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SEMANA 01

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Semana 01 - Maria, jovem integrante da alta sociedade paulistana, apesar de não trabalhar, reside há dois anos em um dos bairros nobres da capital paulista, visto que recebe do Estado de São Paulo pensionamento mensal decorrente da morte de seu pai, ex-servidor público. Ocorre que, após voltar de viagem ao exterior, foi surpreendida com a suspensão do pagamento da referida pensão, em razão de determinação judicial. Em razão disso, deixou de pagar a conta de luz de sua casa por dois meses consecutivos o que acarretou, após a prévia notificação pela concessionária prestadora do serviço público, o corte do fornecimento de luz em sua residência. Considerando a narrativa fática acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
A) À luz dos princípios da continuidade e do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão de serviço público, é lícito o corte de luz realizado pela concessionária? 
Em regra, não é lícito o corte de luz em respeito a esses princípios, contudo, a lei põe a salvo, algumas situações em que não se caracteriza descontinuidade do serviço público, como em casos de emergência e em casos de inadimplementos do usuário após aviso prévio. No que tange inadimplemento do usuário, há divergências doutrinárias, onde uma corrente entende ser ilícito por ferir um comando constitucional, isto é, viola a dignidade da pessoa humana, pois ninguém conseguiria viver sem água, sem energia, bem como os direitos fundamentais mais básico, ademais, a própria dispõe o princípio da continuidade do serviço público e se fosse o caso de a concessionária receber o débito, teria que ir para a via judicial. Em contrapartida, a segunda corrente entende ser possível esse corte já que a inadimplência do usuário pode ensejar a impossibilidade futura de que a atividade seja mantida a todos que estão adimplentes com suas prestações em virtude da inviabilidade econômica que será causada a empresa fornecedora de energia. Ademais, acreditam que o Estado pode interromper o serviço em razão do interesse da coletividade. 
B) O Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado irrestritamente à relação entre usuários e prestadores de serviços públicos? 
Nesse caso, estamos diante de um conflito aparente de normas que já está pacificado pela doutrina e jurisprudência, pela aplicação do critério da especialidade, vez que a lei 8987/95 busca disciplinar relação especial de consumo. Sendo assim, o CDC não se aplica irrestritamente aos serviços públicos, mas apenas de forma subsidiária.

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