Buscar

Agentes infecciosos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 77 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 77 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 77 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Bactérias Grampositivas
e Gram-negativas
Essa unidade tem como 
Objetivos de Aprendizagem:
Conceitual: Compreender os diferentes grupos bacterianos 
envolvidos na saúde humana.
Procedimental: Utilizar, em variados contextos, o 
conhecimento adquirido para levantar hipótese 
diagnóstica.
Atitudinal: Ser consciente do uso de medidas profiláticas 
na prevenção de doenças infecciosas bacterianas.
PARA SUA REFLEXÃO
 Após avaliação de um paciente com queixa 
de corrimento, dor ao urinar ou dor durante a 
relação sexual, o médico confirmou infecção 
bacteriana e iniciou a terapia antimicrobiana. Para 
esse paciente foi recomendado a suspensão de 
relações sexuais durante o tratamento e o uso de 
camisinha em relações sexuais futuras. Por que esse 
paciente precisa usar camisinha mesmo depois do 
tratamento?
TERMOS-CHAVE: Gram-positivo. Gram-negativo. 
Bacilos. Cocos.
2 | Agentes Infecciosos
Cocos Gram-positivos
 Resgatando os conceitos da aula 1, os cocos Gram-positivos 
(CGP) são um grupo heterogêneo de bactérias cocóides com uma 
espessa parede celular rica em peptideoglicano. Existem várias espécies 
de CGP de importância para a saúde humana, pertencente a dois 
gêneros principais Staphylococcus e Streptococcus. Estes dois gêneros 
compreendem os microrganismos mais frequentemente isolados em 
amostras biológicas humanas e podem ser facilmente diferenciados pela 
detecção da enzima catalase, presente nos Staphylococcus e ausente 
nas espécies de Streptococcus.
Staphylococcus spp
 O gênero Staphlococcus é composto de 37 espécies, 17 delas 
podem ser isoladas de amostras biológicas humanas. São caracterizados 
pelo formato esférico, com cerca de 0,5 a 1,5 µm de diâmetro, corando-
se positivamente na coloração de Gram. Apresentam atividade de 
catalase, são imóveis, não formadores de esporos e geralmente não-
encapsulados. A melhor temperatura para crescimento se dá em torno de 
18 °C a 50 °C. Quanto à habilidade de utilizar o oxigênio, os estafilococos 
são classificados como facultativos, podendo viver em meios aeróbios e 
anaeróbios. Também são capazes de crescer em meios contendo alta 
concentração de sal e, portanto, são importantes contaminantes de 
alimentos salgados, como o charque. 
 Ao microscópio óptico, estas bactérias podem ser visualizadas 
em células isoladas, aos pares, em cadeias curtas, ou agrupadas 
irregularmente (com aspecto semelhante a um cacho de uvas), devido 
a divisão celular que ocorrem em três planos perpendiculares, dando 
Agentes Infecciosos | 3
origem ao nome do gênero derivado do grego: staphylé, que significa 
“cacho de uva”.
 As espécies desse gênero são largamente disseminadas no 
ambiente sendo o homem e outros animais o seu principal reservatório. 
Muitas espécies são isoladas de partes específicas do corpo humano ou 
de certos animais, sendo considerado um microrganismo de importância 
clínica. 
Figura 1. Arranjo em “cacho de uva” de Staphylococcus sp.
 
SAIBA MAIS!
TEXTO:
4 | Agentes Infecciosos
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20611998000200011
https://www.youtube.com/watch?v=u5Qr1meqNAQ
 
 Para quase todos os propósitos clínicos, essas bactérias podem ser 
divididas naquelas que produzem coagulase (positiva ou negativa), uma 
enzima que coagula a fibrina no sangue, e naquelas que não o fazem.
 Cepas coagulase negativas são membros da microbiota normal 
humana, como a espécie Staphylococcus epidermidis, e muito comuns 
na pele, onde representam cerca de 90% da microbiota normal, sendo 
consideradas patogênicas apenas quando a barreira da pele é rompida 
ou invadida por procedimentos médicos, como a inserção de cateteres 
venosos e válvulas cardíacas. Tipicamente, formam biofilmes na superfície 
do catéteres dificultando sua remoção. 
 Em um hospital terciário de Fortaleza-Ceará, 57,8% das infecções de 
corrente sanguínea (bacteremia) causadas por CGP são S. epidermidis. 
Agentes Infecciosos | 5
Este resultado indica a importância da educação continuada, 
padronização das técnicas de coleta de sangue para o diagnóstico de 
infecções da corrente sanguínea e engajamento da equipe médica 
para a redução de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
 Outra espécie de Staphylococcus coagulase negativa que possui 
relevância clínica é S. saprophyticus, presente na microbiota normal da 
pele, região periuretral e mucosas das vias urinárias. É frequentemente 
isolado de infecções do trato urinário e merece atenção especial por ser 
um patógeno bem documentado e a segunda causa mais frequente de 
cistites em mulheres jovens e homens a partir dos 50 anos.
Quadro1– Espécies de Staphylococcus encontrados no homem.
 A espécie mais patogênica do grupo é Staphylococcus aureus, 
que produz a enzima coagulase, o que a distingue das demais espécies 
de importância médica. Quase todos os indivíduos sofreram ou sofrerão 
algum tipo de infecção causada por essa espécie ao longo da vida.
6 | Agentes Infecciosos
 Por estar associado às passagens nasais, esse microrganismo pode 
ser facilmente transportado para a pele. Uma vez na pele, ele pode entrar 
no corpo através das aberturas naturais da barreira cutânea, como os 
folículos pilosos. Essas infecções caracterizam as foliculites, comumente 
identificadas como pelos encravados ou terçol, quando ocorrem na 
base da pálpebra. Uma extensão da foliculite é denominada furúnculo, 
caracterizado por nódulos dolorosos e achatados. Quando os furúnculos 
coalescem, formam o carbúnculo, adentrando o tecido subcutâneo. Por 
este motivo, os pacientes experimentam sinais sistêmicos como calafrios 
e febre. Outra lesão cutânea típica de S. aureus é o impetigo. Trata-se de 
uma infecção superficial que afeta principalmente crianças, iniciando 
pela face e membros. A lesão inicial é uma mácula (macha) pequena 
que evolui para pústula (vesíula com pus) e culminando na formação 
de crostas. É comum observar vesículas em diferentes estágios devido a 
contaminação secundária. 
 No ambiente hospitalar, são importantes causas de bacteremia, 
osteomielite e pneumonia associada à ventilação mecânica. 
 Para além das infecções, esta bactéria também produz diferentes 
tipos de toxinas envolvidas em intoxicações alimentares, do estrato 
granulomatoso da pele e sistêmica. Nas intoxicações alimentares, 
o indivíduo é contaminado pela ingestão de toxinas termoestáveis 
produzidas pela bactéria e presentes no alimento, cuja fonte provável 
da contaminação primária é o manipulador. As carcaterísticas 
organolépticas dos alimentos comumente não são alteradas. Após 
ingestão da toxina, a doença tem início abrupto e rápido, com vômitos, 
diarreia, dores abdominais e náuseas durando cerca de 24 horas. 
Nestes casos, não é recomendado o uso de antimicrobianos, uma vez 
que a doença é provocada pela toxina e não pelo crescimento do 
microrganismo.
Agentes Infecciosos | 7
 A síndrome da pele escaldada é mais comum em crianças e 
jovens e é caracterizada pelo surgimento de um eritema perioral que 
se dissemina em dois dias. Em seguida, podem ser observadas bolhas e 
descamação da pele. O impetigo bolhoso é uma forma localizada da 
síndrome da pele escaldada.
 A síndrome do choque tóxico estafilocócico (SCT) é uma condição 
grave, iniciada pelo crescimento local do microrganismo produtor de 
toxina com subsequente liberação para a corrente sanguínea. Nessa 
condição potencialmente fatal, febre, vômitos e erupções semelhantes 
a queimaduras solares são seguidas de choque e eventualmente a 
falência dos orgãos, em especial os rins. A SCT se tornou conhecida como 
resultado da associação entre o crescimento estafilocócico e o uso de 
um novo tipo de tampão vaginal altamente absorvente. Essa correlação 
é especialmente alta se o tampão permanece no lugar por um longo 
período de tempo. 
 Os Staphylococcus spp. podem causar doenças em virtude de sua 
capacidade de multiplicação e ampla disseminação nos tecidos,bem 
8 | Agentes Infecciosos
como pela produção de muitas substâncias extracelulares, algumas 
dessas enzimas e outras consideradas toxinas, embora possam atuar 
como enzimas. Muitas das toxinas estão sob controle tanto cromossômico 
quanto extracromossômico. Em outros casos, o mecanismo de controle 
genético não está bem definido.
Quadro 2 – Fatores de virulência de Staphylococcus aureus.
ENZIMAS TOXINAS
Coagulase Citotoxinas 
Catalase Esfoliatinas (A, B)
Hialuronidase
Toxina-1 da síndrome do choque 
tóxico
Fibrinolisina Enterotoxinas (A-E, G-I)
Lipase
Nuclease
Penicilinase
 A colonização por S. aureus pode ser transitória ou persistente 
O agente com maior poder patogênico é S. 
aureus, reconhecido como um grande problema 
mundial, responsável por infecções relacionadas 
à assistência à saúde e comunitárias e resistentes 
à maioria dos antimicrobianos utilizados.
Agentes Infecciosos | 9
e pode se prolongar por longos períodos. Em algumas populações 
específicas, como usuários de drogas endovenosas, pacientes portadores 
de diabetes mellitus, pacientes em uso de cateteres venosos de longa 
permanência e trabalhadores da área da saúde, este microrganismo 
é mais frequentemente encontrado como colonizante. Estes patógenos 
apresentam grande facilidade em se disseminar nos ambientes intra e 
inter-hospitalares pela facilidade de sobreviver no meio ambiente.
SAIBA MAIS!
TEXTO 1:
TEXTO 2
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002017000600651&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002017000600651&lang=pt
10 | Agentes Infecciosos
Tratamento
 A maioria dos indivíduos abriga 
Staphyococcus spp. na pele, no nariz 
ou na garganta. Mesmo que se fosse 
possível remover os Staphylococcus 
spp. da pele, ocorreria uma 
reinfecção quase imediatamente 
por perdigotos. Como os microrganismos patogênicos se disseminam 
geralmente a partir de uma lesão local para as outras áreas da pele 
por meio dos dedos ou das roupas, é importante realizar uma rigorosa 
assepsia local para controlar a furunculose reciditivamente. Abcessos e 
outras lesões supurativas fechadas são tratados por drenagem e terapia 
antimicrobiana. 
 A bacteremia, endocardite, pneumonia e outras infecções 
causadas por S. aureus exigem tratamento intravenoso prolongado 
com penicilina resistente a β-lactamase. Mais de 90% das espécies de 
Staphylococcus são resistentes a penicilina pela produção de uma 
enzima (β-lactamase) capaz de degradar o anel beta-lactâmico da 
droga, inativando-a.
 Na década de 60, foi identificada pela primeira vez cepas de 
S. aureus resistentes a meticilina (MRSA), uma penicilina semi-sintética 
resistente à ação das β-lactamases. Para estes casos, é recomendado 
o uso de vancomicina, um glicopeptídeo. Porém, nos últimos anos o 
aumento da Concentração Inibitória Mínima (CIM) à Vancomicina, entre 
diversas cepas de MRSA isoladas de pacientes hospitalizados, levaram os 
clínicos a procurar outras terapias. 
 Devido à alta frequência de cepas resistentes, é conveniente 
realizar o antibiograma (teste realizado em laboratório para a detecção 
Agentes Infecciosos | 11
do perfil de sensibilidade ou resistência à fármacos) para direcionar a 
terapia antimicrobiana.]
Streptococcus spp.
 Os Streptococcus spp. são bactérias Gram-positivas e esféricas 
(0,5 a 1,25 µm de diâmetro) que de maneira típica formam pares ou 
cadeias durante o seu crescimento, e estão distribuídos em ampla 
escala pela natureza. São imóveis (sem flagelos), não formam esporos. 
Podem possuir cápsula, que constitui um dos mais importantes fatores 
de virulência, protegendo-os da fagocitose e do reconhecimento do 
sistema imunológico, assim permitindo a sobrevivência, multiplicação e 
disseminação para vários orgãos. Diferente dos Staphylococcos, estes 
não possuem a enzima catalase. 
Figura 2. Arranjo em “colar” de Streptococcus sp.
 
12 | Agentes Infecciosos
PARA SUA REFLEXÃO
 Os estreptococos estão entre os 
agentes mais frequentemente relacio-
nados a enfermidades humanas. Quais os 
processos infecciosos mais comumente 
encontrados em seres humanos?
 Algumas espécies são membros da microbiota normal dos seres 
humanos, enquanto outros estão associados a patologias importantes, 
atribuíveis diretamente à infecção pelo Streptococcus spp. ou 
indiretamente pela própria resposta imunológica contra esses agentes.
 Os Streptococcus spp. formam um grupo heterogêneo de bactérias, 
de modo que nenhum sistema é suficientemente adequado para classificá-
los. No entanto, entender sua taxonomia é a chave para se entender sua 
importância clínica. Os diferentes tipos de reações provocadas em meio 
de cultura sólido contendo 5% de sangue de carneiro (ágar sangue) têm 
sido utilizados na classificação de estreptococos (padrão de hemólise). A 
identificação de antígenos de Lancefield (substância da parede celular 
específica do grupo) e a observação de diferentes reações bioquímicas 
também são utilizadas para classificação.
SUGESTÕES
Agentes Infecciosos | 13
SAIBA MAIS!
TEXTO:
vídeo:
http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v33n12/v33n12a04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v33n12/v33n12a04.pdf
14 | Agentes Infecciosos
Classificação de Streptococcus spp
 
A. Hemólise 
 Muitos Streptococcus spp. são capazes de hemolisar hemácias in 
vitro em vários níveis, sendo identificado três padrões:
Alfa-hemólise (α): É caracterizada por uma lise parcial dos eritrócitos 
com redução da hemoglobina e formação de um pigmento 
esverdeado no meio de cultura ao redor da colônia. 
Beta-hemólise (β): É caracterizada pela lise completa dos eritrócitos, 
pela ação da estreptolisina S, com clareamento em torno da região 
da colônia. 
Gama-hemólise (y): É caracterizada pela ausência de hemólise. Cepas 
desses microrganismos não hemolíticos, ou d-hemolíticos, não causam 
modificação no meio de ágar sangue de carneiro.
Figura 3 – Padrão de hemólise.
 
B.Substância específica do grupo (classificação de Lancefield)
 Este carboidrato encontra-se presente na parede celular de 
muitos Streptococcus spp. e forma as bases do grupamento sorológico 
nos grupos de Lancefield. A especificidade sorológica do grupo é 
Agentes Infecciosos | 15
determinada por aminoaçúcar, como mostrado a tabela a seguir:
Grupo de Lancifield Antígeno
A Ramnose-N-acetil glicosilamina
B Ramnose-glicosamina
C Ramnose-N-acetil galactosamina
D Glicerol—ácido teicóico
F Glicopiranosil-N-acetil galactosamina
C. Polissacarídeos capsulares
 A especificidade antigênica dos polissacarídeos capsulares é 
utilizada para classificar espécies de S. pneumoniae em 90 tipos e tipar 
os estreptococos do grupo B. Os antígenos capsulares constituem a base 
da vacina contra o pneumococo denominada vacina pneumocócica 
(10-valente, 13-valente, 23-valente) disponível no rede pública.
Importância Clínica
 Ao menos quatro espécies são importantes para saúde humana:
Streptococcus pyogenes 
 Esta espécie pertence ao grupo A de Lancifield e produz colônias 
β-hemolíticas em ágar sangue. Dentre os vários fatores que virulência 
que possui, a proteína M é uma das mais importantes. Esta proteína se 
projeta na superfície celular e é dividida em duas classes.
 Dentre as principais afecções relacionadas a S. pyogenes, 
destacamas a faringite (principal agente etiológico bacteriano), 
infecções respiratórias, otite impetigo, erisipela, endocardites, menigites e 
artrites. Infecções por cepas produtoras de toxinas podem causar a febre 
16 | Agentes Infecciosos
da escarlatina (língua de morango) e choque tóxico estreptocócico. 
 A faringite por S. pyogenes é a infecção mais comum e pode evoluir 
com sequelas não supurativas (imunomediada) como a febre reumática, 
enquanto as piodermites podem evoluir para a glomerulonefrite aguda.
Streptococcus agalactie
 Pertencem ao grupo B de Lancifield e tipicamente são β-hemolíticos, 
com zonas de hemólise ligeiramentemaiores do que as próprias colônias 
(1 a 2 mm de diâmetro). Os estreptococos do grupo B hidrolisam o 
hipurato de sódio e produzem uma resposta positiva no denominado 
teste de CAMP(Christie, Atkins, Munch- Peterson). Estes microrganismos 
fazem parte da mcirobiota vaginal normal e do trato gastrintestinal baixo 
em 5 a 25% das mulheres. 
 Infecções durante o primeiro mês de vida podem causar 
sespe fulminante, meningite ou síndrome da angústia respiratória. 
Algumas condições(neoplasias, imunodeficiência e diabetes mellitus) 
podem predispor adultos a infecções por este patógeno, causando 
bacteremia, endocardite, infecções de pele e tecidos mole, pneumonia 
e osteomielites.
Streptococcus do grupo viridans 
 Este grupo de bactérias faz parte da microbiota normal da 
cavidade oral, trato gastrintestinal e trato genital, e frequentemente são 
considerados contaminantes quando isolados de hemoculturas (cultura 
do sangue). 
 Entretanto, sua presença pode estar associada a endocardite 
subaguda, especialmente em portadores de próteses valvares, sendo S. 
Agentes Infecciosos | 17
sanguis, S. mitis, S. oralis e S. gordonii os agentes mais encontrados. A rápida 
destruição das valvas leva frequentemente a falência cardíaca fatal 
em dias ou meses, a menos que possa ser inserido uma protése durante 
a antibioticoterapia microbiana. Com frequência, os estreptococos 
viridans estão associados a sintomas subagudos. As espécies S. mutans 
e S. sobrinus são isoladas de placas dentárias e cáries, sendo importante 
na odontologia.
Streptococcus pneumoniae
 Os pneumococos (S. pneumoniae) são diplococos Gram-positivos 
que frequentemente exibem forma de lanceta e dipõem-se em pares 
ou cadeias. Não estão incluídos na classificação de Lancifield e exibem 
um padrão de hemólise do tipo alfa. São organismos capsulados que 
podem ser tipados utilizando antissoros específicos. 
 Sua patogênicidade é responsável por cerca de 75% dos casos de 
pneumonias em adultos e por mais de 50% dos casos fatais na bacteremia 
pneumocócica. 
 Os pneumococos provocam doenças em virtude de sua 
capacidade de multiplicação nos tecidos facilitada pela presença da 
cápsula que impede ou retarda a ingestão de fagócitos. 
Figura 4 – Streptococcus pneumoniae capsulado em amostra de escarro.
18 | Agentes Infecciosos
 Derrame pleural é a complicação mais comum, e empiema é a de 
maior gravidade. O S. pneumoniae é o principal agente das pneumonias 
bacterianas em idosos e crianças até cinco anos, sendo estimadas 40.000 
mortes anuais em todo o mundo.
TRATAMENTO
 Como os pneumococos são sucetíveis a muitos antimicrobianos, o 
tratamento precoce, em geral, resulta em uma rápida recuperação. A 
penicilina G é o fármaco de escolha, embora a resistente a esta droga 
já tenha sido descrita. 
 A penicilina G em altas doses, com CIM para penicilina abaixo 
de 8 μg/ml (ponto de interrupção da resistência) parece eficaz no 
tratamento da pneumonia causada por pneumococos, mas pode não 
ser no tratamento de menigites causadas pela mesma cepa.
 
Bacilos Gram-positivos
 Dois importantes gêneros de bacilos Gram-positivos são importantes 
para a saúde humana: Clostridium e Bacillus. A principal característica 
Agentes Infecciosos | 19
destes gêneros é a produção de esporo, uma estrutura altamente 
resistente ao calor, dessecação e agentes químicos de desinfecção 
(consultar unidades 1 e 3).
Clostridium spp
 Os clostrídeos são bacilos Gram-positivos grandes, anaeróbios e 
móveis. Muitos decompõem proteínas ou formam toxinas, e alguns fazem 
ambos os processos. Seu habitat natural é o solo ou o trato intestinal de 
animais e seres humanos, onde vivem como saprófitas.
Figura 5 - Clostridium visto pela microscopia eletrônica de varredura.
 O gênero Clostridium é extremamente heterogêneo e mais de 190 
espécies foram descritas. A lista de microrganismos patogênicos, bem 
como de novas espécies isoladas de fezes humanas, cujo potencial 
patogênico permanece indeterminado, continua a crescer. Os clostrídeos 
provocam diversas doenças importantes mediadas por toxinas, incluindo 
tétano (Clostridium tetani); botulismo (Clostridium botulinum); gangrena 
gasosa (Clostridium perfringens) e colite pseudomembranosa (Clostridium 
SUGESTÕES
20 | Agentes Infecciosos
difficile). 
 Em geral, os esporos dos clostrídeos são maiores do que o diâmetro 
dos bacilos nos quais se formam. Nas várias espécies, o esporo é de 
localização central, subterminal ou terminal, o que pode auxiliar na 
identificação. 
Figura 6 – Esporos de clostrídeo.
 Esporos centrais Esporos Terminais Esporos Subterminais
 
 Os clostrídeos crescem em condições anaeróbias e, em geral, 
se multiplicam satisfatoriamente em meios enriquecidos com sangue e 
outros meios de cultura empregados para o cultivo de anaeróbios. Muitos 
clostrídeos produzem uma zona de β-hemólise em ágar sangue. 
Clostridium botulinum
 O C. botulinum, responsável pelo botulismo, tem distribuição 
mundial, sendo encontrado no solo e, às vezes, em fezes de animais. Os 
tipos de C. botulinum distinguem-se pelo tipo de antigênico de toxina que 
produzem. Os esporos dos microrganismos são altamente resistentes ao 
calor, suportando temperaturas de 100ºC por várias horas. A resistência 
ao calor diminui em pH ácido ou em altas concentrações de sal. 
Agentes Infecciosos | 21
Toxinas
 São conhecidas sete variedades antigênicas de toxina botulínica 
(A a G). Os tipos A, B, E e F constituem as principais causas de doença 
humana. As cepas que produzem toxinas E e F estão associadas ao 
botulismo infantil. 
Mecanismo de ação
 Após a ingestão da toxina esta se liga a receptores de membranas 
pré-sinápticas de neurônios motores do sistema nervoso periférico e de 
nervos cranianos. A proteólise – pela cadeia leve da toxina do botulismo 
– de proteínas-alvo SNARE nos neurônios inibe a liberação da acetilcolina 
na sinapse, resultando em ausência de contração muscular e paralisia. 
As proteínas SNARE são a sinaptobrevina, a SNAP 25 e a sintaxina. 
Figura 7 - Ação da toxina do botulismo.
22 | Agentes Infecciosos
Saiba mais
http://www.revistarevinter.com.br/autores/index.php/toxicologia/
article/view/352/564
vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=LwWmCEV6lN4
SUGESTÕES
Agentes Infecciosos | 23
Patogênese
 A maioria dos casos de botulismo é representado por intoxicação 
em decorrência da ingestão de alimentos nos quais o C. botulinum 
cresceu e produziu toxina. Os alimentos mais comumente envolvidos 
são os condimentados, defumados, embalados a vácuo ou alcalinos 
enlatados, ingeridos sem cozimento e nos quais os esporos do C. botulinum 
germinam. Em condições anaeróbias, as formas vegetativas crescem e 
produzem toxina. No botulismo infantil, o mel é o veículo mais frequente 
de infecção e a patogênese difere da via pela qual o adulto adquire 
a infecção. A criança ingere esporos de C. botulinum e os esporos 
germinam dentro do trato intestinal. As células vegetativas produzem 
toxina quando se multiplicam e a neurotoxina é então absorvida pela 
corrente sanguínea. 
Manifestações clínicas
 Os sintomas aparecem cerca de 18 a 24 horas após a ingestão do 
alimento contaminado com a toxina e consistem em distúrbios visuais 
incapacidade de deglutir e dificuldade na fala. Os sinais de paralisia bulbar 
são progressivos e comumente a morte ocorre por paralisia respiratória 
ou parada cardíaca. Os sintomas gastrintestinais não são regularmente 
proeminentes e a febre não é relatada. A taxa de mortalidade é elevada. 
Diagnóstico e Tratamento
 O processo de diagnóstico do botulismo geralmente começa com 
um exame físico feito pelo próprio médico no consultório. Nesta consulta, 
o profissional poderá pedir outros exames neurológicos, de imagem e 
24 | Agentes Infecciosos
laboratoriais para completar a investigação e confirmar o diagnóstico. 
Podem ser realizados, também,exames de sangue para identificar a 
toxina no organismo e exame de fezes, além de exames laboratoriais no 
alimento suspeito de conter a bactéria transmissora do botulismo. 
 O êxito do tratamento do botulismo está diretamente relacionado 
à precocidade com que é iniciada e às condições do local onde será 
realizada. O tratamento deve ser realizado em unidade hospitalar que 
disponha de terapia intensiva (UTI), tendo em vista que diminuem as 
chances de óbito nesse tipo de unidade. Basicamente, o tratamento da 
doença apoia-se em dois conjuntos de ações: tratamentos de suporte e 
tratamento específico. 
a) Tratamento de suporte: as medidas gerais de suporte e 
monitorização cardiorrespiratória são as condutas mais importantes 
no tratamento do botulismo.
b) Tratamento específico: visa eliminar a toxina circulante e a sua 
fonte de produção, o C. botulinum, pelo uso do soro antibotulínico 
(SAB) e de antibióticos. 
 
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v44n3/v44n3a30.pdf
SUGESTÕES
Agentes Infecciosos | 25
Bacillus spp
 Dentre as espécies de Bacillus, as mais estudadas são B. anthracis 
e B. cereus. O antraz já foi utilizado como arma biológica, em 2001, 
contra a casa branca nos Estados Unidos. E com as mudanças climáticas 
graduais, o degelo nas regiões mais frias do globo tem exposto esporos 
de B. antrachis.
 A espécie B. cereus é oportunista e pouco virulenta. Está 
relacionada a doenças gastroenterites, infecções oculares e sepse 
relacionada ao uso de catéter. É conhecida como doença do arroz, e 
sua investigação em uma série de alimentos é prevista pela RDC nº 12 
da ANVISA.
Cocos Gram-Negativos
 São relativamente poucas as espécies de cocos Gram-negativos 
de importância médica, no entanto, as poucas espécies são altamente 
impactantes na saúde humana.
Chlamydia spp
 As clamídias que infectam os seres humanos são divididas em três 
espécies principais: Chlamydia trachomatis, Chlamydia pneumoniae 
e Chlamydia psittaci. Todas as clamídias exibem características 
morfológicas semelhantes. São consideradas Gram-negativas e carecem 
de mecanismos para a produção de energia metabólica e, portanto, 
se multiplicam no citoplasma da célula do hospedeiro por um ciclo de 
desenvolvimento distinto. 
26 | Agentes Infecciosos
Figura 7 – Alteração celular por Chlamydia sp em células esfoliativas.
 
Chlamydia trachomatis
 A C. trachomatis é uma bactéria Gram-negativa, esférica ou 
ovalada e, diferente de outras bactérias, tem ciclo de vida intracelular 
obrigatório, não sendo cultivado em meios sintéticos. Estão entre as 
menores bactérias relatadas (0,2 - 1,3 mícrons). Apresenta tropismo pelos 
epitélios presentes na cérvix uterina, uretra, reto, pulmões e olhos. Dentro 
da célula hospedeira, formam inclusões citoplasmáticas. Já foram 
descritos 19 sorotipos diferentes dessa bactéria. 
SUGESTÕES
Agentes Infecciosos | 27
Síndromes humanas por Chlamydia trachomatis
Sorotipos Sexo Síndrome
A, B, Ba, C Ambos
Tracoma, conjuntivite, 
queratite
Mulher 
Uretrite não gonocócica, 
cervicite, endometrite, 
salpingite, peri-hepatite
D, E, F, G, H, I, J, K Homem 
Uretrite não gonocócica, 
prostatite, epididimite
Ambos 
Conjuntivite, proctite, 
síndrome de Reiter
Recém-nascidos
Oftalmia neonatorum, 
pneumonia
L1, L2, L3 Ambos Linfogranuloma venéreo
 
Um em cada 4 homens com clamídia não apresenta sintomas, 
e somente cerca de 30% das mulheres infectadas manifestam 
os sinais comuns da doença. 
28 | Agentes Infecciosos
Manifestações clínicas
 A infecção por clamídia é uma importante IST (infecção 
sexualmente transmissível) que pode levar a infertilidade. Nas mulheres, 
pode haver dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), aumento 
de corrimento, sangramento fora da época da menstruação, dor ou 
sangramento durante a relação sexual. Entretanto, é muito comum 
estar doente e não ter sintoma algum. Por isso, é recomendável procurar 
um serviço de saúde periodicamente, em especial se houve sexo sem 
camisinha. 
 Nos homens normalmente há uma sensação de ardor e 
esquentamento ao urinar, podendo haver corrimento ou pus, além de 
dor nos testículos. É possível que não haja sintomas e o homem transmita 
a doença sem saber. Para evitar, é necessário o uso da camisinha em 
todas as relações sexuais.
Tratamento 
 O tratamento pode ser feito com azitromicina ou doxiciclina, 
podendo ainda variar dependendo da epidemiologia local.
Agentes Infecciosos | 29
Saiba mais
http://www.rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/12249
Saiba mais
https://www.youtube.com/watch?v=TrugND1rHkw
30 | Agentes Infecciosos
Neisseria spp
 Hás duas espécies de Neisseria de relevância para a medicina 
humana: N. meningitides (meningococo) e N. gonorrhoeae (gonococo). 
Este gênero compreende diplococos (aos pares) Gram-negativos 
imóveis e muitas vezes capsulados. Seu formato lembra um grão de 
feijão ou os rins, e por isso é chamado de reniforme. São bactérias 
exigentes nutricionalmente. E são positivas para o teste de oxidase. Em 
pacientes infectados, os diplococos são encontradas no interior de 
células polimorfonucleares.
Figura 8 – N. gonorrhoeae no interior de leucócitos (diplococos) e fora 
da célula.
N. gonorrhoeae
 A N. gonorrhoeae é o agente etiológico da gonorréria, doença 
transmitida por contato sexual ou perinatal. A bactéria possui vários 
fatores de virulência que inclui ação anti-fagocítica e adesão por meio 
dos pilis, além de exibir uma grande variedade antigênica.
Agentes Infecciosos | 31
Manifestações clínicas
 Os fatores comportamentais estão entre os mais envolvidos no 
aumento do risco para contratir a doença, sendo mais comum entre 
os jovens sexualmente ativos. Nos homens, pode haver secreção uretral 
acompanhada de sensibilidade no epidídimo, no entanto, muitas vezes 
a infecção é assintomática. Nas mulheres, a primoinfecção é observada 
na cérvice e estende-se a uretra e vagina, com a presença de secreção 
mucopurulenta. A paciente ainda pode relatar disúria, sangramentos 
anormal e dispareunia. Em quadros mais graves, pode haver salpingite. 
Assim como a infecção por clamídea, se não tratada, pode levar a 
infertilidade (20% casos).
 No neonato, a oftalmia é contraída durante a passagem pela 
vagina durante o parto normal. Se não tratada precocemente pode 
levar a cegueira, sendo recomendado o uso do nitrato de prata no saco 
conjuntival.
Diagnóstico
 Para o diagnóstico, é realizada colheita da amostra biológica 
e realizada a coloração de Gram, que possui alta especificidade 
e sensibilidade para diagnóstico da gonorréia. Em indivíduos 
assintomáticos, a carga microbiana baixa pode não evidenciar a 
presença do microrganismo sendo necessário realizar cultura.
Tratamento
 O tratamento usual é a penicilina, mas devido a pressão seletiva 
pelo uso abusivo do medicamento, atualmente é recomendado a 
32 | Agentes Infecciosos
azitromicina ou uma cefalosporina (ceftriaxona), podendo ser de uso 
combinado. Faz parte do tratamento a abstinência sexual e o tratamento 
do parceiro.
N. meningitidis
 Este microrganismo pode causar meningite ou meningococcemia 
(sepse). Meningites são processos agudos que ocasionam reação 
inflamatória nas meninges, sendo detectada no líquido céfalo-raquidiano 
(LCR). É caracterizada por dor de cabeça, febre e sinais meníngeos, tais 
como rigidez na nuca e sinais de Kernig e/ou Brudsinsky.
 A sepse meningocócia é uma doença grave e potencialmente 
fatal. Com quadros de trombose em múltiplos vasos sanguíneos, podendo 
ocorrer coagulação intravascular disseminada.
 O início da terapia antimicrobiana é recomendada antes mesmo 
do resultado da análise do líquor (que deve ser coletado antes da 
terapia). O paciente deve ser isolado, pois a transmissão se dá por 
gotículas respiratórias.
 A doença provocada por N. meningitides pode ser previnida pela 
vacina meningocócia prevista no calendário vacinal e disponível na 
rede pública.Agentes Infecciosos | 33
Saiba mais
https://www.youtube.com/watch?v=Zwmmqeg1HCI
Bacilos Gram-Negativos
 Muitos bacilos Gram-negativos (BGN) fazem parte da microbiota 
normal e são altamente disseminados no ambiente. O grupo maior e 
mais heterogêneo de BGN é a família Enterobacteriaceae. Os membros 
desta família são os mais relacionados a infecções nosocomiais, incluindo 
septicemia, infecção do trato urinário, respiratório, gastrointestinais e 
meningites.
 Para além destes, são incluídos no grupo dos BGN as bactérias 
não fermentadoras, representadas por Pseudomonas e Acinetobacter, 
dois importantes contaminantes do ambiente hospitalar; E Vibrio spp, 
cuja espécie mais conhecida, V. cholerae, provocou grandes surtos de 
coléra no Brasil na década de 90.
34 | Agentes Infecciosos
Saiba mais
Enterobacteriaceae
 A família é composta de bacilos Gram-negativos facultativos, com 
cerca de 0,3 a 6 µm de diâmetro, podem ser móveis ou imóveis e não 
formam esporos. Uma característica do grupo é a redução de nitrato a 
nitrito e a não produção da enzima oxidase. Estes testes são norteadores 
para a identificação do grupo.
 Vários gêneros desta família são importantes patógenos 
oportunistas para o homem, pois muitas espécies compõem a microbiota 
normal. Estão implicados na transmissão de doenças por alimentos (DTA) 
e são responsáveis por diversos casos de gastroenterites bacterianas, 
caracterizada por vômito, náusea e dor abdominal. A desidratação 
grave pela intensa perda de líquidos pode ser fatal.
 O grupo dos coliformes compreende os seguintes gêneros 
bacterianos: Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella e Escherichia. A 
quantidade destes microrganismos deve ser investigada em diversos 
Agentes Infecciosos | 35
produtos alimentícios para o registro do produto, assegurando a 
segurança alimentar, de acordo com a legislação vigente (RDC nº 12).
Saiba mais
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5142414/
Figura 9 – Sítios comuns de infecção por enterobactérias.
36 | Agentes Infecciosos
 Na clínica, os gêneros Klebsiella, Enterobacter e Escherichia são 
os mais isolados em infecções de corrente sanguínea e urinária. Os 
meios mais utilizados para o cultivo incluem a o ágar sangue e o ágar 
MacConkey.
 O tratamento é muito variável e está intimamente ligado a 
epidemiologia local. Atualmente, cepas resistentes circulam em diversos 
hospitais brasileiros, inclusive em Fortaleza-Ceará. A KPC (Klebsiella 
pneumoniae carbapenemase) é uma enzima detectada em várias 
enterobactérias que confere resistência aos carbapenêmicos, tais como: 
meropenem, ertapenem e meropenem, dificultando o tratamento. 
Esta resistência foi inicialmente detectada na espécia K. pneumoniae 
(dando origem ao nome), hoje, é compartilhada por diversos outros 
gêneros bacterianos.
Agentes Infecciosos | 37
Bactérias Espiraladas
e Micobactérias
Objetivos de Aprendizagem:
Conceitual: Compreender o espectro de doenças 
provocdas por micobactérias e bactérias espiraladas.
Procedimental: Utilizar o conhecimento adquirido para a 
solicitação de exames diagnósticos adequados.
Atitudinal: Ser consciente do uso de medidas profiláticas 
na prevenção de doenças infecciosas bacterianas.
PARA SUA REFLEXÃO
 Um homem jovem e sexualmente ativo observou o 
surgimento de uma úlcera na glande, mas assim como 
surgiu, desapareceu. Como não foram observados outros 
sintomas, o jovem não buscou ajuda médica. Se você 
pudesse orientá-lo, quais seria a recomendação?
TERMOS-CHAVE: Espiroquetas. Sífilis. Micobactérias. 
Tuberculose. Hanseníase.
38 | Agentes Infecciosos
Espiroquetas
 As espiroquetas são bacilos Gram-negativos longos e delgados, 
com formato helicoidal, espiralado ou em saca-rolha, com cerca de 0,1 
a 0,5 por 5 a 20 µm de diâmetro. Apesar de Gram-negativas, a coloração 
de Gram não é recomendado devido a espessura do microrganismo, 
dificultando a visualização por microscopia óptica convencional. Para 
estes casos, é recomendada a microscopia de campo escuro que 
contrasta com a fina bactéria.
Figura 1. Espiroqueta em microscopia eletrônica.
 Estes microrganismos possuem uma bainha externa, formada de 
glicosaminoglicano. Abaixo da bainha externa encontra-se a membrana 
externa e o peptideoglicano que mantem a estrutura bacteriana. No 
espaço periplasmático (ver Aula 1) são encontrados os filamentos axiais 
(ou endoflagelos), cujo papel é similar ao flagelo e estão envolvidos na 
motilidade bacteriana. Mais internamente, encontra-se a membrana 
interna que confere estabilidade osmótica. 
 As espiroquetas são bactérias móveis, que compreendem três 
gênero de importância médica: Treponema, Borrelia e Leptospira.
Agentes Infecciosos | 39
Treponema
 A espécie Treponema pallidum subespécie pallidum é o agente 
etiológico da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível (IST). 
Morfologicamente, estas espiroquetas possuem espirais regularmente 
espaçados, com aproximadamente 1 µm de distância entre cada uma 
delas. São ativamente móveis por meio de giros em torno do eixo. Este 
microrganismos não é cultivado em meios sintéticos e em cultura de 
células não sobrevivem por muitas gerações. O estudo metabólico das 
treponemas é melhor exemplificado por uma espécie saprófita (cepa 
de Reiter) que é microaerófila.
 A espécie patogênica T. pallidum é sensível a quantidades mínimas 
de penicilina, mas com ação lenta devido a inatividade metabólica e 
lentidão no tempo de geração, que é estimado em 30 horas. A utilização 
eficiente de penicilina (na maioria dos casos) se deve ao genoma 
altamente conservado da bactéria.
 A caracterização antigência de T. pallidum é limitada pelo fato 
de não ser cultiva in vitro. Apesar disso, foi identificado que proteínas 
de superfície estão associadas a adesão bacteriana. Cepas virulentas 
produzem hialuronidases que favorecem a dispersão perivascular, 
bem comosão revestidas de fibronectina do hospedeiro, evadindo a 
fagocitose.
 
Mais de um milhão de ISTs são adquiridas todo 
dia, sendo estimado 18 milhões de casos de sífilis.
40 | Agentes Infecciosos
Sífiis
 A infecção por T. pallidum é restrita ao homem. As lesões 
características na pele e nas mucosas são consequência da resposta 
imunológica. A transmissão é por via sexual e em cerca de até 20% dos 
casos a lesão primária se dá na região intrarretal, perianal ou oral. O 
curso clínico da doença é dividida em três fases: primária, seundária e 
tardia.
 A sífilis primária é carcaterizada pelo surgimento de lesões 
(cancro) na pele e mucosa que correspondem ao sítio de entrada do 
patógeno, onde houve a multiplicação inicial da bactéria. Em seguida, 
o treponema se dissemina para os linfonodos drenantes, desenvolvendo 
lifadenopatia regional, e alcança a corrente sanguínea. O cancro 
duro surge após 2 até 10 semanas após a entrada no microrganismos 
e apresenta-se, inicialmente, como um pápula com posterior ruptura 
central (úlcera). No exame histopatológico são visualizados infiltrados de 
linfócitos, plasmócitos, polimorfonucleares e macrófagos. A lesão sifílica 
primária cicatriza espontaneamente, dando a falsa impressão de cura.
Figura 2 – Sífilis primária
 Quando não tratado, o paciente evolui para o estágio secundário, 
quando sinais de doença disseminada podem ser observados. 
Agentes Infecciosos | 41
Tipicamente, surgem exantemas maculopapulares no corpo todo, 
incluindo as palmas das mãos e as solas dos pés. Na região anogenital, 
axila e boca podem surgir pápulas pálidas. Além destes sinais, podem 
surgir febre, dor de garganta, cefaleia, anorexia e linfadenopatia. Todos 
estes sinais e sintomas também desaparecem espontaneamente e o 
paciente entra em latência. Nas lesões da sífilis primária e secundária 
há grandes quantidades de espiroquetas e, portanto, são altamente 
contagiosas.
 A sífilis pode evoluir para o terceiro estágio, sífilis terciária, onde 
qualquer tecido pode estar acometido peladoença. Na pele, fígado e 
ossos desenvolvem-se lesões granulomatosas. No cérebro e coração há 
alterações degenerativas. Nesta fase, as espiroquetas são escarsas, mas 
podem ser encontradas nos olhos ou sistema nervoso central.
 Outra apresentação clínica da síflis é a congênita, adquirida a 
partir da 10ª semana gestacional. Alguns bebês sofrem aborto, outros 
morrem ao nascer, e aqueles que sobrevivem apresentam má formação, 
com ceratite, cegueira, nariz em sela, periostite e anomalias no sistema 
nervoso central. Quando a gestante é tratada adequadamente o bebê 
pode ser poupado. A detecção do anticorpo IgM anti-treponêmico na 
criança indica que ela foi infectada.
Figura 3 – Sífilis secundária
42 | Agentes Infecciosos
Saiba mais 
Diagnóstico
 Diversas amostras podem ser obtidas para o diagnóstico da sífilis, 
incluindo sangue, líquor e líquido obtido das lesões. A microscopia 
em campo escuro pode trazer resultados rápidos, mas exigem que 
microbiologistas experientes analisem a amostra para oservação das 
espiroquetas móveis, o que exige que a coleta seja próxima do local 
de análise. Outra possibilidade é utilizar a imunofluorescência que fiz os 
treponemas em uma lâmina de vidro e os recobre com anticorpos anti-
treponema fluorescentes, não sendo necessário a viabilidade bacteriana 
para sua observação.
Agentes Infecciosos | 43
Figura 4 - Imunofluorescência para diagnóstico de treponema.
 Como mencionado anteriormente, o T. pallidum não é cultivável, 
sendo assim, o método mais utilizado para diagnóstico da sífilis é o 
sorológico. Os testes sorológicos podem ser dividido em treponêmicos e 
não-treponêmicos.
 Os ensaios não-treponêmicos são amplamente utilizados 
para o rastreio e monitoramento da sífilis por serem mais baratos, de 
fácil execução e apresentarem bons resultados. Dentre os métodos 
propostos, o VDRL (Veneral Disease Research Laboratory) e RPR (Reagina 
Plasmática Rápida) são os mais usuais. Nestes ensaios, a cardiolipina é 
utilizada como antígeno. Nos estágios iniciais da doença os testes não-
treponêmicos têm baixa sensibilidade. Por outro lado, para a detecção 
de neurosífilis é recomendado o uso de VDRL.
 Os testes treponêmicos são confirmatórios e mais precisos. 
Atualmente vários imunoensaios estão disponíveis. Um dos métodos mais 
conhecidos é o FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody-Absoption), 
que utiliza um método de imunofluorescência indireta para detectar 
anticorpos anti-treponema na amostra do paciente. Neste ensaio, a 
bactéria é imobilizada e utilizada como antígeno.
 A interpretação dos resultados negativos deve ser cuidadosa em 
pacientes com AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome).
44 | Agentes Infecciosos
 Em testes não-treponêmicos a titulação diminui com o tratamento 
da doença e servem para monitorar a eficácia da terapia. Em crianças, 
títulos elevados podem representar imunização passiva (transferência 
da mãe para o bêbe). Assim, em crianças que não foram infectadas, 
a titulação diminui a níveis não detectáveis em três meses, enquanto 
naquelas infectadas os títulos permanecem elevados.
Tratamento
 A penicilina é o tratamento de escolha para a sífilis. Na sífilis 
primária é recomendada a utilização de penicilina benzantina e para 
a síflis secundária e terciária, a penicilina G. Em pacientes alérgicos, a 
penicilina pode ser substituída por tetraciclina ou doxiciclina.
 Não há vacina para a sífilis. A prevenção se dá por meio da prática 
de sexo seguro e tratamento do parceiro de um indivíduo infectado.
Saiba mais
CURSO ONLINE GRATUITO:
https://www.telelab.aids.gov.br/index.php/component/k2/item/95-
diagnostico-de-sifilis
Agentes Infecciosos | 45
Micobactérias
 As micobactérias pertencem ao gênero Mycobacterium que 
consiste em bacilos aeróbios, imóveis e acidorresistentes (BAAR), que 
significa a capacidade de reter a fucsina mesmo após tratamento com 
uma mistura de álcool e ácido clorídrico, sendo utilizado no diagnóstico 
a coloração de Ziehl-Neelsen (ver Aula 1). 
 Embora, tipicamente, apresentem formas ramificadas longas de 
0,2-10 µm de diâmetro, estes bacilos podem ser visualizados em formas 
bacilares retas, encurvados ou cocobacilares. 
Figura 5 – Mycobacterium tuberculosis corado com Ziehl-Neelsen.
 Devido a complexidade da parede celular rica em lipídeos, com 
ácidos micólicos, as micobactérias são nutricionalmente exigentes e por 
este motivo apresentam um crescimento lento quando cultivados em 
laboratório. A natureza hidrofóbica da parede também contribui para 
aumentar a resistência a desinfetantes comuns e a alguns corantes. 
 Os principais patógenos são Mycobacterium tuberculosis e M. 
leprae, além destas, micobactérias atípicas (complexo M. avium e M. 
kansasii) podem provocar doença similar a tuberculose (tuberculose-
like), porém são menos frequentes.
46 | Agentes Infecciosos
Mycobacterium tuberculosis
 Mycobacterium tuberculosis (MTB), ou bacilo de Koch, é uma 
espécie de bactéria patogênica do gênero Mycobacterium e o 
agente causador da maioria dos casos de tuberculose (TB). Descoberta 
pela primeira vez em 1882 por Robert Koch, M. tuberculosis tem uma 
camada incomum de cera em sua superfície celular (principalmente 
ácido micólico), o que torna as células impermeáveis à coloração de 
Gram. Nos tecidos, o bacilo da tuberculose consiste em bastonetes 
retos e finos, aeróbicos obrigatórios, medindo cerca de 0,4 x 3 µm de 
diâmetro, apresentando crescimento lento (20 horas ou mais de tempo 
de geração). Algumas vezes formam filamentos e tendem a crescer em 
cachos. Na superfície de um meio líquido seu crescimento parece ter 
forma de bolor, o que sugeriu o nome do gênero Mycobacterium. A 
doença afeta todas as idades e ambos sexos.
 As micobactérias tendem a ser mais resistentes a agentes químicos 
do que as outras bactérias e os bacilos da tuberculose são resistentes ao 
ressecamento e sobrevivem por longos períodos em escarro a seco.
Agentes Infecciosos | 47
Saiba mais
VÍDEO:
https://www.youtube.com/watch?v=IkMs1V4BnDA
CURSO ONLINE GRATUITO:
https://telelab.aids.gov.br/index.php/component/k2/item/105-baixar1-
tuberculose-diagnostico-laboratorial-baciloscopia
SUGESTÕES
48 | Agentes Infecciosos
Patogênese da tuberculose
 As micobactérias são emitidas em gotículas menores que 25 
µm de diâmetro quando pessoas infectadas tossem, espirram ou 
falam. Quando inalados, são depositados nos alvéolos. Uma vez no 
interior do alvéolo, o sistema imunológico do hospedeiro responde 
com a liberação de citocinas e linfocinas que estimulam monócitos 
e macrófagos. As micobactérias iniciam sua multiplicação no interior 
dos macrófagos, alguns desenvolvem maior habilidade de matar o 
microrganismo, enquanto outros podem ser mortos pelo bacilo. Após 1 
a 2 meses da exposição, as lesões patogênicas associadas a infecção 
surge nos pulmões. A resistência e a hipersensibilidade do hospedeiro 
influenciam fortemente no desenvolvimento da doença e no tipo de 
lesão observada. 
 O desenvolvimento de lesões, assim como sua cicatrização 
ou progressão, são determinadas principalmente (1) pelo inóculo e 
multiplicação subsequente, e (2) pelo tipo de hospedeiro.
Há dois tipos de lesões principais:
1. Tipo exsudativa - Consiste em uma lesão inflamatória aguda 
com edema, leucócitos polimorfonucleares e, posteriormente, 
monócitos ao redor dos bacilos da tuberculose. Esse tipo 
de lesão é observado particularmente no tecido pulmonar, 
assemelhando-se à pneumonia. 
2. Tipo produtiva – consiste de um granuloma crônico, com três 
zonas: uma área central de células gigantes multinucleares 
contendo bacilos da tuberculose, uma zona de células pálidas 
com frequência dispostas de modo radial, e uma zona periférica 
de fibroblastos, linfócitos e monócitos. Posteriormente, verifica-
Agentes Infecciosos | 49
se a formação de tecido fibroso periférico e a área central sofre 
necrose caseosa. Tal lesãoé denominada tubérculo. 
 Os bacilos da tuberculose propagam-se no hospedeiro por 
extensão direta via canais linfáticos, corrente sanguínea, brônquios e 
trato gastrintestinal. 
Manifestações Clínicas
 Como o bacilo da tuberculose pode afetar qualquer órgão, suas 
manifestações clínicas são inúmeras:
• Fadiga 
• Fraqueza
• Perda de peso 
• Febre 
• Tremores noturnos 
• Dor no peito
• Tosse com sangue 
Todas as pessoas que se infectam pelo M. tuberculosis adoecem?
Não. Estima-se que 10% das pessoas que se infectam com o bacilo da 
tuberculose desenvolvam a doença (5% nos primeiros dois anos após a 
infecção e 5% tardiamente). 
50 | Agentes Infecciosos
Diagnóstico
 As pessoas infectadas apresentando tuberculose respondem com 
imunidade mediada por células contra a bactéria. Essa forma de resposta 
imunológica se desenvolve em lugar da imunidade humoral porque o 
patógeno está localizado principalmente dentro dos macrófagos. Essa 
imunidade, envolvendo células T sensibilizadas é a base para o teste de 
turbeculina (PPD), um teste de triagem para a infecção.
Figura 6 - Teste de PPD
 O passo inicial para o diagnóstico laboratorial de casos ativos 
é um exame microscópico de esfregaço como o escarro, exsudatos 
ou outros materiais. A coloração de lavado gástrico e de urina não 
é recomendada, uma vez que bactérias saprofíticas podem estar 
presentes e fornecer uma cor positiva. 
 As amostras processadas de locais não estéreis e as centrifugadas 
Agentes Infecciosos | 51
de locais estéreis podem ser cultivadas diretamente em meios seletivos 
e não seletivos. A cultura seletiva em caldo é com frequência o método 
mais sensível e fornece resultados mais rapidamente. Em um meio de 
ágar seletivo (ex. Lowestein-Jensen ou Middlebrook) a incubação deve 
ser efetuada a 35-37 °C em 5 a 10% de CO2 durante um período de até 
8 semanas. 
 O exame radiográfico também pode ser útil para o diagnóstico 
de tuberculose. 
Figura 7 – Cultivo de M. tuberculosis em meio Lowestein-Jensen.
 
Tratamento
 O tratamento primário da infecção micobacteriana é a 
quimioterapia específica. Nos primeiros meses são utilizados no 
tratamento da tuberculose izoniazida, rifampicina, pirazinamida e 
etambutol. Nos quatro últimos meses, são mantidos apenas a izoniazida 
e a rifampicina.
52 | Agentes Infecciosos
Mycobacterium leprae
 Também conhecido por bacilo de Hansen, em homenagem ao 
seu decobridor em 1873, a bactéria Mycobacterium leprae é o agente 
etiológico da hanseníase. Esta é uma das doenças mais antigas que 
se tem conhecimento, com casos registrados há mais de 4.000 anos 
em países asiáticos. No mundo, foram registrados 214.783 casos novos 
de hanseníase em 2016, destes, mais de 25 mil casos foram registrados 
somente no Brasil, que atualmente ocupa a segunda posição dentre 
os países mais afetados pela doença. Até 1976 era recomendado o 
isolamento compulsório de pacientes hansênicos no Brasil. 
 A bactéria é transmitida de pessoa-a-pessoa e está relacionada a 
longos períodos de exposição íntima com doentes na forma transmissora. 
As secreções nasais são, provavelmente, as fontes mais infecciosas. Em 
diversos países endêmicos, foi identificado que o tatu apresenta a forma 
A baciloscopia de controle é importante porque permite avaliar o 
sucesso ou a falência do tratamento. Para isso, é indispensável que 
esse controle seja realizado, pelo menos, ao final do 2º, 4º e 6º 
mês de tratamento. O ideal é fazer a baciloscopia ao final de cada 
mês. Com os resultados mensais, o médico pode construir uma Curva 
Baciloscópica.
Agentes Infecciosos | 53
lepromatosa da doença e representa uma fonte provável de infecção. 
 A doença acomete indivíduos de qualquer faixa etária ou sexo e 
apresenta um período de incubação que pode variar de 2 a 10 anos. É 
uma doença ligada ao fator sócio-econômico.
Hanseníase
 A hanseníase é uma doença curável mas que pode deixar 
sequelas. Devido sua magnitudade e potencial incapacitante constitui 
um importante problema de saúde pública. Caracteriza-se por ser uma 
doença crônica que afeta a pele e os nervos periféricos. A apresentação 
clínica da doença está intimamente ligada ao estado imunológico do 
paciente. Tem início insidioso e afeta os tecidos mais frios do corpo, 
tais como a pele, os nervos superficiais, o nariz, a laringe, os olhos e os 
testículos. Os pacientes hansênicos podem apresentar lesões cutâneas 
maculares, nodulares ou infiltrações. Os distúrbios neurológicos ocorrem 
pela infiltração nos nervos levando a quadros anestésicos com neurite, 
parestesia, reabsorção óssea e até encurtamento de falanges. Quando 
não tratados, a desfiguração pode ser intensa. Há duas formas polares 
de hanseníase: lepromatosa e tuberculoide.
 A forma lepromatosa é também chamada de virchowiana. Esta 
é a forma mais grave da doença, com evolução progressiva de lesões 
nodulares e acometimento simétrico dos nervos periféricos. As lesões 
mais comuns incluem manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, 
pápulas, infiltrações, tubérculos e nódulos. Outros sintomas que precisam 
ser valorizados envolvem edema nas mãos e nos pés, febre, artralgia, 
entupimento e ressecamento nasal e mal-estar geral. Esta forma 
constitui uma doença sistêmica com manifestações mucosas e viscerais 
importantes, especialmente nos episódios reacionais. Nestes pacientes, 
54 | Agentes Infecciosos
a imunidade celular está deficiente o que favorece a proliferação 
bacteriana (multibacilar) no interior de macrófagos e nas células de 
Schwann nos nervos periféricos. Na forma multibacilar, o padrão Th2 que 
promove a liberação de interleucinas (IL) IL-4, IL-10 e IL-13, responsáveis 
pela desativação dos macrófagos, aumenta a proliferação bacilar. 
Pacientes com esta forma de hanseníase são negativos para o teste 
cutâneo. 
 Por outro lado, em pacientes paucibacilares, há poucos bacilos 
e forte resposta imune celular, caracterizando a forma tuberculoide. A 
doença tem início súbito, com acometimento assimétrico dos nervos 
periféricos, mas que apresenta um curso benigno e não progressivo 
devido a vigorosa resposta imune. No exame histopatológico, há intenso 
infiltrado de linfócito T auxiliares (Th). A resposta imune parece ser regulada 
pela subpopulação celular com padrão Th1 que libera as citocinas IL-2, 
IL-12, IL-18 e IFN-α, que promovem ativação dos macrófagos, resultando 
em uma resposta efetiva contra os bacilos. As alterações nos nervos 
periféricos envolvem sensações térmicas, dolorosas e/ou tátil. 
 Entre as formas polares, há uma variedade de formas boderline, 
que combina manifestações da forma tuberculoide e virchowiana. 
Figura 8 – Hanseníase tuberculoide (esquerda) e virchowiana (direita).
 
Agentes Infecciosos | 55
Diagnóstico
 Um diagnóstico preciso reúne dados histopatológicos obtidos 
através da biópsia, associado ao quadro clínico, ao teste cutâneo da 
lepromina (ou Mitsuda) e aos achados na coloração de Ziehl-Neelsen. 
As amostras utilizadas são raspados de pele ou mucosas. Comumente é 
coletado amostras do lobo da orelha.
Figura 9 – Coleta de amostra no lobo da orelha para diagnóstico da 
hanseníase. 
Tratamento
 O tratamento de primeira linha é feito com dapsona e rifampicina 
por até nove meses em pacientes paucibacilares e para os multibacilares 
é adicionado a clofazimina com duração de até dezoito meses.
 A prevenção pode ser feita com a administração da vacina BCG, 
a mesma utilizada para prevenção da tuberculose. A vacina reduz os 
casos em até 80%, especialmente nas formas multibacilares.
 
56 | Agentes Infecciosos
Saiba mais
VÍDEO
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/janeiro/31/2018-
004-Hanseniase-publicacao.pdf
Agentes Infecciosos | 57
Objetivos de Aprendizagem:
Conceitual: Compreender a diversidade da estrutura 
fúngica e as micoses mais comuns aos homens.
Procedimental: Utilizar,em diversos contextos, o 
conhecimento sobre o comportamento fúngico.
Atitudinal: Ser consciente do papel de promotor da saúde, 
trazendo esclarecimento sobre as micoses superficiais e 
cutâneas tão comuns em nosso meio. 
PARA SUA REFLEXÃO
 Pessoas que apresentam manchas esféricas avermelhadas 
na pele podem aumentar a chance de desenvolver lesão 
nas unhas?
TERMOS-CHAVE: Fungos, Micoses superficiais, 
Dermatófitos.
Biologia dos Fungos, Micoses 
Superficiais e Cutâneas.
58 | Agentes Infecciosos
Biologia dos Fungos
 Ao longo dos últimos dez anos, a incidência de infecções 
importantes causadas por fungos tem aumentado, principalmente 
em ambientes hospitalares e em indivíduos imunodeprimidos. Além 
disso, milhares de doenças causadas por fungos afetam plantas 
economicamente importantes, custando mais de um bilhão de dólares 
por ano. Os fungos são seres eucarióticos, isto é, apresentam uma 
membrana nuclear que envolve os cromossomos e o nucléolo. Por 
não possuírem pigmentos fotossintéticos, capazes de absorver energia 
luminosa e utilizá-la para síntese de compostos orgânicos, classificam-
se como seres heterotróficos, pois aproveitam a energia contida nas 
ligações químicas de vários nutrientes. Quase todas as plantas dependem 
de simbiose com fungos, conhecidas como micorrizas, que auxiliam 
as raízes das plantas a absorverem minerais e água do solo. Os fungos 
realizam respiração celular ou fermentação para obtenção de energia, 
e sua reserva energética é sob a forma de glicogênio. São organismos 
ubíquos, pois estão presentes em qualquer parte do planeta. 
Figura 1 - Estrutura da célula fúngica
Agentes Infecciosos | 59
Características dos fungos
 As colônias dos fungos são descritas como estruturas vegetativas 
porque são compostas de células envolvidas no catabolismo e no 
crescimento. Há dois tipos de fungos: leveduras e bolores. O crescimento 
em forma de bolor (fungos filamentosos) ocorre pela produção de 
colônias filamentosas multicelulares que consistem em túbulos cilíndricos 
ramificados, denominados hifas. A massa de hifas emaranhadas que 
se acumula durante o crescimento ativo é conhecida como micélio. 
Algumas hifas são divididas por paredes transversais ou septos, que 
tipicamente aparecem a intervalos regulares durante o crescimento das 
hifas. Essas hifas são chamadas de hifas septadas. Em algumas poucas 
classes de fungos, as hifas não contêm septos e se apresentam como 
células longas e contínuas com muitos núcleos. Elas são chamadas de 
hifas cenocíticas.
Figura 2 – Hifas fúngicas.
 
 A porção de uma hifa que obtém nutriente é chamada de hifa 
vegetativa e aquela envolvida com a reprodução é a hifa reprodutiva 
ou aérea, assim chamada porque se projeta acima da superfície sobre a 
qual o fungo está crescendo. As hifas aéreas frequentemente sustentam 
os esporos reprodutivos. 
60 | Agentes Infecciosos
Figura 3 - Hifas aéreas e vegetativas.
 As leveduras são fungos unicelulares, não filamentosos, tipicamente 
esféricos ou ovais. Da mesma forma que os fungos filamentosos, as 
leveduras são amplamente distribuídas na natureza: com frequência são 
encontradas como um pó branco cobrindo frutas e folhas. As leveduras 
de brotamento, como Saccharomyces, dividem-se formando células 
desiguais. No brotamento, a célula parental forma uma protuberância 
(broto) na sua superfície externa. À medida que o broto se alonga, o 
núcleo da célula parental se divide, e um dos núcleos migra para o 
broto. O material da parede celular é então sintetizado entre o broto 
e a célula parental, e o broto acaba se separando. Algumas leveduras 
produzem brotos que não se separam uns dos outros; esse brotos formam 
uma pequena cadeia de células denominadas pseudo-hifa. 
Agentes Infecciosos | 61
Figura 4 - Estrutura das leveduras.
Saiba mais
TEXTO
http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/vi
ew/1613/1224
62 | Agentes Infecciosos
VÍDEO
 
https://www.youtube.com/watch?v=qjg6nbS7CFg&list=PL-
7DL7BmpqH-toqx3tArlgSWjXxXR5zWI
 A espécie Candida albicans, um fingo oportunista para o 
homem, se fixa nas células epiteliais humanas na forma leveduriforme, 
mas normalmente necessita estar na forma de pseudo-hifas para 
invadir os tecidos mais profundos. As leveduras de fissão, como 
Schizosaccharomyces, dividem-se produzindo duas novas células iguais. 
Durante a fissão binária, as células parentais se alongam, seus núcleos se 
dividem, e duas células filhas são produzidas.
 Alguns fungos, mais notadamente as espécies patogênicas, 
exibem dimorfismo, ou seja, há duas formas de crescimento. Tais fungos 
podem crescer tanto na forma de fungos filamentosos quanto na forma 
de levedura. O dimorfismo nos fungos patogênicos é dependente, 
principalmente, de temperatura: 37ºC o fungo apresenta forma de 
levedura e a 25ºC exibe forma filamentosa. 
Agentes Infecciosos | 63
Figura 5 – Pseudo-hifas de C. albicans.
Ciclo de vida
 Fungos filamentosos podem reproduzir-se assexuadamente pela 
fragmentação de suas hifas. Além disso, tanto a reprodução sexuada 
quanto a assexuada em fungos ocorrem pela formação de esporos. Os 
esporos são formados a partir das hifas aéreas de diferentes maneiras, 
dependendo da espécie. Os esporos dos fungos podem ser assexuais ou 
sexuais. Os esporos assexuais são formados pelas hifas de um organismo. 
Quando esses esporos germinam, tornam-se organismos geneticamente 
idênticos ao parental. Os esporos sexuais resultam da fusão de núcleos 
de duas linhagens opostas de cruzamento de uma mesma espécie do 
fungo. 
64 | Agentes Infecciosos
Figura 6 – Dimorfismo de Mucos indicus dependente da concentração de 
CO2. Na superfície do meio: leveduras, no centro da colôna: filamentoso.
O tipo de reprodução sexuada divide os fungos em filos. Há três 
filos fúngicos de importância médica: Zigomiceto, Ascomiceto e 
Basidiomiceto.
Saiba mais
TEXTO
http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2013/10/3.
Reprodu%C3%A7%C3%A3o-e-Taxonomia-dos-Fungos.pdf
Agentes Infecciosos | 65
Figura 7 - Classificação dos fungos.
 As estruturas de reprodução fúngicas são úteis para o diagnóstico e 
podem ser complementados pela análise de estruturas de ornamentação 
(quando estão presentes) cuja função ainda é desconhecida mas 
auxiliam no diagnóstico.
A primeira e a mais famosa de todas as substâncias 
medicamentosas extraída dos fungos foi a penicilina, antibiótico 
natural derivado de um fungo, o bolor do pão Penicillium 
chrysogenum (ou P. notatum), descoberto em 15 de setembro de 
1929 por Alexander Fleming, e está disponível como fármaco 
desde 1941, sendo o primeiro antibiótico a ser utilizado com 
sucesso e a ser produzido industrialmente. 
66 | Agentes Infecciosos
 Os fungos podem ser cultivados em laboratório usando meios 
de cultura sintéticos, tais como o ágar batata, Mycosel e Sabouraud. 
A análise fúngica se dá pela observação de macrocolônia e pela 
microscopia através da observação das estruturas de reprodução.
Figura 8 – À esquerda, colônica fúngica, e à direita, microscopia óptica.
 
Micoses superficiais
 As micoses superficiais são infecções causadas por fungos que 
invadem as camadas mais superficiais da pele ou a haste livre dos pêlos. 
As lesões se manifestam como manchas hiper ou hipopigmentadas. 
Pitiríase versicolor
 A pitiríase versicolor, conhecido por pano branco, é uma infecção 
superficial leve e crônica do extrato córneo, que apresenta lesões em 
placas hipo ou hiperpigmentadas, escamosas e de bordas delimitadas, 
que podem confluir cobrindo extensas áreas do corpo. A região cervical, 
ombros, tórax anterior e posterior são as áreas mais frequentemente 
afetadas. 
 O agente etiológico dessa micose é a Malassezia sp., uma levedura 
Agentes Infecciosos | 67
lipodependente e polimórfica que, em parasitismo, se apresenta como 
células leveduriformes globosas ou ovais agrupadas e filamentos 
curtos, septados e irregulares. A leveduraé considerada como parte 
da microbiota cutânea humana, colonizando o hospedeiro já nas 
primeiras semanas de vida, com prevalência elevada na população 
adulta. O fungo tem sido associado a outras entidades clínicas como 
doenças com componente seborréico, fundamentalmente a dermatite 
seborréica, onicomicose e infecções sistêmicas. A pitiríase versicolor 
apresenta distribuição mundial, sendo mais frequente em regiões de 
clima tropical ou subtropical. A doença acomete indivíduos de todas 
as raças e de ambos os sexos. Os adultos entre 20 e 40 anos são os mais 
comumente afetados.
Patogenia
 O polimorfismo de Malassezia spp. observado na pitiríase versicolor 
depende de vários fatores, que até hoje não foram bem esclarecidos. 
É possível que a hipocromia nas lesões seja causada pela presença de 
ácido azelaico, que tem atividade antirosinase, interferindo, assim, na 
melanogênese. Na epiderme e derme, apresentam-se hiperqueratose e 
leve acantose, além de infiltrado perivascular. Um dos primeiros eventos 
na patogênese da dermatite seborréica é a migração de células 
inflamatórias, que ocorre após o aumento do número de leveduras 
dentro da epiderme e sobre esta.
Manifestações clínicas
 A pitiríase versicolor é geralmente assintomática, mas as lesões 
são facilmente identificadas pelo clínico. Com frequência as lesões 
68 | Agentes Infecciosos
apresentam-se como máculas finamente descamativas, de bordas bem 
definidas, mas de tamanho, forma e cor variáveis.
Figura 9 – Ptiríase versicolor (pano branco).
Diagnóstico
 A partir das lesões de pitiríase versicolor, deve-se obter material 
clínico composto por escamas, as quais são coletadas com auxílio de 
bisturi estéril ou raspando a lesão com lâmina de vidro. Também se 
A denominação versicolor é devida a essa variabilidade na 
coloraçõa das lesões, que podem ser brancas ou hipopigmentadas 
a vermelhas ou marrons, denominadas hiperpigmentadas. 
Agentes Infecciosos | 69
descreve a coleta com fita adesiva transparente, mas somente pode 
ser utilizada para fazer o exame microscópico direto.
 
Figura 10 – Diagnóstico laboratorial usando KOH 20% (acima) ou azul de 
metileno (abaixo).
Figura 11 – Diagnóstico laboratorial com isolamento em meio de cultura.
Tratamento
 São utilizados no tratamento de ptríase versicolor agente 
ceratolíticos e antifúngicos azólicos. vestuário.
70 | Agentes Infecciosos
Saiba mais
TEXTO
Micoses cutâneas
Dermatofitoses
 As dermatofitoses compreendem uma variedade de manifestações 
clínicas causadas por um grupo de fungos, denominados dermatófitos, 
que produzem lesões na pele, pêlos ou unhas. Os fungos dermatófitos 
degradam queratina e pertencem aos gêneros Epidermophyton, 
Microsporum e Trichophyton. Há, reconhecidamente, 27 espécies 
patogênicas para o homem, dentre as quais 15 ocorrem no Brasil. Destas, 
as principais são: Trichophyton rubrum, Epidermophyton floccosum, T. 
mentagrophytes, Microsporum canis, M. gypseum e T. tonsurans. 
 Os fungos dermatófitos apresentam em comum: estruturas 
filamentosas, hialinas, septadas, algumas vezes com artroconídios (um 
tipo de estrutura reprodutora), são queratinofílicos, passíveis de colonizar 
e causar lesões clínicas em pêlos e/ou extrato córneo de homens e 
Agentes Infecciosos | 71
animais. As dermatofitoses estão entre as infecções mais prevalentes no 
mundo. 
Figura 12 – Dermatófitos.
 Trichophyton Microsporum Epidermophyton 
 
 Os dermatófitos são classificados como geofílicos, zoofílicos ou 
antrofílicos, de acordo com o seu habitat normal: solo, animais ou seres 
humanos, respectivamente. 
 
Figura 13 - Algumas características clínicas das dermatofitoses.
72 | Agentes Infecciosos
Patogenia
 A instalação de um processo patogênico por dermatófitos em pele 
glabra (teoricamente livre de pêlos) inicia-se sempre pela inoculação 
de um artroconídio ou fragmento de hifa depositado sobre a pele, 
favorecido por uma lesão cutânea ou escoriação preexistente, mesmo 
que esta seja mínima.
Manifestações clínicas
 Os aspectos clínicos das lesões dermatofíticas são bastante 
variados e resultam da combinação da destruição da queratina 
associada a uma resposta inflamatória, mais ou menos intensa, na 
dependência da relação parasita/hospedeiro. A variação clínica da 
lesão, portanto, está intimamente correlacionada a três fatores: espécie 
de dermatófito envolvida no processo infeccioso, sítio anatômico e 
resposta imunológico do hospedeiro. 
 Existem duas formas de classificação clínica das dermatofitoses: 
uma que segue a corrente inglesa e que denomina todas as infecções 
de tinea (em latim), associada a uma outra palavra (também em 
latim), que aponta o sítio anatômico da lesão, por exemplo: tinea 
corporis (localização no corpo), tinea capitis (couro cabeludo), etc. 
Já a outra classificação clínica segue a corrente francesa e classifica 
as dermatofitoses em tinhas ou tinea (qualquer lesão dermatofítica 
que acometa o couro cabeludo e/ou região de barba e bigode), 
epidermofitíases (lesões dermatofíticas encontradas em região de pele 
glabra) e onicomicoses dermatofíticas (lesões em unhas).
 
Agentes Infecciosos | 73
Saiba mais
TEXTO
http://crescendoemcultura.blogspot.com/2013/11/dermatofitoses.html
TEXTO
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3217571/mod_resource/
content/1/2.%20Dermatofitoses.pdf
74 | Agentes Infecciosos
Figura 13 – Dermatofitoses.
Tineas do corpo. De cima para baixo, da esquerda para a direita: infecções fúngicas de a) 
cabelo (tinea capitis); b) face; c) braço (tinea corporis); d) close-up de micose; e) torso com 
anéis concêntricos (tinea imbricata / tinea corporis); f) virilha (tinea cruris); g) teia do dedo do 
pé (tinea pedis); h) pé (tinea pedis); e i) unhas (onicomicoses).
Diagnóstico
 O diagnóstico clínico das dermatofitoses, como de outras infecções 
fúngicas, passa por três fases distintas: a pré-analítica, quando é feita 
a indicação e a colheita do material clínico (raspagem); A analítica, 
na qual o exame é propriamente realizado no laboratório (cultura e 
microscopia) e emitido o resultado final; E, por último, a pós-analítica, 
quando se pode estocar o patógeno para estudos futuros. 
Agentes Infecciosos | 75
Tratamento
 Existem duas modalidades de tratamento: tópico e com 
medicações sistêmicas por via oral ou antifúngicos sistêmicos. Em quadros 
cutâneos localizados, o tratamento de escolha são os antifúngicos em 
creme, pomada, spray ou loção, que podem ser aplicados uma a 
duas vezes ao dia por 15 a 30 dias, dependendo do quadro clínico e 
da extensão da dermatofitose. Existem no mercado vários antifúngicos 
tópicos. Dentre estes, o mais específico para os fungos dermatófitos é o 
cloridrato de terbinafina.
 Existem outros antifúngicos eficazes que podem ser utilizados. Os 
azólicos (itraconazol, fluconazol) são os mais usados no nosso meio porque 
têm um amplo espectro de ação (atuam sobre vários microrganismos). 
Em quadros mais extensos de dermatofitose do corpo, onicomicose e 
também em dermatofitose do couro cabeludo, o tratamento de escolha 
são antifúngicos sistêmicos. Esta modalidade não dispensa o tratamento 
tópico. 
 O tratamento tem duração média de 15 a 30 dias para 
dermatofitose do corpo, dos pés e da virilha, 90 dias para dermatofitose 
do couro cabeludo, 6 meses para onicomicose das mãos e 1 ano para 
onicomicose dos pés.
76 | Agentes Infecciosos
Básica 
MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; PFALLER, M. A.; Microbiologia médica. 
6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
NEVES, D. P. et al. Parasitologia humana. 12. ed. São Paulo: Atheneu, 
2012.
TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 
2008. 
Complementar 
KONEMAN, E.W.; Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 
5. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001.
REY, L. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2010. 
SANTOS, N. S. O.; ROMANOS, M. T. V.; WIGG, M. D.; Introdução à 
virologia humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
SIDRIM, J. J. C.; ROCHA, M. F. G.; Micologia médica à luz de autores 
contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
VERMELHO, A. B.; Práticas de microbiologia. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2006.
REFERÊNCIAS
Agentes Infecciosos | 77
ANOTAÇÕES

Outros materiais