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Direito Constitucional II A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO. O FEDERALISMO. OS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. O princípio Federativo: Forma de Estado. O princípio federativo é que consagra o estado federal, estruturado a partir da união indissolúvel de mais de uma organização política. 1. Origem do Federalismo: Forma de Governo Forma de Estado Regime Político LEGENDA SLIDES PEDRO LENZA DIRLEY DA CUNHA ANDRÉ RAMOS TAVARES COMENTÁRIO ARTIGOS E VIDEO AULA Conceito de Federação – surge dos norte americanos, junção de vários Estados soberanos com intuito de centralização do poder em um único Estado. Distinção para Confederação. o Federação é a união indissolúvel de Estados autônomos com base numa constituição. Os estados federados não possuem soberania, apenas autonomia, pois possuem limites estabelecidos pela constituição; o Confederação é a união dissolúvel de Estados soberanos com lastro num tratado internacional. Os entes confederados gozam de soberania, logo possuem vantagem jurídica diante da constituição. Aqui comporta o direito de secessão. Origem o No Brasil, o Federalismo surgiu com o ato político de 1889: libertação das províncias do poder centralizador do Império, sob forte influência da Federação norte-americana. o No início (Constituição de 1891) a Federação brasileira era dual ou clássica, com uma repartição de competência que reservava áreas de atuação privativas e distintas entre a União e os Estados. o Com a Constituição de 1934, instala-se o modelo federalismo cooperativo. o A Constituição de 1988 busca uma divisão equitativa do poder entre a União e os Estados. 2. Características 1. Descentralização Político Administrativa e Financeira. 2. Autonomia Política, Administrativa e Financeira dos Entes Federados. Constata a autonomia principalmente pela admissibilidade de Constituições elaboradas pelos próprios entes federativos. 3. Indissolubilidade, contudo é certo que alguns entes federativos pode rebelar-se e desatendendo ao comando constitucional invocar a si o direito de secessão. A própria constituição consagra mecanismo para isso ao dizer 1º) possibilidade de intervenção da União no Estado-membro rebelado ou do Estado-membro no município rebelado; 2º permissão conferida ao Chefe do Executivo de declarar a guerra externa ao eventual pais que queira anexar parte do território nacional. A intervenção federal nos estados membros é um meio para a permanência do federalismo. 4. Vinculação Constitucional. 5. Convivência Jurídica de ordens jurídicas locais, regionais e nacionais. Os estados-membros devem se auto-organizar por meio de Constituições próprias. Assim, podem organizar seus poderes executivos, legislativo e judiciário, dotando-os de funções típicas, respeitando os limites da constituição. 6. Repartição de competências: autonomia entre os entes federados. 7. Participação no Legislativo Nacional. A necessidade de uma Casa que represente os entes faz emergir o Senado. 8. Previsão de Suprema Corte. 9. Constituição rígida como base jurídica. A constituição é a carta de atribuições e por isso deve ser rígida de maneira que fiquem vedadas as autorizações, o federalismo deve ser assegurado como clausula pétrea. 10. Inexistência do direito de secessão (separação, retirada). 11. Soberania do Estado Federal. 12. Órgão representativo dos Estados-membros: Senado Federal. 13. Auto-organização dos Estados-membros: Constituições Estaduais.Exige a presença de órgãos próprios. 14. Necessário que haja representação de vontades parciais, essa representação ocorre no Senado Federal. Obs. Todos os componentes do Estado federal encontram-se no mesmo patamar hierárquico. 3. Tipologias 3.1 Quanto à formação: Por agregação: o Reunião de vários Estados o Os Estados independentes e soberanos resolvem abrir mão de parcela de sua soberania para agregar-se entre si e formarem um novo Estado Por segregação: o Divisão de estado pré-existente. A Federação surge a partir de um determinado Estado unitário que resolve descentralizar-se. o Ex: Brasil. 3.2 Quanto a maior ou menor concentração de poder: Centrípeto: maior concentração de poder no governo central. Chamado de federalismo orgânico também. Centrifugo: ampliação dos poderes dos governos regionais. Também chamado de federalismo de integração. De equilíbrio, equitativa repartição de poderes. 3.3 Quanto à repartição de competência: Dual (clássico): o Repartição privativa entre as entidades federadas que atuam como esferas distintas, separadas e independentes, não há cooperação. o A separação de atribuições é extremamente rígida. Cooperativa: o Surgiu no século XX, com o advento do Estado do bem-estar social. o Colaboração recíproca e atuação paralela ou comum entre os poderes centrais e regionais. o Pretende promover a aproximação entre os entes federativos, que deverão atuar em conjunto. o Não há separação precisa ou bem definida na distribuição das atribuições e competências de cada ente federativo. o Para Paulo Bonavides o federalismo cooperativo é o melhor que se amolda aos institutos autoritários por permitir que a União se sobreponha às demais unidades. 3.4 Quanto ao equacionamento das desigualdades Simétrico: o Prima pela igualdade na divisão de competências e receitas. o Homogeneidade de cultura e desenvolvimento, assim como de língua. o Busca adotar um mecanismo que reduza as desigualdades regionais. o Todos são considerados rigorosamente iguais, ignora-se aspectos referentes à diferença de população de cada Estado, bem como sua extensão territorial. o Segundo a professora, em concordância com André Ramos Tavares, no Brasil há um erro de simetria que provoca injustiça. Os Estados brasileiros receberam idêntico tratamento no pacto federativo, ignorando as grandes e profundas diferenças causando maior desequilíbrio. Assimétrico: o Decorre da diversidade de língua e cultura. o Leva em consideração as desigualdades. 4. PRINCÍPIO REPUBLICANO: FORMA DE GOVERNO Características: 1. Igualdade entre as pessoas 2. Eletividade 3. Representatividade 4. Temporariedade 5. Responsabilidade 5. PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: REGIME POLÍTICO Características: 1. Soberania popular 2. Pluralismo Político, social, cultural. 3. Liberdade e Justiça Social 4. Cidadania 5. Direitos Fundamentais 6. Dignidade da Pessoa Humana 6. ORGANIZAÇÃO POLITICO- ADMINISTRATIVO DO ESTADO BRASILEIRO Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. A União Os Estados Os municípios A UNIÃO A União não se confunde com o Brasil, sendo apenas um dos entes federativos A união é entidade federativa autônoma. É o ente da Federação que representa o governo central e o interesse nacional. Fala-se informalmente que ele é bipolar, visto que ora é um ente, ora representa o Brasil. É pessoa jurídica de direito publico interno, embora não conte com personalidade internacional- apenas atribuída aos Estado Federal brasileiro- são as autoridades e órgãos da união que representam oEstado Federal nos atos e relações do âmbito internacional. Competências administrativas e legislativas enumeradas no texto constitucional. Exerce as prerrogativas da soberania do Estado, quando for pessoa jurídica de Direito publico externo. Representa exclusivamente a Republica federativa do Brasil nas Relações internacionais União é diferente de Republica Federativa do Brasil. Não é titular de soberania, só goza de autonomia (art. 18 CF). Titular de soberania é a República Federativa do Brasil. OS ESTADOS MEMBROS Organizações politicas típicas da Federação Estados Federados é diferente de Estado Federal Argentina: Províncias; Suíça: Cantões; Alemanha: Lander Autonomia politica o Auto-organização (art 25)-uso do poder constituinte decorrente o Auto legislação (art. 25) o Autoadministração (art 25, 1) o Autogoverno (arts. 27,28, 125)- não depender o Estado das autoridades da União. As autoridades estaduais distribuem-se pelos três órgãos ou poderes: executivo, legislativo e judiciário. o Bens do estado (art 26). Obs. Legislação federal não é hierarquicamente superior à legislação estadual. UNIÃO Pessoa jurídica de direito público interno Ente da federação Pessoa jurídica de direito público externo Representa o Estado Soberano Incorporação, Subdivisão e Desmembramento dos Estados Membros Art. 18 § 3º Os Estados podem incorporar-se1 entre si, subdividir-se2 ou desmembrar-se3 para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 1. Fusão: ocorre quando dois ou mais Estados se unem geograficamente, formando um terceiro e novo Estado ou Território Federal, distinto dos Estados anteriores e estes não mais existirão. 2. Cisão: ocorre quando o Estado que já existe subdivide-se, formando dois ou mais Estados-membros novos ou Territórios Federais. O antigo Estado não mais existirá. 3. Desmembramento: ocorre quando um ou mais Estados cedem parte de seu território geográfico para formar um novo Estado ou Território Federal. O Estado originário não desaparece. a. Por anexação: a parte desmembrada vai anexar-se a um Estado que já existe, ampliando o seu território geográfico. b. Por formação: a parte desmembrada se transformará em um ou mais de um Estado novo ou TF, que não existia. SUBDIVISÃO : FUSÃO: DESMEMBRMENTO: Lei 9.709 art 4º A incorporação de Estados entre si, subdivisão ou desmembramento para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, dependem da aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito realizado na mesma data e horário em cada um dos Estados, e do Congresso Nacional, por lei complementar, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas. § 1o Proclamado o resultado da consulta plebiscitária, sendo favorável à alteração territorial prevista no caput, o projeto de lei complementar respectivo será proposto perante qualquer das Casas do Congresso Nacional. M L G M L G M I M andre Realçar andre Realçar andre Realçar § 2o À Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei complementar referido no parágrafo anterior compete proceder à audiência das respectivas Assembléias Legislativas. § 3o Na oportunidade prevista no parágrafo anterior, as respectivas Assembléias Legislativas opinarão, sem caráter vinculativo, sobre a matéria, e fornecerão ao Congresso Nacional os detalhamentos técnicos concernentes aos aspectos administrativos, financeiros, sociais e econômicos da área geopolítica afetada. § 4o O Congresso Nacional, ao aprovar a lei complementar, tomará em conta as informações técnicas a que se refere o parágrafo anterior. DISTRITO FEDERAL Pessoa jurídica de direito público interno, com autonomia política, especialmente prevista para sediar a capital do país e os poderes da República. É entidade da federação, com auto-organização (organiza-se por lei orgânica, que é substancialmente uma constituição), autogorverno, autolegislação e autoadministração. Não se confunde com os Estados nem com os municípios. Não possui competência material nem legislativa sobre o Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, Militar e o Corpo de Bombeiros, visto que esses se submetem à competência material e legislativa da União. Surge da necessidade de instalar a sede política em espaço neutro e distinto dos estados membros. Ente federativo. Possui autonomia- deve-se reger por lei orgânica e não pode subdividir-se em municípios. Auto-organização (art. 32): Lei Orgânica. Estabelece que o DF se regerá por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na CF. Autolegislação (art 32 § 10): Competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. Autoadministração ( art 25 § 1): Administração Pública e Serviços Públicos. Autogoverno ( art 32 § 2 ): Governador, Vice governador e Deputados Distritais. Impossibilidade de divisão em municípios (art 32) Compõe-se de Brasília e de Regiões administrativas Antecedentes históricos: o Inspiração americana: Washington, município neutro. o Constituição de 1824: Município Neutro como sede da capital do Império o Constituição de 1891: Distrito Federal como sede do governo Federal. Surgiu da transformação do antigo Município Neutro (sede da corte e Capital do Império), nos termos do art. 2º, passando a ser a Capital da União mantida a sede na cidade do Rio de Janeiro. Nesse momento de sua instituição, não se podia considerá-la como entidade federada, mas simples autarquia territorial. o Entretanto, o art. 3º da CF de 1891, estabelecia que pertencia à União uma área de 14.100 km2, no Planalto Central que seria oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital Federal. andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar o Cumprindo o Plano de Metas, (50 anos em 5), Juscelino Kubitschek, implementou a construção de Brasília, inaugurada em 21 de abril de 1960. o Com a Constituição de 1988 (art. 18, § 1º), a Capital Federal passa a ser Brasília, deixando de ser mera autarquia territorial, tornando-se ente federativo. Características: o Impossibilidade de divisão do DF em Municípios. o Autonomia parcialmente tutelada pela União. MUNICÍPIO Alguns autores como José Afonso da silva entendem que ele não integra a federação, em razão deles não participarem da formação da vontade jurídica nacional. Entretanto, sua importância reside numa excelente fórmula de descentralização administrativa do Estado. Quanto mais descentralizado o exercício do poder maiores chances de participação politica do cidadão e por consequência mais elevado o nível democrático que se pode alcançar. A autonomia está garantida nos arts 29 e 30. – o município elabora sua própria lei orgânica. A constituição de 1891 expressava-os de forma tímida no art 68, mas n integrava a união. A de 1934 assegurou a autonomia dos municípios em tudo quanto ao seu interesse, ou seja conferiu implicitamente o status de ente federado. A de 1937 representou retrocesso, retirou dos municípios o direito de eleger seus prefeitos. A de 1946 restabeleceu o a autonomia dos municípios e ampliou a sua competência para instituir impostos. A de 1967 extinguiu as receitas que os mesmos arrecadavam, federalizou certos temas municipais. A de 1988 deu o status de ente federado, assegurou plena autonomia, confere auto legislação, auto governo e auto administração. Plena autonomia. (arts.1, 18, 29 e 30 e 34VII c) Autolegislação, por meio de leis orgânicas; autogoverno; auto- administração. Terceiro ente federativo Autonomia (arts 1,18,29 e 30 e 34 VII c). Auto-organização: se organizam por meio de Lei Orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal. Autogoverno: contam com executivo próprio e o prefeito é o Chefe que deve ser eleito pelos munícipes junto com seu vice. Autoadministração Auto legislação TERRITÓRIOS Não é ente federativo. Não possuem autonomia. Segundo o art 18 $2° da CF integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. Apesar de ter personalidade, trata-se de mera descentralização administrativo-territorial da União. Uma autarquia que integra a União. Lei Federal. Possuem organização jurídica e administrativa, logo possui natureza de autarquias administrativas territoriais da união. A lei que irá dispor sobre isso. Podem ser divididos em municípios. andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar Executivo. É dirigido por governador nomeado pelo presidente e não tem mandato fixo. Legislativo. Cada território elegerá o número fixo de 4 deputados federais, caracterizando-se, assim, exceção ao princípio da proporcionalidade, ou seja, não existirá variação. Descentralização administrativo - territorial da União Autarquia que integra a união Não possui autonomia politica Integrantes de parcela do território nacional Não pertencem aos Estados, DF e Municípios Gerenciados e administrados pela União Possuem personalidade jurídica Os antigos territórios de Roraima, Amapá e Fernando de Noronha foram extintos pelos artigos 14 e 15 do ADCT. Fernando de Noronha se tornou Distrito Estadual de Pernambuco Podem ser criados: Art 18 §2 e 3. Lei federal disporá sobre a organização (33); divisão em municípios (33 §1) executivo ( 84 XIV); 4 deputados federais (45 § 2); controle de contas ( 32 §2); órgão ( 33 §3 e 21 XVIII). Antecedentes históricos: o CF de 1891: estabeleceu o primeiro TF, o Acre, em 1904. Adquirido pelo Brasil pelo Tratado de Petrópolis, assinado com a Bolívia e pelo qual se celebrou permuta de territórios. o CF de 1937: Getúlio Vargas criou, com partes desmembradas dos estados do Pará, do Amazonas, de Mato Grosso, do Paraná e de Santa Catarina, os seguintes TFs: Fernando de Noronha (extinto e reincorporado ao Estado de Pernambuco). Amapá: transformado no Estado do Amapá. Rio Branco: transformado do Estado de Roraima. Guaporé: transformado no Estado de Rondônia. Ponta Porã: reincorporado ao Estado de Mato Grosso do Sul. Iguaçu: reincorporado ao Estado do Paraná e de Santa Catarina. Não existem mais TF’s no Brasil. Até a Cf de 1988 havia três: Roraima, Amapá e Fernando de Noronha. Amapá e Roraima foram convertidos em estados federados, Fernando de Noronha foi extinto e sua área foi anexado a Pernambuco. 7. COMPETÊNCIAS Conceito Partilha do poder politico entre as entidades integrantes da federação Resulta do pacto federativo. Somente por meio da manifestação originária do poder constituinte é que pode haver a divisão de tarefas e competências dentro de um Estado federal. Para assegurar a existência plena de um Estado federal, é necessário que cada um de seus componentes possua rendas próprias. A União prestará socorros ao Estado que em caso de calamidade pública, os solicitar. andre Realçar A repartição de competências constitui o ponto nuclear da noção de Estado Federal. Critério de repartição: União: interesse Geral Estados: Interesse Regional Municípios: interesse local Norteado pelo princípio da predominância de interesses. A REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA CF/88 No sistema da Constituição de 1988, convivem a repartição horizontal e a repartição vertical de competências. Sob a orientação de repartição horizontal, foram relacionadas as competências da União, no campo material e legislativo, permanecendo os Estados com as competências remanescentes e os Municípios com as competências definidas indicativamente (BRASIL, 1988, arts. 21, 22, 25 e 30). O Distrito Federal acumula as competências estaduais e municipais, com poucas exceções (arts. 21, XIII, XIV, e 22, XVII ). Quanto à repartição vertical, ela se aplica onde possa haver atuação concorrente dos entes federativos. Foram previstos domínios de execução comum, em que pode ocorrer a atuação concomitante e cooperativa entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (BRASIL, 1988, art. 23). No campo legislativo, foram definidos domínios de legislação concorrente, nos quais a União estabelece as regras gerais, a serem suplementadas pelos Estados, Distrito Federal e pelos Municípios (BRASIL, 1988, arts. 24 e 30, II). De forma não sistemática, também há previsão de competência legislativa concorrente em alguns domínios que a Constituição atribui como privativos da União (BRASIL, 1988, art. 22, IX, XXI, XXIV, XXVII). Ainda nas matérias privativas da União, admite-se a possibilidade de delegação aos Estados do poder de legislar sobre questões específicas (BRASIL, 1988, art. 22, par. único). Sistema complexo: Enumeração dos poderes da união ( art 21 e 22), com possibilidades de delegação, poderes remanescentes para os Estados( art 25 § 1) e poderes genericamente indicados para os Municípios( art 30). Previsão de competências comuns ( art 23) e concorrentes ( art 24 exemplo) Enumeração de todas as competências em matéria tributárias arts 153,155, 156. 8. TIPOLOGIAS andre Realçar andre Realçar 8.1 Quanto aos entes Repartição horizontal de competências o Típicas de Federalismo Dual o Fixação de Competências Privativas o Não se verifica concorrência entre os entes federativos. o Cada ente exerce a sua atribuição nos limites fixados pela Constituição e sem relação de subordinação, nem mesmo hierárquica. o No Brasil predomina o modelo horizontal: efetua a enumeração exaustiva o Atuação separada e independente. Não pode ocorrer interferência de uma sobre a outra, sob pena de inconstitucionalidade. Repartição vertical de competências o Típica do Federalismo Cooperativo o Há uma maior aproximação entre os entes federativos, que deverão atuar em complemento. o Fixação de competências Concorrentes o Repartidas verticalmente o A mesma matéria é partilhada entre os diferentes entes federativos, havendo certa relação de subordinação o No Brasil, cita-se as matérias de competência concorrente entre a União, os Estados e o DF. o No âmbito das matérias concorrentes, a União limita-se a estabelecer normas Gerais e os Estados, normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão suplementá- la, regulamentando as regras gerais sobre o assunto. o Uma mesma matéria é dividida entre os diversos entes federativos, de forma concomitante, operando uma distribuição funcional de competências. Surgem, então, as competências concorrentes (legislativas) e comuns (administrativas), que admitem a atuação de mais de um ente federativo em uma mesma matéria. A competência concorrente, por sua vez, pode ser de duas espécies: a cumulativa e a não cumulativa. Cumulativa: a matéria pode estar integralmente afeta a todos os entes federativos, sem limites prévios para o exercício da competência por cada um deles. Não cumulativa: dentro de um mesmo campo material, a competência é fracionada em níveis, cada qual correspondente a um plano na escala federativa. Esse é o caso típico de repartição da andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar andre Realçar andreRealçar competência legislativa em diferentes níveis: a um se atribui o estabelecimento de normas gerais; e a outro, de normas particulares ou específicas. Essa última espécie é a que propriamente estabelece uma repartição vertical de competências. 8.2 Quanto à finalidade Material o Refere-se à prática de atos políticos e administrativos (ex. art 21) Legislativa o Credencia as entidades federadas a elaborar suas leis (ex. art 22) 8.3 Quanto à origem Originária o Quando desde o início (desde a constituição), é estabelecida em favor de uma entidade. Delegada o Quando a entidade recebe sua competência por delegação daquela que a tem originalmente. 8.4 Quanto à extensão Exclusiva o É atribuída a uma entidade com exclusão das demais, sem possibilidade de delegação. Privativa o Quando, embora própria de uma entidade, seja passível de delegação. Comum, cumulativa ou paralela o Concedida a várias entidade em matérias que exigem esforço conjunto e simultâneo, ex. Art 23. Repartição Vertical (Federalismo Dual) Concorrente (Legislativa) Cumulativa Não cumulativa Comum (Material) andre Realçar andre Realçar 9. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA Exclusiva: não admite delegação (ex. art 25 § 1) Privativa: admite delegação (ex.art 22 e seu paragrafo) Concorrente: competência concomitante de mais de uma entidade para legislar a respeito de matérias, em níveis distintos (ex. art 24) o Suplementar: (quando cabendo a uma das entidades estabelecer regras gerais ) à outra a complementação(suplementação) dos comandos normativos ( ex. art 24 § 2). É típica dos Estados. No entanto, por força do artigo 30, II, o município suplementará a legislação federal e estadual no que couber. o Supletiva: competência que surge para suprir a falta de normas gerais.( ex. art 21 §3) 9.1 Quanto a forma Enumerada ou expressa: quando estabelecida de modo explícito (ex. arts 21 e 22) Remanescente ou reservada: competência que sobra para uma entidade, após a enumeração da competência de outra ( ex. art 25 § 1) Residual: é a competência que sobra, após enumeração exaustiva das competências de todas as entidades. Assim, é possível que uma entidade tenha competência enumerada e residual, pois pode sobrar competência após enumeração de todas (exs. Art 154, II) Implícita ou resultante: quando decorre da natureza dos poderes expressos, sendo absolutamente necessárias para que os mesmos possam ser exercidos Concorrente = ex. art 24 Suplementar= ex art 24 § 1 e 4 10. COMPETÊNCIAS DA UNIÃO As competências materiais privativas da União O art. 21 reúne as competências materiais da União, isto é, as atividades e encargos que a União está habilitada a desempenhar, sejam elas de cunho político, administrativo, econômico ou social. Ou seja, reúnem-se nesse dispositivo as competências de índole executiva ou não- legislativa da União. O elenco do art. 21, porém, não esgota as competências materiais privativas da União, que podem ser encontradas também em outros dispositivos da Constituição de 1988. Entre eles, podem ser lembrados: art.164 (emitir moeda); art. 176 (pesquisa e lavra de recursos minerais e aproveitamento de energia hidráulica); art. 177 (petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos); art.184 (desapropriação para fins de reforma agrária); art. 194 (organizar a seguridade social); art. 198 (organizar o sistema único de saúde); art. 214 (estabelecer o plano nacional de educação). Também devem ser da União as competências referentes ao Distrito Federal, pelas especificidades que este ente federativo apresenta em termos institucionais e de segurança. Igualmente, são de índole federal os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional. Esses grupos estão representados abaixo: Outros agrupamentos Competência material exclusiva da União expressa ou enumerada Art. 21. Compete à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; VII - emitir moeda;(...) Obs. O que é indelegável é a competência entre as esferas, ou seja, não posso tirar competência da União e passar para Estado ou Município, mas dentro do próprio ente pode haver delegação, à exemplo a emissão de moeda é competência exclusiva da União, mas ela delega ao Banco central que é uma autarquia( pertence a união) que imprima as moedas. Competência legislativa privativa da União Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. As competências legislativas privativas da União Há uma correspondência entre as competências materiais da União e as suas competências legislativas (FERREIRA FILHO,2007, p. 62), porque, na maior parte das vezes, a execução da atividade deve basear-se em uma norma legal emanada do próprio ente. Por isso, existe uma correlação entre o art. 21 (competência material) e o art. 22 (competência legislativa) da Constituição (BRASIL, 1988, arts. 21 e 22). Isso ocorre nos casos seguintes: O mesmo se dá com algumas competências materiais da União que estão previstas, de modo esparso, no texto constitucional. Nessa hipótese, o quadro a seguir indica os dispositivos correspondentes em colchetes que se seguem à transcrição dos incisos: Outros domínios, embora não tenham correspondência imediata com as competências materiais do art. 21 ou de normas esparsas, são assuntos tipicamente disciplinados pela instância federal, porque dizem respeito à nação e sua relação com o exterior e os estrangeiros: Em alguns casos, a competência legislativa da União foi determinada porque se entendeu necessário constituir sistemas de caráter nacional, para fomentar uma ação ordenada e uniforme na área. Esses grupos estão relacionados a seguir: Mas o art. 22 vai além das competências legislativas da União que se dirigem às suas próprias competências de execução ou coordenação. Ele também contempla domínios de legislação que têm incidência sobre todos os cidadãos ou entes da federação. Nesse caso, a Constituição Federal acaba, muitas vezes, por proceder a limitação na autonomia dos entes federativos, principalmente quanto à prerrogativa de autolegislação. Em geral, a motivação para isso é conferir um único tratamento para o tema em todo o País, evitando desigualdades e distorções que poderiam ser provocadas por disciplinas distintas nos entes federados. Esse o caso típico das matérias jurídicas, relacionadas no quadro abaixo: As competências da União na área do direito, que contempla cada vez mais domínios desde a Constituição de 1934, dão ensejo ao que se pode chamar de centralização jurídica. Dois incisos do art. 22 tratam da disciplina de institutos que promovem interferência no direito de propriedade: a desapropriação e a requisição civil ou militar, por tratar de assuntos previstos nos direitos e garantias fundamentais (BRASIL, 1988, art. 5o, XXIV e XXV). Finalmente, quatroincisos do art. 22 preveem a competência privativa da União para editar “diretrizes” ou “normas gerais” nas matérias que menciona. Sua colocação nas competências privativas enseja uma inadequação técnica, porque aquelas expressões impõem uma repartição vertical de competências. São os seguintes os incisos: A competência da União para dispor sobre normas gerais de organização das polícias militares e corpos de bombeiros tem origem na ameaça que essas forças representam para o nível federal, conforme comprova a história – e de que é exemplo a Revolução Constitucionalista de 1932 –. Por isso, consagrou-se a tradição constitucional de a União exercer controle, aumentado progressivamente, sobre as forças militares estaduais. Delegação de competências legislativas privativas da União A Constituição de 1988 admite que lei complementar autorize os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas no art. 22. A Constituição de 1988 não indicou quais matérias, entre as listadas no art. 22, podem ser objeto da delegação. Algumas delas não a admitem, como no caso das que regulam atividades executadas pela União, ou daquelas que não possam ter desdobramentos específicos nos Estados. Competência material comum, cumulativa ou paralela da União Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;(...) Competência legislativa concorrente Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;(...) Competência tributária enumerada ou expressa Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados;(...) Competência tributária residual Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. 11. COMPETÊNCIAS DOS ESTADOS MEMBROS Técnica dos Poderes Remanescentes ou Reservados Art 25 § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. O art. 25, § 1o, da Constituição Federal traz a norma de atribuição de competências remanescentes, ao dispor que “são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição” (BRASIL, 1988, art. 25). Essa disposição se estende ao Distrito Federal (BRASIL, 1988, art. 32, § 1o). Tradicionalmente, os Estados permaneciam com as competências que não eram conferidas à União. Como os Municípios foram erigidos a entes federativos, as competências estaduais passaram não só a ser comprimidas por cima, mas também por baixo. Atualmente, cabem aos Estados as competências que não se incluem entre as competências que a Constituição confere, explicita ou implicitamente, à União ou aos Municípios. As competências materiais privativas dos Estados resumem-se, na verdade, a competências administrativas e financeiras. E a disciplina dessas Competências Materiais Exclusiva (art 21) Comum ( art 23) Legislativas Privativa( art 22) Concorrente ( art 24) matérias, por sua vez, forma quase todo o conjunto das suas competências legislativas privativas. As Constituições precedentes atribuíam aos Estados a competência de criarem e organizarem os Municípios e os distritos. Agora, a criação de Município, embora ainda exija lei estadual, tem sua disciplina geral no art. 18 da Constituição Federal e, depois da Emenda Constitucional no 15, de 1996, também depende de lei complementar federal. Esta norma veio conter o aumento do número de Municípios, ocorrido após a Constituição de 1988, por meio de um controle centralizado na União. Com a elevação a ente federativo, o próprio Município dispõe sobre sua organização, por meio de lei orgânica. Quanto à criação, organização e supressão de distritos, trata-se agora de uma competência material dos Municípios, que deverão observar a legislação estadual pertinente. Como novidade, a Constituição faculta aos Estados a instituição, por lei complementar, de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (BRASIL, 1998, art. 25, § 3o). Assim, a criação das regiões metropolitanas, antes deferida à União, hoje cabe aos Estados. Competência material comum Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Competência legislativa Privativa Art 25. § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Art 18 § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Competência legislativa Concorrente Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: Competência Legislativa Exclusiva Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; STF. Interesse local ( decisão do stf, não dá para ler) Competência Legislativa Suplementar Art 30. II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; V - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; Competência Material Comum Art. 30 VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.Competência material exclusiva Art. 144 § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
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