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UNIVERSIDADE SALVADOR BACHARELADO EM DIREITO LUCILA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA RIOS FICHAMENTO RESUMO: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE FEIRA DE SANTANA 2020 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE INTRODUÇÃO A ideia de controle de constitucionalidade está ligada a Supremacia da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico e, também à de rigidez constitucional e proteção dos direitos fundamentais. Assim, como instrumento básico da estrutura do Estado, é necessário que sejam estabelecidos mecanismos de defesa da Constituição e, a esses mecanismos dá-se o nome de controle de constitucionalidade das leis. O presente trabalho busca fazer um estudo sobre o controle de constitucionalidade, trazendo conceitos, espécies, formas e instrumentos processuais destinados. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Para melhor compreender o assunto a ser abordado, se faz necessário destacar alguns conceitos relacionados ao controle de constitucionalidade. Conforme salienta Alexandre de Moraes em seu livro: Direito Constitucional, “controlar a constitucionalidade significa verificar a adequação (compatibilidade) de uma lei ou de um ato normativo com a constituição, verificando seus requisitos formais e materiais”. Nas palavras de Pedro Lenza, “como requisitos fundamentais e essenciais pra o controle, lembramos a existência de uma constituição rígida e a atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade, órgão este que variará de acordo com o sistema de controle adotado”. Configura-se, portanto, o controle de constitucionalidade como garantia de supremacia dos direitos e garantias fundamentais que estão previstos na Constituição, que além de configurar como limites ao poder do estado são também partes da legitimação do próprio Estado, determinando assim seus deveres, tornando-se assim um estado Democrático de Direito. PRESSUPOSTOS OU REQUISITOS FORMAIS E MATERIAIS A espécies normativas do art. 59 da CF, consubstancia-se em compara-las em determinados requisitos formais e materiais. Nos requisitos formais do processo legislativo constitucional existem regras que devem ser obrigatoriamente seguidas, e caso não sejam terão como consequência a inconstitucionalidade formal da lei, possibilitando pleno controle repressivo de constitucionalidade por parte do Poder Judiciário, tanto pelo método difuso quanto pelo método concentrado. Os requisitos materiais por sua vez tratam-se da verificação da compatibilidade da lei ou do ato normativo com a Constituição Federal. DIVISÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE A sua classificação está relacionada ao momento de realização e pautado pelo ingresso da lei ou do ato normativo no ordenamento jurídico podendo ser de controle preventivo, aquele que tem por finalidade impedir que algum projeto de lei considerado inconstitucional venha a ser uma lei, e pelo controle repressivo que busca expurgar a norma editada em desrespeito à Constituição. Em relação ao órgão controlador pode ser repressivo ou preventivo e se subdivide em: - Político: Ocorre em Estado onde o órgão que garante a supremacia da constituição sobre o ordenamento é distinto dos demais Poderes do Estado, sendo realizado pelo poder legislativo no âmbito da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ou pelo executivo, através do Veto; - Judiciário ou Jurídico: é exercido por um órgão do Poder Judiciário. Só o juiz ou tribunal pode apreciar o controle constitucional sob o aspecto jurisdicional, acontece quando excepcionalmente o STF, sai de sua esfera normal judicante e passa a analisar o Mandado de Segurança impetrado por parlamentar que visa tutela de direito público subjetivo com intuito de corrigir possível violação às regras do processo legislativo; - Misto: Existe quando a constituição submete certas leis e atos normativos ao controle político e outras ao controle jurisdicional. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE O controle repressivo de constitucionalidade adotado no direito constitucional brasileiro é dividido em dois sistemas, difuso ou aberto (via de exceção ou defesa) e reservado ou concentrado (via de ação). E que este controle é realizado pelo próprio Poder Legislativo e em que ambas as hipóteses, o Legislativo poderá retirar normas editadas, com plena vigência e eficácia, do ordenamento jurídico, que deixarão de produzir seus efeitos. CONTROLE DIFUSO OU ABERTO Também conhecido como controle por via de exceção ou defesa, caracteriza-se pela permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal realizar no caso concreto a análise sobre a compatibilidade do ordenamento jurídico com a Constituição Federal. Caracterizado principalmente pelo ato de ser exercitável somente perante um caso concreto a ser decidido pelo Poder Judiciário, também argumenta a incompatibilidade à Constituição de determinada lei que produz efeitos em tal caso, sendo esta a causa de pedir, pleiteando que a sua inconstitucionalidade seja declarada. Alexandre de Moraes pontua que “a declaração de inconstitucionalidade é necessária para o deslinde do caso concreto, não sendo, pois, objeto principal da ação”. No controle difuso a inconstitucionalidade de qualquer ato normativo só pode ser declarada pelo voto da maioria absoluta da totalidade dos membros do tribunal, ou onde houver, dos integrantes do respectivo órgão especial, por meio do recurso extraordinário, ao Supremo Tribunal Federal. Se faz necessário mencionar que a declaração de inconstitucionalidade, além de acarretar consequências entre as partes (ex tunc), também retroage à data de edição da lei ou do ato impugnando, ou seja, produz efeitos ex tunc, fulminando-o desde sua origem. CONTROLE RESERVADO OU CONCENTRADO Criador do controle concentrado de constitucionalidade Hans Kelsen, justifica a escolha de um único órgão para exercer o controle de constitucionalidade ressaltando que: “se a Constituição conferisse a toda e qualquer pessoa competência para decidir esta questão, dificilmente poderia surgir uma lei que vinculasse os súditos do Direito e os órgãos jurídicos”. E posteriormente conclui que: “se o controle da constitucionalidade das leis é reservado a um único tribunal, este pode deter competência para anular a validade da lei reconhecida como inconstitucional não só em relação a um caso concreto mas em relação a todos os casos a que a lei se refira”. Este controle surge no Brasil por meio da Emenda Constitucional de n° 16, de 6- 12-1965, atribuindo ao STF competência para processar e julgar a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. E esse controle se dá por meio de ações, sendo elas: ADI (ação direta de inconstitucionalidade – art. 102, inciso I, alínea “a” da CF/88), espécie de controle concentrado no STF que visa declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual que contraria a CF/88 (não se aplica a lei ou ato normativo municipal). Os legitimados a propor a ação em comento estão descriminados em rol taxativo no art. 103 da CF/88 ADO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão – art. 103,§2º da CF/88), instrumento efetivo de controle concentrado, a ADO, inovação da CF/88, visa combater a inefetividade de normas constitucionais de eficácia limitada. Desta forma, codifica o artigo mencionado: “Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias”. Possui os mesmos legitimados das ações anteriormente elencadas, ou seja, o rol está previsto no artigo 103 da CF/88 ADI interventiva (art. 36, inciso III da CF/88) apresenta como um dos pressupostos para que hajadecretação de intervenção federal ou estadual nos termos da Carta Magna, art. 34. Codifica o artigo 18 da CF/88 que a organização político- administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição. Apesar de serem autônomos, os entes da Federação têm que obedecer aos princípios e regras da CF/88 a fim de manter o equilíbrio federativo. Neste sentido, se houver risco à manutenção do equilíbrio federativo, é possível a utilização da intervenção codificada no artigo 34, e, para a utilização deste mecanismo, necessária a ADI interventiva com a finalidade de proteger a estrutura constitucional federativa contra atos irregulares de unidades federadas. A legitimidade ativa, neste caso, será do Procurador Geral da República. Julgada procedente a ação, o STF requisitará que o Presidente da República decrete a intervenção ADC ou ADECON (ação declaratória de constitucionalidade – art. 102, inciso I, alínea “a” da CF/88), busca-se através dessa ação, a declaração de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal uma vez que a presunção de constitucionalidade é relativa. Buscando, desta forma, uma presunção de constitucionalidade absoluta. Segundo Pedro Lenza: “Em síntese, a ADECON busca afastar o nefasto quadro de insegurança jurídica ou incerteza sobre a validade ou aplicação de lei ou ato normativo federal, preservando a ordem jurídica constitucional”. Os legitimados, após a EC nº. 45/2004, passaram a ser os mesmos da ADI ou seja, os codificados no art. 103 da CF/88. ADPF (A arguição de descumprimento de preceito fundamental), como típico instrumento do modelo concentrado de controle de constitucionalidade, tanto pode dar ensejo à impugnação ou questionamento direto de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, como pode acarretar uma provocação a partir de situações concretas, que levem à impugnação de lei ou ato normativo. Neste sentido, ao contrário do controle difuso, o controle concentrado abstrato possui natureza objetiva. CONCLUSÃO Levando-se em consideração o que foi apresentado, entende-se que o controle de constitucionalidade é nada mais que a compatibilidade entre condutas (comissivas ou omissivas) dos Poderes Públicos e dos comandos constitucionais, visando assegurar a supremacia da Constituição Federal. E é através deste controle de constitucionalidade que seja ele difuso ou concentrado que se garante a conciliação das leis ou dos atos normativos em acordo com a Constituição. REFERÊNCIAS LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9. ed. São Paulo: Método, 2010 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 35. Ed. São Paulo: Atlas, 2019
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