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Educação popular e ensino superior em Paulo Freire

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
Resenha Crítica 
Caio Vitor Costa da Silva
Trabalho da disciplina: Didática do Ensino Superior
 
Tutor: Prof. Dalta Barreto Motta
Salvador
2020
EDUCAÇÃO POPULAR E ENSINO SUPERIOR EM PAULO FREIRE.
Referência: 
BEISIEGEL, Celso de Rui. Educação popular e ensino superior em Paulo Freire. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 44, e104010, 2018. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022018000100130&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 13 abr. 2020. 
INTRODUÇÃO
As reflexões do autor tem como ponto de partida alguns aspectos levantados no Seminário Internacional sobre Educação Superior em Paulo Freire, realizado em novembro de 2013, apresentado pelo autor, com o objetivo de explorar questões referentes à educação superior a partir da obra e pensamento de Freire.
Entre as dificuldades que se apresentaram estava a dificuldade em encontrar publicações de Paulo Freire sobre o assunto, visto que Freire trazia propostas e reflexões voltadas para a formação das populações socioeconomicamente desfavorecidas, isto é, alfabetização e conscientização de jovens e adultos.
DESENVOLVIMENTO
O autor aborda a distinção entre educação popular e educação das elites. Uma voltada às minorias privilegiadas e outra direcionada às camadas subalternas (maioria da população), ambas com acesso limitado. Com o passar do tempo o ensino básico começou a se difundir no Brasil, mas restringido a população infantil e com prevalência nos grandes centros urbanos.
Beisiegel mostra que a preocupação com a alfabetização de jovens e adultos era iniciativa de projetos pontuais e fragmentados. Somente a partir de 1947 são inauguradas políticas nacionais nesse sentido, com a criação do Serviço de Educação de Adultos, no Departamento Nacional de Educação e a instituição da Campanha Nacional de Educação de Adolescentes e Adultos Analfabetos. Mas estas iniciativas foram questionadas pelo seu caráter de “ensino supletivo” ao longo da década de 50. A Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1958) durou pouco tempo e viu os seus agentes serem substituídos por outras organizações: a Juventude Universitária Católica (JUC), Juventude Estudantil católica (JEC) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).
A educação popular para a inclusão de jovens e adultos no processo educativo também objetivava tornar o educando sujeito ativo dentro da sociedade. Se antes a educação dos analfabetos era resumida a repetição aos adultos, à noite, dos conteúdos oferecidos pelos professores do ensino primária às crianças pela manhã, agora havia a compreensão das oportunidades de ação do educando sobre a ordem social vigente. Vale ressaltar que, na época, o analfabeto não tinha direto ao voto. 
Nos anos subsequentes observamos documentos (materiais didáticos, cartilhas) apresentando conceitos políticos e ideológicos comprometidos seja com a manutenção ou a transformação da ordem social. Segundo o autor, o método Paulo Freire de alfabetização de adultos mostrava, desde as suas raízes, uma busca por práticas conscientizadoras.
Nas últimas décadas, a educação escolar teve a sua oferta estendida aos variados setores da população. O crescimento de diplomados no ensino de nível médio ampliou o apelo por vagas no ensino superior. Por outro lado, neste mesmo período, houve uma desqualificação do ensino público. O ensino superior, por sua vez, também foi inserido na estratégia governamental de se oferecer mais serviços com investimentos reduzidos, coube à iniciativa privada absorver essa demanda por vagas. Contudo, as universidades públicas de melhor qualidade continuam acessíveis somente às elites privilegiadas.
Beisiegel mostra como Freire evidenciava o caráter político que envolve a educação superior, o que podemos observar na exposição “O compromisso popular da universidade”, de 1986, onde Freire aponta a necessidade de aproximação da universidade aos interesses populares, colocando o ensino superior como ferramenta na luta pela emancipação popular.
CONCLUSÃO
O autor deixa claro que as obras e escritos de Paulo Freire, no seu início de carreira, tem poucas páginas ocupadas pela temática do ensino superior. Quando o fazia, seu foco ainda era a emancipação dos oprimidos.
É razoável argumentar e concluir que a carência de manifestações de Freire em relação ao ensino superior podem fazer sentido quando observamos que a iniciativa privada mostra como objetivo cooptar os consumidores mais pobres, e não acolher as demandas dos jovens trabalhadores inseridos nas classes populares.

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