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Prof. Cleilson Uchôa Engº Agrº, D. Sc. em Fitopatologia Genética da interação Patógeno-Hospedeiro 1 • Estima-se que, de aproximadamente 100.000 espécies de fungos, apenas 10% são capazes de colonizar tecidos vegetais. • Uma fração ainda menor é representada por espécies capazes de causar doenças. • Assim sendo, resistência é a regra na maioria das interações planta-patógeno. INTRODUÇÃO 2 • Nesse contexto, o reconhecimento do microrganismo pela planta é fundamental para o desencadeamento de respostas celulares que abortarão o processo de infecção e/ou colonização. • Sem o reconhecimento, o microrganismo pode invadir a planta e causar doenças (Knogge, 1996; Leite et al., 1997). INTRODUÇÃO 3 PERCEPÇÃOPERCEPÇÃO TRANSDUÇÃOTRANSDUÇÃO TRADUÇÃOTRADUÇÃO TRANSCRIÇÃOTRANSCRIÇÃO 4 INTERAÇÃO PLANTA-PATÓGENO Interações compatíveis = DOENÇA Interações incompatíveis = RESISTÊNCIA • Resistência de não-hospedeiro • Compatibilidade básica (interação toxina-receptor) • Interação gene-a-gene (genes dominantes R e Avr) NÍVEIS DE ESPECIFICIDADE DA INTERAÇÃO: 5 1. Ausência de sítios sensíveis a toxinas. 2. Ausência de substâncias essenciais para o patógeno infectar e sobreviver. Ex.: fatores nutricionais. 3. Presença de substâncias tóxicas ao patógeno na planta. Ex.: saponinas RESISTÊNCIA DE NÃO-HOSPEDEIRO 6 RESISTÊNCIA DE NÃO-HOSPEDEIRO Superfície inerte ou respostas ativadas? • O caso de solanáceas não-hospedeiras de Phytophthora infestans • HR localizada • Interesse em genes R (expressão heterológa) 7 Resistência de não-hospedeiro em aveia 8 Modelo para a interação entre Cochliobolus carbonum, produtor da toxina HC e milho. (adaptado de Walton, 1996). 9 INTERAÇÃO GENE A GENE 10 - O reconhecimento do patógeno pela planta é pré- requisisto essencial na indução das respostas de defesa (Flor, 1971; Keen, 1990; Staskawicz, 1995). - Definição de reconhecimento: interação direta ou indireta do produto de um gene dominante ou semi- dominante de resistência (R) com o produto de um gene correspondente dominante de avirulência (Avr). INTERAÇÃO GENE A GENE 11 - O processo doença ocorre quando o elicitor do patógeno não é reconhecido por um gene de R ou quando o reconhecimento ocorre, mas as respostas de defesa ativadas são pouco eficientes ou não ocorrem no tempo adequado. Resistência é usualmente mediada por genes dominantes, mas alguns genes recessivos também existem. Início do século 20: reconhecimento da herança de resistência – característica dominante ou semi-dominante. Década de 40: herança da resistência de plantas e virulência de patógenos foi enfim elucidada – Harold H. Flor. 12 MODELO GENE-À-GENE: Para cada gene que condiciona a resistência no hospedeiro há um gene específico que determina a patogenicidade no patógeno. Em outras palavras, a amplitude da patogenicidade de uma raça fisiológica é determinada pelos fatores patogênicos específicos para cada fator de resistência no hospedeiro. 13 Figura 1. Modelo gene-à-gene de Flor. Compatibilidade ocorre quando a planta possui um gene dominante de resistência (R) e o patógeno expressa o gene dominante de avirulência (Avr) complementar. 14 Tabela 1. Herança da resistência as raças 22 e 24 de M. lini em duas variedades de linho (FLOR, 1942). 15 Patógenos cuja patogênese é baseada na produção de toxinas hospedeiro-específicas – COMPATIBILIDADE BÁSICA. A virulência do patógeno é dominante devido a produção da toxina ser fundamental para causar doença e a resistência da planta é herdada também como uma característica dominante. 16 Figura 2. Interação toxina-receptor. A doença ocorre apenas quando há produção da toxina pelo patógeno (Tox) e quando o gene para detoxificação não está presente no hospedeiro (rr). 17 TOLERÂNCIA: A interação é geneticamente compatível, mas a planta de alguma forma restringe os processos bioquímicos requeridos para o desenvolvimento dos sintomas. Teoricamente, tolerância não significa resistência a um patógeno. Plantas tolerantes são suscetíveis a infecção, a disseminação e colonização do patógeno, exibindo tolerância ao patógeno por suportarem o impacto da doença. 18 Propriedades de apenas alguns genes de avirulência são conhecidas. Genes Avr – determinantes de incompatibilidade. Função desconhecida. Mutações nos genes Avr – sugerem que seus produtos exerçam importante papel na patogenicidade, seja durante estágios específicos de crescimento e reprodução, no desenvolvimento de sintomas, ou para a disseminação. 19 1984 – primeiro gene de avirulência isolado – Pseudomonas / soja. Shotgun cloning. 30 genes – Pseudomonas e Xanthomonas. proteínas: pequena homologia com outras, grande homologia entre si. fungos – poucos genes Avr conhecidos 20 Figura 3. Estrutura geral da proteína AvrBs3 da bactéria patogênica Xanthomonas campestris pv. vesicatoria. 21 Figura 4. Representação esquemática da estrutura da proteína de avirulência Avr9 de Cladosporium fulvum. 22 Genes de avirulência (AVR): determinantes de incompatibilidade em relação a genótipos específicos de plantas. Foram clonados e caracterizados em: – Bremia lactucae – Melampsora lini – Magnaporthe grisea – Rhynchosporium secalis – Cladosporium fulvum 23 Cladosporium fulvum (tomate): • Presença de genes de Avr: localização de elicitores raça- específicos nos fluidos intercelulares de tomate colonizado pelo fungo. • Purificação de dois peptídeos: Avr9 e Avr4, que especificamente induzem HR em plantas contendo Cf9 e Cf4, respectivamente. • Baseando-se na seq. de aa’s do elicitor, oligonucleotídeos degenerados foram construídos e usados para isolar um clone de cDNA e clones genômicos. 24 PROCESSO EVOLUTIVO 25 - PORQUE OS GENES AVR NÃO DESAPARECERAM, SE ELES PERMITEM O RECONHECIMENTO E O DISPARO DA REAÇÃO DE DEFESA PELA PLANTA? Provavelmente, porque os produtos gênicos desses, exercem funções vitais durante o ciclo de vida do patógeno, dentro ou fora da planta. Ex: A ocorrência das proteínas NIP (Necrosis Inducing proteins) de R. secalis, correlaciona-se com o desenvolvimento de lesões em cevada. 26 Mais de 15 genes de avirulência já identificados, através de análise genética clássica. Exemplos em Magnaporthe grisea: · Gene de avirulência Pwl 2 controla especificidade em relação ao hospedeiro: Estirpes que possuem o alelo dominante Pwl 2 são capazes de infectar arroz mas não outra gramínea (Eragrostis curvula). · Avr2 -YAMO gene de avirulência que impede raças de M. grisea de infectar cv. de arroz Yashiro-mochi. Resistência da cv. é determinada por um único gene de R: Pi-62. 27 28 A inibição da produção de EAO's (DPI) bloqueou a ativação de 18 genes de defesa e acúmulo de fitoalexina em soja (Jabs et. al., 1997). H2O2 x HR x Fitoalexinas H2O2 H2O AP ou CAT 29 30 = Fitoalexina = micro-HR A explosão oxidativa tem sido apontada como responsável pela micro-HR. EO secundárias em células distantes. Micro-HRs= intermediária para reação sistêmica (SAR). EXPLOSÃO OXIDATIVA: HR MICRO-HR’s SAR 31 32 Hammond-Kosack & Jones, 2000. 33 CLASSES DE SUBSTÂNCIAS ENVOLVIDAS NA VIRULÊNCIA →ENZIMAS Desintegração dos componentes estruturais das células Maceração do tecido →TOXINAS Atuam diretamente no protoplasto Interferem com a permeabilidade das membranas →HORMÔNIOS Alteram divisão e crescimento celular 34 IMPORTÂNCIA DAS CLASSES DE SUBSTÂNCIAS NO TIPO DE ENFERMIDADE Podridões moles Enzimas Queimas ou crestamentos Toxinas Galhas e tumores Hormônios Murchas Todas as classes 35 Representação esquemática da estrutura da cutícula e parede em tecido foliar. (Pascholati, 1995) 36 Morfologia da projeção de ceras cuticulares (Agrios, 2005). Representação diagramática da germinação de esporo fúngico e penetração da cutícula. Cutinases constitutivas liberam monômeros de cutina da cutícula da planta. Estes, disparam a expressão de cutinases em grande quantidade, as quais quebram a cutina e favorecem a penetração do fungo.(Agrios, 2005) 38 Exemplos de tecidos suberizados, incluindo casca de árvore (e uma rolha derivada de Quercus suber) e casca de tubérculo de batata (Bernards, Can. J. Bot, 2002) 39 Representação esquemática de paredes celulares suberizadas (Pascholati, 1995). 40 Formação de camada de cortiça (CL) entre as áreas infectadas e saudáveis da folha (Agrios, 2005). 41 42 43 44 Monilinia fructicola Rhizopus sp.Botrytis sp. Erwinia sp.Fusarium sp. Penicillium sp. 45 CARBOIDRATOS co2 Fotossíntese Eritrose-4-fosfato 3-fosfoglicerato 3-PGAFosfoenolpiruvato Piruvato Acetil CoA Rota do ác. chiquímico Rota do ác. malônico Rota do ác. mevalônico Aminoácidos aromáticos Aminoácidos alifáticos Produtos secundários nitrogenados Fenóis Terpenos Rota do Metileritritol fosfato (MEP) METABOLISMO SECUNDÁRIO DO CARBONO METABOLISMO PRIMÁRIO DO CARBONO Ciclo de Krebs 46 Efeito do ácido salicílico (AS) • Efeito em estresse biótico; • Efeito em estresse abiótico: Altas ou baixas temperaturas; Metais pesados; Chuva ácida; Seca; Salinidade; Etc. Horváth, 2007. 47 • AS pode ter efeito na aclimatação e em processos fisiológicos; • Dependendo da espécie da planta, do desenvolvimento, modo de aplicação e a concentração. Horváth, 2007. 48 Horváth, 2007 . Vários patógenos e insetos podem atacar plantas; Respostas de defesa podem ser ativadas (no local de penetração ou em tecidos distantes), até mesmo em plantas vizinhas; O tipo de resposta induzida é determinada pela identidade do organismo; A variedade das respostas asseguram à planta uma chance maior de defesa, podendo ela responder mais eficientemente ao ataque de patógenos. RESPOSTAS DE DEFESA SISTÊMICA EM PLANTAS 50 RESISTÊNCIA SISTÊMICA ADQUIRIDA - (SAR) Acumulação local de AS e formação de um sinal móvel no floema. Resposta sistêmica para vírus, fungos e bactérias Formação de necroses locais 1 3 4 5 2 51 RESISTÊNCIA SISTÊMICA ADQUIRIDA - (SAR) Ativação de um subconjunto específico de genes tipo PR; Para ocorrer (lesões necróticas ou HR); A ativação conduz a uma mancha reduzida do sintoma; Conversão a interação compatível em incompatível; Controle de amplo espectro; 52 Fenótipo (gene N) apresenta uma resposta hipersensitiva (HR), subseqüentemente acompanhada pela indução da SAR através da planta. Ambas folhas mostram infecção após 4 dias . RESISTÊNCIA SISTÊMICA ADQUIRIDA - (SAR) Gene N – resistência Folhas de fumo TMV Inf. Secundária - HR Inf. Primária 53 AS sinal móvel que ativa a SAR? Gene R de resistência (Xanthi) Gene nahG da bactéria – não acumulam AS Fumo - TMV 1 inoc 2 inoc 5 DAI Desativação da SAR SAR similar ao controle, não expressando nahG Ausência da SARSAR 54 Respostas sistêmicas do ataque de insetos e ferimentos mecânicos refletem em respostas induzidas Ferimentos mecânicos induzem uma rápida acumulação de PIs (inibidores de proteinases) e SWRPS (proteínas de defesa em resposta a ferimentos) localizadamente; PI e SWRPS não movimentam sistemicamente, apesar de serem induzidas por grande quantidades de oligogalacturonídeos que são liberados quando a parede celular é danificada; Ao contrário, um polipeptídio (18 aa) sistemina, move-se através do floema até o tecido sadio, onde ativa uma cascata de sinalização baseada em lipídeos, que produz AJ; 55 Respostas sistêmicas do ataque de insetos e ferimentos mecânicos refletem em respostas induzidas O AJ necessita também do etileno para ativar os genes SWRPS e PI; Com o etileno bloqueado, nem o ferimento, AJ ou sistemina podem induzir a expressão do gene PI; O etileno deve estar atuando downstream do AJ na via de transdução de sinal. 56 Respostas sistêmicas do ataque de insetos e ferimentos mecânicos refletem em respostas induzidas Concomitante ao aumento nas concentrações AJ e etileno, são requeridos genes SWRP, para expressão em respostas ao ataque de insetos mastigadores, ferimento mecânico, ou aplicação de sistemina em plantas. 57 RESISTÊNCIA SISTÊMICA ADQUIRIDA - (SAR) Resposta sistêmica para o ataque de insetos mastigadores ou ferimentos mecânicos Ataque por nematóides aparecem induzindo a SAR por uma mistura de ambos, PI e resposta a ferimento. Aumento na síntese de AJ e ET 3 1 2 Sistemina 4 Ativação dos genes PI e SWRPS 5 58 Respostas sistêmicas do ataque de insetos e ferimentos mecânicos refletem em respostas induzidas O tomate mutante defenseless (def1; A, esquerda) com o tipo selvagem da planta (A, planta a direita). Quando a larva (Manduca sexta) alimenta de plantas de defenseless, sua taxa de crescimento é rápida, e quando se alimentando do tipo selvagem, estas podem sintetizar sistemicamente PI e SWPRS, em resposta a alimentação da larva. 59 Rizobactérias não patogênicas colonizadoras de raízes causam indução de resistência sistêmica (IRS) Rizobactérias promotoras de crescimento, induzem desde o tecido da raiz colonizada uma resposta de resistência não dependente da acumulação de AS ou PRs; Requer a sinalização de AJ e etileno, e a proteína NPR1; O requerimento da proteína NPR1 indica que a SAR induzida pelo patógeno e ISR induzidas pelas bactérias se convertam durante o caminho de sinalização. 60 RESISTÊNCIA SISTÊMICA ADQUIRIDA - (SAR) Resposta sistêmica para rizobactérias não patogênicas Requer AJ e etileno. Esta forma de defesa não envolve a acumulação de PRs ou AS. 3 2 1 61 Ácido Salicílico, ácido jasmônico e etileno: Interação de rotas Resende et al. Percepção e transdução de sinais RAPP, volume 15, p. 206-217, 2007 62 Ácido Salicílico (AS) Derivado da rota do ácido benzóico; Defesa contra patógenos biotróficos; SAR: aumento local e sistêmico do AS; Pode ser disparada pela aplicação exógena: • acibenzolar-S-metil (BION®) • INA (ácido 2,6-dicloroisonicotínico) 63 Fatores ambientais Ataque de fungos 64 65 • AS é necessário para induzir SAR; nahG de P. putida AS Silicilato hidroxilase catecol • AS reduz NPR1 (não expressor dos genes PR) ou NIM1 (não imune) deslocada para o núcleo da célula interagem com fatores de transcrição (TGA) ativação de genes PR 66 Uma vez ativada: • Defesa a diversos patógenos; • Pode durar a vida toda; • Similaridade a defesa basal; Ácido Jasmônico (AJ) e Etileno Fitohormônios - ácido linolênico (AJ) e do ácido ; Defesa contra patógenos necrotróficos e insetos; ISR: resposta a indutor não patogênico, não expressa PR e não depende do AS. 68 69 Uma vez ativada: • Defesa a diversos patógenos; • Pode durar a vida toda; • Similaridade a defesa basal; Uma vez ativada: • Defesa a diversos patógenos; • Pode durar a vida toda; • Similaridade a defesa basal; 71 Interação das Rotas Muitas rotas de sinalização envolvem diferentes proteínas; SAR e ISR são controladas pela NPR1; Alguns requerem envolvidos na defesa requerem interação de rotas. 73 Representação esquemática da estrutura e composição da cutícula e da parede celular de células epidérmicas das folhas (Agrios, 2005) Fungos fitopatogênicos Fungos usam três estratégias nutricionais principais, durante a infecção de plantas •Biotróficos tecido de planta vivo •Necrotróficos matam células de planta •Hemi-biotróficos têm uma fase de biotrófico inicial, então se torna necrotrófico PLANTA NUTRIÇÃO 77 PENETRAÇÃO PASSIVA Por aberturas naturais e ferimentos fungos e bactérias, principalmente Ferimento predispõe a ocorrência de patógenos Ex: antracnoses causadas por Colletotrichum em frutos 78 Ponto chave na interação patógeno-planta penetração dos tecidos da planta hospedeira Conhecimento da penetração controle Células vegetais barreiras naturais (externas) Ex.: cutícula, suberina, parede celular 79 PENETRAÇÃO ATIVA FORÇA MECÂNICA penetra diretamente a epiderme grau de pré-amolecimento (enzimas) INTERAÇÃO DAS ARMAS QUÍMICAS E FÍSICASDO PATÓGENO ADESÃO placa de adesão; apressório e tubo de penetração Principais substâncias adesivas: cutinases 80 81 82 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS POR PATÓGENOS PARA CAUSAR DOENÇAS EM PLANTAS (Fisiologia e bioquímica fitopatológica) 83 Interação planta X Microrganismo patogênico 84 O processo da infecção fúngica - Enzimas - Toxinas - Hormônios Formação apressório Poro Biotrófico Vesícula de infecção Hifa primária Necrotrófico Conídio Mecanismos de ataque 85 CLASSES DE SUBSTÂNCIAS ENVOLVIDAS NA VIRULÊNCIA → ENZIMAS Desintegração dos componentes estruturais das células Maceração do tecido → TOXINAS Atuam diretamente no protoplasto Interferem com a permeabilidade das membranas → HORMÔNIOS Alteram divisão e crescimento celular 86 IMPORTÂNCIA DAS CLASSES DE SUBSTÂNCIAS NO TIPO DE ENFERMIDADE Podridões moles enzimas Queimas ou crestamentos toxinas Galhas e tumores hormônios Murchas todas as classes 87 Enzimas Proteínas responsáveis pela catálise das reações anabólicas e catabólicas nas células dos seres vivos 88 DEGRADAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAREDE CELULAR Constituídas basicamente de: celulose e hemicelulose (parede primária e secundária), substâncias pécticas e ligninas (lamela média, parede primária e secundária). Paredes celulares divididas em 3 regiões: • lamela média (região entre as paredes das células vizinhas) • parede primária (entre membrana plasmática e lamela média) • parede secundária (internamente à parede primária) Enzimas extracelulares induzíveis, estáveis e presentes nos tecidos do hospedeiro infectado 89 Enzimas - Desintegração dos componentes celulares - Desintegração de substâncias presentes nas células Importância: - Penetração - Colonização - Nutrição do patógeno 90 Enzimas - A maior parte: extracelular / induzível Cutinases* Pectinases* Celulases* Hemicelulases Proteinases Lipases Amilases Nucleases 91 Cutinases Fig. 19.1. Cutícula 92 Cutinases Cutinases Cutina monômeros + oligômeros 93 Cutinases 94 Parede celular / Lamela média 95 Enzimas pectolíticas (pectinases) - Envolvidas na degradação das substâncias pécticas - As enzimas mais estudadas no tocante ao papel durante a patogênese Maceração dos tecidos Separação das células e morte das mesmas, devido a destruição da integridade estrutural da lamela média (Podridões de órgãos de reserva) 96 Enzimas produzidas por fitopatógenos x patogênese (Evidências) 1) Correlação entre a produção de enzimas in vitro e in vivo; 2) Uso de mutantes deficientes; 3) Depleção de frações da parede celular; 4) Enzima purificada ocasionada sintomas nos tecidos; 5) Anticorpos para as enzimas; 6) Inibidores específicos. 97 Enzimas - Evidências Desenvolvimento de lesões em milho causadas por Colletotrichum graminicola incubado na presença ou ausência de DIPF (inibidor da cutinase). S = esporos; SD = esporos + DIPF; D = DIPF; W = água. Influência do diisopropil fluorofosfato (DIPF) na atividade de esterases não-específicas presentes na mucilagem conidial de C. graminicola. Gel nativo tratado com indoxil-acetato. % de redução na atividade 98 TOXINAS COMO INSTRUMENTOS DE VIRULÊNCIA São produtos de patógenos fúngicos ou bacterianos, em geral de baixo peso molecular, com a capacidade de afetar o metabolismo da célula da hospedeira e/ou sua estrutura, apresentando assim uma ação deletéria para a planta. Fitotoxinas Toxinas produzidas por fungos, que são tóxicas a animais, incluindo os seres humanos, não tendo, portanto, função na patogenicidade às plantas. Micotoxinas 99 Toxinas Importância: - Estabelecimento do patógeno - Sintomas: Queima Manchas Clorose Murchas Necrose 100 Toxinas Sítios de ação: Membrana plasmática > Alteram permeabilidade / potencial > Balanço iônico é alterado > Saída de eletrólitos Mitocôndrias > Fosforilação (ATP) > Membrana mitocondrial Cloroplastos > Fosforilação Enzimas > Sintetase da glutamina 101 Fitotoxinas x Patogênese 1) Isolamento da toxina a partir da planta doente 2) Reprodução dos sintomas da doença pela toxina 3) Correlação entre patogenicidade e o nível de toxina produzida in vitro 4) Correlação entre suscetibilidade do hospedeiro e sensibilidade a toxina 5) Análise genética do hospedeiro, patógeno ou ambos 102 FITOTOXINAS Compostos de baixo peso molecular, móveis Ativos em concentrações fisiológicas Quimicamente variados (peptídeos, glicopeptídeos, etc.) Não apresentam características enzimáticas Podem atuar como inibidores enzimáticos (Antimetabólitos - provocando deficiências nutricionais) Podem atuar estabelecimento do patógeno desenvolvimento de sintomas (clorose, necrose, murcha, crestamento e encharcamento) 103 TOXINAS metabólitos secundários do fungo Ativam resposta de defesa da planta Morte Programada de Células (MPC) Promove nutrição Crescimento Colonização 104 Fungos podem explorar a explosão oxidativa e a morte programada de célula para sua nutrição Botrytis cinerea Sclerotinia sclerotiorum Arabidopsis thaliana •Superóxido e peróxido de hidrogênio HR •Mutante A. thaliana dnd1 Eri M. Govrin and Alex Levine, 2002105 The hypersensitive response facilitates plant infection by the necrotrophic pathogen Botrytis cinerea Eri M. Govrin and Alex Levine, 2000 H2O – água DPI – diphenyleneiodonin G+GO – glucose oxidase 2 glucose X+XO – xanthina oxidase 2 xanthina spectrofluorometric 106 Toxinas de Fungos podem induzir MPC Fusarium spp Fumonisin B1 Essa toxina elícita MPC, mediante seu efeito, deleção de ATP extracelular, que alteram a abundância de proteínas específicas intracelular da planta. 107 Botrytis cinerea Botrydial 4 isolados de B. cinerea mutantes deficientes botrydial 3 dos quatro isolados teve virulência semelhante ao tipo selvagem e ainda pode infetar sementes e folhas destacadas e frutos de tomate, mas o quarto mutante reduziu virulência nestes hospedeiros. Botrydial parece ser um fator de virulência para poucas raças de B. cinerea. Este fungo tem uma gama de toxinas, e alguns destes poderiam ser envolvidos na virulência de outras isolados de B. cinerea. Siewers V. et al., 2005108 www.pv.fagro.edu.uy/.../practicas/hongos.html109 Alternaria alternata toxina AF I e II Produz toxinas específicas ao hospedeiro. O patotipo de morango produz AF-toxina que causa mancha preta no morango. Este patotipo também é patogênico a cultivares de pêra japonês suscetível para o patotipo de pêra japonês que produz AK-toxina. O patotipo de morango produz duas espécies moleculares relacionadas, AF-toxinas I e II: toxina I tóxico a morango e pêra, e toxina II só é tóxico a pêra. 110 Folhas de cultivar de morango e cultivar de pêra japonês estava ligeiramente ferida, tratou com filtrados do isolado selvagem (W) e o transformante de (S1-1) e incubou em camara úmida às 25°C para 20 h. Kaoru Ito, et al, 2004 Dissection of the host range of the fungal plant pathogen Alternaria alternata by modification of secondary metabolism 111 Cochliobolus heterostrophus T-toxina A biogênese do polyketide toxina T, envolve genes em dois lugares com cromossomos diferentes. Mutação destes genes, como também um gene de decarboxylase no outro lugar, conduz a perda de produção de toxina e virulência reduzida em milho. A necessidade para dois polyketide synthases para biogênese de um único polyketide linear tem intrigado, e sugere que são produzidos dois polyketides, com um agindo como autor para a toxina desenvolvida. 112 Produção de toxinas podem ser reguladas através de moléculas de planta acetyl CoA Biogênese de toxinas (sterigmatocystin e aflatoxin) de ácidos gordurosos Núcleos de milho que eles colonizaram Este papel da semente, ácidos gordurosos são sugeridos por várias evidência. Ácido de óleo somado induz a biogênese de peroxisomes de fungo, como também atividade de catalasee beta oxidação. Aspergillus flavus, A. parasiticus e A. nidulans Maggio-Hall L.A et al., 2005113 Fitotoxinas seletivas (patotoxinas) - Tóxicas em concentrações fisiológicas somente às espécies de plantas hospedeiras - Essenciais para o estabelecimento do patógeno / manifestação dos sintomas - Fatores de virulência Aveia - Helminthosporium victoriae (1946 - 1948 ) Victorina Milho - Helminthosporium maydis, raça T (1970 - 1971) Toxina HmT 114 FITOTOXINAS SELETIVAS AO HOSPEDEIRO Também conhecidas como patotoxinas (fatores de patogenicidade ou determinantes primários de patogenicidade) Mostram-se tóxicas, em concentrações fisiológicas, somente às espécies de plantas ou cultivares que servem como hospedeiras do fungo produtor da toxina Gêneros de fungos - Cochliobolus (Helminthosporium) - Alternaria - Periconia - Phyllosticta - Corynespora - Hypoxilon 115 Alternaria em couve 116 FITOTOXINAS SELETIVAS Toxina AM – Alternaria alternata f.sp. mali Afeta membrana plasmática Alteração no cloroplasto Rápida perda clorofila Exemplos de outras toxinas - Alternaria alternata AF toxina - morangueiro ACT toxina - Tangerina ACR toxina – Limão rugoso AK - Toxin 118 FITOTOXINAS SELETIVAS Toxina AAL – Alternaria alternata f.sp. lycopersici Induzem: - Respostas de PCD (Envolvendo Ca++ e Etileno) - Fragmentação do DNA - sinalização de ceramida - interrupção do ciclo celular 119 FITOTOXINAS SELETIVAS Toxinas produzidas por espécies de Cochliobolus e Alternaria Adaptado de Walton, 1996 120 T- Toxin 121 FITOTOXINAS SELETIVAS Toxina HC - Cochliobolus carbonum Raça 1 de Cochliobolus (Helminthosporium) carbonum Raças 2 e 3 não produzem a toxina Linhagens de milho resistentes apresentam: gene Hm1 (codifica para enzima HC toxina redutase) Reduz e detoxifica a toxina Variedades suscetíveis não apresentam este gene Toxina Toxina -- HCHC 122 Modelo para a interação entre Cochliobolus carbonum raça 1 e milho (adaptado de Walton, 1996). 123 Toxina Protéica – Pyrenophora tritici-repens- Tan spot on wheat Fitotoxinas seletivas: Helminthosporium victoriae (victorina) x aveia 125 Fitotoxinas não-seletivas - Tóxicas a várias espécies de plantas (hospedeiras ou não) - Induzem manifestação total / parcial dos sintomas - Fatores de agressividade 126 Fusicoccina Fusicoccum sp. em Pêssego: Ativa a ação de enzimas como a H+-ATPase, envolvida no transporte de prótons na membrana plasmática e também na turgescência celular (abertura de estômatos) resultando em excessiva perda d’água => morte de tecidos Fitotoxinas NÃO Seletivas 127 Fusicoccum amygdali 128 • Ácido oxálico Botrytis cinerea Sclerotium rolfsii Sclerotinia sclerotiorum Aspergillus niger Responsável pela morte rápida de tecidos vegetais • Ácido fumárico Rhizopus spp. Derivado do “ciclo de Krebs” Causam podridões de frutos Acumula no mesocarpo dos frutos atacados Fitotoxinas NÃO Seletivas 129 Rhizopus sp. 130 Toxinas de Fusarium Fusarium oxysporum - murcha em diferentes espécies de plantas TOXINAS: licomarasmina e ácido fusárico (ácido 5-butil-picolínico). Sintomas: -Licomarasmina: plantas infectadas com o fungo dificilmente mostram necrose de folhas antes da murcha. O contrário acontece quando se aplica a toxina. -Ácido fusárico: tem amplo espectro, -produz murcha acompanhada de escurecimento vascular, - além de manchas encharcadas nas folhas. Mecanismo de ação: - Ambos têm a capacidade de remover íons Fe+2 e Cu+2 (propriedade quelante) de soluções, - afetam membranas de células vegetais. 131 Cercosporina Produzida por: Cercospora spp. Sintomas: induz a produção de espécies ativas de oxigênio (EAO’s) na presença de luz Cercosporina atua Cercosporina atua como agente como agente fotosensitivo, causando fotosensitivo, causando peroxidação dos peroxidação dos lipídeos da membranalipídeos da membrana Cercosporina 133 Hormônios Compostos que ocorrem naturalmente nas plantas, ativos em concentrações baixas e que possuem a capacidade de promover, inibir ou modificar qualitativamente o crescimento das plantas, geralmente agindo à distância do sítio de produção. Auxinas / Giberelinas / Citocininas / Etileno / Ácido abscísico 134 Hormônios x sintomas Enfezamento Supercrescimento Roseta Epinastia Desfolha Ramificação excessiva raízes / ramos Galhas 135 Hormônios x doenças (Distúrbios comuns em interações mais evoluídas) “Murchas” - infecção vascular Tumores / galhas Hérnias Ferrugens Carvões Míldios Oídios 136 Hormônios x doenças “Alterações no equilíbrio hormonal podem redirecionar a atividade metabólica do hospedeiro favorecendo o desenvolvimento do patógeno”. Pseudomonas savastanoi Corynebacterium fascians Agrobacterium sp 137 Hormônios x doenças Dificuldades no estudo Hormônios atuam em conjunto Patógenos podem sintetizar muitos dos hormônios vegetais Patógenos podem sintetizar substâncias com atividade semelhante aos hormônios vegetais 138 Bakanae - Fusarium moniliforme • Alongação dos entrenós, clorose e pequeno perfilhamento. Sadia Doente www.rbgsyd.nsw.gov.au/science/hot_science_top, 2008. 139 Sintomas expressos pelo desbalanço hormonal Carvão do milho Ustilago maydis 140 Fasciação no gerânio - Rhodococcus fascians Fo to : A PS 141 Nanismo no milho “Corn stunt” Foto: APS 142 Superbrotamento da mandioca Sphaceloma manihoticola Foto: Fitopatologia Venezuelana 143 Crestamento no pessegueiro – Taphrina deformans Foto: APS Foto: Bayer Cropscience. 144
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