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POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO WEBCONFERÊNCIA I Nome do(a) professor(a) Charles Martins Educação e direitos humanos • EDUCAÇÃO COMO DIREITO • DIREITO À EDUCAÇÃO • DIREITO À CIDADANIA • DIREITO DE SER PESSOA Onde estão os teus direitos? Educação brasileira: avanços e desafios Educação básica • [...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação • Diante dessa afirmação de que a educação é um direito de todo cidadão e dever do Estado, da sociedade e da família, a educação, em particular a educação escolar, torna-se peça fundamental no desenvolvimento humano. para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 195). Escola? Analfabetismo • A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada em 2014, confirma a tendência de queda das taxas de analfabetismo: em 2013, o Brasil tinha cerca de 13 milhões de analfabetos na faixa etária de pessoas acima de 15 anos, ou seja, 8,3% da população total do país Escola versus trabalho Índice de desenvolvimento humano (IDH) • Nas últimas décadas, o Brasil também registrou avanços significativos nesse quesito. De 1990 a 2014, houve um crescimento de 24,2% do IDH brasileiro. De 2009 a 2014, o país avançou três posições no ranking mundial, atingindo a 75a posição em 2014. No entanto, o Brasil Políticas públicas e educação é superado por países latino- americanos, como Argentina, Chile, Uruguai, Cuba e Venezuela. Os primeiros lugares no ranking mundial do IDH são ocupados pela Noruega, Austrália e Suíça. • De acordo com os responsáveis pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os avanços registrados no IDH brasileiro devem ser creditados às políticas públicas adotadas pelo Estado no período. Direitos humanos • Em 1948, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esse documento histórico pode ser considerado uma espécie de Constituição da nova ordem mundial surgida após o fim da Segunda Guerra Mundial. Os Estados-membros da ONU, incluindo o Brasil, declararam “sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres” (ONU, 1948, p. 1). ARTIGOS • Em 30 artigos, a Declaração proclama o direito à vida, à liberdade e à igualdade: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (p. 2); condena qualquer espécie de discriminação, “seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição” (p. 2); e defende o direito à educação e saúde, justiça, segurança pessoal, propriedade, liberdade de pensamento, consciência e religião, entre outros direitos. Conceito • A expressão “direitos humanos” tem um sentido bastante amplo, pois abrange os direitos fundamentais da pessoa humana, ou seja, o conjunto dos direitos individuais, os direitos coletivos (ou sociais) e os direitos políticos. Os direitos humanos se baseiam nos princípios da liberdade, igualdade e solidariedade, que são considerados valores universais e que, portanto, devem proteger todas as pessoas indistintamente, sem qualquer tipo de preconceito, discriminação ou segregação. Os direitos humanos no século XXI • O mundo contemporâneo é marcado por uma série de graves violações aos direitos humanos, o que compromete a proteção dos direitos fundamentais (direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) já instituídos pela maioria dos países, principalmente os que participam de organismos internacionais. como a ONU. • Todos nós vivemos em uma realidade que parece bem distante das leis, declarações e teorias sobre os direitos humanos e a cidadania, apesar dos inegáveis avanços obtidos desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) • Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), em dezembro de 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as realizações do governo federal na área, mas também chamou a atenção para os enormes desafio • Não haverá paz no Brasil e no mundo enquanto persistirem injustiças, exclusões, preconceitos e opressão de qualquer tipo. A equidade e o respeito à diversidade são elementos basilares para que se alcance uma convivência social solidária e para que os Direitos Humanos não sejam letra morta da lei (BRASIL, 2010, p. 14). s a serem enfrentados pelo Brasil. Educação como direito humano • §1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito. • §2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. • §3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos (ONU, 1948, p. 6). BRASIL- PAÍS SIGNATÁRIO • No caso do Brasil, país-signatário da Declaração em 1948, o processo de pleno reconhecimento dos direitos humanos ainda está longe de se tornar realidade, tanto que somente 40 anos depois da realização da histórica Assembleia Geral da ONU é que a proteção dos direitos humanos se tornou lei no Brasil, graças à nova Constituição Federal, promulgada em 1988. O art. 4o do texto constitucional destaca a “prevalência dos direitos humanos” dentre os princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil. • Art. 13 – Decreto n. 591, de 6 de julho de 1992 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à educação. Concordam em que a educação deverá visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as pessoas a participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. • 2. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito: a) A educação primária deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos; b) A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação secundária técnica e profissional, deverá ser generalizada e se tornar acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; c) A educação de nível superior deverá igualmente se tornar acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; d) Dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de base para aquelas pessoas que não receberam educação primária ou não concluíram o ciclo completo de educação primária; e) Será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um sistema adequado de bolsas de estudo e melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente (BRASIL, 1992, grifos nossos). O direito à educação na Constituição brasileira • Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, no seu Art. 2o, a educação é um dever de todos. Uma educação básica de qualidade que prime pelosprincípios supracitados é direito de todo cidadão brasileiro. • São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL,1988). • Art. 205 – Afirma que a educação é “direito de todos e dever do Estado e da família”, em colaboração com a sociedade, “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Art. 206 – Estabelece oito princípios que devem nortear o ensino no Brasil. São eles: • 1. Igualdade de condições para acesso e permanência na escola. 2. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. 3. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. 4. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. 5. Valorização dos profissionais da educação escolar. 6. Gestão democrática do ensino público, na forma da lei. 7. Garantia de padrão de qualidade do ensino. 8. Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública. Cidadania: dimensões políticas e educacionais • Lembre-se que a ideia clássica de “cidadania” corresponde à primeira geração de direitos fundamentais, identificada em termos históricos com o Liberalismo e o Estado Moderno. Hoje, após sucessivas gerações de direitos, fala-se em uma “nova cidadania”, ou em uma “cidadania ampliada”. Essa cidadania seria aquela do cidadão contemporâneo, que vive em uma época e em um mundo (globalizado/informatizado) cujos valores são bem diferentes daqueles que existiam, por exemplo, no tempo da Revolução Industrial Inglesa (século XVIII) ou da Revolução Francesa (século XVIII). CIDADANIA • Lembre-se que a ideia clássica de “cidadania” corresponde à primeira geração de direitos fundamentais, identificada em termos históricos com o Liberalismo e o Estado Moderno. Hoje, após sucessivas gerações de direitos, fala-se em uma “nova cidadania”, ou em uma “cidadania ampliada”. Essa cidadania seria aquela do cidadão contemporâneo, que vive em uma época e em um mundo (globalizado/informatizado) cujos valores são bem diferentes daqueles que existiam, por exemplo, no tempo da Revolução Industrial Inglesa (século XVIII) ou da Revolução Francesa (século XVIII). • De uma forma simples, podemos dizer que o termo “cidadania” refere-se à condição da pessoa (o cidadão) que é investida de direitos e deveres civis, políticos sociais, conforme a Constituição e as leis do país. • Cidadania e direitos da cidadania dizem respeito a uma determinada ordem jurídico-política de um país, de um Estado, no qual uma Constituição define e garante quem é cidadão, que direitos e deveres ele terá em função de uma série de variáveis, tais como a idade, o estado civil, a condição de sanidade física e mental, o fato de estar ou não em dívida com a justiça penal etc. Os direitos do cidadão e a própria ideia de cidadania não são universais, no sentido de que eles estão fixos a uma específica e determinada ordem jurídico-política. Daí, identificamos cidadãos brasileiros, cidadãos norte-americanos e cidadãos argentinos, e sabemos que variam os direitos e deveres dos cidadãos de um país para outro (BENEVIDES, 2016, p. 4). A cidadania no Brasil • Diversos estudiosos brasileiros, entre eles a socióloga Maria Victoria Benevides e o jurista Fábio Konder Comparato, afirmam que o Brasil ainda é um país de privilégios e de “cidadãos de papel”. • Para eles, a raiz do problema está em nossa herança colonial (marcada pela violência da escravidão), no pensamento político autoritário, na falta de tradição democrática e na enorme desigualdade social, considerada uma das maiores do mundo. • Somos uma sociedade profundamente marcada pelas desigualdades sociais de toda sorte, e, além disso, somos a sociedade que tem a maior distância entre os extremos, a base e o topo da pirâmide socioeconômica. Nosso país é campeão na desigualdade e distribuição de renda. As classes populares são geralmente vistas como “classes perigosas”. São ameaçadoras pela feiura da miséria, são ameaçadoras pelo grande número, pelo medo atávico das “massas”. Assim, de certa maneira, parece necessário às classes dominantes criminalizar as classes populares associando-as ao banditismo, à violência e à criminalidade” (BENEVIDES, 2016, p. 2, grifos do original Educação, direitos humanos e cidadania • Na década de 1990, foram criados o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), sob a responsabilidade da Presidência da República, e a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos (RBEDH), instituição independente formada por diversas entidades e Organizações Não Governamentais (ONGs), entre outras iniciativas semelhantes. • Três dimensões são indispensáveis e interdependentes para o desenvolvimento da educação em direitos humanos e para a cidadania democrática: 1. A dimensão intelectual e a informação 2. A dimensão ética 3. A dimensão política Diretrizes e bases da educação nacional • A verdade é que, a partir da Constituição Federal de 1988, o país mudou muito em termos econômicos, políticos e sociais, assim como o sistema de ensino como um todo (público e privado), a começar pela mudança da legislação que regulamenta a educação nacional e o sistema educacional vigente no país. • A Lei n. 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, foi aprovada durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 20 de dezembro de 1996, após uma longa tramitação no Congresso Nacional, iniciada em 1988 – data de promulgação da nova Constituição Federal. • Portanto, a LDB atual não é simplesmente uma lei ordinária, mas sim um conjunto de leis que rege o sistema educacional em vigor no país. Educação Escolar • Educação escolar, e não sobre a educação em geral. Isso é explicado no próprio texto da lei: Art. 1o – A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1o – Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2o – A educação escolar deverá se vincular ao mundo do trabalho e à prática social (BRASIL, 1996). LDB/1996 • A partir da LDB, a educação escolar no Brasil passou a ser estruturada em dois níveis: • 1. Educação básica – formada por três etapas: educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental e ensino médio (normal e técnico- profissional). • 2. Educação superior – formada pelo ensino universitário, por áreas de conhecimento e pela educação profissional e tecnológica, bem como pela pós-graduação e pelos cursos de extensão. Os princípios que devem nortear o ensino no Brasil: • O art. 3o estabelece os princípios que devem nortear o ensino no Brasil: Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; Respeito à liberdade e apreço à tolerância; Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Valorização do profissional da educação escolar; Gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; Garantia de padrão de qualidade; Valorização da experiência extraescolar; Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Consideração com a diversidade étnico-racial (BRASIL, 1996, grifos nossos). O direito à Educação e os deveres do Estado • A Lei n. 12.796, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2013 e incluída no texto da LDB, aumentou significativamente a responsabilidade do Estado (e também dos pais)com a educação. Essa lei diz que o Estado brasileiro tem o dever de garantir educação básica obrigatória e gratuita a todas as crianças e jovens, dos 4 aos 17 anos de idade, ou seja, da pré-escola até a conclusão do ensino médio. • Art. 4o – O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II – educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade. • O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo (BRASIL, 1996, grifo nosso). OMISSÃO É CRIME • A autoridade pública competente estará sujeita a responder por crime de responsabilidade, caso fique comprovada sua omissão ou negligência no cumprimento de seus deveres com relação ao ensino público. • Atualmente, muitos municípios estão sendo forçados pela Justiça, mediante ações populares impetradas junto ao Ministério Público, a oferecer educação infantil e fundamental para todas as crianças, incluindo merenda escolar e transporte. Para evitar o desvio de verbas e recursos federais destinados à educação básica, o governo federal aumentou a fiscalização sobre as prefeituras. PÚBLICO X PRIVADO • O art. 7o explicita o princípio da coexistência de instituições públicas e privadas de ensino, estabelecido no art. 3o, nos seguintes termos: O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I – cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II – autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público; III – capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal (BRASIL, 1996) POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO WEBCONFERÊNCIA II Nome do(a) professor(a) Charles Martins Unidade 2 • Unidade 2 Sistema educacional brasileiro ....................................35 • Diretrizes e bases da educação nacional ......................................37 • Níveis escolares ............................................................................38 • Princípios e fins da educação escolar ............................................39 • O direito à Educação e os deveres do Estado .................................41 • Organização do sistema de ensino ................................................44 • Competências da União .................................................................45 • Competências dos estados .............................................................46 • Competências dos municípios ........................................................47 • Gestão democrática .......................................................................47 • Sistema federal de ensino ...............................................................48 • Sistema estadual de ensino ............................................................48 • Sistema municipal de ensino ...........................................................48 • Ensino privado .................................................................................49 • Modalidades de educação e ensino ................................................49 • Educação básica ..............................................................................50 • Conteúdos curriculares ..........................................................................51 • Educação infantil ...................................................................................54 • Ensino fundamental ..............................................................................55 • Ensino médio .........................................................................................56 • Educação profissional técnica de nível médio ........................................57 • Educação de Jovens e Adultos (EJA) ......................................................58 • Educação profissional e tecnológica ......................................................59 • Educação superior.................................................................................59 • Educação especial ................................................................................63 • Construindo um sistema nacional de educação....................................64 • Plano Nacional de Educação (PNE) – 2014 ..........................................65 • Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – 2016 .................................66 • Rumo a um Sistema Nacional de Educação ..........................................67 Sistema educacional brasileiro • Apresentar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei n. 9.394/96) de forma sistemática, incluindo as alterações introduzidas nas últimas décadas. Analisar a organização do sistema de ensino brasileiro, com destaque para o papel desempenhado pela União, pelos estados e pelos municípios na gestão desse sistema complexo. Expor as modalidades de educação e ensino existentes no país, analisando a legislação relativa a cada uma dessas variantes, especialmente a educação básica. Contribuir para a formação do estudante enquanto pessoa humana e cidadão, investido de direitos e deveres 1 – Diretrizes e bases da educação nacional Vamos iniciar esta unidade apresentando os princípios e as normas legais que regem a educação brasileira atual. Nossa referência principal será a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996 – orientada pelos princípios, diretrizes e normas estabelecidos na Constituição de 1988; portanto, o seu estudo é muito importante para que possamos compreender o restante da legislação educacional brasileira. 2 – Organização do sistema de ensino Você sabia que o Brasil não tem um sistema único de ensino, tal como a saúde, o emprego e o setor financeiro? O nosso sistema educacional é descentralizado, por conta da Constituição Federal e do sistema federativo de organização político-administrativa do país. Basta lembrar que temos escolas públicas federais, estaduais e municipais. Neste tema, nosso propósito é explicar a organização e o funcionamento desse sistema educacional. • 3 – Modalidades de educação e ensino Este é o tema mais abrangente e extenso desta unidade. Vamos analisar as diversas modalidades de ensino existentes no país (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação superior, educação profissional e técnica de nível médio, educação de jovens e adultos, educação profissional e tecnológica, ensino superior e educação profissional) do ponto de vista da legislação, especialmente a LDB. • 4 – Construindo um sistema nacional de educação No último tema desta unidade, vamos destacar duas medidas recentes muito importantes para a educação brasileira: o Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso Nacional em 2014, e a Base Nacional Comum Curricular, divulgada em 2016. Ambas devem contribuir para a construção de um sistema nacional de educação integrado e para a melhoria da qualidade do ensino. Diretrizes e bases da educação nacional • A situação da educação escolar no Brasil atualmente é bem diferente daquela que existia poucas décadas atrás. Você já deve ter percebido isso em conversas com seus pais, tios e outros familiares. A verdade é que, a partir da Constituição Federal de 1988, o país mudou muito em termos econômicos, políticos e sociais, assim como o sistema de ensino como um todo (público e privado), a começar pela mudança da legislação que regulamenta a educação nacional e o sistema educacional vigente no país. FHC- LDB/96 • A Lei n. 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, foi aprovada durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso,em 20 de dezembro de 1996, após uma longa tramitação no Congresso Nacional, iniciada em 1988 – data de promulgação da nova Constituição Federal. Níveis escolares • Níveis escolares A principal novidade da LDB é a ampliação da chamada “educação básica”, já prevista na Constituição. Nas décadas de 1970 e 1980, havia três níveis de ensino: • 1. Primeiro grau (educação primária e ginásio). 2. Segundo grau (colégio). • 3. Ensino superior (faculdade). LDB • A partir da LDB, a educação escolar no Brasil passou a ser estruturada em dois níveis: 1. Educação básica – formada por três etapas: educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental e ensino médio (normal e técnico-profissional). 2. Educação superior – formada pelo ensino universitário, por áreas de conhecimento e pela educação profissional e tecnológica, bem como pela pós-graduação e pelos cursos de extensão. Princípios e fins da educação escolar • O art. 3o estabelece os princípios que devem nortear o ensino no Brasil: Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; Respeito à liberdade e apreço à tolerância; Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Valorização do profissional da educação escolar; Gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; Garantia de padrão de qualidade; Valorização da experiência extraescolar; Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Consideração com a diversidade étnico-racial (BRASIL, 1996). O direito à Educação e os deveres do Estado. • A Lei n. 12.796, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2013 e incluída no texto da LDB, aumentou significativamente a responsabilidade do Estado (e também dos pais) com a educação. Essa lei diz que o Estado brasileiro tem o dever de garantir educação básica obrigatória e gratuita a todas as crianças e jovens, dos 4 aos 17 anos de idade, ou seja, da pré-escola até a conclusão do ensino médio. Organização do sistema de ensino • Em total sintonia com os dispositivos constitucionais, o art. 8o da LDB reafirma que “a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino” (BRASIL, 1996). Os parágrafos desse artigo explicam como esse regime de colaboração deve funcionar, de modo geral: § 1o Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2o Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei (BRASIL, 1996). Competências da União • Os arts. 9o , 10o e 11o da LDB definem as competências e as tarefas específicas da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para o bom funcionamento do sistema federativo de ensino. O art. 9o da LDB afirma que a União tem as seguintes incumbências, entre outras: • Elaborar o Plano Nacional de Educação, com a colaboração dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Organizar, manter, desenvolver e fiscalizar os órgãos e as instituições federais de ensino. Prestar assistência técnica e financeira para o desenvolvimento dos sistemas de ensino dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com atendimento prioritário ao ensino obrigatório. Estabelecer, em colaboração com os demais membros da Federação, competências e diretrizes comuns para a educação básica, que sirvam para nortear os currículos e os conteúdos mínimos da educação infantil, do ensino fundamental e médio. Realizar processo nacional de avaliação do ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino. Definir normas gerais para os cursos universitários de graduação e pós-graduação. Na estrutura educacional da Competências dos estados O art. 10 da LDB descreve as atribuições dos estados no sistema educacional, entre elas: Organizar, manter, desenvolver e fiscalizar os órgãos e as instituições estaduais de ensino. Definir formas de colaboração com os municípios na oferta do ensino fundamental, dividindo responsabilidades de acordo com a população a ser atendida e com os recursos financeiros disponíveis. Elaborar e executar políticas e planos educacionais, de acordo com as diretrizes e os planos nacionais de educação, de forma integrada e coordenada com os municípios. Competências dos municípios • O art. 11 da LDB define as atribuições dos municípios no sistema federativo de ensino: Organizar, manter, desenvolver e fiscalizar os órgãos e instituições municipais de ensino, de forma integrada com as políticas e os planos educacionais federais e estaduais. Exercer ação redistributiva das escolas sob sua competência. Aprovar normas complementares para o seu sistema de ensino. Assegurar prioridade ao ensino fundamental e oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal, de acordo com a Lei n. 10.709, de 2003. Optar pela integração com o sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica. Gestão democrática • O art. 14 recomenda que os sistemas de ensino definam normas para a gestão democrática das escolas públicas de educação básica, conforme os seguintes princípios: Participação dos docentes na elaboração do projeto pedagógico da escola. Participação das comunidades escolar e local nos conselhos escolares Sistema federal de ensino • Sistema federal de ensino De acordo com o art. 16 da LDB, o sistema federal de ensino compreende: I – as instituições de ensino mantidas pela União; II – as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos federais de educação Sistema estadual de ensino • De acordo com o art. 17, os sistemas de ensino dos estados e do DF compreendem: As instituições de ensino mantidas pelos governos estadual e distrital, respectivamente. As instituições de educação superior mantidas pelos municípios. As instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada. Os órgãos de educação estaduais e do DF, respectivamente Sistema municipal de ensino • De acordo com o art. 18, os sistemas municipais de ensino compreendem: As instituições de educação básica mantidas pelos municípios. As instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada. Os órgãos municipais de educação. Ensino privado • O art. 19 da LDB esclarece que as instituições de ensino públicas são aquelas criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; as instituições privadas são aquelas mantidas e administradas por pessoas físicas (indivíduos) ou jurídicas (empresas) de direito privado. Educação básica A educação básica é um conceito novo e original em nossa legislação, introduzido pela LDB. A finalidade da educação básica é explicada no art. 22 da referida lei: A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (BRASIL, 1996). A carga horária mínima anual será de 800 horas, distribuídas por 200 dias, no mínimo, de efetivo trabalho escolar. A classificação em qualquer série ou etapa, com exceção da 1a série do ensino fundamental, pode ser feita por promoção; por transferência, para candidatos de outras escolas; e mediante avaliação feita pela escola, que permita a inscrição do candidato, sem considerar sua escolarização anterior, na série ou na etapa adequada. Conteúdos curriculares • As normas relativas aos currículos da educação básica foramaperfeiçoadas por uma série de emendas legislativas introduzidas na LDB durante os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff. Conforme redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013, ao art. 26 da LDB, [...] os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996, grifo nosso). Os parágrafos do art. 26 detalham os conteúdos que devem constar obrigatoriamente na grade curricular das escolas de educação básica: • De modo geral, os currículos devem abranger o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil (§ 1o ). Conforme redação dada pela Lei n. 12.287, de 2010, o ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, deve ser ministrado nos diversos níveis da educação básica, como incentivo ao desenvolvimento cultural dos alunos (§ 2o ). Conforme redação dada pela Lei n. 10.793, de 2003, a educação física é obrigatória, mas sua prática é facultativa ao aluno que esteja trabalhando ou prestando serviço militar, que tenha mais de 30 anos de idade ou que seja pai de família (§ 3o ). • O ensino da história do Brasil destacará as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia (§ 4o ). A partir da 5a série do ensino fundamental, será introduzido o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, escolhida livremente pela comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição de ensino (§ 5o ). Conforme redação dada pela Lei n. 13.278, de 2016, as artes visuais, a dança, a música e o teatro constituirão o componente curricular do ensino da arte (§ 6o ). Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir nos conteúdos obrigatórios os princípios da proteção e defesa civil e da educação ambiental. Incluído pela Lei n. 12.608, de 2012 (§ 7o ). • A exibição de filmes nacionais deve ser integrada à proposta pedagógica das escolas como componente curricular complementar, sendo obrigatória a exibição por, no mínimo, 2 horas mensais. Incluído pela Lei n. 13.006, de 2014 (§ 8o ). Por diretriz do Estatuto da Criança e do Adolescente, os conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente devem ser incluídos, como temas transversais, nos currículos das escolas. Incluído pela Lei n. 13.010, de 2014 (§ 9º) Educação infantil • Os artigos da LDB referentes à educação infantil também foram alterados pela Lei n. 12.796, de 2013. A principal mudança diz respeito à pré-escola, que agora atende crianças de 4 a 5 anos de idade, e não de 4 a 6 anos. Lembre-se de que a medida é simplesmente uma regulamentação da Emenda Constitucional n. 53, de 2006, que introduziu essa mudança na Constituição O art. 31 estabelece as regras comuns para a organização da educação infantil: • Avaliação por meio de acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Carga horária mínima anual de 800 horas, distribuída por um mínimo de 200 dias de trabalho educacional. Atendimento à criança por quatro horas diárias, no mínimo, para o turno parcial, e por sete horas para a jornada integral. Controle de frequência pela instituição de educação pré- -escolar, exigida a frequência mínima de 60% do total de horas. Expedição de documentação atestando os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Ensino fundamental • A redação original do art. 32 da LDB foi alterada pela Lei n. 11.274, de 2006, de modo a incluir a duração de nove anos do ensino fundamental obrigatório, iniciando-se aos seis anos de idade. De acordo com o art. 32, o ensino fundamental tem como objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, 1996). Ensino médio • O ensino médio, com três anos de duração, é a etapa final da educação básica, mas sabemos que muitos jovens abandonam a escola, por uma série de motivos, antes de concluir os estudos. Na tentativa de reverter essa situação, o ensino médio ganhou o status de ensino obrigatório e gratuito, junto com a educação infantil e o ensino fundamental. Educação profissional técnica de nível médio • A seção IV-A da LDB é dedicada inteiramente à educação profissional técnica. Essa seção, que não existia no texto original, foi incluída pela Lei n. 11.741, de 2008. A principal novidade é a concepção de um ensino técnico- -profissional articulado e integrado aos diferentes níveis e modalidades de educação, incluindo o acesso ao ensino superior, como veremos mais adiante. Em geral, todas as legislações anteriores trataram a questão de maneira isolada, com ênfase apenas nas formações profissional e técnica, sem oferecer soluções para a continuidade dos estudos em nível superior Educação de Jovens e Adultos (EJA) • O Art. 37 da LDB afirma que a educação de jovens e adultos, conhecida pela sigla EJA, é destinada àqueles que não ingressaram na escola na idade regular ou não deram continuidade aos estudos no ensino fundamental e médio. O artigo prevê ainda as seguintes medidas: Os sistemas de ensino deverão assegurar gratuitamente aos interessados oportunidades educacionais apropriadas e oferecer cursos e exames que levem em conta as características próprias do aluno – interesses pessoais, condição de vida e de trabalho etc. (§ 1o ). Cabe ao poder público viabilizar e estimular o acesso e a permanência do trabalhador na escola, por meio de ações integradas e complementares (§ 2o ). A educação de jovens e adultos será articulada, preferencialmente, com a educação profissional (§ 3o ). Essa medida foi incluída pela Lei n. 11.741, de 2008. Educação profissional e tecnológica • O art. 39 da LDB explica que a educação profissional e tecnológica se integra aos diferentes níveis escolares e modalidades de educação, considerando as dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. A modalidade é constituída de três etapas, abrangendo os cursos de: 1. Formação inicial e continuada ou qualificação profissional. 2. Educação profissional técnica de nível médio. 3. Educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação. Educação superior • De acordo com o Art. 43 da LDB, a educação superior tem por finalidades: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber por meio do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização,integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; Educação especial • Educação especial é a modalidade de ensino oferecida para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. O atendimento especializado deve ser feito preferencialmente na rede regular de ensino. O conceito de educação especial e a meta de integrar essa modalidade com o ensino regular estão no art. 58 da LDB, conforme redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013. Educação inclusiva As alterações introduzidas na LDB com a finalidade de garantir a efetivação do direito constitucional à educação especial, em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, inserem-se na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, lançada pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008. Construindo um sistema nacional de educação Plano Nacional de Educação (PNE) – 2014 • O PNE estabelece as seguintes diretrizes para a próxima década: I – erradicação do analfabetismo; II – universalização do atendimento escolar; III – superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV – melhoria da qualidade da educação; V – formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI – promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII – promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX – valorização dos(as) profissionais da educação; X – promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014) Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – 2016 • A BNCC, ao propor uma referência nacional para a formulação de currículos, constitui-se como unidade na diversidade, reorientando o trabalho das instituições educacionais e sistemas de ensino em direção a uma maior articulação. Trata-se, portanto, de referencial importante do Sistema Nacional de Educação (SNE), responsável pela articulação entre os sistemas de ensino – da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios – visando a superar a fragmentação das políticas públicas, fortalecer o regime de colaboração e efetivar as metas e as estratégias do PNE (BRASIL, 2016a, p. 28). POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO WEBCONFERÊNCIA III PROFESSOR(A): NOME DO PROFESSOR Política é a ciência da governança de um Estado ou nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz publicas e educação respeito ao espaço público. Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental etc. [...] Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição (POLÍTICA, 2016). As políticas públicas, em geral, requerem a aplicação de recursos públicos e podem ter as funções distributiva, redistributiva ou regulatória: Políticas distributivas – correspondem à função típica do Estado, que é a de distribuir bens e serviços públicos para toda a sociedade, beneficiando a população de uma localidade, uma cidade, um estado, uma região ou um país. Os custos são arcados por todos os cidadãos por meio do pagamento de tributos (impostos taxas e contribuições) ao Estado. Políticas redistributivas – a principal finalidade desse tipo de política pública é alocar recursos, bens ou serviços públicos a grupos específicos da população, para garantir a efetivação de direitos ou por diversas outras razões. Muitas vezes, as políticas redistributivas, entre elas as políticas sociais, podem gerar conflitos e pressões contrárias de setores não beneficiados, pois significam a repartição de custos e benefícios sociais. Políticas regulatórias – estabelecem conjuntos de leis, regras e normas para disciplinar determinadas atividades, ações e comportamentos, sejam de natureza conflituosa ou não. Normalmente, exigem a elaboração de legislações específicas e a ação coercitiva do Estado para serem cumpridas Políticas afirmativas Uma das grandes novidades incorporadas à nossa Lei Maior consiste nas chamadas políticas públicas afirmativas – uma variação das políticas sociais tradicionais que visam proteger os grupos sociais mais vulneráveis em nome da igualdade e da justiça social. A Constituição de 1988 veda qualquer tipo de discriminação, a começar pelo preconceito racial, e assegura os direitos de crianças e adolescentes, mulheres, idosos, portadores de deficiência, populações indígenas e quilombolas (descendentes de negros escravizados) etc. Políticas públicas educacionais As políticas públicas educacionais, em sentido amplo, são aquelas aplicadas à educação escolar. Porque educação é algo que vai além do ambiente escolar. Tudo o que se aprende socialmente – na família, na igreja, na escola, no trabalho, na rua, no teatro etc. –, resultado do ensino, da observação, da repetição, reprodução, inculcação, é educação. Porém, a educação só é escolar quando ela for passível de delimitação por um sistema que é fruto de políticas públicas (TEIXEIRA, 2002, p. 4-5). Políticas públicas na educação brasileira Políticas educacionais do governo FHC O governo FHC adotou uma política de estabilização econômica, com controle da inflação, privatização de empresas estatais, atração de investimentos estrangeiros, elevação da carga tributária, reforma da Administração Pública Federal e da Previdência Social. Cinco anos se passaram, e em 1o de janeiro de 1999, FHC inicia seu segundo mandato, depois de derrotar Lula nas urnas mais uma vez. Porém, nessa gestão, seu governo é abalado por uma grave crise econômica, com altos índices de desemprego, descontrole das finanças públicas, desvalorização do real e aumento do endividamento externo do país, entre outros problemas Diretrizes da política educacional O programa Acorda Brasil: Está na Hora da Escola, apresentado por FHC, baseia-se em cinco pontos: 1. Distribuição de verbas diretamente para as escolas. 2. Melhoria da qualidade dos livros didáticos. 3. Formação de professores por meio da educação a distância. 4. Reforma curricular (estabelecimento de Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – e Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN). 5. Avaliação das escolas (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 186). Em 1997, o Ministério da Educação (MEC) divulgou um documento intitulado “Mobilização Social e Política pela Educação para Todos”, no qual define cinco metas prioritárias do governo FHC para a educação brasileira. Leia a seguir o trecho do documento que explicita essas metas: 1a – Garantir que os recursos do Governo Federal para o ensino fundamental cheguem realmente à escola e não se desviem na burocracia ou na utilização que não é claramente vinculada ao funcionamento e melhoria da escola. 2a – Formular um padrão curricular básico. 3a - Melhorar a qualidade do livro didático, a partir da opinião dos professores, buscando com os estados a implementação do processo de descentralização da aquisição do livro didático. 4a – Treinar professores, por meio de sistema de educação a distância, contando com os estados e municípios para manterem a rede de recepção montada pelo Governo Federal. 5a – Ampliar o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica para abranger os ensinos fundamental e médio(BRASIL, 1997, p. 3). Principais ações e programas educacionais A seguir, examinaremos as principais ações, planos e programas educacionais desenvolvidos durante a gestão do presidente FHC. A ordem de apresentação é a seguinte: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola). Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE). Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Bolsa-Escola. Plano Nacional de Educação (PNE) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) O Fundef foi instituído pela Emenda Constitucional (EC) n. 14/1996, e depois regulamentado por leis ordinárias específicas. A finalidade do Fundef está evidenciada no próprio nome do fundo e corresponde à prioridade concedida pelo governo FHC ao ensino fundamental. Desde sua implantação em todo território brasileiro, a partir de 1998, o Fundef estabeleceu uma nova sistemática de distribuição dos recursos destinados pelos estados e pelos municípios ao ensino fundamental. Lembre-se que a Constituição Federal determina que 25% das receitas dos estados e pelos municípios provenientes de impostos e transferências realizadas pela União devem ser aplicados exclusivamente em educação. Porém, a EC n. 14 estipulou que 60% desses recursos (15% do total arrecadado) devem ficar reservados para a expansão e a melhoria do ensino fundamental, ou seja, para financiar as escolas e pagar os professores de 1a a 8a séries. Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola) O Fundescola, sob a gestão do Ministério da Educação (MEC), foi um programa financiado por recursos federais e empréstimos do Banco Mundial. O programa promoveu um conjunto de ações nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação, tendo como finalidades a expansão do ensino fundamental, a permanência das crianças nas escolas públicas, a melhoria dos sistemas de ensino e a capacitação técnica das escolas e das secretarias de educação. Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) O PDE é um projeto complementar do Fundescola criado para modernizar a gestão escolar por meio de um planejamento estraté- gico, com a aplicação de princípios e métodos modernos de administração. O objetivo seria alcançar o máximo de eficiência com o menor custo possível, segundo as orientações do acordo fechado entre o Banco Mundial e o MEC. Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) O PDDE foi criado em 1995, tendo como missão prestar assistência financeira suplementar às escolas estaduais e municipais da rede pública de ensino fundamental e às instituições de educação especial mantidas por organizações não governamentais (ONGs). Graças ao sucesso dessa iniciativa do governo FHC, o programa foi mantido nas administrações seguintes. O PDDE visa promover a melhoria do ensino e incentivar a autonomia da gestão escolar, por meio do repasse anual dos recursos provenientes do Salário- -Educação diretamente para as escolas. A liberação dos recursos é feita pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). As unidades executoras das escolas (associação de pais e mestres, conselho escolar, cooperativa escolar etc.) recebem e gerem os recursos transferidos, definindo com autonomia a melhor forma de utilização desses recursos. Bolsa-Escola Criado em 2001, o Bolsa-Escola prevê a concessão de um incentivo financeiro mensal às famílias em situação de pobreza, desde que estas assegurem a permanência das crianças na escola e atendam aos critérios definidos para a permissão do benefício. Plano Nacional de Educação (PNE) Em janeiro de 2002, o presidente FHC sancionou a Lei n. 10.172, que instituiu o Plano Nacional de Educação – PNE (2001-2010). Trata-se de um plano decenal (com vigência de 10 anos) previsto na Constituição Federal e no art. 9o da LDB. O problema é que demorou muitos anos até esse plano ser regulamentado por uma lei específica. No final, esse primeiro PNE não teve continuidade, pois foi editado somente no último ano do governo FHC. Apesar de tudo, serviu para mostrar os desafios a serem enfrentados pela próxima administração, especialmente no que diz respeito ao ensino médio. Balanço das políticas educacionais do governo FHC A pedagoga Kátia Silva Santos chama a atenção para a influência exercida pelas agências financiadoras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a política educacional do governo FHC. Segundo ela, atendendo aos compromissos firmados com tais agências, o governo FHC utilizou a LDB e o Fundef para promover a descentralização e a municipalização do ensino. Políticas educacionais do governo Lula Neste tema, vamos examinar as políticas públicas educacionais desenvolvidas nos dois mandatos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), que ficou oito anos no poder – na primeira gestão, de 2003 a 2006, e na segunda, de 2007 a 2010. Diretrizes para a educação O documento estabelece as diretrizes gerais do novo governo para a educação brasileira: democratização do acesso ao ensino e garantia de permanência na escola; qualidade social da educação; valorização profissional do magistério; implantação do regime de colaboração entre as esferas de governo; democratização da gestão escolar. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) O Fundeb foi criado para atender toda a educação básica, ou seja, educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA). Esse novo fundo substituiu o Fundef (1998-2006), sendo instituído pela Emenda Constitucional n. 53/2006 e regulamentado pela Lei n. 11.494/2007. Trata-se de um fundo especial, de natureza contábil, instituído no âmbito de cada estado e do Distrito Federal, com vigência até 2020. O fundo é composto por recursos provenientes de impostos e transferências dos estados, Distrito Federal (DF) e municípios. A Constituição Federal determina que essas unidades federativas destinem à educação, no mínimo, 25% do total das receitas obtidas com impostos e transferências realizadas pela União. Para participar do Fundeb, os governos estaduais e municipais devem aplicar pelo menos 20% dessas receitas exclusivamente na educação básica A distribuição dos recursos do fundo é feita com base no número de alunos matriculados na educação básica, de acordo com o censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – autarquia federal vinculada ao MEC. Os recursos do fundo destinados aos municípios vinculam-se à educação infantil e ao ensino fundamental; no caso dos estados, devem ser aplicados nos ensinos fundamental e médio. Valorização do magistério É importante ressaltar que os recursos do Fundeb se destinam, além de à manutenção e ao desenvolvimento da educação básica pública, também à valorização dos trabalhadores em educação, incluindo sua condigna remuneração, conforme está expresso no art. 2o da Lei n. 11.494/2007. Estados e municípios, de acordo com o art. 22 da referida lei, deverão destinar anualmente, no mínimo, 60% dos recursos totais do fundo para o pagamento da remuneração dos professores da educação básica em efetivo exercício na rede pública. Na gestão de Lula, foram estabelecidos um piso salarial nacional e os programas de formação continuada dos profissionais da educação, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação básica. Programa Universidade para Todos (Prouni) O Prouni, regulamentado pela Lei n. 11.096/2005, tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais (100% do valor do curso) e parciais (50% ou 25%) para estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específica em instituições privadas de ensino superior. As instituições que aderem ao programa têm direito à isenção de tributos federais. O PDE é organizadoem quatro eixos de ação: 1. Educação básica. 2. Alfabetização e educação continuada. 3. Ensino profissional e tecnológico. 4. Ensino superior. O texto de apresentação do Plano Plurianual detalha os objetivos e metas do governo federal para cada um dos quatro eixos de ação estabelecidos no PDE: Políticas educacionais do governo Dilma Rousseff Diretrizes da educação e da pesquisa científica Na presidência, Dilma Rousseff deu continuidade às políticas educacionais do governo Lula. O programa de governo de Dilma faz um balanço bastante positivo da gestão Lula e anuncia as diretrizes da nova administração para a educação e para a pesquisa científica: Garantir educação para a igualdade social, a cidadania e o desenvolvimento Garantir educação para a igualdade social, a cidadania e o desenvolvimento – Transformar o Brasil em potência científica e tecnológica – Metas do segundo mandato de Dilma O programa de metas para a educação, previstas pelo governo de Dilma Rousseff para o seu segundo mandato (2015-2019), diz que A sociedade que se está constituindo é uma sociedade do conhecimento. Para alcançá-la e garantir condições de competitividade global, será necessário: erradicação do analfabetismo no país; garantir a qualidade da educação básica brasileira; promover a inclusão digital, com banda larga, produção de material pedagógico digitalizado e formação de professores em todas as escolas públicas e privadas no campo e na cidade; expandir o orçamento da educação, ciência e tecnologia e melhorar a eficiência do gasto; consolidar a expansão da educação profissional, por meio da rede de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; tornar os espaços educacionais lugares de produção e difusão da cultura; construir o Sistema Nacional Articulado de Educação, de modo a redesenhar o pacto federativo e os mecanismos de gestão; Aprofundar o processo de expansão das universidades públicas e garantir a qualidade do conjunto de ensino privado; ampliar programas de bolsas de estudos que garantam a formação de quadros em centros de excelência no exterior, capazes de atrair estudantes, professores e pesquisadores estrangeiros para o Brasil; dar prosseguimento ao diálogo com a comunidade cientí- fica, como fator fundamental para definir as prioridades da pesquisa no país; fortalecimento da política de educação do campo, e ampliação das unidades escolares assegurando a educação integral e a profissionalização (DIRETRIZES..., 2014). Escola e ideologia As relações entre educação, escola e ideologia é o assunto que trataremos a seguir. A questão da ideologia está intimamente ligada à concepção sobre o tipo de escola (e de sociedade) que se quer construir e desenvolver. O Estado e seus agentes políticos Saiba mais O governo FHC seguiu as orientações político- -ideológicas do PSDB, partido de centro- -esquerda alinhado às ideias neoliberais (ver Tema 2 desta unidade), ao passo que os governos de Lula e Dilma Rousseff ficaram sob a órbita de influência do PT, partido de esquerda com tendências socialistas. No entanto, todos esses governos dependeram das alianças políticas com outros partidos e do apoio no Congresso Nacional. Políticas públicas e educação Educação, ideologia e Estado são movidos por um conjunto de ideias, valores e crenças sobre o papel da educação escolar na sociedade. É por isso que todo novo programa, plano ou política educacional do governo sempre gera muita polêmica, com a contraposição de pensamentos diferentes a respeito do tema. Concepções de ideologia Ideologia é um termo que tem significados diferentes, dependendo do autor e da época. Existe uma vasta bibliografia sobre o tema. Observe as definições presentes em Heywood (2010, p. 18) acerca dos principais significados de ideologia: um sistema de crenças políticas; um conjunto de ideias políticas voltadas para a ação; as ideias da classe dominante; a visão de mundo de uma classe ou grupo social específico; ideias políticas que reúnem ou articulam interesses de classe ou sociais; ideias que propagam falsa consciência entre os explorados ou oprimidos; ideias que situam o indivíduo [em um] contexto social e geram um sentimento coletivo de inclusão; um conjunto de ideias sancionadas oficialmente usado para legitimar um sistema ou regime político; uma ampla doutrina política que reivindica o monopólio da verdade; um conjunto abstrato e extremamente sistemático de ideias políticas POLÍTICAS PUBLICAS E EDUCAÇÃO WEBCONFERÊNCIA IV PROFESSOR(A): CHARLES MARTINS Política é a ciência da governança de um Estado ou nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz publicas e educação respeito ao espaço público. Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental etc. [...] Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição (POLÍTICA, 2016). As políticas públicas, em geral, requerem a aplicação de recursos públicos e podem ter as funções distributiva, redistributiva ou regulatória: Políticas distributivas – correspondem à função típica do Estado, que é a de distribuir bens e serviços públicos para toda a sociedade, beneficiando a população de uma localidade, uma cidade, um estado, uma região ou um país. Os custos são arcados por todos os cidadãos por meio do pagamento de tributos (impostos taxas e contribuições) ao Estado. Políticas redistributivas – a principal finalidade desse tipo de política pública é alocar recursos, bens ou serviços públicos a grupos específicos da população, para garantir a efetivação de direitos ou por diversas outras razões. Muitas vezes, as políticas redistributivas, entre elas as políticas sociais, podem gerar conflitos e pressões contrárias de setores não beneficiados, pois significam a repartição de custos e benefícios sociais. Políticas regulatórias – estabelecem conjuntos de leis, regras e normas para disciplinar determinadas atividades, ações e comportamentos, sejam de natureza conflituosa ou não. Normalmente, exigem a elaboração de legislações específicas e a ação coercitiva do Estado para serem cumpridas Políticas afirmativas Uma das grandes novidades incorporadas à nossa Lei Maior consiste nas chamadas políticas públicas afirmativas – uma variação das políticas sociais tradicionais que visam proteger os grupos sociais mais vulneráveis em nome da igualdade e da justiça social. A Constituição de 1988 veda qualquer tipo de discriminação, a começar pelo preconceito racial, e assegura os direitos de crianças e adolescentes, mulheres, idosos, portadores de deficiência, populações indígenas e quilombolas (descendentes de negros escravizados) etc. Políticas públicas educacionais As políticas públicas educacionais, em sentido amplo, são aquelas aplicadas à educação escolar. Porque educação é algo que vai além do ambiente escolar. Tudo o que se aprende socialmente – na família, na igreja, na escola, no trabalho, na rua, no teatro etc. –, resultado do ensino, da observação, da repetição, reprodução, inculcação, é educação. Porém, a educação só é escolar quando ela for passível de delimitação por um sistema que é fruto de políticas públicas (TEIXEIRA, 2002, p. 4-5). Políticas públicas na educação brasileira Políticas educacionais do governo FHC O governo FHC adotou uma política de estabilização econômica, com controle da inflação, privatização de empresas estatais, atração de investimentos estrangeiros, elevação da carga tributária, reforma da Administração Pública Federal e da Previdência Social. Cinco anos se passaram, e em 1o dejaneiro de 1999, FHC inicia seu segundo mandato, depois de derrotar Lula nas urnas mais uma vez. Porém, nessa gestão, seu governo é abalado por uma grave crise econômica, com altos índices de desemprego, descontrole das finanças públicas, desvalorização do real e aumento do endividamento externo do país, entre outros problemas Diretrizes da política educacional O programa Acorda Brasil: Está na Hora da Escola, apresentado por FHC, baseia-se em cinco pontos: 1. Distribuição de verbas diretamente para as escolas. 2. Melhoria da qualidade dos livros didáticos. 3. Formação de professores por meio da educação a distância. 4. Reforma curricular (estabelecimento de Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – e Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN). 5. Avaliação das escolas (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 186). Em 1997, o Ministério da Educação (MEC) divulgou um documento intitulado “Mobilização Social e Política pela Educação para Todos”, no qual define cinco metas prioritárias do governo FHC para a educação brasileira. Leia a seguir o trecho do documento que explicita essas metas: 1a – Garantir que os recursos do Governo Federal para o ensino fundamental cheguem realmente à escola e não se desviem na burocracia ou na utilização que não é claramente vinculada ao funcionamento e melhoria da escola. 2a – Formular um padrão curricular básico. 3a - Melhorar a qualidade do livro didático, a partir da opinião dos professores, buscando com os estados a implementação do processo de descentralização da aquisição do livro didático. 4a – Treinar professores, por meio de sistema de educação a distância, contando com os estados e municípios para manterem a rede de recepção montada pelo Governo Federal. 5a – Ampliar o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica para abranger os ensinos fundamental e médio (BRASIL, 1997, p. 3). Principais ações e programas educacionais A seguir, examinaremos as principais ações, planos e programas educacionais desenvolvidos durante a gestão do presidente FHC. A ordem de apresentação é a seguinte: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola). Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE). Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Bolsa-Escola. Plano Nacional de Educação (PNE) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) O Fundef foi instituído pela Emenda Constitucional (EC) n. 14/1996, e depois regulamentado por leis ordinárias específicas. A finalidade do Fundef está evidenciada no próprio nome do fundo e corresponde à prioridade concedida pelo governo FHC ao ensino fundamental. Desde sua implantação em todo território brasileiro, a partir de 1998, o Fundef estabeleceu uma nova sistemática de distribuição dos recursos destinados pelos estados e pelos municípios ao ensino fundamental. Lembre-se que a Constituição Federal determina que 25% das receitas dos estados e pelos municípios provenientes de impostos e transferências realizadas pela União devem ser aplicados exclusivamente em educação. Porém, a EC n. 14 estipulou que 60% desses recursos (15% do total arrecadado) devem ficar reservados para a expansão e a melhoria do ensino fundamental, ou seja, para financiar as escolas e pagar os professores de 1a a 8a séries. Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola) O Fundescola, sob a gestão do Ministério da Educação (MEC), foi um programa financiado por recursos federais e empréstimos do Banco Mundial. O programa promoveu um conjunto de ações nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação, tendo como finalidades a expansão do ensino fundamental, a permanência das crianças nas escolas públicas, a melhoria dos sistemas de ensino e a capacitação técnica das escolas e das secretarias de educação. Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) O PDE é um projeto complementar do Fundescola criado para modernizar a gestão escolar por meio de um planejamento estraté- gico, com a aplicação de princípios e métodos modernos de administração. O objetivo seria alcançar o máximo de eficiência com o menor custo possível, segundo as orientações do acordo fechado entre o Banco Mundial e o MEC. Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) O PDDE foi criado em 1995, tendo como missão prestar assistência financeira suplementar às escolas estaduais e municipais da rede pública de ensino fundamental e às instituições de educação especial mantidas por organizações não governamentais (ONGs). Graças ao sucesso dessa iniciativa do governo FHC, o programa foi mantido nas administrações seguintes. O PDDE visa promover a melhoria do ensino e incentivar a autonomia da gestão escolar, por meio do repasse anual dos recursos provenientes do Salário- -Educação diretamente para as escolas. A liberação dos recursos é feita pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). As unidades executoras das escolas (associação de pais e mestres, conselho escolar, cooperativa escolar etc.) recebem e gerem os recursos transferidos, definindo com autonomia a melhor forma de utilização desses recursos. Bolsa-Escola Criado em 2001, o Bolsa-Escola prevê a concessão de um incentivo financeiro mensal às famílias em situação de pobreza, desde que estas assegurem a permanência das crianças na escola e atendam aos critérios definidos para a permissão do benefício. Plano Nacional de Educação (PNE) Em janeiro de 2002, o presidente FHC sancionou a Lei n. 10.172, que instituiu o Plano Nacional de Educação – PNE (2001-2010). Trata-se de um plano decenal (com vigência de 10 anos) previsto na Constituição Federal e no art. 9o da LDB. O problema é que demorou muitos anos até esse plano ser regulamentado por uma lei específica. No final, esse primeiro PNE não teve continuidade, pois foi editado somente no último ano do governo FHC. Apesar de tudo, serviu para mostrar os desafios a serem enfrentados pela próxima administração, especialmente no que diz respeito ao ensino médio. Balanço das políticas educacionais do governo FHC A pedagoga Kátia Silva Santos chama a atenção para a influência exercida pelas agências financiadoras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a política educacional do governo FHC. Segundo ela, atendendo aos compromissos firmados com tais agências, o governo FHC utilizou a LDB e o Fundef para promover a descentralização e a municipalização do ensino. Políticas educacionais do governo Lula Neste tema, vamos examinar as políticas públicas educacionais desenvolvidas nos dois mandatos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), que ficou oito anos no poder – na primeira gestão, de 2003 a 2006, e na segunda, de 2007 a 2010. Diretrizes para a educação O documento estabelece as diretrizes gerais do novo governo para a educação brasileira: democratização do acesso ao ensino e garantia de permanência na escola; qualidade social da educação; valorização profissional do magistério; implantação do regime de colaboração entre as esferas de governo; democratização da gestão escolar. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) O Fundeb foi criado para atender toda a educação básica, ou seja, educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA). Esse novo fundo substituiu o Fundef (1998-2006), sendo instituído pela Emenda Constitucional n. 53/2006 e regulamentado pela Lei n. 11.494/2007. Trata-se de um fundo especial, de natureza contábil, instituído no âmbito de cada estado e do Distrito Federal, com vigência até 2020. O fundo é composto por recursos provenientes de impostos e transferências dos estados, Distrito Federal (DF) e municípios. A Constituição Federal determina que essas unidades federativas destinem à educação, no mínimo, 25% do totaldas receitas obtidas com impostos e transferências realizadas pela União. Para participar do Fundeb, os governos estaduais e municipais devem aplicar pelo menos 20% dessas receitas exclusivamente na educação básica A distribuição dos recursos do fundo é feita com base no número de alunos matriculados na educação básica, de acordo com o censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – autarquia federal vinculada ao MEC. Os recursos do fundo destinados aos municípios vinculam-se à educação infantil e ao ensino fundamental; no caso dos estados, devem ser aplicados nos ensinos fundamental e médio. Valorização do magistério É importante ressaltar que os recursos do Fundeb se destinam, além de à manutenção e ao desenvolvimento da educação básica pública, também à valorização dos trabalhadores em educação, incluindo sua condigna remuneração, conforme está expresso no art. 2o da Lei n. 11.494/2007. Estados e municípios, de acordo com o art. 22 da referida lei, deverão destinar anualmente, no mínimo, 60% dos recursos totais do fundo para o pagamento da remuneração dos professores da educação básica em efetivo exercício na rede pública. Na gestão de Lula, foram estabelecidos um piso salarial nacional e os programas de formação continuada dos profissionais da educação, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação básica. Programa Universidade para Todos (Prouni) O Prouni, regulamentado pela Lei n. 11.096/2005, tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais (100% do valor do curso) e parciais (50% ou 25%) para estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específica em instituições privadas de ensino superior. As instituições que aderem ao programa têm direito à isenção de tributos federais. O PDE é organizado em quatro eixos de ação: 1. Educação básica. 2. Alfabetização e educação continuada. 3. Ensino profissional e tecnológico. 4. Ensino superior. O texto de apresentação do Plano Plurianual detalha os objetivos e metas do governo federal para cada um dos quatro eixos de ação estabelecidos no PDE: Políticas educacionais do governo Dilma Rousseff Diretrizes da educação e da pesquisa científica Na presidência, Dilma Rousseff deu continuidade às políticas educacionais do governo Lula. O programa de governo de Dilma faz um balanço bastante positivo da gestão Lula e anuncia as diretrizes da nova administração para a educação e para a pesquisa científica: Garantir educação para a igualdade social, a cidadania e o desenvolvimento Garantir educação para a igualdade social, a cidadania e o desenvolvimento – Transformar o Brasil em potência científica e tecnológica – Metas do segundo mandato de Dilma O programa de metas para a educação, previstas pelo governo de Dilma Rousseff para o seu segundo mandato (2015-2019), diz que A sociedade que se está constituindo é uma sociedade do conhecimento. Para alcançá-la e garantir condições de competitividade global, será necessário: erradicação do analfabetismo no país; garantir a qualidade da educação básica brasileira; promover a inclusão digital, com banda larga, produção de material pedagógico digitalizado e formação de professores em todas as escolas públicas e privadas no campo e na cidade; expandir o orçamento da educação, ciência e tecnologia e melhorar a eficiência do gasto; consolidar a expansão da educação profissional, por meio da rede de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; tornar os espaços educacionais lugares de produção e difusão da cultura; construir o Sistema Nacional Articulado de Educação, de modo a redesenhar o pacto federativo e os mecanismos de gestão; Aprofundar o processo de expansão das universidades públicas e garantir a qualidade do conjunto de ensino privado; ampliar programas de bolsas de estudos que garantam a formação de quadros em centros de excelência no exterior, capazes de atrair estudantes, professores e pesquisadores estrangeiros para o Brasil; dar prosseguimento ao diálogo com a comunidade cientí- fica, como fator fundamental para definir as prioridades da pesquisa no país; fortalecimento da política de educação do campo, e ampliação das unidades escolares assegurando a educação integral e a profissionalização (DIRETRIZES..., 2014). Escola e ideologia As relações entre educação, escola e ideologia é o assunto que trataremos a seguir. A questão da ideologia está intimamente ligada à concepção sobre o tipo de escola (e de sociedade) que se quer construir e desenvolver. O Estado e seus agentes políticos Saiba mais O governo FHC seguiu as orientações político- -ideológicas do PSDB, partido de centro- -esquerda alinhado às ideias neoliberais (ver Tema 2 desta unidade), ao passo que os governos de Lula e Dilma Rousseff ficaram sob a órbita de influência do PT, partido de esquerda com tendências socialistas. No entanto, todos esses governos dependeram das alianças políticas com outros partidos e do apoio no Congresso Nacional. Políticas públicas e educação Educação, ideologia e Estado são movidos por um conjunto de ideias, valores e crenças sobre o papel da educação escolar na sociedade. É por isso que todo novo programa, plano ou política educacional do governo sempre gera muita polêmica, com a contraposição de pensamentos diferentes a respeito do tema. Concepções de ideologia Ideologia é um termo que tem significados diferentes, dependendo do autor e da época. Existe uma vasta bibliografia sobre o tema. Observe as definições presentes em Heywood (2010, p. 18) acerca dos principais significados de ideologia: um sistema de crenças políticas; um conjunto de ideias políticas voltadas para a ação; as ideias da classe dominante; a visão de mundo de uma classe ou grupo social específico; ideias políticas que reúnem ou articulam interesses de classe ou sociais; ideias que propagam falsa consciência entre os explorados ou oprimidos; ideias que situam o indivíduo [em um] contexto social e geram um sentimento coletivo de inclusão; um conjunto de ideias sancionadas oficialmente usado para legitimar um sistema ou regime político; uma ampla doutrina política que reivindica o monopólio da verdade; um conjunto abstrato e extremamente sistemático de ideias políticas
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