz com que a ele tenha uma responda mais aguçada, principalmente na hora em que o bebê vai se alimentar. Natação para Bebês 23 Reflexo Palpebral tem início no nascimento até os dois anos, ele pode ser estimulado através de objetos que encoste nos cílios, acontecendo isso ele responderá contraindo o músculo orbicular das pálpebras para se defender, na água esse estimulo faz com que o bebê aprendaa abrir e fechar os olhos quando forem mergulhar. Natação para Bebês 24 Reflexo Tonico Cervical começa a partir do nascimento até a criança começar a sustentar sua cabeça, ele é estimulado através da musculatura do pescoço, o bebê responderá com a extensão dos membros para onde a rosto está sendo orientado, podendo ser trabalhado na água para facilitar as manobras sem mergulhar o bebê. Reflexo de Precipício acontece a partir dos três meses onde o bebê começa a perceber a profundidade do local e evita se aproximar, durante a aula de natação sentado na borda da piscina determinar que o bebê projete o corpo para trás, assim fará com que bebê perca o equilíbrio, esse exercício fará com que ele evite mergulhar sozinho. Reflexo Gerônimo acontece dos cinco aos nove meses, podendo estimular os espaços físicos, que os atrai sem utilizar qualquer tipo de objetos. Durante a aula podemos utilizar o exercício do mergulho, que exige uma atenção redobrada, evitando qualquer tipo de acidente. Natação para Bebês 25 Reflexo de Reptação ou propulsão é a partir dos nove meses, podendo chegar até a ação voluntária, esse reflexo pode ser estimulado em um lugar firme, quando o bebe estiver em decúbito ventral o professor colocará sua mão contra a planta do pé, o bebê terá uma extensão sucessiva e com sincronismo dos membros inferiores, estimulando o engatinhar, ou propulsão de pernas dentro da água. Natação para Bebês 26 Reflexo do Bloqueio da Glote acompanha o bebê do nascimento aos doze meses, podendo ser prolongado nos bebês que desmamam tardiamente. Podendo ser estimulado através de qualquer agente físico que entra em contato com o rosto do bebê, isso ocasiona o bloqueio da glote durante alguns segundos, o bebê estando em apnéia podemos executar uma imersão. Reflexo de Para-Quedas, esse reflexo acontece entre o sexto e o sétimo mês até os dois anos, pode ser estimulado projetando o bebê contra a superfície da água como se eles fossem cair de cabeça, com isso a reação que o bebê terá é estender os membros superiores protegendo a face de uma possível queda. Na aula de natação ele protegerá a entrada da cabeça na água ajudando a propulsão do mergulho. Natação para Bebês 27 Segundo Campos apud Damasceno (1994) as dificuldades apresentadas irão desaparecer se o professor considerar que suas atividades envolvem sempre as alterações no comportamento nos bebês que serão estimulados, elas não poderão ser programadas e avaliadas com um objetivo, se não forem aplicadas corretamente as técnicas de modificações desse comportamento. Essas alterações no comportamento são baseadas no condicionamento e serão aplicadas no transcorrer de sua primeira infância, a partir dos movimentos reflexos como também dos movimentos voluntários. Esse feedback não será totalmente apropriado para o domínio dos movimentos, pois, esse campo de ação reflexa, significa um ato ou reação a um evento que acontece ao estimulo dado. Contudo é interessante expor que os movimentos reflexos são reações adquiridas provocadas por agentes que são previamente neutros e que atuam como uma maneira eficaz a partir de estímulos específicos, que poderão estabelecer algum tipo de vínculo quando existir a capacidade neuromotora para que o estimulo deseje ser condicionado. Natação para Bebês 28 6. HABILIDADE DE NADAR E BANHO A habilidade nadar significa deslocar-se no meio líquido por impulsão própria em auto-sustentação (SILVA, 2011). Partindo dessa definição, outro ponto para destaque em relação à natação para bebês, é a questão de quando começar, ou por que ensinar a nadar tão cedo e quais benefícios seriam conquistados com essa prática. Entende-se que após as vacinas (Poliomielite, Difteria, Coqueluche, Tétano) o bebê torna-se mais rico em anticorpos, proporcionando uma melhor defesa para o seu organismo. Além disso, os seguintes cuidados com o ambiente devem ser seguidos: a) o tratamento da piscina deve ser à base de sal (Acquamaid®) e não o uso de cloro em piscinas fechadas (BERNARD, CARBONNELLE, BURBURE, MICHEL E NICKMILDER, 2006), este cuidado diminui a irritação da pele do bebê e mesmo da mãe, dessa forma os mesmos não ficariam em contato com o cloro da piscina. Segundo os estudos de LAGERKVIST, B.J.; BERNARD,A.; BLOMBERG,A.; BERGSTROM, E.; FORSBERG, B.; HOLMSTROM, K.; KARP, K.; LUNDSTROM, N.; SEGERSTEDT,B.; SVENSSON, M.; NORDBERG, G. (2004), crianças submetidas a ambientes de piscina fechada e tratada com cloro apresentam alterações no epitélio pulmonar enquanto aquelas que frequentaram piscinas tratadas com ozônio não apresentaram alteração significante. Além disso, BERNARD, A.; CARBONNELLE, S.; BURBURE, C.;MICHEL, O.; NICKMILDER, M. Há ainda a possibilidade do bebê engolir água e se esta água não tiver cloro será melhor. Acredita-se que estes sejam os empecilhos que os médicos temem e desencorajam esta prática Natação para Bebês 29 Nesse sentido, se realmente não houver uma piscina exclusiva para tal, não seria indicado colocar os bebês após o nascimento (dois meses) dentro da água. b) Com relação ao local, é indicado de preferência um lugar pequeno, acolhedor, que o bebê e a mãe sintam-se bem, seguros e protegidos. Se possível uma piscina exclusiva para prática com bebês, com pequenas dimensões para não assustá-lo, restrito ao professor e aos pais, evitando deixar entrar no recinto outras pessoas para tirar foto, chamá-lo, tirar a sua atenção durante a seqüência da aula. Se houver materiais, guardá-los e utilizá-los na hora certa, pois os mesmos, devido a suas cores formatos e texturas, acabariam também dispersando a atenção dos bebês. c) A temperatura da água deve atender as necessidades fisiológicas e metabólicas do bebê. A temperatura corpórea interna do bebê nos primeiros dois meses varia de 35 oC à 37,8 ºC, e segundo Parys (1967), seria recomendado uma temperatura na piscina entre 30oC à 32oC. Essa temperatura poderia variar de acordo com a temperatura do dia, e de acordo com a programação, dessa forma o aparelho termorregulador estaria sendo estimulado também. Estas considerações são importantes para o início das atividades com bebês a partir dos dois meses de vida. Natação para Bebês 30 O Banho Uma das mais importantes dicas do profissional aquático é questão de instruir aos pais sobre os primeiros banhos do bebê. A magia da água fará com que desapareçam num piscar de olhos qualquer tipo de tensão existente ainda na criança, desde que os pais façam um ambiente correto e prazeroso. Primeiramente deixá-la flutuar, nada atrapalhando o contato da água com o corpo do bebê. (LEBOYER, 1995, pag. 102) Natação para Bebês 31 Para fazer o bebê entrar na água, segure-o pela axila, a banheira ou recipiente com água quente, variando entre 29 a 34 graus, encostar o dorso da sua mão antes de entrar com o bebê na água. Uma vez dentro, sinta o ambiente externo, não pode estar muito em desequilíbrio com o ambiente aquático, se possível um aquecedor próxima a banheira seria interessante. Uma vez dentro da água não é necessário segurar o bebê, deixe a água fazer o seu papel (Força de Empuxo), esse modo de sustentar o bebê é fundamental. O pescoço do bebê repousa no seu punho esquerdo, sua mão esquerda deve estar aberta, o dedo médio desliza na axila do bebê, isso seria um bom posicionamento para o bebê não escorregar. Mãos relaxadas, a cabeça em contato com a água, se possível, todo o pavilhão auricular submerso (sem oscilação da cabeça). Caso queira colocar a sua outra mão por baixo do bebê, sem problemas, mas não recomendamos, ele tem que começar a sentir essas diferenças de pressões que a água exerce sobre o seu corpo. É essencial que as duas mãos estejam relaxadas, o bebê tem que sentir segurança e ao mesmo tempo conforto de estar ali. Muitos pais se atrapalham nessa hora, prejudicando o bom andamento da adaptação ao meio líquido da criança. Uma vez explicado aos pais o profissional deve estar atento também em ajustar os tipos de empunhadura durante as aulas e os reflexos existentes nesse primeiro estágio da vida. Natação paraBebês 32 Estaremos citando durante as nossas argumentações a idade inicial de dois meses para o contato na piscina, portanto, o banho será de suma importância para o desenvolvimento aquático do seu filho. Esse contato ou retorno do bebê no meio líquido de forma sistematizada serão importantes para o seu desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo. Logicamente que conhecemos alguns relatos e bebês com idades muito antes dessa citada acima que tiveram sucesso no meio líquido, mas pensamos que são casos isolados e voltamos a reforçar, precisamos de piscinas próprias para atender esses casos com idades mais recentes. O educador que for trabalhar com bebês deve optar por um método mais lúdico, não o lúdico sem referências, mas o lúdico direcionado, acrescentar propostas não mecanicistas, se possível com brinquedos cantados (musicalidade) durante as aulas. O ato de ensinar e as propostas devem ser o mais espontâneas possíveis, tanto para os pais, como para o bebê. O método utilizado pelos educadores do movimento deve ser programado com antecedência, evitando o “inventar” de propostas durante as aulas, fazer com que o bebê manipule a água em diferentes posições de decúbito, giros, e imersões seria recomendado nesse período de aquisição de habilidades. Lembrem-se: os bebês não são réplicas dos adultos, por isso, tente respeitar as fases dos lactentes, cada bebê terá uma resposta diferente apesar de alguns terem as mesmas idades. Natação para Bebês 33 Quer se tornar um especialista em Natação para Bebês? Então Vem Ser ProAcqua! Clique no botão abaixo para conhecer a Certificação em Atividades Aquáticas ProAcqua Double H Conhecer agora! Envie sua dúvida para turma@cursosdoubleh.com www.cursosdoubleh.com Double H – O Ser Humano mais Humano Cel./Wpp.:(11) 9 4925 – 1812 34 https://proacqua.cursosdoubleh.com/ mailto:turma@cursosdoubleh.com http://www.cursosdoubleh.com/
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