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AS CONTRIBUIÇÕES DE JEAN JACQUES ROUSSEAU PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

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AS CONTRIBUIÇÕES DE JEAN JACQUES ROUSSEAU PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL[footnoteRef:1] [1: Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia a ser apresentado à banca examinadora no ano letivo de 2016.] 
FERREIRA, Debora de Abreu[footnoteRef:2] [2: Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR, Campus de Paranavaí.] 
FAVARO, Neide de A. L. Galvão[footnoteRef:3] [3: Professora Orientadora, Doutora em Educação (UFSC) e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR, Campus de Paranavaí.] 
Resumo: O presente artigo objetiva analisar a teoria pedagógica de Jean Jacques Rousseau (1712-1778) na área da educação infantil, relacionando-a com sua posição social e política. A análise é qualitativa, de caráter bibliográfico, pautado nos pressupostos do materialismo histórico. Tendo em vista que sua produção exerceu influência expressiva no século XVIII, tanto para a educação quanto para a política, considera-se importante analisar as suas propostas e suas influências para o trabalho na educação atual. Suas ideias revolucionaram a forma de entender a criança e a educação na modernidade, dando base para a pedagogia da existência. A pesquisa relaciona suas propostas pedagógicas com as questões econômicas sociais e políticas de sua época, a fim de apreender os objetivos que pretendia alcançar. Espera-se ofertar assim alguns elementos para entender suas influências naquele período e também nos dias atuais, tanto nos aspectos filosóficos quanto metodológicos, a fim de fundamentar o trabalho pedagógico atual junto às crianças de 0 a 06 anos.
Palavras-chave: Rousseau. Homem e cidadão. Educação Infantil.
1. INTRODUÇÃO
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) foi um importante filósofo social, teórico e político da modernidade. Nasceu em Genebra, Suíça, no dia 28 de junho de 1712. Marcou o século XVIII ao ser um dos integrantes do movimento intelectual denominado Iluminismo, embora tenha feito críticas ao mesmo. Suas concepções tiveram grande importância na Pedagogia e também em outros campos do conhecimento. O autor teve participação significativa na política e também viveu os momentos que antecederam a Revolução Francesa, sendo que suas ideias a influenciaram de modo significativo. 
Este artigo analisa as principais contribuições pedagógicas do autor, principalmente no campo da educação infantil, a fim de relacioná-las com seu projeto político e social. Para isso foi adotada a pesquisa qualitativa, de caráter bibliográfico, recuperando leituras do autor e de pesquisadores sobre o tema. 
A relevância do resgate da produção educacional de Rousseau pode ser comprovada por sua intensa influência para a época e para o surgimento da pedagogia da existência, expressão que caracteriza o ideário escolanovista, até hoje muito presente na educação infantil.
No início deste artigo será apresentada uma biografia do autor e a contextualização de sua época e das questões sócio-políticas que o afligiam, para então recuperar suas propostas e contribuições pedagógicas para a educação infantil. Na parte final será feita a relação entre suas concepções educacionais e seu projeto político e social, analisando suas influências para a educação atual. 
2. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICO DO AUTOR
Rousseau era filho de um relojoeiro, sendo que sua mãe faleceu logo após seu nascimento. Ele recebeu educação de um pastor protestante aos 10 anos, aprendendo latim. Aos 16 anos saiu em busca de novas experiências, indo para Savóia, na Itália. Desse modo, para ganhar seu sustento, Rousseau passou por diversas profissões. O mesmo atravessou um caminho turbulento, advindo de diferentes dificuldades, desde pessoais até econômicas. Segundo Abrão (1999), ele deixou de seguir sua religião, então calvinista, para aderir ao catolicismo, sendo este um dos meios que o autor encontrou para suprir sua fome. No ano de 1741 passou a viver em Paris. 
Sua educação foi enraizada nos clássicos, pois desde menino já lia romances, sendo que a música e a arte também lhe atraíam a admiração. Sua primeira obra filosófica foi em 1749, Discurso Sobre as Ciências e as Artes, sendo que esta lhe rendeu premiação pela Academia de Dijon. Foi uma fase de extrema importância para o autor, pois aí se iniciou seu contato com importantes teorias, além de estabelecer laços com alguns filósofos da época. Nesse período Rousseau começou a escrever sobre questões sociais, publicando então, em 1755, Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Em 1762 publicou Do Contrato Social e Emílio ou da Educação (ABRÃO, 1999). 
Apesar de ser um marco para o século XVIII, é importante destacar que o filósofo sofreu muitas críticas. As suas obras trouxeram questões revolucionárias para o seu período, o que o tornou alvo de punições. Isso porque ele tinha um pensamento divergente daquilo que era proposto e considerado correto em sua época. Segundo Boto (2012, p. 229), mesmo no período do Iluminismo, “Rousseau, na contramão, culpará as ciências e as artes como instâncias corrompidas de uma sociedade corruptora”. O resultado de suas concepções foi que seu livro Do Contrato Social foi proibido na França. Além disso, o Parlamento ainda condenou a obra Emílio ou da Educação a ser queimada e o seu autor à prisão. Tal atitude levou Rousseau a fugir para a Suíça. 
Graças à ligação que tinha com algumas personalidades da época, ao ser perseguido por protestantes conseguiu se refugiar na casa do filósofo David Hume (1711-1776), na Inglaterra. Ao voltar para a França, Rousseau casou-se com Thérèse Lavasseur, uma criada, com quem teve cinco filhos, todos entregues a orfanatos, o que ele justificou depois ter sido ocasionado por sua pobreza e doença (ABRÃO, 1999). Rousseau faleceu no castelo de Ermenonville, em Paris, na França, no dia 2 de julho de 1778. 
No âmbito de sua vasta produção teórica, limitou-se essa pesquisa em sua discussão sobre a educação da infância. Uma das suas principais contribuições foi na defesa da concepção de que cada fase da vida deveria ser respeitada e vivenciada. Suas teorias em relação à criança revolucionaram o modo de concebê-la, pois considerava que ela nascia boa por natureza, mas a sociedade a modificava e corrompia. A compreensão de suas propostas educacionais a apreensão de elementos da realidade em que ele produziu.
O momento histórico em que viveu foi de intensas e profundas transformações econômicas e sociais, pois ocorria a superação das relações de produção feudais e constituía-se uma nova ordem social, agora pautada no capital. Em decorrência desse processo, o próprio homem e seus fundamentos eram questionados, o que o levou a estudar e problematizar as questões relacionadas à natureza humana.
Sintonizado com os questionamentos de sua época, problematizou o poder de todas as convenções e da autoridade constituída, advogando o direito à liberdade individual. Fundamentando suas críticas à sociedade, Rousseau se inspirou na natureza. 
Ele preconizou que o homem é um ser que nasce livre, mas que por toda a parte “encontra-se a ferros”, ou seja, é proibido de exercer essa liberdade. Sua busca filosófica foi no sentido de encontrar uma saída para o dilema de como garantir a liberdade individual e ao mesmo tempo o bem-estar social. 
A saída proposta seria pelo estabelecimento de um “Contrato Social”, que teria a incumbência de conciliar a vida individual com a vida em sociedade, em outras palavras, o homem com o cidadão.
Rousseau diz que o homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser (sic!) escravo do que eles. Sendo assim, romper as cadeias do homem e restituí-lo à liberdade é a finalidade do Contrato Social, pois este contrato não projeta o retorno à natureza originária, mas exige a construção de um modelo social, não baseando nos instintos, nem, porém na pura razão, isolada contraposta aos sentimentos ou a voz do mundo pré-racional, mas na voz da consciência global do homem, aberto para a comunidade (SENA, 2011, p. 83).
Ao assegurar sua liberdade por intermédio do Contrato Social,o homem também teria deveres a serem cumpridos. Mesmo assim, não seria prejudicada sua liberdade. Isso porque o autor concebia que, abandonando o seu estado natural para viver em sociedade, o homem se tornaria mais livre, mesmo vivendo segundo as regras submetidas pelo Estado (SENA, 2011). 
Vilalba (2013) preconiza que é possível observar na obra “O Contrato Social” um esforço do autor para conciliar a liberdade individual com o bem estar social. Para isso, deveria prevalecer a soberania da sociedade. Isso significava que “a recuperação da liberdade cabe ao povo, que é quem escolhe seus representantes e a melhor forma de governo se faz por meio de uma convenção” (VILALBA, 2013, p. 64). 
Ou seja, esse momento de união seria a constituição de um “corpo moral e político”, segundo Sena (2011), que estaria representado no poder do soberano. Este, por sua vez, representaria a vontade coletiva. Ele não defendia, portanto, o poder do mais forte nem a questão do direito pela força, pois a convenção social que ele defendia deveria ser formada pelos homens, no coletivo.
Essa convenção é formada pelos homens como uma forma de defesa contra aqueles que fazem o mal. É a ocorrência do pacto social. Feito o pacto, pode-se discutir o papel do “soberano”, e como ele deveria agir para que a soberania verdadeira, que pertence ao povo, não seja prejudicada (VILALBA, 2013, p. 64-65). 
A liberdade é um conceito importante para Rousseau e está ligada não ao livre curso dos impulsos individuais, que devem ser controlados. O que ele propõe é uma formação humana voltada para a cidadania, para a autonomia do homem, concebida a partir da natureza e alçada à condição civil. 
É nessa perspectiva que Rousseau defende então a autonomia e a liberdade do homem, pois para o mesmo não seriam necessárias “regras” se todos aprendessem de forma natural. O ideal em sua concepção seria a constituição de uma sociedade na qual o homem soubesse onde começam e terminam seus limites, sem sofrer interferências do meio que o cerca. “Além de uma forma de defesa, na verdade o principal motivo que leva à passagem do estado natural para o civil é a necessidade de uma liberdade moral, que garante o sentimento de autonomia do homem” (VILALBA, 2013, p. 65).
O objetivo era assegurar uma ordem social em que os interesses individuais e coletivos se harmonizassem e isso seria garantido pelo “Contrato Social”. Segundo Rousseau (apud VILALBA, 2013, p. 71), o objetivo era “encontrar uma forma de associação que defenda e proteja contra toda força comum, a pessoa e os bens de cada associado e pela qual cada um, unindo-se a todos, apenas obedeça a si próprio, e se conserve tão livre quanto antes”. A liberdade civil, no entanto, é distinta da liberdade do estado de natureza, por isso o homem deve ser preparado para viver em sociedade, a fim de não ser corrompido.
Rousseau defende que a sociedade opera modificações sobre os homens, que podem ser positivas ou negativas. A partir do contrato social, as ações individuais devem respeitar as leis que levam em consideração a vontade geral. Dessa forma, há normas que regulam e limitam aquilo que os cidadãos podem ou devem fazer. Defensor da simplicidade, Rousseau observa que, quanto mais sofisticada a sociedade se torna, mais os homens tendem a corromper-se. O aprimoramento que a organização social deveria garantir ao assegurar os direitos civis e a liberdade moral pode conduzir à corrupção da natureza humana. Esses aspectos explicam a visão de Rousseau acerca dos impactos que a vida social exerce sobre os indivíduos que participam da organização social (VILALBA, 2013, p. 69).
Este era o projeto político do autor, que se constituía no momento em que a sociedade capitalista avançava, configurando uma nova relação social de produção da vida humana. A contribuição educacional de Rousseau só pode ser compreendida no interior desse projeto político. Compreende-se assim por que ele atribuía tanta importância à educação pública naquele momento histórico, no interior de sua proposição de um “Contrato Social” justo:
A educação pública, fundada em regras prescritas pelo governo e pelos magistrados estabelecidos pelo soberano é, pois, uma das máximas fundamentais do governo popular ou legítimo. Se as crianças são educadas em comum no seio da igualdade, se são imbuídas das leis do Estado e das máximas da vontade geral, se são instruídas a respeitá-las acima de todas as coisas, se são cercadas de exemplos e de objetos que sem cessar lhes falam da mãe terna que as alimenta, do amor que tem por elas, dos bens inestimáveis que dela recebem e do retorno que lhe devem, não duvidemos de que aprenderão assim a gostar uns dos outros como irmãos, a nunca querer a não ser o que a sociedade quer [...] (ROUSSEAU apud BOTO, 2012, p. 232).
O conhecimento desses princípios sociais e políticos mais gerais permite uma análise mais precisa acerca das concepções educacionais sobre a infância que o autor elaborou no início da modernidade.
3. CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Rousseau influenciou o século XVIII ao colocar a natureza do homem como ponto central de sua teoria educacional. Até esse período, as crianças eram em geral tratadas como adultos em miniatura, ou seja, a infância não recebia um tratamento diferenciado em relação às etapas da adolescência e da fase adulta. 
O século XVIII é marcado também pelo adultocentrismo, sendo a criança considerada um adulto em miniatura, e tratada sob a perspectiva do adulto, não havendo distinção entre infância, adolescência e maturidade, existindo, na época, por essa desvalorização ou negação da infância, entre outros fatores sociais, um alto índice de mortalidade infantil (OLIVEIRA, 2006, p. 67).
O filósofo francês interferiu nessa concepção ao abalar a visão de infância até então predominante, revolucionando alguns aspectos da educação infantil. A obra Emílio ou da Educação apresenta sua concepção de educação, utilizando a figura de um aluno imaginário, chamado de Emílio. Ela está dividida em cinco partes e cada uma delas esboça uma etapa de desenvolvimento do homem, desde seu nascimento até a fase adulta. Emílio foi representado por um menino de classe média e com aptidões intelectuais dentro do padrão considerado médio. Na obra são apresentados aspectos pedagógicos, colocando a natureza como base de toda a educação e indispensável para a formação do homem.
O autor defendia a sensibilidade na educação e fazia críticas para a forma com a qual a infância era vista, pois a considerava uma das fases mais importantes na formação do ser humano, destacando a extrema importância de darmos atenção para essa faixa etária (OLIVEIRA, 2006).
Para Rousseau a melhor forma de se educar um ser humano era pela natureza, mas, para que isso ocorresse, era necessário que a família estivesse presente na vida da criança. Ele considerava a família indispensável nesse processo. 
O projeto de uma educação natural exige, por isso, uma participação efetiva dos pais na educação dos filhos, pois, para Rousseau, uma das formas de solidificar a “voz da natureza” na formação da criança, contra a artificialidade reinante na sociedade, é a de fazer valer a “voz do sangue” no sentido de fortalecer hábitos naturais por meio dos cuidados e da proteção exercidos pelos pais (DALBOSCO, 2009, p. 178). 
A importância da relação entre mãe e filho foi por isso ressaltada pelo filósofo em sua obra.
Em não havendo mãe, não pode haver filho. Entre ambos os deveres são recíprocos; e se são mal cumpridos de um lado, de outro são negligenciadas. O filho deve amar a mãe antes de saber se o deve. Se a voz do sangue não for fortalecida pelo hábito e pelos cuidados, ela se extinguirá nos primeiros anos, e o coração morrerá (por assim dizer) antes de nascer. Eis-nos, desde os primeiros dias, fora da natureza (ROUSSEAU, 1995, p. 22).
 
Para o autor, a criança necessitava de um cuidado e atenção especial desde seu nascimento, por isso a amamentação seria fundamental para o seu desenvolvimento. 
Rousseau apresenta a importânciada afetividade na relação mãe e filho, por meio do aleitamento materno, por favorecer o desenvolvimento psicológico da criança. Assim, a mãe é que deve amamentar os filhos a fim de executar física e moralmente sua missão natural. Destaca, ainda, o cuidado com a alimentação das mulheres que amamentam, propondo uma alimentação natural por propiciar abundância e melhor qualidade do leite materno (OLIVEIRA, 2006, p. 70). 
Além dessa ligação com a família, na obra Emílio ou da Educação o autor evidenciou os cuidados com a formação da criança. Ele explicou até que ponto o adulto poderia e deveria intervir no desenvolvimento da criança, alegando que se o mesmo interferisse de modo excessivo, poderia prejudicar o desenvolvimento psicológico e até mesmo moral e de caráter da mesma (DALBOSCO, 2009). Rousseau defendia a ideia de que o adulto não poderia exigir da criança nada além do que sua idade poderia lhe permitir, o mesmo deveria respeitar essa etapa que ainda não estava amadurecida. Ele jamais deveria forçá-la a se comportar como adulto.
Dessa maneira, ele condenou a educação que era dada na época, pois ela impunha doutrinas e conhecimentos à criança, não assegurando a formação necessária. Ele dizia que, desde o nascimento, a criança é condicionada a executar vontades que nem sempre são as suas, mas sim de quem as cerca. Já eram assim influenciadas pelo meio em que viviam, o que as desviava de sua natureza.
Nascemos sensíveis e desde nosso nascimento somos molestados de diversas maneiras pelos objetos que nos cercam. Mal tomamos por assim dizer consciência de nossas sensações e já nos dispomos a procurar os objetos que as produzem ou a deles fugir, primeiramente segundo nos sejam elas agradáveis ou desagradáveis, depois segundo a conveniência ou a inconveniência que encontramos entre esses objetos e nós e, finalmente, segundos juízos que fazemos deles em relação à ideia de felicidade ou de perfeição [...] (ROUSSEAU, 1995, p. 12).
Outras postulações do autor são também importantes para a atualidade, pois apesar de ter vivenciado o século XVIII, já discorria sobre alguns hábitos que questionou na época e que até pouco tempo ainda persistiram. Era comum, por exemplo, que as crianças fossem enroladas em um manto ao nascer, não mexendo os membros do corpo. Rousseau (1995) interferiu com suas ideias ao preconizar que a criança não precisava ser oprimida nesse sentido, até porque era prejudicial a sua saúde. Pelo contrário, defendia que ela deveria desde o nascimento sentir sua liberdade:
A inação, o constrangimento em que mantêm os membros da criança, não podem senão perturbar a circulação do sangue, dos humores, impedir a criança de se fortalecer, de crescer e de alterar sua constituição. Nos lugares em que não se tomam tais preocupações extravagantes os homens são mais altos, fortes, bem proporcionados. Os países onde enfaixam as crianças são os que mais exibem corcundas, mancos, cambaios, raquíticos, aleijados de todo tipo. De medo que os corpos se deformem com os movimentos livres, apressam-se em deformá-los imprensando-os [...] (ROUSSEAU, 1995, p. 17-18).
O autor ainda preconizava outro cuidado na educação da criança, alertando para o perigo de querer privá-la das dificuldades. Defendia que não se poderia colocá-las em uma “redoma de vidro”. Era preciso que ela vivesse cada sentimento, seja ele de raiva, dor ou felicidade, pois só assim saberia lidar com os seus sentimentos e com os empecilhos que iria se deparar ao longo de sua vida.
[...] Felizes os que só conhecem na infância os males físicos, males bem menos cruéis, bem menos dolorosos do que os outros e que bem mais raramente do que eles nos fazem renunciar a vida! Ninguém se mata com as dores da gota; somente as da alma suscitam o desespero. Temos dó da sorte da infância é da nossa que deveríamos ter nossos maiores males vem de nós mesmos (ROUSSEAU, 1995, p. 23).
 A partir das reflexões de Batista (2011, p. 782), nota-se ainda que “a defesa da infância em Rousseau, chega à exaltação do moleque sujo, cerrado em si mesmo, cheio de contusões, ignorante, feliz e livre, pois lhe foi permitido – e ele permitiu-se – ser autônomo”. Emílio é um “aluno da natureza”, que deve ter o corpo e o espírito exercitados ao mesmo tempo.
“A felicidade estaria no viver natural, em que o homem conhece menos necessidades e, por isso mesmo, é mais livre tanto em relação às coisas, quanto em relação aos homens” (BATISTA, 2011, p. 781).
Nessa perspectiva, percebe-se que Rousseau lutava em suas concepções por uma educação voltada à liberdade e espontaneidade. É como se o autor tomasse como lema “deixem as crianças serem apenas crianças”. Dessa forma, quanto mais brincarem, se sujarem, correrem, mais felizes elas serão, longe das preocupações da sociedade e dos hábitos adultos, os quais não lhes pertencem.
[...] Viver não é respirar, é agir, é fazer uso de nossos órgãos, de nossos sentidos, de nossas faculdades, de todas as partes de nós mesmos que nos dão sentimento de nossa existência. O homem que mais vive não é aquele que conta maior número de anos e sim o que mais sente a vida [...] (ROUSSEAU, 1955, p. 16).
Dalbosco (2007) afirma que Rousseau é defensor de uma teoria pedagógica voltada para o “mundo da criança”, na qual enfatiza o quanto as brincadeiras, realizadas de forma direcionada e com a devida atenção nas faixas etárias, são importantes no processo de aprendizagem. 
Rousseau criticou a maneira pela qual a educação era postulada em sua época, em que prevalecia uma pedagogia “moralista”. Sendo assim, interferiu com suas concepções, enaltecendo a ideia de que a criança deve ser respeitada em sua particularidade e não sofrer interferências dos idealismos do adulto, formando quem o mesmo desejava que ela fosse.
Para Oliveira (2006), ele propunha uma “educação negativa e livre”, que renegasse a civilização e que deixasse a criança se formar por suas experiências.
O autor propunha assim, em suas concepções e por meio de sua obra Emílio ou da Educação, uma educação distinta da que era vivenciada em sua época, lutando para que as crianças alcançassem um espaço importante e diferenciado dentro das instituições, valorizando seus sentidos e sentimentos.
O espaço precisa ser ocupado pela educação negativa, que se coloca como algo alheio às imposições advindas do mundo externo. Essa educação, sem aceitar constituir a criança segundo critérios da educação tradicional, e no ritmo definido pela sociedade, cumpre aqui seu papel importante. Ela conserva Emílio, finalmente, são, robusto, e imaculado em sua dimensão moral, na época crítica de sua infância, contendo seus avanços espirituais e intelectuais (ESPINDOLA, 2012, p. 9).
Buscava uma educação que fizesse com que futuramente a criança fosse um homem de bem, civilizado, o “cidadão”, para saber conviver em benefício de todos dentro de uma sociedade.
Alcançar esse feito de ter alguém assim no convívio humano, que não faça mal a ninguém em nenhum momento, é uma coisa, a um só tempo, sublime e difícil. Vale perseguir, entretanto, essa meta de ver Emílio se constituir dessa forma, ou seja, que se mostre capaz de ser sempre bom aos outros, pois assim fará bem aos seus semelhantes. Nele ver-se-á firmeza de propósitos, vigor moral e psicológico, e a expressão permanente de contentamento consigo mesmo em todos seus dias (ESPINDOLA, 2012, p. 13).
Essas orientações educacionais deixadas por Rousseau ainda hoje afetam o ideário educacional, interferindo na concepção de criança defendida por muitos educadores e também nas teorias educacionais que se desenvolveram posteriormente e ganharam força no interior da sociedade capitalista. As relações entre seu projeto político e a educação infantil, bem como sua influência na pedagogia são apresentadas a seguir.
4. PROJETO POLÍTICO DE ROUSSEAU E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Seu projeto educacional está fortemente firmado em suas posições sociais e políticas, cujo trabalho para a constituição de uma sociedade harmônica, que respeitasse e liberdade individual e a civil, se assentava na formaçãode um novo homem. 
No período que viveu na França, o autor presenciou um contexto político complexo em virtude das novas relações capitalistas que se instituíam. Rousseau captou as contradições sociais que se expressavam e os antagonismos decorrentes dos interesses sociais divergentes, manifestando suas concepções de um modo divergente em relação ao que era proposto naquela conjuntura, o que o levou a se preocupar com a conciliação entre o individual e o coletivo.
[...] Para Rousseau, o homem moderno tem que se satisfazer com pouco, caso contrário o homem político deixa de existir ou existe como farsa nas sociedades modernas. Essa é a forma que encontrou para resolver a contradição entre público e privado, num estágio de desenvolvimento da sociedade burguesa em que as diferenças entre ricos e pobres deixam já entrever as classes modernas [...] (LEONEL, 1994, p.68).
Teorias como o liberalismo inglês e francês naturalizavam a sociedade civil, fazendo-a coincidir com a suposta natureza egoísta do homem. Rousseau concebe a natureza humana como dotada de sentimento de piedade, que fundamenta a razão. Para regenerar a sociedade pelo “Contrato Social” ele propõe a conservação da individualidade do homem, mas transformando o sentimento de amor a si mesmo em amor ao próximo.
Tratava-se de perder a liberdade natural em troca da liberdade civil. Para que esse processo acontecesse, Rousseau apontava o quanto seria importante o auxílio das instituições públicas, que na época não teriam condições alguma, a não ser com mudanças extraordinárias. Nesse sentido é possível identificar uma utopia na República que ele propõe. Mesmo assim, Leonel (1994) conclui que foi Rousseau quem descreveu de forma correta a “abstração do homem político”, o “ser abstrato moral”, que não tem existência concreta na sociedade liberal, pois isso exigiria o sacrifício de todos os interesses do indivíduo em função do interesse geral. 
O projeto de formação desse homem dependia de uma nova educação, tarefa à qual o autor se dedicou intensamente a empreender. Rousseau buscava e propunha uma educação que não moldasse a criança, muito menos que tirasse sua autonomia. Não poderia se impor o que ela deveria fazer, nem levá-la a ter uma obediência cega aos outros, pois assim não saberia as razões de suas ações. 
Para Abrão (1999), Rousseau acreditava que a educação daria ao homem possibilidades para obter uma “inteligência superior”, para que o mesmo fosse capaz de analisar todas as “paixões humanas”, mas sem se envolver em nenhuma delas. 
 
Vê-se que Rousseau atribui à educação da natureza e das coisas consequências racionais e morais. Interessante é observar que ele, tal como Immanuel Kant fará mais tarde, associa o desenvolvimento da moralidade ao da racionalidade e, consequentemente, da liberdade (BATISTA, 2011, p. 782). 
 
Rousseau enfatizava o quanto a espontaneidade e a liberdade são primordiais para o desenvolvimento na infância e isso pode ser constatado na obra Emílio ou da Educação. O filósofo defendeu essa concepção e é considerado um dos autores mais importantes para a criação da chamada pedagogia da existência (SUCHODOLSKI, 2002). Esta teve origem no século XVIII e tinha por tese a defesa da vida empírica do homem, opondo-se à pedagogia da essência.
[...] Se o homem é bom por natureza, a educação não deve ser concedida de modo a conduzir à destruição de todo o seu eu empírico e ao renascimento da sua ‘verdadeira essência’ oculta; a educação poderia apoiar-se sobre a totalidade do homem empírico acompanhando o desenvolvimento da suas forças, do seus gostos e aspirações. Se o homem é naturalmente bom, a educação não deve ir contra o homem parar formar um homem [...] (SUCHODOLSKI, 2002, p. 28).
 
Nesse período ocorreu assim um debate entre a pedagogia da existência e a pedagogia da essência, esta que era predominante na época e fora fundada desde a antiguidade clássica. Nesse contexto Rousseau inovou a educação da época, pois destacava a importância e a relevância do aprender livremente na infância. Preconizava a necessidade de seguir a evolução natural da criança, adaptando o processo pedagógico às necessidades individuais.
Rousseau objetivava assegurar uma educação natural, que tornasse a criança dona de si, mas sem desconsiderar a importância de sua relação com o adulto e com todos que estivessem envolvidos no seu processo educacional, desde que se protegesse a criança contra a civilização e seus males. Deixava claro que a educação da criança não dependia somente de tal envolvimento, mas da formação da autonomia da criança nesse processo, para realizar suas escolhas diante das situações com que se deparassem. 
Para Rousseau, a tarefa mais elementar e, portanto, mais ‘natural’, do projeto de uma educação natural consiste em exteriorizar esta tensão entre os dois tipos humanos de sentimento e deixar claro, aos envolvidos do processo pedagógico, que a formação humana, quer seja na direção cooperativa/solidária ou individualista/egoísta, não é uma determinação somente externa e estranha aos envolvidos, mas depende também de suas decisões e opções (DALBOSCO, 2007, p. 314). 
Desse modo, sua preocupação educacional voltava-se também para os métodos de aprendizagem, porque ele queria transformar a visão da criança e de sua educação que predominava na época. Na busca de uma sociedade mais harmônica, preocupou-se em como o adulto deveria conduzir o processo educacional. Isso porque a criança precisava ser formada para conviver em sociedade e a maneira pela qual o adulto iria intervir em sua vida afetaria a formação do adulto que ela se tornaria. Nesse sentido o processo pedagógico visava à formação de um homem e de um cidadão, que preservasse a liberdade individual sem prejudicar a vida em sociedade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessas considerações pode-se identificar sua relevância para a educação da modernidade. Sua filosofia e seu projeto de sociedade influenciaram de modo radical suas propostas para a educação infantil. No campo da Pedagogia, é incontestável sua importância para a elaboração da chamada “escola Nova” ou pedagogia da existência. 
É possível afirmar também que muitas de suas ideias ainda influenciam as práticas educacionais atuais, por isso a compreensão de seus fundamentos filosóficos e políticos pode fornecer um importante instrumental teórico para os profissionais que trabalham com a educação infantil.
Suas teorias foram indispensáveis no momento da constituição da sociedade burguesa, pois diante de um período no qual ficava visível a divisão social em classes antagônicas, Rousseau preocupou-se em conciliar a sociedade. Ele propôs a formação do cidadão, lutando para uma sociedade de igualdade, em que os interesses fossem mútuos, idealizando o bem estar de todos e não somente de uma determinada classe. Sua concepção de educação para a formação do cidadão ainda está presente nas propostas educacionais atuais e precisa ser problematizada em novos estudos.
Identifica-se o quanto Rousseau é contemporâneo em suas concepções, tanto quando propõe uma educação baseada nas brincadeiras, na espontaneidade, na liberdade das crianças, quanto ao defender o respeito pelas mesmas. Isso ocorreu em pleno século XVlll, aliado a seu projeto social, que defendia a importância de formar um homem bondoso. Nesse período histórico é importante lembrar que as crianças estavam distantes de receber tal importância e uma instrução dessa natureza. Isso revela a importância histórica e a contribuição de sua filosofia e da educação que propunha.
Estudar Rousseau permite compreender um processo educacional, político e pedagógico em um determinado período histórico. Foi aí que o autor, por meio de suas concepções, obras e teorias, tronou-se fundamental para uma revolução conceitualem diversos aspectos, que ainda são adotados até os dias atuais.
Importante destacar ao final desta pesquisa que o objetivo não foi o de transplantar suas propostas para os dias atuais. Isso porque isso seria anacronismo, tendo em vista as transformações da realidade concreta, que nos trazem outras exigências. Buscou-se entender os fundamentos sociais e políticos de suas propostas a fim de verificar como surgiram as modernas concepções educacionais. Espera-se que esses elementos analíticos possam auxiliar os educadores a avaliarem seus objetivos educacionais para a educação infantil na atualidade, confrontando-os com os desafios sociais postos na atualidade.
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