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Conteúdo: CONSULTORIA DE MARKETING Bruna Melo 4 INTRODUÇÃO O objetivo deste conteúdo é trazer conceitos sobre as diferentes abordagens dos tipos de consultoria, praticados em todo o mundo e contextualizados desde o início da literatura sobre o tema. Alguns aspectos aqui levantados complementam alguns conteúdos já abordados em outras unidades e, outros, por sua vez, não serão aprofundados, pois virão mais a frente em outras unidades. Os conceitos iniciais sobre consultoria e sobre o estratégico papel do consultor, já foram abordados em outra unidade. Cabe aqui salientar as alternativas e diferentes visões de mercado sobre os possíveis tipos de consultoria existentes no contexto organizacional. A partir de conteúdos teóricos e práticos, extraídos de um longo histórico de pesquisas e publicações na área de consultoria, este artigo elucida as diferentes visões e nuances sobre os tipos de consultoria empresarial. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta aula unidade, você deverá ser capaz de: • Identificar os diferentes tipos de consultoria partindo da visão macro até a visão micro; • Reconhecer as diversas possibilidades e articulações que um consultor pode ter quando utiliza diferentes tipos de serviços; • Analisar, sobre a óptica do consultor, as diversas possibilidades que implicam a escolha de um ou outro modelo de consultoria. TIPOS DE CONSULTORIA Quando trata-se do tipo de consultoria, o arcabouço teórico sobre o assunto permite compreender que o viés desta tipificação varia de acordo com o enfoque de um determinado autor e os aspectos que ele pretende enfatizar. Se levarmos em consideração os diferentes enfoques dos tipos de consultoria, os abordados são: 5 • Natureza do serviço a ser realizado (etapas e métodos); • Modelo de intervenção a ser utilizado; • O formato de atuação do consultor; • Estrutura da consultoria e sua amplitude. Existem diferentes modelos de serviços que podem estar inseridos na atuação do consultor, a citar (Kurb, 1986): 1) Diagnóstico empresarial: neste modelo o consultor fará uma análise geral de diversos fatores da empresa, adentrando diferentes setores e compreendendo a maturidade da empresa. É importante aqui que ele verifique recursos disponíveis, políticas, resultados, padrões administrativos e forças e fraquezas. A partir disso o consultor poderá identificar os problemas reais e compreender o quanto eles afetam a empresa. 2) Pesquisas e estudos especiais: neste modelo o consultor deve manter o foco nos dados obtidos e na elaboração de relatórios e outros documentos de registros e análises. 3) Elaboração de soluções para problemas específicos: neste modelo o consultor precisa entregar ao cliente as possíveis soluções para os problemas detectados no diagnóstico. É importante que o consultor compreenda se a empresa realmente acredita na solução proposta. 4) Assistência na implementação: neste modelo, entende-se que a empresa já internalizou as soluções propostas pelo consultor, porém, demonstra necessidade de auxilio na implementação das sugestões dadas. 5) Aconselhamento: neste modelo, o consultor realmente dará conselhos, respondendo perguntas e auxiliando em diversas dúvidas que surgem no processo. O que não pode acontecer neste caso, é a tomada de decisão passar para ele, pois isto cabe apenas à empresa. Pensando na natureza dos serviços, é possível ainda inclinar alguns focos distintos para os tipos de consultoria (Pereira, 1999), conforme mostra a figura 1. Estratégia Estrutura Cultura Modelosde Gestão Produto Processos Figura 1 – Focos distintos em relação aos tipos de consultoria 6 Dentro destas inclinações, cada profissional pode ter seu foco, baseado em seus conhecimentos e na necessidade específica de cada empresa. Além desta, outros autores desenvolveram interessantes abordagens para categorizar os tipos de consultoria. Dentre estas abordagens, esta a visão sobre como o consultor pode estruturar sua própria empresa e apresentar suas propostas de serviço ao mercado (Orlickas, 1998). Esta concepção é apresentada abaixo: • Consultoria Organizacional: esta premissa esta amparada pelo código de ética do consultor organizacional, e diz que “entende-se por consultor de uma organização a atividade que visa investigar, identificar, estudar e solucionar problemas gerais ou em partes, atentando para a estrutura, funcionamento e a administração de empresas e entidade privadas ou estatais”; • Consultor autônomo: não possuirá nenhum vínculo de trabalho com a empresa (empregatício). É um consultor experiente que irá desenvolver seu serviço de forma independente e diretamente no projeto na qual foi contratado, não cabendo a ele outras atividades; • Consultor associado: parceria feita entre consultores com interesses semelhantes para que sua atuação seja mais ampliada; • Consultor externo: não faz parte do circulo de trabalho tradicional da empresa. Virá como autônomo ou associado a uma empresa de consultoria, mas, sem vínculo empresa-cliente. Atuará diretamente na área de seus conhecimentos, habilidades e maior expertise; • Consultor exclusivo/particular: exige-se grande experiência deste profissional, uma vez que precisa passar muita segurança para a empresa. Geralmente ele vem de grandes empresas, possuindo larga experiência nas áreas específicas e ampla visão estratégica; • Consultor interno: é um funcionário da empresa (vínculo empregatício) e comumente atua com cargo gerencial ou técnico. Atua como um facilitador, uma vez que conhece a empresa e as pessoas que nela estão. Busca soluções, sugere, dá opiniões e auxilia nos diagnósticos. 7 Por fim, apresenta-se a classificação dos tipos de consultoria quanto à estrutura, dimensão e modelo, sendo está uma visão mais estratégica, e proposta pelo Manuel de Procedimentos de Consultoria nas Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/GO, 1994). A figura 2 apresenta estas informações: ESTRUTURA DIMENSÃO MODELO • Consultoria de pacote • Consultoria caso a caso • Consultoria coletiva • Modelo de compra • Modelo médico paciente • Consultoria de procedimentos • Consultoria especializada • Consultoria generalista Figura 2 – classificações da consultoria por estrutura, dimensão e modelo. Conforme apresentado na figura 2, tem-se: Estrutura: • De pacote: consultor já possui um modelo estabelecido anteriormente, usando os mesmos moldes de projetos anteriores; • Caso a caso: utilização de procedimentos, técnicas e métodos já utilizados anteriormente, porém adaptando-o para uma empresa especificamente; • Coletiva: como uma forma de prevenção de futuros problemas. Dimensão: • Especializada: atende necessidades específicas de cada empresa; • Generalista: integração entre as diferentes áreas da empresa, para que haja integração e mais visão; Modelo: • Modelo de compra: a empresa compra o serviço do consultor, informações ou tecnologias diversas. Neste modelo a empresa escolhe algumas áreas com necessidade de ajuda e os detalhes são afunilados; • Médico-paciente: diversos consultores realizando diagnósticos precisos na empresa (exames) em seus diferentes setores, e decidindo entre aqueles com maior necessidade; • De procedimentos: o consultor procura mostrar para a empresa (empresário, diretor, etc) onde estão os problemas, a partir da visualização de fatos e procedimentos. 8 Relação entre consultor interno e externo Levando em consideração os aspectos de modelos de serviço do consultor, como supracitado, cabe ressaltar que, em suma, os tipos de consultoria podem se ramificar de duas formas, cada qual com suas especificidades, sendo elas: consultoria interna e consultoria externa. Partimos do pressuposto de que o profissional que atua como consultor pode prestar este serviço em qualquer área da empresa. Para isso, basta que a gestão da mesma identifique o problema e a necessidade do serviço para que ele ocorra dentro desta área solicitada. O consultor interno é aquele que está vinculadode forma exclusiva com uma empresa, prestando seus serviços de forma integral para uma empresa, ou seja, em boa parte das situações ele é um colaborador da empresa (funcionário). Já o consultor externo é um profissional que atende a empresa de forma autônoma e esporádica, sem vínculo integral. Este profissional pode atuar por sua própria conta ou estar vinculado com uma empresa de serviços de consultoria. A figura 3 amplia estas diferenças: • Conhece os procedimentos internos da empresa; • Tem maior acesso as pessoas envolvidas (proximidade); • Possui a proximidade informal (poder informal); • Alto grau de oposição; • Possui menos liberdade por estar vinculado com a empresa. INTERNO • Larga experiência no setor que necessita de ajuda; • É mais inparcial; • Tende a maior aceitação; • Alto grau de oposição; • Mais disposto aos riscos; • Costuma não criar vínculos com as pessoas na empresa. EXTERNO Figura 3 – Tipos de consultoria 9 Muitas empresas já veem a estratégia de utilizar os dois modelos de consultoria, ao mesmo tempo, uma boa forma de proceder. Obviamente que para este modelo dar certo, ambos os consultores precisam estar alinhados e trabalhando de forma complementar, pois cada um possui uma visão da empresa, ou seja, o consultor interno conhece as pessoas e a cultura da empresa, e o externo sabe o que deu certo e errado em outras empresas do ramo. Em suma, o consultor interno pode atuar como um suporte e o consultor externo pode atuar de forma ampla, fazendo análises e sugerindo melhorias. Pode ser muito proveitoso para as empresas se utilizar destas duas fontes de conhecimento, uma vez que se complementam e, juntas, minimizam os problemas encontrados. 10 REFERÊNCIAS BLOCK, Peter. Consultoria Empresarial: o desafio da liberdade. Makron, 2001. FISHER, Roger; URY, William. Manual de Procedimentos de Consultoria nas Micro e Pequenas Empresas do SEBRAE-GO. Rio de Janeiro: SEBRAE, 1994. GUTMANN, Erik; CROCCO, Luciano. Consultoria Empresarial. São Paulo. Saraiva, 2005. KURB, M. Consultoria: um guia para a profissão. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. OLIVEIRA, Djalma. Manual de Consultoria Empresarial. São Paulo. Atlas, 2009. ORLICKAS, Elizenda. Consultoria interna de recursos humanos. São Paulo: Makron Books, 1998. PEREIRA, Maria J. L. B. Na cova dos leões: o consultor como facilitador do processo decisório empresarial. São Paulo: Makron Books, 1999. Conteúdo: