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Órgãos Públicos não possuem capacidade jurídica em processos judiciais

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Bom dia estava tendo dificuldades em acessar o site, por isso ainda não consegui postar minha participação no Fórum. Mas estarei participando
Fórum 1.1
Com base na jurisprudência do STF e do STJ, discorra acerca da possibilidade dos Órgãos Públicos serem sujeitos passivos e ativos em processos judiciais, inclua em sua resposta pelo menos um julgado acerca do assunto.
Os órgão públicos são partes integrantes da estrutura da administração pública direta e indireta, onde não devemos confundir órgão com pessoa jurídica, pois a pessoa jurídica é o “todo” e o órgão é apenas uma parcela deste “todo”, bem como também não devemos confundir com pessoa física, pois estes são os agentes públicos.
No conceito dos professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: “A administração direta é o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (União, Estados, Distrito Federal e Município), aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de forma centralizada, de atividades administrativas”
Podemos citar a Professora Di Pietro na sua definição de órgão público “como uma unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado”
A visão do Mestre José dos Santos Carvalho Filho, “a capacidade jurídica é atribuída à pessoa física ou jurídica, como bem averba o art. 7º do CPC, segundo o qual toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Sendo assim, o órgão não pode como regar geral ter capacidade processual, ou seja, idoneidade para figurar em qualquer dos pólos de uma relação processual.”
Após a conceituação e posicionamento de três grandes autores, fica claro que o órgão público não tem capacidade jurídica.
A jurisprudência entende que órgãos públicos não podem integrar polos em processos judiciais.
Informativo do STF nº 433, de outubro de 2006.
Ação Popular contra o CNMP e Incompetência do STF
O Tribunal, resolvendo questão de ordem em petição, não conheceu de ação popular ajuizada por advogado contra o Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP, na qual se pretendia a nulidade de decisão, por este proferida pela maioria de seus membros, que prorrogara o prazo concedido, pela Resolução 5/2006, aos membros do Ministério Público ocupantes de outro cargo público, para que estes retornassem aos órgãos de origem. Entendeu-se que a alínea r do inciso I do art. 102 da CF ("Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal ... I - processar e julgar, originariamente: ... r) as ações contra o ... Conselho Nacional do Ministério Público;"), introduzida pela EC 45/2004, refere-se a ações contra os respectivos colegiados e não aquelas em que se questiona a responsabilidade pessoal de um ou mais conselheiros, caso da ação popular. Salientou-se, tendo em conta o que disposto no art. 6º, § 3º, da Lei 4.417/65 (Lei da Ação Popular), que o CNMP, por não ser pessoa jurídica, mas órgão colegiado da União, nem estaria legitimado a integrar o pólo passivo da relação processual da ação popular. Asseverou-se, no ponto, que, ainda que se considerasse a menção ao CNMP como válida à propositura da demanda contra a União, seria imprescindível o litisconsórcio passivo de todas as pessoas físicas que, no exercício de suas funções no colegiado, tivessem concorrido para a prática do ato, ou seja, os membros que compuseram a maioria dos votos da decisão impugnada. Por fim, ressaltando a jurisprudência da Corte no sentido de, tratando-se de ação popular, admitir sua competência originária somente no caso de incidência da alínea n do inciso I do art. 102, da CF ou de a lide substantivar conflito entre a União e Estado-membro, concluiu-se que, mesmo que emendada a petição inicial no tocante aos sujeitos passivos da lide e do pedido, não seria o caso de competência originária.
Pet 3674 QO/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 4.10.2006. (Pet-3674)
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. LITISCONSÓRCIO ENTRE AUTORIDADE COATORA E PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. INEXISTÊNCIA. DETERMINAÇÃO DE QUE A AUTORIDADE COATORA TAMBÉM FOSSE CITADA. ANULAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS SEM A SUA PRESENÇA. DESNECESSIDADE. I - "Resta assente nesta Corte que 'a lei do mandado de segurança (lei nº 1.533/51, art. 7ª, I), em reforço da celeridade - uma das tônicas do instituto - rompeu com a sistemática anterior (Lei 191/36, art. 8º, § 1º, e CPC, art. 332, II). Basta, assim, que se 'notifique' o órgão coator. O órgão não 'representa' a pessoa jurídica. Ele é 'fragmento' dela (Otto von Gierke). Desse modo, não se pode falar em 'litisconsórcio necessário' entre órgão (autoridade coatora) e a pessoa jurídica (ré)' (STJ - 6ª turma, REsp 29.582, Rel. Min. Adhemar Maciel, DJ de 27.09.93)" (AgRg no REsp 86944/SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 07/05/2007). II - Assim sendo, se tecnicamente inexiste litisconsórcio necessário entre a autoridade coatora e o Estado de São Paulo, não há mesmo como se concluir devam ser anulados atos processuais praticados sem a sua presença na relação processual posto que, conforme dito, desnecessária. III - Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no REsp: 1098520 SP 2008/0222572-0, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data de Julgamento: 19/02/2009, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/03/2009)
Assim podemos dizer que órgão público é o conjunto integrante de uma mesma pessoa jurídica, onde sua competência é exercida pelo agente público. Desta forma entendemos que o órgão público não é pessoa jurídica, nem pessoa física, não podendo assim ter personalidade jurídica, ou seja, não pode ser parte ativa ou passiva em processos judiciais.

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