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ANTROPOLOGIA CULTURAL ARTICULAÇÃO ENTRE ANTROPOLOGIA E PSICOLOGIA Wirlandia Magalhães Devens FAACZ – Faculdede Integrada de Aracruz Resumo O presente trabalho tem por objetivo mostrar a articulação entre antropologia e psicologia nos seus múltiplos campos de atuação, tendo como base a leitura de um texto que discorre sobre a temática. As interfaces entre psicologia e antropologia são objetos de estudos dessas duas ciências. A articulação entre psicologia e antropologia apresenta-se, uma vez que ambas têm como foco de interesse o comportamento humano nos seus aspectos sociais e subjetivos. Enquanto a Psicologia busca conhecer o homem como componente de grupos socialmente organizados, bem como seu comportamento individual, subjetivo, a Antropologia ocupa-se do comportamento grupal, buscando, nos dados levantados pelos psicólogos, explicações para a complexidade das culturas e do comportamento humano e para a interpretação dos sistemas culturais relacionados com os tipos de personalidade correspondentes. Nesse processo, interrogam quais seriam os móveis da conduta social e qual o papel da cultura no processo de adaptação humana. Fatores biológicos, ambientais e culturais são as variáveis explicativas das diferenças individuais, que determinam os diversos tipos de personalidade básicos das culturas. Nessa direção, existe um consenso entre os antropólogos que a “cultura” (qualquer cultura) não pára no tempo. Não se fala jamais de “cultura” como algo monolítico que exerce uma pressão (hegemônica ou outra), igual em todos os sujeitos. Pelo contrário, encaram-se as pessoas não como passivamente suspensas, mas, antes, jogando com “teias de significados” construídas no entrecruzamento de diferentes influências. Porém, nem sempre esses intercruzamentos aconteceram assim. Um longo percurso foi feito pelos estudiosos da área. Outros domínios subdisciplinares foram concebidos para superar dificuldades conceituais. O reconhecimento de nossa natureza histórica proporciona uma conclusão dos debates referente à validade pertencente a protótipos representacionais, socioconstrutivistas (Piaget) e neurofenomenológicos da mente. Diante desse fato, propõem um modelo unificado de ser humano, dos quais múltiplos aspectos continuam plenamente abertos à investigação, mesmo quando o protótipo pretende lidar simultaneamente com a singularidade – isto é, com a realidade histórica – do que deve ser considerado como o humano e com questões analíticas na conexão entre psicologia e antropologia. Parte-se do pressuposto que o diálogo entre a psicologia e a antropologia é fundamental, visto o aprendizado é um processo espaço-temporal dinâmico em cada ponto, de forma inevitável, que situa os seres humanos historicamente em relação a outros seres, em lugares e momentos específicos do tempo e no mundo que habitam. O ponto de intercessão dos autores é a defesa da necessidade de reconhecer que o ser humano é, em todos os aspectos de seu ser, um produto transformador dinâmico do passado por ele vivido e está situado em relação a todos os outros (jovens e velhos, vivos e mortos), cujas ideias e práticas estejam contribuindo para estruturar as condições de sua existência presente. Daí surge o conceito de modelo unificado. No modelo unificado, a mente é uma função não do cérebro, nem do sistema nervoso incorporado, mas do ser humano integral em relações intersubjetivas com outros no mundo circundante. Está implícita aí uma concepção da consciência como um aspecto da auto poiese humana. Este modelo parte da realidade física humana: o fato de que, do ponto de vista biológico, cada um de nós, como outros seres vivos, é autopoiético - cria-se por si mesmo e se auto-regulam. Assim, o ser humano é visto como um todo unificado, possuindo uma integridade individual e manifestando características que são mais diferentes que a soma das partes. Como seres humanos antes nos são dado que a natureza particular de nossa autonomia reside precisamente na história de nossas relações recíprocas, e nisso não há nada paradoxal. Ou seja, nossa singularidade em cada caso individual está dada pelo fato de que cada um de nós tem uma história pessoal que faz de nós o que somos. Sem dúvida, existe aí um terreno fértil para o diálogo entre psicólogos e antropólogos. Guardadas as justas proporções (as diferenças de objetivo e de suporte epistemológico), e uma escuta atentiva, contemplamos juntas as narrativas e crenças que compõem nossas teias de significados construídas no entrelaçado de fios de diferentes influências.
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