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UNIVERSIDADE SALVADOR GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA ANDRÉA SARMENTO BASTOS SANTANA ANDRESSA DE ALMEIDA SOUZA HEVELLYN FERNANDA SANTOS EVANGELISTA LETICIA ESTRELA ARAÚJO ARAÚJO RAFAEL BERNARDO MARINHO ATLAS DE MICOLOGIA OPORTUNISTAS FEIRA DE SANTANA- BAHIA 2020 ANDRÉA SARMENTO BASTOS SANTANA ANDRESSA DE ALMEIDA SOUZA HEVELLYN FERNANDA LETICIA ESTRELA ARAÚJO ARAÚJO RAFAEL BERNARDO MARINHO ATLAS DE MICOLOGIA OPORTUNISTAS Trabalho da Disciplina, Análises Clínicas 2 do Curso de Biomedicina da Universidade Salvador de Feira de Santana para obtenção da nota da disciplina, sob orientação Da Professora Louise Rodrigues Barreto. FEIRA DE SANTANA- BAHIA 2020 Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 6 2. ASPERGILOSES ................................................................................................................................. 7 2.1. Agente ............................................................................................................................................. 8 Características Macroscópicas ........................................................................................ 8 Características Microscópicas ......................................................................................... 9 2.2. Habitat ................................................................................................................................... 11 2.3. Epidemiologia ................................................................................................................................ 12 2.4. Patogênese .................................................................................................................................... 13 2.5. Manifestações Clínicas .................................................................................................................. 14 Aspergilomas: ................................................................................................................ 14 Aspergilose bronco pulmonar alérgica: ........................................................................ 14 Aspergilose pulmonar invasiva crônica: ........................................................................ 14 Aspergilose pulmonar crônica: ...................................................................................... 14 Aspergilose invasiva extrapulmonar: ............................................................................ 14 Aspergilose nos seios paranasais: ................................................................................. 14 Aspergilose pulmonar necrotizante crônica: ................................................................ 14 Aspergilose cutânea: ..................................................................................................... 15 2.6. Diagnóstico Laboratorial ............................................................................................................... 16 2.7. Exame Direto ......................................................................................................................... 16 2.8. Cultivo ................................................................................................................................... 16 Histopatologia ............................................................................................................... 16 Diagnóstico por imagem ............................................................................................... 17 2.9. Terapêutica ........................................................................................................................... 18 3. CANDIDÍASE ................................................................................................................................... 19 3.1. Agente ................................................................................................................................... 21 3.2. Características Macroscópicas .............................................................................................. 21 Características Microscópicas ....................................................................................... 22 3.3. Habitat ................................................................................................................................... 23 3.4. Epidemiologia ................................................................................................................................ 24 3.5. Patogênese .................................................................................................................................... 25 3.6. Manifestações Clínicas .................................................................................................................. 26 3.7. Diagnóstico Laboratorial ............................................................................................................... 27 Exame direto ................................................................................................................. 27 Histopatológico ............................................................................................................. 28 Cultivo ........................................................................................................................... 29 Identificação .................................................................................................................. 30 3.7.4.1. Fisiológicos (tubo germinativo e filamentação de cultivo em lâmina) ..................... 30 Provas Bioquímicas........................................................................................................ 31 Biologia Molecular ......................................................................................................... 32 3.8. Terapêutica ........................................................................................................................... 33 4. CRIPTOCOCOSE ............................................................................................................................. 34 4.1. Agente ................................................................................................................................... 35 Características Macroscópicas ...................................................................................... 35 Características Microscópicas ....................................................................................... 36 4.2. Habitat ................................................................................................................................... 37 4.3. Epidemiologia ........................................................................................................................ 38 4.4. Patogênese ............................................................................................................................ 39 4.5. Manifestações Clínicas .......................................................................................................... 40 4.6. Diagnóstico Laboratorial ....................................................................................................... 41 4.7. Terapêutica ........................................................................................................................... 43 5. PENICILIOSE ................................................................................................................................... 44 5.1. Agente ................................................................................................................................... 45 Características Macroscópicas...................................................................................... 45 Características Microscópicas ....................................................................................... 46 5.2. Habitat ................................................................................................................................... 47 5.3. Epidemiologia ........................................................................................................................ 48 5.4. Patogênese ............................................................................................................................ 49 5.5. Manifestações Clínicas .......................................................................................................... 50 5.6. Diagnóstico laboratorial ........................................................................................................ 51 5.7. Terapêutica ........................................................................................................................... 53 6. Zigomicose ..................................................................................................................................... 55 6.1. Agente ................................................................................................................................... 57 Características Macroscópicas ...................................................................................... 57 Características Microscópicas ....................................................................................... 59 6.2. Habitat ................................................................................................................................... 62 6.3. Epidemiologia ........................................................................................................................ 63 6.4. Patogênese ............................................................................................................................ 64 6.5. Manifestações Clínicas .......................................................................................................... 65 6.6. Diagnóstico Laboratorial ....................................................................................................... 66 Exame direto ................................................................................................................. 66 Exame histopatológico .................................................................................................. 66 6.7. Terapêutica ........................................................................................................................... 67 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 68 1. INTRODUÇÃO Na micologia existe um vasto campo de estudos que envolve microrganismos conhecidos como fungos, onde este já existe cerca de 80 mil espécies catalogadas, onde cerca de 200 foram reconhecidas como patogênicas para o homem e 50 causam mais de 90% das doenças fúngicas conhecidas que infectam os seres humanos. Os fungos são os principais microrganismos responsável por decomposições de matérias orgânicas e por essas causas são utilizados em diversos processos industriais e gera um grande impacto econômico como patógenos na agricultura. São organismo eucarióticos, aeróbios obrigatórios ou facultativos, são quimiotróficos e liberam enzimas que degrada substâncias orgânicas em nutrientes solúveis, que são capturados e absorvidos por células de transporte ativo, os fungos podem crescer em forma de leveduras ou em forma filamentos(bolor) e nas formas dimórficas que se apresentam das duas formas anteriores, o que vai definir é a temperatura. As leveduras são células isoladas, que na maioria das vezes tem forma esférica ou elipsoide onde sua reprodução é por gemulação. Os fungos filamentosos dependem de crescimento de colônias filamentosas multicelulares em forma de túbulos cilíndricos com ramificações denominada de hifas. Além dessas características os fungos produzem esporos, mecanismo usado para aumentar a sua sobrevida. A reprodução de esporos se dá através de reprodução assexuada ou sexuada, que constitui os estádios anamórficos e teleomorfo. Os fungos causam diversas doenças denominadas micoses, onde podem ser classificar em superficiais, cutâneas, e subcutâneas e sistêmicas. A incidências de infecções por fungos resultou em um efeito enorme do progresso da ciência no âmbito de recursos de tecnologia medica e de saúde, ajudou para o aumento de um população imunossupressora, como por exemplo: os doentes com HIV/SIDA que por consequência são frágeis a ação desses microrganismo até aqueles que são considerados fracamente patogênicos ou não patogênico. Para provocar infecções os fungos devem ter acesso ao hospedeiro, se penetrar ou escapar da defesa do mesmo, fazer a multiplicação, colonizar, se espalhar e danificar seu tecido. Suas portas de entrada são as mucosas, a pele e a deposição direta ou membranas, as mucosas mais utilizadas por esses microrganismos é a respiratória e gastrointestinal. Dentre as denominações das micoses sistêmicas, encontramos as micoses oportunistas que tem como características fungos de baixa virulência, que em condições normais do nosso sistema de defesa não causam danos ao nosso organismo, dentre elas encontramos a Aspergiliose, Candidíase, Criptococose, Peniciliose e Zigomicoses. 2. ASPERGILOSES Os microrganismos do gênero Aspergillus são fungos filamentosos, saprófito ubíquos, com inúmeras características biológicas que permitem a sua sobrevivência em regiões que apresentam condições extremas, como áreas desérticas e regiões polares. Seus propágulos assexuados (conídios) são facilmente dispersos pelo ar, o que permite sua distribuição por amplas áreas, como ambientes abertos e fechados, incluindo hospitais (BROCARD, 2012). Possui grande importância no setor agrícola e na medicina veterinária, Aspergillus destaca-se também nas áreas da saúde humana, industrial e biotecnológica. São descritas mais de 250 espécies do gênero, principalmente na forma anamorfa (reprodução assexuada) e alguns teleomorfos (reprodução sexuada), sendo 40 delas consideradas patógenos oportunistas ao homem. A espécie que mais ocasiona doenças em humanos é Aspergillus fumigatus, seguida de Aspergillus flavus, Aspergillus terreus, Aspergillus niger e Aspergillus ustus (AUGUSTIN, 2008). A Aspergilose Invasiva (AI) está entre as principais causas de morte em pacientes severamente imunocomprometidos, com mortalidade que varia de 85 a 90%. No Brasil a aspergilose é subestimada devido à ausência de dados oficiais. Recentemente um estudo estimou a frequência baseada em revisão de artigos que descreveram o número de casos de doenças fúngicas por tipo de doença, incluindo casos de aspergilose, por grupo específico de pacientes de risco (asmáticos, com fibrose cística e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Os autores calcularam que 1.010.465 casos de doenças fúngicas ocasionadas por Aspergillus ocorrem no Brasil, incluindo aspergilose invasiva, aspergilose broncopulmonar crônica e asma ocasionada por sensibilização fúngica (ARAUJO 2005). Figura 1 Colónias de Aspergillus fumigatus em cultivo com Agár Sabouraud Dextrose, incubadas 5 dias a 25ºC. Figura 2 Fungo isolado de lesão nodular colônia filamentosa granulosa (representado pelos conidióforos), cor verde e reverso de incolor a castanho. Aspergillus flavus. Figura 4 Colónia de Aspergillus flavus. 2.1. Agente Fungo filamentoso Aspergillus spp, sendo as espécies mais comuns do gênero Aspergillus fumigatus, Aspergillus flavus e Aspergillus niger. Características Macroscópicas Os Aspergillus fumigatus possuem conídioshialinos de parede lisa, com uma vesícula que se parece comum balão. As cabeças conidiais são colunares, unisseriadas, apresentando uma fila única de fiálides. Os esporos de Aspergillus fumigatus são produzidos em conidióforos especializadas que variam de 1,0 µm a 3,0 µm micrómetros de diâmetro e depositados no trato respiratório inferior. As colónias de Aspergillus fumigatus, geralmente tem um aspecto aveludado, de coloração cinza-esverdeado ou cinza-azulada, pode ocorrer produção de pigmento em algumas amostras (Martins et al, 2005). As colónias de Aspergillus flavus em Ágar Sabouraud dextrose por 7 dias à temperatura, tem textura cotonosa a lanosa (semelhante ao algodão), plana com sulcos radicais e coloração amarelo-esverdeada. Figura 3 Colónia de Aspergillus niger Figura 1 Cabeça aspergilar de Aspergillus flavus Características Microscópicas São caraterizados por ter o conidióforo com haste longa, grossa, vesícula globosa coberta com uma camada de fiálides seguida de conídios em cadeia que formam cabeças conidiais radiadas, com 300 µm a 400 µm de diâmetro e as fiálides são unisseriadas ou bisseriadas. Figura 5 Cabeças aspergilares de Aspergillus fumigatus Figura 7 Cabeça aspergilar de Aspergillus niger. 2.2. Habitat Podem estar presentes em diversos ambientes, como solo, ar, poeira, plantas, material orgânico em decomposição e alimentos, contudo a composição da atmosfera tem um grande impacto sobre o crescimento de fungos, fatores como a humidade e temperatura são variáveis importantes. 2.3. Epidemiologia São fungos saprófitos encontrados no solo e suas espécies são ubíquas e cosmopolitas, ou seja, encontradas no mundo todo, por se adaptarem em qualquer ambiente, sobrevivendo em melhor temperatura de 37 a 50°C, porém são encontradas também na Antártica, pois, possuem capacidade de resistir em condições adversas. Localizadas com mais prevalência em lugares aéreos, e os distúrbios como a ação do vento promovam a sua disseminação levando a inalação constante. O género Aspergillus é constituído por muitas espécies, dentro das patogénicas o principal responsável por causar doença é Aspergillus fumigatus. Este pode encontrar-se com relativa facilidade no solo, na água, nos alimentos ou na matéria orgânica em decomposição, no pó e no ar exterior e interior das casas, incluindo nos hospitais, o que justifica a fácil propagação dos seus conídios através das correntes de ar (FILIPPIN, 2006) 2.4. Patogênese A Aspergilose é um exemplo de uma micose oportunista provocada por fungos filamentosos, omnipresentes e pertencentes ao gênero Aspergillus. Raramente é patogênico em hospedeiros saudáveis com pleno funcionamento do sistema imunológico. O tamanho dos conídios é pequeno, facilitando a dispersão pelo ambiente. Ao serem aspirados pelas vias aéreas paranasais e da arvore brônquica. A temperatura ideal para o crescimento do fungo é em torno de 37°c, tem capacidade de adesão ao endotélio e epitélio, invadem os vasos sanguíneos, produzem toxinas como elastase, restricocina, fumigatoxina entre outros. 2.5. Manifestações Clínicas Aspergilomas: Normalmente são assintomáticos, porém em alguns casos podem causar tosse e hemoptise (pequenas quantidades de sangue com escaro). Aspergilose bronco pulmonar alérgica: O Constitui uma forma de hipersensibilidade pulmonar associada à destruição das vias aéreas em resposta ao Aspergillus spp. Caracteriza-se por: episódios de asma aguda responsiva a corticosteroide ou por asma corticoide dependente, com sintomas não usuais de febre e hemoptise. O tratamento inadequado, o dano pulmonar permanente progride para fibrose. Aspergilose pulmonar invasiva crônica: Normalmente costuma causar tosse seguida de dor torácica e falta de ar. Caso não seja tratada com rapidez pode agravar o quadro para uma insuficiência respiratória progressiva que chega ser fatal. Aspergilose pulmonar crônica: De início se manifesta com sintomas leves, apesar da sua patogenia grave. Aspergilose invasiva extrapulmonar: Afeta, principalmente paciente imunocomprometidos (com baixa imunidade). Inicialmente começa com lesões na pele, sinusites, causando pneumonias, e pode comprometer os rins, cérebro, fígado, dentre outros tecidos de forma rápida e muitas vezes podem ser fatais. Aspergilose nos seios paranasais: Pode causar uma sinusite fúngica alérgica, levando a uma infecção crônica, ocorrendo lentamente, apresentando febre, cefaleia e renite. Pode aparecer também lesões necrotizantes que cobrem o nariz e os seios paranasais. Úlceras no palato ou na gengiva, além de trombos no seio cavernoso desenvolvendo assim lesões pulmonares. Aspergilose pulmonar necrotizante crônica: Caracteriza-se pela destruição lentamente progressiva do pulmão em pacientes com doença pulmonar crônica e leve grau de imunossupressão, como no uso prolongado de corticosteroide sistêmico ou em paciente diabético. Aspergilose cutânea: A aspergilose cutânea é definida como um conjunto de lesões cutâneas associadas a aspergilose invasiva ou sistémica. Estas lesões são caraterizadas por placas dérmicas necrosantes, abcessos ou granulomas subcutâneos e máculas ou pápulas dérmicas apresentando erupção com tendência supurativa. 2.6. Diagnóstico Laboratorial O método padrão mais utilizado para o diagnóstico da aspergilose é o crescimento do agente em meio de cultura, sendo utilizado o material biológico colhido com material estéril e análise histopatológica do órgão afetado. A sensibilidade destes testes é baixa, possui apenas 50 % de sensibilidade, tornando o diagnóstico mais tardio. Ultimamente o diagnóstico é avaliado através dos sinais e sintomas, exames radiológicos apesar de não serem específicos, Histopatologia, crescimento em cultura e na detecção do DNA do fungo ou em componentes da parede celular, ou em amostras clínicas coletadas em materiais estéreis. 2.7. Exame Direto Para a realização do exame direto é necessária uma amostra do material patológico, pode ser feito através de escarro, exsudato ocular, pus das lesões e cerumem do ouvido. Nestas amostras será possível observar a presença de hifas septadas hialinas e ramificadas. Estes exames revelam apenas presença de hifas septadas hialinas e ramificadas, sendo possível observar as características inconfundível do Aspergillus com sua cabeça inconfundível. 2.8. Cultivo A análise pode ser feita através do meio de cultura utilizando o meio sabouraud, ele revelará além do gênero, a espécie causadora da infecção. O A. fumigatus cresce em temperaturas altas, superior a 37°C, os tubos devem ser colocados na estufa em temperaturas superiores a 40°C, desta forma irá eliminar outros tipos de fungos e bactérias que não sobrevivem em altas temperaturas. Histopatologia No diagnóstico histopatológico raramente será possível observar os candiósforos das espécies que causam a infecção. Nos casos de Aspergilose secundária poderá identificar as espécies algumas vezes, porém habitualmente encontrará hifas septadas e ramificadas possuindo de 3 a 4 μm de diâmetro Figura 8 Corte histológico do brônquio de um paciente com asma bronco-pulmonar alérgica. Diagnóstico por imagem Nas formas pulmonares o exame radiográfico será indispensável, pois poderá revelar grandes imagens circulares brancas que são características dos aspergilomas. Normalmente se utiliza a tomografia computadorizada, é o melhor exame a ser realizado na identificação pulmonar.O raio X pode ser usado também, porém só em casos onde a espécie em questão produza ácido oxálico, formando calcificações no tecido. . Figura 9 Radiografia de tórax, realizada após o início dos sintomas, mostrando consolidações multifocais bilaterais com cavitação em algumas das lesões; B) TCAR de tórax, realizada uma semana após o início dos sintomas, mostrando múltiplas áreas de consolidação bem como lesões nodulares de tamanhos variados, algumas apresentando cavitação e outras circundadas por opacidade em vidro fosco compatível com sinal do halo. 2.9. Terapêutica O prognóstico vai depender muito das formas clínicas e, no caso frequente de associação com doenças pulmonares crônicas graves, o prognóstico é muito sério. Pode se considerar benigno numa forma alérgica pulmonar e muito grave na forma cerebral (BURSTON, 2009). Considerando as formas pulmonares, podemos resumir, dizendo que, segundo as formas clínicas, a terapêutica poderá seguir 3 direções principais: 1. Na aspergilose alérgica: Pode ocorrer fechamento parcial dos condutos aéreos, devido as reações brônquicas intensas, não por conta dos espasmos, mas pelo de acúmulo de secreções viscosas, que, elas vão constituir ótimo substrato para fixar novos esporos inalados. Nesses casos, estão indicados dessensibilização com aerossol com nistatina ou com natamicina, utilização de corticosteroides e de mucolíticos. 2. No caso de aspergilose (aspergilomas): É indicado a ressecção de forma cirúrgica para a remoção, principalmente em casos frequentes de hemoptises. 3. No caso de aspergilose invasiva: Deve se utilizar a anfotericina B, e utilizar também a nistatina, porque há casos comprovados de cura (FILIPPIN, 2006). Figura 11 Candidíase vaginal (EVEDOVE) 3. CANDIDÍASE É uma doença que pode se manifestar de diferentes formas, ela ocorre quando há um desequilíbrio imunológico. Essas manifestações podem ser classificadas em mucocutânea, cutânea e sistêmica. O agente causador está presente de forma comensal na nossa microbiota normal, como no trato gastrointestinal e geniturinário e também na pele, ela espera uma diminuição da imunidade para se aproveitar e se multiplicar. Elas podem causar desde infecções leves a septicemia. Em hospitais norte-americanos com o sistema de vigilância, classificaram o Candida como 6º patógeno nosocomial e a 4ª causa mais comum de infecções de corrente sanguínea, adquiridas em hospitais. (LEVY, 2004).” “C. albicans é a causa predominante de infecções fúngicas invasivas e representa um grave desafio de saúde pública, com crescente importância médica e econômica, devido às altas taxas de mortalidade e ao aumento dos custos de atendimento e duração da hospitalização. (SOUZA, 2017)” As mucocutânea acomete as mucosas do trato digestório e região genital, sendo a forma mais comum nos seres humanos. As do trato digestório podem ser na região orofaríngea e esofágica. A candidíase oral ou pseudomembranosa pode ser conhecida como sapinho, ela geralmente estar presente em recém nascidos e idosos. Na região genital feminina temos a vaginite também ou vulvovaginite e na região genital masculina a balanite ou balanopostite. A vaginite acomete o canal vaginal e a balanite a glande do pênis (PEIXOTO et al., 2014). Figura 10 Candidíase Oral (PINHEIRO, 2019) Figura 12 Balanite (PINHEIRO, 2019) Figura 15 Paroníquia (PEIXOTO et al., 2014) As candidíases cutâneas ocorrem geralmente nas regiões que possuem dobras, como as dobras da pele e embaixo das fraldas de recém-nascidos e podem ocorrer em outros lugares onde possui uma umidade e temperatura apropriada para o crescimento desse fungo como por exemplo a unha, ela costuma ocorrer em épocas de climas tropicais quentes como no verão. As que acometem a dobras da pele são conhecidas como intertrigo e podem ocorrer nas axilas, virilha, sulco interglúteo, prega submamária, e em pessoas obesas na prega suprapúbica (PEIXOTO et al., 2014). Figura 13 Intertrigo (CANDIDIASISWEB, 2020) As que acometem a unha é chamada de Paroníquia mais conhecida como “unheiro” ou “mão de lavadeira” esse último nome ficou conhecido por pessoas que se ocupava com trabalho onde envolvia a imersão frequente das mãos na água. (PEIXOTO et al., 2014) Figura 14 Paroníquia (LIMA, 2020) 3.1. Agente As principais espécies patogênicas são: C. albicans, C. tropicalis, C. pseudotropicalis C. guilliermondi, C. parapsilosis e C. krusei. A mais presente é a C. albicans, os autores consideram as outras espécies como não albicans. A Candida pertence à classe Ascomycetes e à família Saccharomycetaceae, é um fungo diploide assexual e dimórfico, ou seja, sua forma é dependente da temperatura em que habita, existindo como levedura unicelular em forma oval com brotamento (blastosporo e clamidósporo), bem como em diferentes formas filamentosas denominadas hifas e pseudohifas) (SOUZA, 2017). Atualmente, mais de 40 das 200 espécies conhecidas de Candida tem sido associada a infecções humanas, embora durante muitos anos tenha sido reconhecido que apenas algumas causam infecção regular. (SOUZA, 2017) 3.2. Características Macroscópicas O crescimento na cultura é rápido de 24 a 72h na temperatura entre 25°C e 37ºC. O aparecimento ocorre em torno de 3 a 4 dias, com formação de colônias com coloração branca à bege no Ágar Sabouraud dextrose + clorafenicol e no cultivo em CHROMagar Candida aparecem com uma cor verde-claro a verde médio. Figura 16 Na primeira imagem temos o crescimento de Candida albicans no meio Ágar Sabouraud dextrose + clorafenicol e na segunda seu crescimento no meio seletivo CHROMagar Candida. (MAKIMURA, 2015.) Características Microscópicas Na microscopia eles se diferem de outras leveduras por apresentar micélio- gemulante ou Pseudo-hifas, blastoconídios e clamidoconídios. Ela se apresenta em forma de levedura enquanto sadias, a partir do momento em que acontece a deficiência da imunidade ela apresenta com hifas. Na coloração de Gram, se apresentam como positiva. Figura 17 Na primeira imagem podemos observar o fungo em formato de levedura, ou seja, sua forma comensal, na imagem seguintes a sua forma patogênica, apresentando hifas. (CADENAS, 2015). 3.3. Habitat A Candida albicans habita normalmente o aparelho digestivo e o aparelho respiratório e o aparelho genital á espécie humana e a todas as espécies de primatas até o momento investigadas, além de muitos mamíferos e pássaros. A infecção pode atingir mucosas, tecido cutâneo e em alguns casos principalmente em imunodeprimidos pode ser sistêmica (SOUZA, 2017). 3.4. Epidemiologia A vulvovaginite afeta 75% das mulheres e cerca desses 75%, quase metade terá um segundo episódio e cerca de 5% apresentarão a condição mais de uma vez por ano. (VIGGIANO, 2017). Por não ser uma doença notificável, as informações sobre a incidência de Candidíase são incompletas e baseada em estudos epidemiológicos que são muitas vezes dificultados por imprecisões de diagnóstico e/ou uso de populações não representativas (SOUZA, 2017). Em uma pesquisa realizada com 72 mulheres com idade entre 15 e 54 onde foram realizadas coletas de secreções vaginais foram encontrados 18 casos positivos para cândida (25%), sendo a C. albicans a espécie mais prevalente (77,8%) e 22,2% de não-albicans. Entre as não-albicans a espécie mais prevalente foi a C. glabrata (16,7%) seguida pela C. parapsilosis (5,6%) Tabela 1 Distribuição das espécies de Candida em pacientes submetidas a investigação. (ALEIXO NETO et al., 1999) 3.5. Patogênese A patogênese da candidíase é facilitada por diversos fatores de virulência como: a aderência às célulasdo hospedeiro pelas adesinas, a sua morfogênese, a capacidade de sobreviver dentro de fagócitos, capacidade de regular o sistema imune através de uma modulação, entre outros. Nenhum dos fatores de virulência é dominante, ela necessita de uma expressão coordenada de múltiplos genes de uma forma apropriada para as condições do sítio de infecção e fatores ligados ao hospedeiro. (KAWA, 2014) Essa patologia vai ocorrer, quando o sistema imune entra em uma condição de imunodepressão, como citado acima, ela pode ir de uma infecção leve a grave, causando a sepse, essa condição mais graves ocorre em pacientes onde seu sistema imune está comprometido, são os casos de pacientes com HIV. A patologia mais simples, espera um desequilíbrio para se aproveitar, como a temperatura ideal, o pH entre outros mecanismos. A vulvovaginite por exemplo, tem diversos fatores que contribuem para o seu aparecimento como por exemplo atividade sexual (traumas de mucosa), período menstrual, substâncias utilizadas na higiene íntima, uso contínuo de roupas apertadas, peças íntimas de tecidos sintéticos, gravidez, anticoncepcionais orais e o dispositivo intrauterino (DIU), dentre outros. 3.6. Manifestações Clínicas Na candidíase vulvovaginal os sintomas são bem típicos como prurido, leucorréia e eritema. Os sintomas ficam mais evidentes no período pré-menstrual quando a acidez vaginal aumenta. Na balanite os principais sintomas são: dor, irritação, rubor, prurido, descamação da mucosa, secreção purulenta e cheiro desagradável debaixo do prepúcio. A glande fica avermelhada e podem surgir pequenas lesões ulcerativas em sua superfície, além de edema (inchaço) que leva ao estreitamento do canal urinário. Outro sinal da doença é o intumescimento dos gânglios inguinais e pode acontecer de serem assintomáticas também. Só as manifestações clínicas não são especificas para o diagnostico necessitando do diagnostico laboratorial. A requer a inspeção visual da secreção vaginal, da vagina e do colo do útero, bem como a coleta e avaliação de uma amostra da secreção sob o microscópio. A visualização do colo do útero é importante para descartar a cérvice como fonte de corrimento vaginal anormal. (OMS,2015). Figura 18 Candida albicans pelo método de KOH 3.7. Diagnóstico Laboratorial Exame direto O exame direto vai permitir a diferenciação de levedura de fungo filamentoso. Ela é realizada diretamente da amostra realizada por meio da escarificação das lesões pode se avaliar pelo método do hidróxido de potássio (KOH) e colorações como Gram, Grocott, coloração ácido periódico + reativo de Schiff (PAS) entre outras. O método de KOH consiste em colocar a amostra clínica em uma lâmina para microscopia e colocar uma gota de KOH a 40% e cobrir com lamínula. Levar a lâmina para a microscopia ótica, sob o aumento de 20 e 40 vezes após aproximadamente 15 minutos de seu preparo que é o tempo necessário para o clareamento dos restos celulares e observar se há a presença leveduras em brotamento ou pseudo-hifas. (BRASIL; PINHEIRO; PIMENTEL, 2003) Figura 19 Candida albicans na coloração de Gram e pseudohifas na coloração PAS Figura 20 Histopatológico do rim apresentando microabscessos renais por Candida spp., exemplo de infecção oportunista em paciente com AIDS. Histopatológico É feito através da análise de biopsia da região de interesse, onde será possível visualizar a presença do fungo na camada. É mais comum a realização desse teste quando a infecção se disseminou. Cultivo A candida não é fastidioso podendo crescer em diversos meios, o mais utilizado é o Ágar Sabouraud é possível tornar esse meio seletivo acrescentando cloranfenicol e cicloheximida, o antibiótico vai impedir o crescimento de bactérias, enquanto a cicloheximida evita a contaminação por fungos saprotróficos. A amostra inoculada deve ser incubada a 37ºC durante 3 a 4 dias, se necessário, por 7 dias ou mais. Pode-se utilizar o corante azul de algodão (lactofenol) para examinar as células de levedura e pseudohifas sob o microscópio. Suas colônias se apresentam de coloração branca a creme e consistência mole, com odor de lêvedo. Há um meio seletivo cromogênicos para o gênero, o ágar Chromoagar e Candiselect são específico para identificar as espécies da candida spp. Eles reagem com as enzimas segregadas pelas leveduras. A interpretação no ágar Chromoagar consiste na coloração das colônias para diferenciar as espécies, as colónias de C. albicans aparecem com uma cor verde-claro a verde médio, as de C. tropicalis aparecem azuis esverdeadas a azul metalizado e as de C. krusei aparecem cor-de-rosa claro com um rebordo esbranquiçado. Outras espécies de leveduras poderão desenvolver a sua cor natural (creme) ou aparecer cor-de-rosa ou cor de malva claro a escuro por exemplo Candida Torulopsis. As culturas positivas das espécies colhidas de locais normalmente estéreis (p. ex., sangue, LCR, amostras de biópsia de tecido) são necessárias para distinguir infecção invasiva de colonização normal; Figura 21 Cultura em ágar Chromoagar com Presença de C. albicans e C.krusei. Figura 22 Cultura em Ágar chromoagar (BACTERIAGRAM, 2019) e suas respectivas interpretações. (JALECO, 2018) Figura 24 Tubos germinativos de Candida albicans em soro de coelho a 37ºC (SOUZA,2017). Figura 23 Candida albicans em ágar Sabouraud Dextrose. Identificação Mesmo com os meios seletivos é necessário a confirmação através de testes e testes bioquímicos (fermentação de carboidratos específicos). 3.7.4.1. Fisiológicos (tubo germinativo e filamentação de cultivo em lâmina) O teste de tubo germinativo consiste na capacidade da C. albicans possuir certas particularidade na suas estruturas como pseudo-hifas e estruturas que se assemelhando a tubos, ele é realizado retirando uma alíquota da colônia e colocando em 0,5mL de soro pode ser soro humano, de cavalo, de coelho ou albumina de ovo e incuba-se a 37ºC durante período máximo de 3 horas, após incubação leva a microscopia em gota de suspensão e se observa a presença de desses “tubos” e de pseudohifas. As células filhas alongadas a partir da célula-mãe, sem constrição na sua origem, são referidas a tubos germinativos, enquanto a constrição na origem das células-mãe é denominada pseudohifas. O resultado é positivo quando há uma observação de no mínimo cinco tubos germinativos em toda a preparação. Negativos são confirmados com menos 10 campos para a presença de tubos germinativos. Figura 25 Teste de fermentação de carboidratos positivo para Candida glabrata Tabela 2 Chave de identificação das principais espécies de Candida de interesse médico. Provas Bioquímicas Existem também as provas bioquímicas que consistem na assimilação ou fermentação de carboidratos específicos. O gênero Candida metaboliza carboidratos tanto na presença de oxigênio (assimilação) quanto sem (fermentação). As leveduras que possuem a capacidade de fermentar um dado carboidrato também o assimilam, mas não necessariamente vice-versa. O teste de assimilação consiste na incorporação de uma suspensão da levedura numa base sintética isenta de carbono e solidificada. Em seguida, adicionam-se 16 hidratos de carbono diferentes à placa, sendo então incubada a 35ºC durante 24 e 48 horas. Esse resultado é positivo quando se apresenta turbidez (SOUZA, 2017). Os testes de fermentação complementar ao de assimilação, são analisadas sob baixa tensão de O2, é feito num meio de crescimento líquido com o inóculo e 6 hidratos de carbono em tubos de Durham. Os resultados são geralmente analisados às 24, 48 e 72 horas e aos 5º, 10º e 14º dias. A produção de gás é tomada como fermentação positiva,adquirindo uma cor rosa no líquido. Biologia Molecular O diagnóstico molecular, embora possível, não é feito na rotina para o diagnóstico de candidíase, por alto custo e os métodos anteriores diagnosticar. Pode ser realizada pelas técnicas de PCR (Reação em cadeia da polimerase e Hibridização “in situ” que irá detectar a sequência específica do microrganismo. 3.8. Terapêutica Para a vulvovaginite pode ser realizado tratamento oral, onde pode ser escolher diversos fármacos como Fluconazol (150 mg) em dose única, Cetoconazol (200 mg) uma vez dia, por 14 dias ou Cetoconazol (400 mg) uma vez por dia, por 14 dias. Pode ser feito também tratamento local, por via intravaginal, podendo ser utilizado o Clotrimazol (100 mg/comprimido) durante 7 dias, ou o uso de Terconazol 0,8% - creme (aplicação completa de 5 g) durante três dias, ou ainda o uso de Ácido Bórico (600 mg/supositório) duas vezes por dia por período de 14 dias. Alguns profissionais utilizam ambos métodos juntos. Para a balanite deve ser realizado o tratamento tópico na região utilizando a pomada Nistatina, é o tratamento inicial quando as lesões são pouco eritematosas ou apresentam erosão superficial pode ser utilizado também compressas úmidas com Acetato de Alumínio diluído durante 15 minutos, 2x por dia, para amenizar as sensações de queimação ou prurido. Figura 26 Na primeira imagem podemos observar a presença de lesões cutâneas pustulosas, papulares, nodulares ou ulceradas caracterizada pela Criptococose disseminada (REVANKAR, 2017) e nas imagens seguintes a criptococose cutânea primaria com lesões nodulares, ulceradas e crostosas. (NASSER; NASSER FILHO; VIEIRA, 2011) 4. CRIPTOCOCOSE Criptococose é a infecção causada pelo basidiomiceto, encapsulado do gênero Cryptococcus, é o mais importante patógeno fúngico oportunístico. Com a AIDS, a espécie Cryptococcus neoformans tornou-se a mais importante infecção oportunista. O ciclo de vida de Cryptococcus spp. é composto por dois estágios, sexual e assexual. Cryptococcus neoformans tem variedades grubii e neoformans e Cryptococcus gattii são as variedades anamórficas, assexuadas. Como variedades teleomórficas (sexuadas), esses dois correspondem a Filobasidiella neoformans e F. bacillispora, respectivamente. Cryptococcus spp. apresenta-se nos tecidos do hospedeiro como levedura encapsulada na forma assexual, fato que o torna único entre os fungos patogênicos. Pode ser apresentado com ou sem brotamento, mas pode ser visto multibrotante, pobremente encapsulado, sem cápsula ou como pseudo-hifa. No ambiente, são encontrados nas excreções de pombos e em ocos de árvores por todo mundo. Por anos, C. gattii foi encontrado em regiões tropicais e subtropicais inicialmente associada aos eucaliptos. (SEVERO et al, 2009) A infecção primária pode também causar sintomas pulmonares no hospedeiro, em caso de imunossupressão ou de um grande inóculo da levedura. A disseminação pulmonar a outros órgãos ocorrerem em infecções primárias ou secundárias. No estágio de disseminação da localização pulmonar, o cérebro torna-se o principal alvo para o sítio da doença clínica, pela concentração de nutrientes assimiláveis pelo fungo. Por isso, a maioria dos dados é de manifestações da doença no pulmão ou no sistema nervoso central (SNC). Figura 28 Colônias de Cryptococcus neoformans produzindo melanina em Ágar Semente de Níger (NSA) (BELÉM, 2018). 4.1. Agente Criptococose é uma micose de natureza sistêmica, com a porta de entrada inalatória causada por fungos do complexo Cryptococcus neoformans, atualmente com duas espécies: Cryptococcus neoformans, sendo oportunista e Cryptococcus gattii, sendo primaria com hospedeiro imunocompetente. Características Macroscópicas Eles crescem bem em vários meios de cultivos, como ágar Sabouraud, ágar semente de Níger e ágar que não contenham cicloheximida, como por exemplo o ágar-sangue e Agar infusão de cérebro-coração. Pode crescer em temperaturas entre 25°C e 37°C, mas cresce melhor a 30°C, o máximo de temperatura que alcança é de 40°C. Colônias mucóides de tonalidade creme podem ser observadas em 48h de incubação. Figura 27 Na primeira imagem temos o crescimento das colônias em Ágar Sabourand com apresentação de coloração leitosa e na segunda em Ágar Semente de Niger Figura 30 Análise microscópica de amostra do líquido cefalorraquidiano com coloração de Gram e a tinta da Índia que revelaram levedura encapsulada e C. neoformans (RECIO, Raul et al. 2018) Figura 21 Aspecto microscópico de segmento de pulmão afetado pelo Cryptococcus neoformans. Os alvéolos estão totalmente preenchidos por fungos com membrana de duplo contorno e que se reproduzem por brotamento simples. Os fungos estão separados entre si por espessa cápsula mucopolissacarídica, não individualizável nesta coloração (HE). Este é o aspecto mais característico da espécie. A cápsula tem espessura semelhante ao diâmetro do corpo celular do fungo. B - Imagem microscópica de Cryptococcus corada pela tinta nanquim. Características Microscópicas No LCR (Lactato no líquido cefalorraquidiano) a microscopia é positiva quando há 103 ou 104 UFC/ml de células fúngicas, não sendo preditora de evolução. A potassa com tinta Parker superchrome blue black (tinta da China) ou solução de 0,1% de branco de calcoflúor (microscópio de imunofluorecência) é ideal para ver os elementos fúngicos. O exame do líquor através da nigrosina (tinta da China) demonstra, em contraste negativo, as leveduras encapsuladas com uma sensibilidade em torno e 80%, especialmente nos pacientes com aids, e em torno de 50% dos pacientes não infectados pelo HIV. Deixando na centrifuga por 10 minutos aumenta a sensibilidade do LCR. Figura 29 C. Neoformans em microscopia com Tinta nanquim, evidenciando a presença da cápsula (LOUISE, 2019) 4.2. Habitat Na Austrália o primeiro habitat natural que foi encontrado foi nos eucaliptos. Com a descoberta no Brasil, foram encontrados novos locais com a presença C. neoformans e C. neoformans, descobrindo assim que eles habitam em diferentes arvores tropicais, nativas ou introduzidas no pais, como cassia rosa (Cassia grandis), cassia amarela (Senna multijuga), ficus (Ficus microcarpa), jambolão (Sygygium jambolana), cacaueiro (Theobroma cacao), cabori (Miroxylum peruiferum), sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), encontrados até mesmo na Floresta Atlântica e da Amazônica. Quando no hospedeiro se instala geralmente no sistema respiratório, nos pulmões ou no sistema nervoso. O Cryptococcus neoformans pode estar presente em frutas, mucosa oronasal de animais, pele de animais e seres humanos, e na maioria dos casos no solo contaminado por excretas de aves, permanecendo viável por até dois anos. Figura 32 Na imagem 1 casca de Eucalipto (CIFlorestas, 2014) e na imagem 2 o pombo um vetor da doença. ABCMED, 2019 Gráfico 1 Epidemiologia 2000 a 2007 (BRASIL, 2012) 4.3. Epidemiologia Geralmente afeta mais os do sexo masculino, acometendo mais os adultos. Pode ocorrer infecção em animais como gatos, cavalos e vacas. Os humanos geralmente têm resistência a não ser os mais suscetíveis que aumenta com o uso prolongado de corticosteroide, na vigência de AIDs, Hodgkin e Sarcoidose. A criptococose tem sido relatada como a mais prevalente em termos de internação como mostra o gráfico, no período entre 2000 até 2007. Figura 33 Ciclo de transmissão (LOUISE, 2019) 4.4. Patogênese Os fatores que induzem a patogenicidade do C. neoformans sãodivididos em dois grupos, um para características de infecção e capacitação de sobrevivência no hospedeiro e o outro aos fatos de virulência. A criptococose é pleomórfica, possuindo acentuado tropismo pelo sistema nervoso central, geralmente manifesta-se como meningite criptococócica em humanos, sendo a imunossupressão celular o principal fator predisponente. No entanto vários órgãos e tecidos podem ser afetados. Nos indivíduos imunossuprimidos, há crescimento de massas gelatinosas desse fungo nos tecidos devido à ausência de reação inflamatória. Em indivíduos imunossupressores a crescimento de massa gelatinosa feita pelo fungo, pois o tecido tem ausência de reação inflamatória. Já as pessoas com doenças crônicas a reação granulomatosa composta por macrófagos, linfócitos e células gigantes multinucleadas. 4.5. Manifestações Clínicas Os sinais clínicos da criptococose podem ser divididos em quatro síndromes principais que podem ocorrer isoladas ou associadas em um mesmo animal. Os sinais clínicos presentes na síndrome respiratória incluem estertores respiratórios, corrimento nasal mucopurulento, seroso ou sangüinolento, dispnéia inspiratória e espirros. Observa-se a formação de massas firmes ou pólipos no tecido subcutâneo, principalmente sobre a região nasal, conferindo um aspecto característico de “nariz de palhaço” nos felinos principalmente, já os cães podem apresentar tosse e como uma meningoencefalomielite. Observa-se principalmente depressão, desorientação, vocalização, diminuição da consciência, ataxia, espasticidade, andar em círculos, paresia, paraplegia, convulsões, anisocoria, dilatação pupilar, déficit visual, cegueira, surdez, perda de olfato dor cervical. Com relação à infecção humana, dos sorotipos conhecidos de C. neoformans, o sorotipo A é o mais encontrado no Brasil, caracterizando-se por apresentar um acentuado dermotropismo. Nos casos de criptococose sistêmica as lesões cutâneas são observadas em 10 a 15% dos pacientes. A criptococose cutânea primária pode ocorrer forma mais rara, como resultado da inoculação primária na pele. Esta lesão pode variar, para o correto diagnóstico é necessário considerar a história clínica e exames laboratoriais complementares. A criptococose cutânea generalizada em pacientes soropositivos manifesta-se através de lesões múltiplas, predominando como agente etiológico o Cryptococcus neoformans var. neoformans, sorotipo A. Figura 34 Estruturas em disposição extracelular. Ausência de resposta inflamatória. Note a destruição total da arquitetura tecidual - padrão histológico paucireativo. (a) Elementos fúngicos redondos a ovoides apresentando brotamentos em estreita base. H&E; aumento 40x. (b) Microrganismos exibindo evidente estrutura capsular mucicarminofilica corada na cor magenta. Gomori-Grocott; aumento 40x. (c) Cryptococcus spp. deficiente de cápsula. Reatividade pela parede celular criptocócica contendo pigmentos de melanina. Mucicarmim de Mayer; aumento 40x. (d). Fontana-Masson; aumento 40%. (SEVERO, Cecilia 2009) 4.6. Diagnóstico Laboratorial O método mais indicado para o diagnóstico é a pesquisa do antígeno polissacarídeo circulante no soro e líquor através da prova de látex, tendo alta especificidade e sensibilidade. A detecção de antígenos específicos dessa levedura também pode ser obtida pela técnica imunoenzimática ELISA. O diagnóstico auxiliar da criptococose em humanos pode ser feito por meio da prova intradérmica de leitura tardia utilizando a criptococcina, um antígeno peptídeo-polissacarídeo, obtida a partir do antígeno extraído por autoclavagem de culturas da levedura Cryptococcus neoformans em ágar Sabourand, não tipadas sorologicamente. Os achados hematológicos e bioquímicos normalmente não são sugestivos. O diagnóstico definitivo é baseado na identificação do agente por citologia e cultura do exudato nasal, fluido cerebrospinal e tecidos como pele, unhas e nodos linfáticos, ou através de exame histopatológico. A necropsia pode fornecer dados complementares no diagnóstico dessa doença. Os órgãos normalmente afetados pela infecção são os olhos, sistema nervoso central e respiratório, principalmente os seios nasais e pulmões. Figura 35 Nódulo na cortical pulmonar fazendo boceladura na pleura (a). Corte histológico apresentando leveduras com cápsula carminofilica no interior do criptococoma (b). (técnica: mucicarmim de Mayer; aumento, 10x). (SEVERO, Cecilia 2009) 4.7. Terapêutica Nos humanos imunocompetentes e imunocomprometidos em infecções disseminadas, utiliza-se a anfotericina B, juntamente com a 5-flucitosna, ou então, fluconazol e itraconazol, como alternativa para o tratamento de infecções cutâneas. O desoxicolato de anfotericina B tem sido administrado com sucesso terapêutico em casos de meningite criptocócica, por apresentar rápida depuração do Cryptococcus spp. Entretanto, essa droga pode ocasionar nefrotoxicidade importante. O uso de anfotericina B lipossomal tem a vantagem de reduzir essa toxicidade. Já em casos de criptococose pulmonar isolada, de gravidade leve a moderada, o tratamento pode ser realizado com fluconazol ou itraconazol. No tratamento de animais, recomenda-se a administração de antifúngicos sistêmicos, como a anfotericina B, fluocitosina, cetoconazol, itraconazol, fluoconazol, isoladamente ou em associação. Entretanto, a administração de anfotericina B, fluocitosinab e cetoconazol para o tratamento da síndrome neurológica não leva à resultados satisfatórios, pois não alcançam concentrações eficazes sem que haja efeitos colaterais. 5. PENICILIOSE Num grupo de mais de 270 espécies do gênero Penicillium a que provoca doença é Penicillium marneffei. Antes da era HAART (fármacos usados para o tratamento de infecções por retrovírus), a peniciliose era a infecção mais comum na fase final da doença do HIV, em cerca de 6,8% dos doentes infetados pelo vírus, na Tailândia. A Peniciliose é a terceira infecção fúngica mais comum em estádios tardios de HIV, em que as células CD4+ são inferiores a 100 células / µL; a contagem média de CD4 na apresentação é de 63,5 células / µL. Pacientes com peniciliose têm um prognóstico ruim sem tratamento. P. marneffei demonstra suscetibilidade in vitro a múltiplos agentes antifúngicos, incluindo cetoconazol, itraconazol, miconazol, flucitosina e anfotericina B. Foram relatadas taxas de resposta de até 97% com terapia com anfotericina B nas primeiras 2 semanas seguidas de 10 semanas de itraconazol. Ocorre recidiva na ausência de profilaxia em aproximadamente 50% dos pacientes após a interrupção de uma terapia bem-sucedida. A terapia de manutenção com itraconazol é eficaz na prevenção de recaída. Figura 36 Peniciliose, lesão cutânea - pápulas umbilicadas. 5.1. Agente Penicillium Marneffei Características Macroscópicas Na temperatura apropriada, a forma saprofítica se desenvolverá rapidamente, tanto em meios comuns (ágar glicose de Sabouraud) quanto em meios enriquecidos (ágar chocolate, ágar sangue, etc.), desde que não estejam incorporados cicloheximida Três dias após a incubação, as colônias medem cerca de 5 mm de diâmetro, são superfície cinza- branca, achatada, lisa e aveludada. Com o tempo, a superfície das colônias se irradia, sua coloração evolui para uma cor marrom avermelhada com áreas de tonalidade verde- amarelada e o inverso adquire uma tonalidade variada. Ao mesmo tempo em que ocorrem essas alterações na textura e coloração das colônias, esse organismo produz um pigmento vermelho-marrom difusível, visível a partir do terceiro ou quarto dia de incubação, o que facilita sua identificação.Figura 37 Colônias de P. marneffei (CULTURA, 2018) Figura 38 Mancha de prata com metenamina mostrando colônias de P. marneffei . Algumas células de levedura são de forma oval a oblonga com um septo transversal (metenamina prata × 1000). Características Microscópicas P. marneffei é o único fungo dimórfico do gênero Penicillium. Existe na forma micelial a 25 ° C, mas na forma de levedura a 37 ° C. Ele mostra uma taxa de crescimento rápido e amadurece em 3 dias a 25-30 ° C. Pouco ou nenhum pigmento difusível vermelho é produzido entre 35 e 37 ° C. Microscopicamente, a forma do molde é típica de outros Penicillium espécies com hifas septadas hialinas e estruturas de frutificação compostas por metulas ramificadas e fiálides que produzem conídios esféricos em cadeias. Figura 39 Penicillium marneffei, forma leveduriformes com septo único central. 5.2. Habitat Seu vetor são os roedores, ele é isolado nas fezes dos ratos, mas também pode ser isolado em amostras de solo das suas tocas. 5.3. Epidemiologia Sudeste Asiático e ao sul da China, Hong Kong, Indonésia e Vietnã e há casos registrados também na Índia. 5.4. Patogênese Os mecanismos pelos quais esse organismo produz doenças não são perfeitamente elucidados. Mas, como em qualquer processo infeccioso, é lógico supor que, após a penetração dos conídios, seja estabelecida uma relação dinâmica entre o organismo causal e o homem mediado pela expressão dos mecanismos de patogenicidade microbiana e sua interação com os sistemas de defesa do hospedeiro inespecíficos e específicos, que determinarão a cura ou ocorrência espontânea da doença. Os pacientes determinam a evolução da infecção e que a penicilina afeta, sobretudo, pacientes com imunodeficiência de células T. Penicillium marneffei, como outros fungos escuros, é um organismo de baixa virulência, um patógeno oportunista, que é experimentalmente capaz de: a) interagir com 4 células hospedeiras, b) capturar ferro e c) infectar células do sistema monocromático. O primeiro evento que ocorreria após a inalação dos conídios seria sua fixação na laminina e na fibronectina da matriz extracelular, por um processo dependente do ácido silícico. Depois disso, na ausência de anticorpos, os conídios seriam fagocitados pelos macrófagos residentes e induziram um estímulo menor do que se tivessem sido opsonizados, sem produção de TNF-α, fato que facilitaria a germinação dos conídios e sua subsequente multiplicação. No entanto, a atividade fungicida do ânion de macrófagos pode controlar a infecção. Por outro lado, os leucócitos neutrofílicos, sob a influência de citocinas pró- inflamatórias inibiram a germinação de conídios fagocitados, mas não os destruíram. Sob circunstâncias homeostáticas ideais, a fagocitose dos conídios induzir uma resposta imune dependente de T que resultaria na síntese de anticorpos específicos, que opsonizariam os artroconídios e facilitariam os mecanismos de fagocitose e síntese de macrófagos TNF-α, e o desenvolvimento de uma reação do tipo granulomatosa que levaria à cura clínica, mas não à microbiologia, e ao aparecimento de fenômenos de latência. Portanto, a peniciliose ocorreria como resultado de uma reativação, quando o hospedeiro desenvolve uma imunodeficiência de células T, ou de uma infecção primária, em um terreno adequado. 5.5. Manifestações Clínicas Na peniciliose, três tipos de reações inflamatórias foram descritos: granulomatoso, supurativo e necrosante. Os dois primeiros são observados em pacientes imunocompetentes; a terceira é uma resposta analgésica, típica de pacientes imunocomprometidos, preferencialmente localizados no fígado, pulmão e pele, é caracterizada por infiltração difusa de tecidos de macrófagos cheios de artroconídios. As manifestações clínicas mais comuns incluem febre, anemia, diarréia, perda de peso e lesões cutâneas em forma pápulas generalizadas com o centro umbilicado (assemelha-se ao Molluscum contagiosum). Estas lesões na pele aparecem maioritariamente na face, ouvidos, extremidades e ocasionalmente na zona genital. Também pode haver envolvimento de outros órgãos como o SNC, a medula óssea, os nódulos linfáticos, os pulmões, o fígado e o intestino. Os doentes com peniciliose hepática apresentam febre, dor abdominal e os níveis de fosfatase alcalina, no soro, aumentados. A infecção raramente pode se apresentar como abdome agudo. Outros sintomas presentes incluem osteoartrite, úlceras genitais e lesões orais. 5.6. Diagnóstico laboratorial As amostras mais usadas para diagnóstico são pele, sangue, medula óssea, aspirado de nódulo linfático e biópsias. Permitindo reconhecer células leveduriformes septadas, sem brotamento nos tecidos infectados. Em exame direto podem usar-se colorações como Giemsa e Wright, sendo possível, em alguns doentes, identificar P. marneffei em amostras de sangue. O diagnóstico definitivo é baseado no isolamento do microrganismo em cultura ou por demonstração histopatológica em biopsia. A 25ºC o fungo cresce na forma filamentosa e nos meios usuais de cultura, como o Sabouraud e o PDA, observam-se colónias lanosas pigmentadas e com reverso rosa brilhante. A 37ºC o fungo cresce na forma de levedura, como mostra na imagem abaixo. O organismo também pode ser identificado no esfregaço de sangue periférico ou no aspirado de medula óssea. As hemoculturas são positivas com frequência, enquanto a medula óssea é positiva em quase todos os casos. O sistema de cultura de centrifugação de lise pode melhorar o rendimento das hemoculturas. A infecção por P. marneffei pode às vezes ser histologicamente oculta, e as células de levedura podem se parecer com detritos celulares devido ao seu tamanho e padrão de coloração. Além disso, a formação de granuloma pode estar ausente devido à resposta alérgica na AIDS. Portanto, manchas fúngicas, como a prata metenamina, devem ser realizadas em biópsias de trefina em pacientes febris com AIDS da área endêmica, mesmo na ausência de granuloma da medula [ 40 ]. É necessário diferenciar vários microrganismos de P. marneffei na preparação citológica ou na seção de tecidos. Suas características distintivas são mostradas na Histoplasma capsulatum é o microrganismo mais comum que pode ser confundido com P. marneffei devido ao seu tamanho e propriedades de coloração semelhantes. A distinção entre eles baseia-se na detecção do septo transverso central, característico de P. marneffei, reproduzido por fissão binária ou na demonstração de células de levedura em desenvolvimento, típicas das espécies de Histoplasma. A ligação epidemiológica à área de endemicidade dos dois fungos também pode auxiliar no diagnóstico. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3038620/#B40 Figura 40 Padrão difuso com infiltração generalizada de macrófagos espumosos em espaços sinusoidais sem infiltração significativa de outras células inflamatórias (hematoxilina-eosina, ampliação original 3100). A infiltração é aparente na coloração periódica com ácido-Schiff (PAS), que também demonstra numerosos Penicillium marneffei dentro de macrófagos (inserção; PAS, ampliação original 3400). Figura 41 Padrão granulomatoso com formação de múltiplos granulomas e leve infiltração de células inflamatórias no parênquima hepático (hematoxilina-eosina, ampliação original 3100). Setas curtas indicam pequeno número de Penicillium marneffei extracelular (inserção; ácido periódico - 5.7. Terapêutica Em doentes infetados pelo HIV em estágio avançado da doença, pessoas com imunidade baixa e dependentes de imunossupressores, não se recomenda a visita a zonas endémicas,particularmente zonas rurais., que residam ou visitem por um longo período como o norte da Tailândia, ou Vietname e o sul da China, particularmente zonas rurais. Os mesmos devem fazer uso da profilaxia com itraconazol (200 mg/dia). O tratamento recomendado é a anfotericina B lipossomal (3 - 5 mg/kg diariamente intravenoso durante 2 semanas), seguido de itraconazol (400 mg/kg durante 10 semanas), e depois profilaxia secundária. Em alternativa pode ser utilizado o voriconazol. Pacientes com peniciliose apresentam prognóstico ruim sem tratamento. Mesmo com o tratamento, a mortalidade é de aproximadamente 20%. O tratamento com anfotericina B com ou sem flucitosina, ou itraconazol, é o tratamento de escolha. P marneffei demonstra suscetibilidade in vitro a muitos dos agentes antifúngicos atualmente disponíveis, incluindo cetoconazol, itraconazol, miconazol, flucitosina e anfotericina B. Não há ensaios clínicos randomizados e controlados sobre o tratamento da peniciliose. Um estudo aberto de anfotericina B 0,6 mg / kg / dia por via intravenosa por 2 semanas, seguido de 10 semanas de itraconazol 400 mg / dia, mostrou excelentes resultados. Esse regime foi eficaz em 97% dos 74 pacientes infectados pelo HIV tratados. Todos os pacientes haviam eliminado a fungemia ao final da segunda semana de tratamento. Os pacientes toleram o regime sem grandes reações adversas. Após a conclusão do tratamento inicial, os pacientes com infecção por P marneffei devem receber profilaxia secundária para evitar recidivas. Um estudo controlado randomizado demonstrou que a profilaxia secundária com itraconazol 200 mg por dia é eficaz. Nenhum dos pacientes que receberam itraconazol apresentou recidiva, enquanto 57% dos pacientes do grupo placebo tiveram recidiva dentro de um ano após o término do tratamento inicial. Embora este estudo não tenha sido desenvolvido para detectar uma diferença de sobrevida, 15% dos pacientes que tiveram uma recaída morreram. A profilaxia primária pode prevenir a ocorrência de peniciliose. Um estudo randomizado controlado por placebo da Universidade de Chiang Mai sugere que a profilaxia primária com itraconazol 200 mg por dia pode prevenir a ocorrência de peniciliose em pacientes com AIDS e contagens de CD4 <200 células / µL. Dos 129 pacientes inscritos, a peniciliose ocorreu apenas em 1 caso no braço do itraconazol em comparação com 11 casos no braço do placebo, uma diferença estatisticamente significativa (p = 0,008 naqueles que tinham contagens de CD4 <100 células / µL). Além disso, houve menos casos de criptococose e candidíase no braço do itraconazol, mas nenhuma diferença de sobrevivência entre os braços foi detectada. 6. Zigomicose Doenças causadas por fungos da classe zigomicetas, das seguintes ordens Mucorales e Entomophthorales, apresenta-se clinicamente de duas formas distintas as mucormicoses que estão associadas a doenças hematológicas sendo a forma mais comum a rinocerebral com manifestações pulmonares e as entomoftoromicose causadoras de infecções subcutâneas. Os zigomicetos são organismos saprófitos presentes na natureza, sendo encontrados no solo, água e decomposição de vegetais, são fungos filamentosos constituídos de hifas largas sem a presença de septos. A mucormicose apresenta-se como uma infecção de evolução rápida de forma fulminante, os principais agentes causadores deste tipo de enfermidade são a Mucor sp., Rhizopus sp, Rhizomucor e Absidia sp, sendo as principais formas clínicas a zigomicose cutânea, pulmonar, rinocerebral ou de forma sistêmica. As Entomoftoromicose é uma infecção causada por fungos zigomicetas que atingem de forma crônica o tecido subcutâneo, sendo a forma de contágio desse tipo de organismo através da inalação ou inoculação de esporo entre os principais agentes etiológicos o Delacroixia coronate e Basidiobolus renarum (MARQUES, 2010) Figura 41 Na primeira imagem Mucormicose. Lesões vesicobolhosas e na segunda um pós operatório Rinocerebral. Figura 42 Na primeira imagem ulceração circular, com centro necrótico e na segunda apresentação de lesão murcomicose no olho. 6.1. Agente Causadores da mucormicose ou sistêmica, pertencentes a ordem dos Mucorales Rhizopus arrhizus, Mucor sp, Absidia sp, Cunninghamella sp, Syncephalastrum sp etc. As entomoftoromicose da ordem Entomophthorales, Basidiobolus haptosporus (Basidiobolus ranarum), Entomophthora coronata (Condiobolus coronato) e Condiobolus incongruus Características Macroscópicas Os zigomicetos possuem crescimento rápido, com periodos de incubação em até 10 dias em temperaturas de 25 ºC a 37 ºC, inoculadas em meio de cultura ágar sabouraud dextrose semciclohexamida. Rhizopus sp – inoculado em ágar sabourraud, em temperatura de 25ºC a 37 ºC tem ocrescimento rapido com periodos de incubação em até 10 dias apresentam textura algodonosa, no início do crescimento apresenta coloração branca passando para o tom acinzentado e recoberta por pontos negros. Figura 43 Colônias de Rhizopus spp Mucor spp – as colônias apresentam crescimento rápido a 25 ºC com características de algodão sua coloração varia de branco a amarelo tornando-se acinzentadas, podendo atingir vários centímetros de alturas em meio de cultura. Figura 44 Mucor spp. isolados da cultura de tecidos. Condiobolus coronatus – As colônias têm crescimento rápido a 25 ºC, cultivados em ágar Sabouraud apresentando características de cor creme e planas, cobertas por micélios com superfície branca em pó e presença de conidióforos. Figura 45 Colônias de Condiobolus coronato Badidiobolus ranarum – as colônias apresentam crescimento rápido a 30 ºC, em meio ágar de batata dextrose suas colorações vão variar entre acinzentadas, cinza, amareladas ou glabras com aparecimento de micélios de superfície branca, após alguns dias de inoculadas poderão ser observados o aparecimento de colônias satélites com conídios. Figura 46 Colônia de Badidiobolus ranarum. Características Microscópicas Através da microscopia podemos observar conídios esféricos com anexos semelhantes a pêlos, chamados villae, e papilas proeminentes que demarcam o local de implantação ao esporangióforo. Figura 47 Conidiobolus coronatus Grande número zigosporos arredondados, de paredes espessas e lisas. Figura 48 Basidiobolus ranarum É possível identificar hifas de diâmetro largo, asseptadas com a presença de estolões e rizoides assim como esporangióforos simples e ramificados, hialinos de coloração marrom claro, esporângios de coloração escuro e globosos. Figura 49 Cultivo em lâmina de Rhizopus Presença de micélios cenocítico, hialino com esporangiósforos simples e ramificações evidenciando columelas no interior dos esporângios esféricos, contendo esporangiósporos esféricos a elípticos, lisos. Os zigosporos são escuros e equinulados. Figura 50 Cultivo em lâmina de Mucor spp. 6.2. Habitat Em sua grande maioria são organismos saprofíticos, habitam a água, solos vegetais em decomposição e nos indivíduos saudáveis nos tubos respiratório e digestivo. 6.3. Epidemiologia As zigomicoses são infecções fúngicas raras, bastantes associadas as regiões tropicais estão amplamente distribuídas na natureza, são organismos saprófitos podendo atingir tanto humanos quanto os animais, independentemente da idade e sexo, não existe transmissão de homem a homem, principal via de infecção e na forma inalatória associados a doenças crônicas como a diabetes e pacientes imunossuprimidos (BARROS, et al 2019). 646.4. Patogênese A Zigomicoses gera infecções no homem quando os esporos que são produzidos pelos bolores são inalados ou quando entram em contato por lesões na pele como cortes ou laceração do tecido. Diversos fatores estão associados ao aumento destes tipos de infecções, uso de drogas intravenosas através da punção, utilização de antibióticos em queimaduras, diarreia úlceras gástricas e intestinais a colite amebiana nos casos do TGI. Os esporos encontrados no ar são a principal forma de passagem destes fungos para causar patogenia assim como a via oral, atacam o sistema respiratório e trato gastrointestinal, a pele e mucosas afetadas vão desencadear uma serie de mecanismos importantes de barreiras a infecção, estes esporos desencadearam respostas ao estimular as células de defesa do corpo em destaque os neutrófilos e macrófagos alveolares estimulando a respostas imune que resultarão na produção de quimiocinas e citocinas para tentar combater o invasor (BARROS, et al 2019) 65 6.5. Manifestações Clínicas As manifestações clínicas variam de diferentes formas dependendo da classe e espécie do fungo que está causando a patogenia, na forma primaria os pacientes podem apresentar traumas, queimaduras etc. Essas manifestações podem ser de forma simples ou muito agressiva como a perda tecidual por necrose. Já na forma Rinocerebral o paciente pode apresentar alguns sintomas semelhantes a sinusite, pois o fungo ataca os seios paranasais posteriormente progredindo para orbita ocular, com alta prevalência em pacientes imunodeprimidos e portadores de diabetes entre outras doenças crônicas, podendo levar a quadros de isquemia a formação de trombose e infarto, acomete o trato gastrointestinal provocando a perfuração de vísceras, enterocolite necrosante, peritonite, hemorragia gastrointestinal, e através da inalação atinge os pulmões gerando uma disseminação para outros órgãos (SEVERO, et al 2010) 66 Figura 61 Anatomopatológico Mucormicose. Hifas cenocíticas no interior de vaso provocando trombose. 6.6. Diagnóstico Laboratorial Exame direto Coleta de elementos fúngicos por curetagem, aspiração da região nasal nos casos de rinocerebral, escarro e aspirado brônquico e biópsia. Após a coleta, o material é colocado em solução de KOH, que o dissolve, e então examinado no microscópio. Exame histopatológico Através de colorações podem ser realizados testes nos cortes de tecidos para observação de hifas de zigomicetas, sendo o método de Grocott indispensável para observação das hifas devido alto contraste e baixa impregnação de fundo, este exame evidência as alterações no tecido e infiltrado neutrófilico assim como necrose trombose e infarto séptico e invasão dos vasos sanguíneos (BARROS, et al 2019) Através do exame histopatológico corado por HE, PAS ou Gomori, podemos observar na imagem abaixo hifas cenocíticas nos tecidos, paredes e luz dos vasos. Corte de um exame anatomopatológico corado por meio HE, sendo perceptível a observação de hifas largas irregulares e pouco septadas. Figura 52 Anatomopatológico Mucormicose. Hifas cenocíticas no interior de vaso provocando trombose. 67 6.7. Terapêutica O tratamento contra as zigomicoses envolve uma combinação de fatores como a identificação e diagnóstico precoce desbridamento cirúrgico com remoção do tecido necrótico assim como a utilização de antifúngicos que vão combater as infecções associados a terapias cirúrgicas, entre os antifúngicos temos a Anfotericina B que é considerado padrão ouro no combate destas classes de fungos. 68 7. REFERÊNCIAS ABCMED, 2019. Criptococose - definição, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e- doencas/1347488/criptococose-definicao-causas-sintomas-diagnostico-tratamento-e- prevencao.htm>. Acesso em: 14 abr. 2020. ALEIXO NETO, Antônio et al. 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