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Camila B. Zanetti Tromboembolismo pulmonar (TEP) DEFINIÇÃO: É uma obstrução da artéria pulmonar ou de um de seus ramos por um trombo originário na maioria das vezes, do território venoso ou, mais raramente, do átrio direito. No TEP agudo há comprometimento de grande parte da circulação pulmonar e presença de sinais e sintomas imediatamente após a obstrução dos vasos pulmonares. FISIOPATOLOGIA: A trombose intravascular ocorre quando um ou mais dos componentes da Tríade de Vorchow encontram-se alterados (estase venosa, dano do epitélio vascular ou estado de hipercoagulabilidade). Aproximadamente 90% dos trombos embolizados se originam nos MMII em vasos proximais (femoral superficial ou comum, poplíteas ou ilíacas) e, mais raramente, nos MMSS, em casos de defeitos estruturais da drenagem venosa ou presença de cateteres venosos centrais/marca passo. A interrupção do fluxo sanguíneo nas artérias obstruídas resulta na criação de um espaço morto, que diminui a eliminação do CO2. Em seguida, os quimiorreceptores medulares detectam o aumento da PaCO2 e aumentam a ventilação, baixando a PaCO2 para níveis normais ou abaixo (alcalose respiratória). Pode ocorrer também hipoxemia, devido a: distúrbios na relação ventilação/perfusão, comunicação atriovenosa (vasos colapsados tornam-se pérvios para reduzir a pressão na circulação pulmonar), dilatação atrial que leva à abertura do forame oval (shunt D/E – mistura de sangue arterial e venoso), e em casos graves, queda do DC, aumentando a extração de oxigênio dos tecidos. FATORES DE RISCO MAIORES: Cirúrgicos Obstétricos Problemas MMII Malignidade Imobilidade Trombofilias ✓ Cirurgia abdominal ou pélvica de grande porte. ✓ UTI no pós- operatório. ✓ Poli- traumatismo. ✓ Trauma medular. ✓ Gravidez a termo. ✓ Parto cesáreo. ✓ Puerpério. ✓ Fratura. ✓ AVC com paralisia MMII. ✓ Neoplasia abdominal ou pélvica. ✓ Doença avançada. ✓ Metástase. ✓ Quimio- terapia. ✓ Hospita- lização. ✓ Institucio- nalização. ✓ Def. de antitrombina. ✓ Def. proteína C ou S. ✓ SAAF. ✓ Homozigose fator V Leiden. ✓ Homozigose mutação gene protrombina. Outros ✓ Evento embólico prévio. FATORES DE RISCO MENORES: Cardiopatias congênitas, ICC, idade, tromboflebite superficial, varizes, cateter venoso central, uso de estrogênios (AC ou reposição hormonal), trombofilias (heterozigose fator V Leiden e mutação gene protrombina; hiperhomocisteínemia), exacerbação DPOC, deficiências neurológicas, doença maligna oculta, viagens prolongadas, obesidade e cirurgia por laparoscopia. *Identificado um desses fatores, avaliar a necessidade da tromboprofilaxia na tentativa de evitar o evento tromboembólico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Dispneia e dor torácica súbitas e tosse. Hemoptise também pode ser observada. Taquipneia, taquicardia, quarta bulha, hiperfonese do componente pulmonar e temperatura axilar aumentada (≥ 37,5°C) podem ser sinais observados no exame físico. Camila B. Zanetti DIAGNÓSTICO: ✓ Escore de Wells (avaliação sem exame de imagem). ✓ RX de tórax: atelectasia laminar, derrame pleural, infiltrado pulmonar e elevação do hemidiafragma. ✓ ECG: padrão clássico de cor pulmonale (ondas S1Q3T3 + onda P pulmonale) – achado raro. ✓ D-Dímero: é um subproduto da degradação da fibrina e se eleva quando há formação de trombos (mas também em outras situações). É um exame de alta sensibilidade e baixa especificidade (elevações falso- positivas do dímero D podem ocorrer devido a outros fatores). O teste negativo exclui TEP em pacientes com baixa probabilidade clínica. Em pacientes com alta probabilidade clínica, não deve ser usado, pois não confirma diagnóstico. ✓ Gasometria arterial: hipoxemia, hipocapnia e alcalose respiratória. ✓ Enzimas cardíacas: troponina e peptídeo natriurético cerebral (fornecem informações sobre o tamanho da área infartada e o grau de congestão pulmonar). ✓ Ecocardiograma: não é um exame rotineiro para diagnóstico de TEP. Importante para avaliar as alterações hemodinâmicas da embolia pulmonar. ✓ Cintilografia de ventilação/perfusão: permite identificar a presença de defeitos segmentares de perfusão com preservação da ventilação (limita seu uso em pacientes com doenças parenquimatosas ou obstrutivas pulmonares). ✓ Angio-TC: falha de enchimento do vaso, atelectasias laminares, dilatações de ramos da artéria pulmonar, centrais e periféricos e sinal de Hampton (cunha com base pleural). ✓ Angio-RM: método alternativo a TC em pacientes com alergia ao contraste iodado. Possibilita a realização de técnicas como perfusão, quantificação de fluxo nos grandes vasos e avaliação da função cardíaca. ✓ Arteriografia pulmonar: padrão ouro. Cautela em pacientes com insuficiência renal ou alergia ao contraste iodado. ✓ USG venosa de MMII: em pacientes com embolia pulmonar que apresentam USG positivo para TVP. Observa-se a diminuição ou não compressibilidade da veia acometida pelo trombo. TRATAMENTO: deve ser iniciado com medicação que promova uma anticoagulação imediata. • Heparina não-fracionada (HNF): Indicada para pacientes com alto risco de sangramento, obesos e com insuficiência renal crônica. Os efeitos da heparina desaparecem em poucas horas e, sangramentos graves, podem ser revertidos com sulfato de protramina. Administração é IV e a dose deve ser ajustada segundo resultado de TTPA colhido a cada 6h. • Heparina de baixo peso molecular (HBPM): não requer monitorização de rotina. Nas hemorragias com risco de vida, plasma fresco é recomendado. Pode ser utilizada a Enoxaparina, Nadroparina ou Dalteparina via subcutânea não havendo necessidade de controle posológico. 1- Sinal de Hampton (infiltrado pulmonar em cunha, representando hemorragia intraparenquimatosa). 2- Sinal de Westermark (proeminência hilar pela dilatação das artérias pulmonares). Camila B. Zanetti • Trombolíticos: indicados nos casos de instabilidade hemodinâmica e na ausência de contra-indicações para seu uso. Podem ser utilizados até 14 dias após o inicio dos sintomas de embolia pulmonar, porém seus efeitos são maiores quanto mais precocemente utilizados. Os trombolíticos utilizados podem ser a Estreptoquinase ou Alteplase (rt-PA). TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO: feito com anticoagulação oral. Contraindicado para gestantes. O tratamento pode ter duração de de 3-6 meses ou indeterminado, dependendo da causa do TEP. • Antagonistas de vit K. • Novos anticoagulantes orais: Inibidor direto do fator IIa (Dabigratana) e inibidor direto do fator Xa (Rivaroxabana, Apixabana e Edoxabana).
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