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Revista Magsul de Educação da Fronteira, Faculdades Magsul, v. 2, n. 1, p.82-132, Mar. 2017. 
ISSN 2526-4796 
O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO REGULAR: ATENDIMENTO A 
CRIANÇA COM AUTISMO 
SOARES, Jaqueline Dos Santos Soares; ROMEIRO, Camila de A. Cabral; MATHIAS, 
Sérgio Larruscaim 
RESUMO 
Esta pesquisa tem como principal objetivo compreender como o aluno autista é 
alfabetizado no ensino regular, quais são as dificuldades encontradas pelos professores, 
qual metodologia esta sendo aplicada para que alcançar resultados, se o a criança é 
incluída nas atividades e práticas culturais escolares da rede de ensino estadual de 
Antonio João. Parte-se dos estudos teóricos de Kanner como organização em torno do 
distúrbio central que é inaptidão das crianças em estabelecer relações normais com as 
pessoas e em reagir normalmente às situações desde o início da vida, assim era visto o 
autista. Caracterizado por Kanner tornou-se um dos desvios comportamental mais 
estudado, debatido, podendo-se identificar a diferença do comportamento esquizofrênico 
e do autismo, sendo que mesmo na atualidade sua descrição clínica é utilizada da 
mesma forma, intitulada de Distúrbios do Contato Afetivo. Para tanto, busca-se como 
referencial de análise as contribuições teóricas da história do autismo e da alfabetização 
que nele se baseiam, de modo a compreender não somente o percurso histórico do 
autismo e o papel da alfabetização como formar novas práticas educacionais, mas 
também qual a participação ativa da coordenadora para que haja de fato a alfabetização 
da criança com autismo. Na pesquisa de campo foi observado e analisado que a criança 
com Transtorno de Espectro de Autismo (TEA) tem possibilidade de ser alfabetizada em 
uma escola de ensino regular, depende do professor que o auxilia a todo tempo e o 
planejamento, sendo também levado em conta o grau da síndrome diagnosticado pelo 
médico. Toda escola tem que estar envolvida com a alfabetização e inclusão com 
professores e funcionários capacitados para lidar com crianças com TEA. 
 Palavras-chave: Alfabetização, Autismo, Metodologia. 
 
1 INTRODUÇÃO 
No processo de alfabetização a vários fatores que afeta as crianças quando ao 
ingresso na escola. Isso acontece porque o processo de alfabetização é individualista, 
ou seja, onde cada criança constrói a sua caminhada de acordo com os conteúdos 
apresentados a ele. 
 
Revista Magsul de Educação da Fronteira, Faculdades Magsul, v. 2, n. 1, p.82-132, Mar. 2017. 
ISSN 2526-4796 
Várias dificuldades percorrem sua introdução na vida escolar para ser 
alfabetizadas, e essas mesmas terão o auxilio dos pais e de toda comunidade escolar 
para que ela se identifique com a realidade que a rodeia. A dificuldade é ainda maior 
quando a criança não passa por nenhuma entidade escolar, isso ocorre muito com as 
crianças que moram em fazendas, chegam sem reconhecer nenhum signo da linguagem 
escrita, enquanto outras crianças algumas já sabem o alfabeto, números e cores, já que 
passaram pelos centros de educação infantil. 
Os problemas não se restringem a crianças que entram na escola sem saber o 
básico, os problemas podem estar na cultura do aluno, no professor, no método que 
está sendo utilizado, no material didático, no meio em que a criança convive, ou na 
linguagem, ou psicológico, na família e também nas questões de saúde aqui entram as 
questões das deficiências e transtornos. 
Há algum tempo já há discussões sobre estudos e pesquisas que tratam da 
alfabetização de crianças com deficiências e transtornos, esta questão que está sendo 
estudada tem o propósito de auxiliar nas dificuldades envolvidas com o Transtorno do 
Espectro do Autismo (TEA). 
O autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio do 
desenvolvimento caracterizado por dificuldades de comunicação oral, de interação social 
e de presença de movimentos repetitivos e estereotipados (LEBOYER,1935). Há uma 
luta para que esses alunos sejam incluídos nas salas regulares. Nessa perspectiva 
busca-se responder a seguinte pergunta: Quais as práticas pedagógicas utilizadas pelo 
professor para alfabetizar o estudante com autismo no ensino regular. 
O objetivo geral desta pesquisa busca realizar um estudo sobre o autismo através 
do seu conceito e um breve histórico, visando compreender como o professor auxilia o 
estudante com autismo no processo de alfabetização. Tem também por objetivos 
específicos; estudar autores que escrevem sobre Autismo; observar como é o trabalho 
do pedagogo na alfabetização de crianças com Transtorno de Espectro do Autismo; 
compreender como é a aprendizagem do estudante com Autismo. 
 
Revista Magsul de Educação da Fronteira, Faculdades Magsul, v. 2, n. 1, p.82-132, Mar. 2017. 
ISSN 2526-4796 
Justifica-se este trabalho à medida que se busca aprofundamento sobre o tema e 
responder as seguintes dúvidas; como a criança com autismo é alfabetizada? O 
professor adapta suas aulas para essa criança? Ele tem algum sucesso? Através desta 
pesquisa tentarei responder essas indagações. 
O método a ser utilizado para esta pesquisa é a qualitativa e o estudo de caso 
onde serão utilizados os autores Lüdke e André (1986), Gil (1946), para defender este 
estudo, seguido de observação e entrevista semi-estruturada. 
Para dar embasamento teórico à pesquisa serão utilizados os autores KRAMER 
(2001), SOARES, MAGDA (2007), CAGLIARI (2009), ORRÚ (2009) LEBOYER (1995), 
MENDES (2002), GODOY (2010), LIBÂNEO (2001) dentre outros. 
Na primeira etapa serão abordados temas introdutórios desta pesquisa, na 
segunda etapa buscaremos a partir do referencia teórico compreender o estudante com 
autismo. E na etapa será tratada a metodologia que será utilizada. Assim, dessa forma, 
foi realizada a pesquisa de campo e a analise documental, considerações e referencias. 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
Considerações Iniciais Sobre O Autismo 
Os primeiros estudos sobre o autismo foram desenvolvidos por Leo Kanner e 
Eugen Bleuler, de modo que Balbuena destacar: 
„‟Por Leo Kanner (1894 a 1981) no estudo do autismo, devemos lembrar 
à escolha infeliz que o termo significava, dada a confusão que gerou com 
autismo em 1911 tinha usado Eugen Bleuler (1857-1939) para expressar 
a retirada ativa que alguns pacientes esquizofrênicos são retraídos para o 
reino da fantasia, porque, ao contrário Bleuer, que ele se referiu ao 
comportamento intencional para evitar relações sociais, o que Kanner se 
referia era a incapacidade de estabelecer tais ligações relacionais. Além 
disso, enquanto em bleueriano sentiu essa retirada foi conectado à 
grande rica vida do sujeito esquizofrênico, que não acontece na autista, 
que carece de tal ingrediente cognitiva. Ele alguns pesquisadores do 
autismo inferir uma possível ligação entre este e esquizofrenia posterior 
na vida adulta, o que influenciou a tendência entre psiquiatras infantis 
 
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para usar etiquetas alternadamente diagnóstico de esquizofrenia infantil, 
autismo e psicose infantil‟‟ (Balbuena,2007, p.61). 
Através desses primeiros estudos é que há a tentativa de isolar a síndrome 
autista, definindo assim quais sintomas são universais e quais são específicos. Sendo a 
primeira incapacidade profunda e geral para estabelecer relações com os 
outros; aquisição de linguagem atrasada, o que dificultava a compreensão; ecolalia e 
inversão pronominal e distúrbios rituais ou compulsivos, como a insistência na 
identidade, que Rivière prefere a chamar transtorno função executiva, a julgar que a 
pesquisa mais precisa nutrido e sustentado por fenômenos de etiqueta. 
A falta de resposta social e dificuldades de linguagem só podem ser consideradas 
indicadores claros de autismo, se eles não correspondem à idade mental da criança e 
explicou exclusivamente como características distintivas do transtorno autista ausente 
no desenvolvimentoevolutivo normal. 
Em poucos segundos, no entanto, eles podem tornar-se evidentes estereotipados 
movimentos repetitivos (especialmente maneirismos nas mãos e dedos), déficit de 
atenção, controle da bexiga atrasado e auto comportamentos prejudiciais. 
(Balbuena,2007, n.p.). 
A característica mais forte no autista é a não socialização com outras pessoas, 
isso levou estudiosos a observação do desenvolver de interação social. 
George Herbert Mead dedicou-se à investigação da gênese do eu 
humano no processo da interação social. Na abordagem denominada por 
seus seguidores de interacionismo simbólico, Mead (1934/1972) foi um 
dos fundadores da sociologia empírica e sistemática, sendo um dos 
primeiros a descrever a socialização como construção de uma identidade 
social na e pela interação com os outros (Dubar, 1999). Para esse 
teórico, o centro do processo de socialização é a comunicação pelo 
gesto, que constitui uma adaptação à reação do outro. Tais gestos são 
atos parciais dirigidos a outros, os quais devem receber e responder a 
eles. Assim, o gesto é uma ação incompleta, cuja complementação e 
sentido são construídos apenas na interação com os outros. Esses 
"outros", a quem Mead chamou de "outros significativos", são os agentes 
da socialização, constituídos pelos indivíduos que possuem uma 
importância significativa na adaptação da criança ao mundo em que ela 
vive. Desse modo, o processo de socialização está na base da 
 
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construção do Eu, dada pela mediação dos outros e suas respostas. 
(Camargo; Bosa,2009, p.65). 
Pessoas com deficiência sempre existiram no mundo e em todas as civilizações. 
Contudo a forma como são tratadas em dentro dos ambientes aos quais vivencia, faz 
com que diferencie cada cultura humana. Quando se trata de pessoas com deficiência 
analisando o contexto histórico percebe que acorreram várias nomenclaturas usadas 
para destacar esta característica, algumas usadas até hoje como, por exemplo, pessoas 
com necessidades especiais ou portadoras de necessidades especiais. 
„De acordo com a ONU, pessoa com deficiência é aquela que tem 
impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em 
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e 
efetiva na sociedade [...] (Brasil, Inep, 2014). 
Esse conceito mostra de forma clara que a definição de pessoa com deficiência é 
aquela que de alguma forma necessita de adaptação das atividades rotineiras para que 
dessa forma participe de modo concreto do lugar onde está inserido. Por outro lado, os 
transtornos globais do desenvolvimento se caracterizam como “alterações no 
desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na 
comunicação ou estereotipias motoras...”. (Inep, 2011, n.p.). 
Por vezes se confunde deficiência com transtorno, como se percebe transtorno 
compromete também a forma de comunicação e interação dessas pessoas. A criança 
com síndrome de Espectro Autista inicia na escola regular com 4 anos, conforme está na 
Lei de Diretrizes Bases (LDB,1996, n.p.). 
É comum a criança apresentar distúrbios de comportamento não se socializando 
com outras pessoas, quando verbaliza sua voz se caracteriza como uma ecolalia 
imediata e retardada. Na maioria das vezes (considerando o nível mais severo da 
síndrome) a pessoa com autismo não se expressa por meio da fala, não expressa 
sentimentos por outras pessoas e não esperam que as pessoas demonstrem 
sentimentos por ela, seus movimentos são estereotipados. 
Segundo Dreaper (2010) “O autismo não é uma desordem de interação social, 
mais uma desordem global, que afeta a maneira que o cérebro processa a informação 
 
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que recebe – especialmente quando a informação é mais complexa” Fato esse visível na 
presença de uma pessoa com esse transtorno que se caracteriza geralmente aos 
primeiros contatos. 
 E segundo os estudos de Orrú, (2009 p. 61) “Nenhum ser humano deve ser 
privado de se relacionar com outras pessoas, o ambiente onde as relações sociais são 
privilegiadas é o melhor e o mais adequado, independentemente da pessoa ter ou não 
esta deficiência”. 
Não existem apenas essas deficiências de comunicação, mas sim outras formas 
onde as pessoas não expressam seus sentimentos por repressão do modelo 
estabelecido pela sociedade. 
Vale ressaltar que nenhuma pessoa deve viver sozinha, escondida da sociedade, 
pois é através da convivência com outras pessoas que se pode aprender com os 
exemplos que vivencia ações rotineiras que fazem a compreensão de como se viver em 
sociedade. 
Essa já é uma aprendizagem que a criança leva para a vida, pois elas precisam 
ser estimuladas a todas as formas de comunicação e de vivencias, já que todos são 
estimulados a todo tempo. 
Com relações de conduta e personalidades de crianças com autismo, 
distintos autores entre as décadas de 50 e 60 atribuíram maior relevância 
á síndrome no que se refere a possuírem uma anomalia de compreensão 
linguística, alterações relacionadas ao déficit simbólico, além de 
dificuldades na imitação e na integração sensório – motora (Rutter, 1979, 
apud Orrú, 2009, p. 65-66). 
Algumas crianças que apresentam a síndrome do autismo possuem QI superior 
às pessoas ditas normais. Contudo esses testes não são aplicados atualmente, pois 
existem outras formas de diagnosticar o grau de capacidade de cada individuo, como 
por exemplo, utilizando as inteligências múltiplas. 
 
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Segundo a Classificação Internacional de Doenças –CID – 
10:*Classificados como transtorno F 84 – 0, como um invisível do 
desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e 
(ou comprometimento que se manifesta antes da idade de 03 anos e pelo 
tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas): de 
interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. O 
transtorno ocorre três a quatro vezes mais frequentemente em garotos do 
que em meninas" (Silva, 1999, p. 01). 
Outros autores ressaltam que esse transtorno ocorre também com maior 
intensidade podendo a criança jamais falar. Todavia com o diagnostico precoce pode-se 
utilizar de todos os conhecimentos clínicos para que a criança atinja o potencial mais 
elevado que ela esta destinada através de seu padrão genético. 
Conforme as observações foram realizadas durante os anos que se passaram, 
pode se dizer que a mais incidência da síndrome em meninos do que em meninas. De 
acordo com a revista americana Time Magazine (Maio\2002, apud Orrú, 2009, p.22), a 
incidência de autismo atualmente é um em cada 175 nascimentos, sendo quatro 
meninos para cada menina. Já, em 2003, as estatísticas apontam um caso de autismo 
para cada 150 nascimentos apud (Leboyer, 2005, n.p.). 
Segundo Brown, 1960, o prognóstico é pior para as crianças que na 
idade de 05 anos não adquiriram linguagem "útil", isto é, valor 
comunicativa (Eisenberg, 1956; Rutter, 1967; Ficher, 1968). A 
incapacidade de utilizar brinquedos de forma adaptada é também um 
fator de mal prognóstico. O melhor critério prognóstico é o QI da criança. 
As que têm um QI inferior a 70 ficam muito prejudicadas, não tendo 
linguagem útil e nenhuma autonomia durante sua vida. (Brown, 1960, 
apud Leboyer, 2005, n.p.). 
A alfabetização é um conjunto de habilidades, que caracteriza como um 
fenômeno de natureza complexa. Ele se inicia desde o nascimento, pois a criança 
começa a prender as primeiras formas de comunicação através do choro, da 
 
*
 C-10 é a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também 
conhecida como Classificação Internacionalde Doenças – CID 10 é publicada pela Organização Mundial 
de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A 
CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, 
sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou 
doenças, cada um corresponde um código CID 10 . 
 
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gesticulação, da vivencia, para que dessa forma possa usar da linguagem oral e escrita 
de forma que isso possa contribuir para o seu entendimento como ser humano. 
Freire (1993), o processo de alfabetização é muito mais do que 
reconhecer símbolos e letras, é saber interpretar o que esta a sua volta 
com a leitura de mundo. Precisa que lhes e já ensinado quase tudo o que 
uma criança normal aprende espontaneamente por meio da observação e 
da experiência. (Furtado, 2004, p.15). 
A alfabetização é de muita importância para o ser humano, essencial para que o 
indivíduo tenha seu lugar na sociedade. Todavia deve interiorizar normas de 
convivência, e com ela entender como é estruturada a sociedade a qual ele pertence, 
para que dessa forma possa interagir de modo que não seja reprimido ou considerado 
anormal. 
Piaget entende que o pensamento, o raciocínio, as estruturas lógicas é 
que fazem com que o sujeito seja capaz, ou não, de compreender a 
linguagem que vem do exterior. Assim, é o momento do desenvolvimento 
da criança que determina que ele internalizasse, assimilando o 
conhecimento e reformulando aquele que já possui (Kramer, 2001, 
p.120). 
Por outro Lado Cagliari (2009, p.17) assegura que „„Os pais e a comunidade de 
um modo geral zelam pelo desempenho linguístico de seus membros, porque lhes 
convém que cada um assuma seu papel na sociedade‟‟. Fato esse marcado pelo 
interesse dos pais e membros escolares que sempre procuram corrigir os seus 
estudantes desde linguagem até ações que são consideradas inadequadas ao convívio 
social. 
No entanto Soares cita que “pode-se concluir que a alfabetização é, como se 
disse, inicialmente, um processo de natureza complexa. Trata-se de fenômeno de 
múltiplas facetas que fazem dele objeto de estudo de várias ciências” (Soares, 2007, 
p.21). 
Assim o estudante deve se apropriar dos conhecimentos já formulados pela 
sociedade de forma gradativa que contemple as suas dificuldades e as suas 
peculiaridades de modo de vida. Os pais precisam estar atentos aos seus filhos, para 
 
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que busquem ajuda necessária quando perceberem algo incomum quanto ao 
desenvolvimento social e cognitivo. 
A atenção e respectiva ajuda são essenciais tanto para a criança quanto para 
seus pais, já que eles formam uma comunidade familiar onde os pais criam seus filhos e 
depois de algum tempo os papeis se invertem. 
O autismo é incurável e seu prognóstico variável. Teorias recentes, no 
entanto, ressaltam a importância das interações precoces entre o 
cuidados e a criança como forma de atenuar seus sintomas ou ate 
prevenir a manifestação da síndrome (Mendes, E; Almeida, M. A, apud 
Dawson, 2010, p.372). 
O grande desempenho dos pais pelos seus filhos quando pequenos no falar 
muitas das vezes podem interferir em outras oportunidades de aprendizagem. Essa 
influencia vem sendo muito estudada, pois se percebe que algumas crianças que 
tenham uma atenção especial de forma que a família desempenha reage de forma 
comportamental diferenciada. 
Isso acontece, pois, a criança cria uma linguagem que só os componentes do 
ciclo familiar entendem e quando não estiverem perto dos familiares, os demais sujeitos 
não entenderam o que significa o que a criança deseja e assim não poderão lhe ajudar. 
Segundo o autor Halle (1984), observa-se que: 
Embora os pais possam desempenhar o papel mais importante – no 
ensino da linguagem para crianças pequenas, podem, inadvertidamente, 
ignorar importantes oportunidades de aprendizagem para elas. (Halle, 
1984, apud Netto, M. M. F. C; NUNES, L. R. D‟O. de P. 2013, p.1585). 
Os pais devem procurar profissionais que os oriente a participar, de um modo ou 
de outro, na realização de tarefas que venham contribuir para o avanço da educação de 
seus filhos, quando mais cedo melhor. 
Entender desde cedo que a criança não é incapacitada, mas sim que tem 
necessidades específicas para algumas funções que ira desempenhar fará o diferencial 
para estabelecer como deve estimula ela. 
Ao iniciar esse processo de ensino devemos considerar que: a criança 
tem maior facilidade relacionamento com o universo concreto do que com 
 
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o das ideias abstratas; além disso, estamos ajudando a construir o 
referencial pelo qual se vai estabelecer o relacionamento da criança com 
o mundo, e é por isso que, no inicio, podemos somente trabalhar com 
acertos (FURTADO, 2004, p.18). 
 A criança ao ir à escola tem a possibilidade de interagir com seus colegas por 
mais que seja portador de necessidades especial, através da pratica e socialização que 
a criança com transtorno do Espectro de Autismo tem a possibilidade de ser 
alfabetizada. 
 
A História do Autismo 
O autismo vem de uma palavra grega (autos), que significa “por si mesmo”. A 
psiquiatria o denomina como um comportamento centralizado em si mesmo. Há ainda 
vários adjetivos para denominar o autismo. Sendo assim alguns conceitos são 
necessários para se localizar sobre esse tema tão comentado. 
Síndrome é o agregado de sinais e sintomas associados a uma mesma 
patologia e que em seu conjunto definem o diagnóstico e o quadro clínico 
de uma condição médica. Em geral são um conjunto determinados 
sintomas, de causa desconhecida ou em estudos, que são classificados, 
geralmente com o nome do cientista que o descreveu ou o nome que o 
cientista lhes atribuir. Uma síndrome não caracteriza necessariamente 
uma só doença, mas um grupo de doenças. (Orrú, 2009, p. 18. apud, 
Stedman 1987) 
O termo autismo foi empregado pela primeira vez por Bleuler em 1911, seus 
estudos demonstravam um isolamento profundo, formas de pensar e falar diferenciadas 
e imaginárias parece estar fora da realidade isolada no seu interior na sua própria vida. 
De acordo com Bleuler, os autistas tornam o mundo fantástico no real, a realidade em 
ilusão. 
O conceito de autismo atribuído a Bleuler fez que houvesse uma confusão, como 
se fez notar Rutter (1979): segundo o conceito de Bleuler, o Autismo nos esquizofrênicos 
se refere a um retraimento ativo de imaginário. Na realidade sugere, primeiramente, “um 
retraimento” fora das relações sociais enquanto Kanner descreve uma incapacidade de 
desenvolver o relacionamento social; em segundo lugar, ele implica uma vida imaginária 
 
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rica, enquanto que as observações de Kanner sugerem uma falta de imaginação; em 
terceiro lugar, ele postula uma ligação com a esquizofrenia dos adultos. São esses 
conflitos que explicam o fato de os psiquiatras terem algumas vezes, utilizado de forma 
permutável os diagnósticos de esquizofrenia infantil, psicose infantil e de Autismo. 
Léo Kanner um psiquiatra austríaco, que residia nos Estados Unidos foi um dos 
primeiros estudiosos a se dedicar a pesquisa de crianças que apresentavam estranhos e 
peculiares comportamentos. Relatando um quadro de autismo extremo, obsessão, 
estereotipias e ecolalia. O grupo observado por Kanner era de 11 crianças, de acordo 
com Orrú: 
As características apresentadas são: incapacidade para estabelecer 
relações com as pessoas, um vasto conjunto de atrasos e alterações na 
aquisição e no uso da linguagem e umaobsessão em manter o ambiente 
intacto, acompanhada da tendência a repetir uma sequencia limitada de 
atividades ritualizadas. (Orrú,2012, p.19) 
Leo Kanner em 1943 publicou um artigo na revista Nervous Children, número 2, 
páginas 217-250, intitulado: Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo (Autistic 
disturbances of affective contact). Nessa primeira publicação, Kanner (1943) ressalta 
que o sintoma fundamental, “o isolamento autístico”, estava presente na criança desde o 
início da vida e Kanner mostrava a importância que queria atribuir à noção de 
afastamento social. O autismo caracterizado por Leo Kanner tornou-se um dos desvios 
comportamentais mais estudados, debatidos e disputados, que teve o mérito de 
identificar a diferença do comportamento esquizofrênico e do autismo. Até hoje, sua 
descrição clínica é utilizada da mesma forma, que foi chamado de Distúrbios Autísticos 
do Contato Afetivo – Síndrome Única. 
Paralelamente, numerosos autores tentaram classificar os itens 
diagnósticos e definir os testes de avaliação. Não é exagerado dizer que 
há na literatura quase tantas descrições do autismo infantil quanto 
autores, cada um deles privilegiando o sintoma que lhe parecia pertinente 
e o mecanismo que o explicava. (Leboyer, 1935, p.12). 
A partir de Leo Kanner e o pediatra Hans Asperger que residia em Viena, na 
Áustria, as primeiras publicações sobre o autismo, independentemente, relataram de 
maneira sistemática suas suposições teóricas sobre casos que acompanhavam dessa 
 
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síndrome até então desconhecida (Bosa, 2002,n.p.). Asperger propôs um estudo com 
definições similares à de Kanner, onde propunha uma abordagem autística. 
Outro marco sobre o estudo do autismo ocorreu na década de 1970, quando a 
psiquiatra inglesa Lorna Wing traduziu para o inglês os trabalhos de Asperger 
(originalmente escritos em alemão e, portanto, pouco conhecidos até então) e propôs a 
noção de espectro do autismo e do que ficou conhecido como “Tríade de Wing” – déficits 
específicos do sujeito autista em três áreas: imaginação, socialização e comunicação. 
 Os estudos de Asperger foram importantes para que se diferencie as síndromes. 
Antes de ocorrer o reconhecimento da síndrome de Asperger, muitas crianças foram 
diagnosticadas com autismo ou com outras síndromes. Apesar de serem síndromes 
relacionadas ao Transtorno do Desenvolvimento, diferem em vários aspectos entre si 
com características peculiares. Segundo Teixeira (2005, p.2). 
Apesar de existirem algumas semelhanças com o Autismo, às pessoas 
com Síndrome de Asperger geralmente têm elevadas habilidades 
cognitivas (pelo menos Q.I. normal, às vezes indo até às faixas mais 
altas) e por funções de linguagem normais, se comparadas a outras 
desordenas ao longo do espectro. 
 Com o passar dos anos a síndrome de Asperger foi identificada, em 1944, mas só 
em 1994 que a DSM-IV (Diagnostical Statistical Manual – Versão 4) desenvolvido pela 
Associação Americana de Psiquiatria (Apa, 1994), que Asperger foi reconhecido 
oficialmente como critério de diagnóstico. 
 Estudos sugerem que a síndrome de Asperger é mais comum do que o autismo. 
Numa proporção de 4 a cada 10.000 crianças são autistas e Asperger está na faixa dos 
20 a 25 a cada 10.000, isso significa que a escola deve encontrar diversos casos de 
Asperger (SA). Assim como o autismo é encontrado mais em meninos. 
O mais óbvio marco da síndrome de Asperger e a característica que faz 
dessas crianças tão únicas e fascinantes é a sua peculiar idiossincrática 
área de “interesse especial”. Em contraste com o mais típico Autismo, 
onde os interesses são mais para objetos ou parte de objetos, na SA os 
interesses são mais frequentes por áreas intelectuais específicas. 
(BAUER, 1995 apud TEIXEIRA, 2005, p.6). 
 
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 Essa síndrome geralmente apresenta alguns sintomas iguais a do autismo, uma 
delas é a pouca habilidade de interagir com o meio social, mas diferentemente do 
autismo não ficam somente no seu mundinho, possuem interesses por temas complexos 
e com habilidades verbais bem acima da média da população. 
O transtorno de Asperger pode ser diferenciado do transtorno autista pela 
ausência de atraso no desenvolvimento da linguagem e pela análise de pequenos 
detalhes que diferenciam o perfil desses dois transtornos. 
No ano 1952, o termo autismo apareceu pela primeira vez como um subgrupo da 
esquizofrenia infantil, pois ainda não era visto como um diagnóstico distinto. Esse novo 
estudo foi publicado na primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças 
Mentais- DSM I (A Associação Americana de Psiquiatria, 2015). 
 Em 1983, a Síndrome de Asperger foi reconhecida, a Associação Americana de 
Psiquiatria criara o termo Distúrbio Abrangente do desenvolvimento e em 1987, desta 
forma o Autismo deixa de ser uma psicose infantil. As causas do Autismo ainda são 
desconhecidas, consistindo o problema da etiologia, sendo um tema base de intensas 
pesquisas de conceituados estudiosos na área. Segundo Bosa e Callis (2000) apontam 
que há dois grandes blocos de teorias que se opõem, sendo essas as teorias 
psicogenéticas e biológicas. 
De acordo com Klin (2006), a teoria psicogenética apresentava-se como 
defensora que a criança autista era normal no momento do nascimento, mas devido 
fatores familiares adversos no decorrer do seu desenvolvimento desencadeou um 
quadro autista. Os sintomas eram considerados secundários, atribuíveis, portanto, as 
condutas parentais impróprias. 
Essa teoria deu início a pesquisas reagrupadas em quatro eixos, sendo esses o 
stress precoce, as patologias psiquiátricas parentais, quociente de inteligência e classe 
social dos pais, e por ultimo a interação pais e filhos. Com base nas informações, 
Leboyer, chega à determinada observação: “[...] as teorias psicogênicas não parecem 
explicar a patologia do autismo. Não podemos aceitar o modelo segundo o qual pais 
 
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normais (com frequência calorosa e afetuosa) seriam responsáveis por graves distúrbios 
de seus filhos, enquanto seus irmãos são normais” (LEBOYER, 2005, p.49). 
O Autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que indica uma ampla 
variação na sintomatologia, onde se inclui um tripé de características: dificuldade de 
comunicação, de interação social, e interesse e atividades restritos, estereotipados e 
repetitivos. 
Dentro do quadro do autismo, existem vários graus de comprometimento dos 
sintomas, tornando mais ou menos severa à situação do portador desta síndrome. 
Dentre os graus de severidade, propõe-se um indivíduo de comprometimento maior, 
outro intermediário e o terceiro com comprometimento mais discreto. Conforme Klin: 
Há uma variação notável na expressão de sintomas no autismo. As 
crianças com funcionamento mais baixo são caracteristicamente mudas 
por completo ou em grande parte, isoladas da interação social e com 
realização de poucas incursões sociais. No próximo nível, as crianças 
podem aceitar a interação social passivamente, mas não a procuram. 
Nesse nível, pode-se observar alguma linguagem espontânea. Entre as 
que possuem grau mais alto de funcionamento e são um pouco mais 
velhas, seu estilo de vida social é diferente, no sentido que elas podem 
interessar-se pela interação social, mas não podem iniciá-la ou mantê-la 
de forma típica. O estilo social de tais indivíduos foi denominado „ativo, 
mas estranho‟, no sentido de que eles geralmente têm dificuldade de 
regular a interação social após essa ter começado. As características 
comportamentais do autismo se alteram durante o curso do 
desenvolvimento. (KLIN, 2006, p. 6). 
 O crescente corpo de estudos sobreo autismo influenciou sua colocação no 
DSM-III (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou Manual de Diagnóstico 
e Estatístico das Perturbações Mentais), que é um manual para profissionais da área da 
saúde mental que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para 
diagnosticá-los de acordo com a Associação Americana de Psiquiatra. É usado por todo 
o mundo em que clínicos e pesquisadores, bem como por companhia de seguros, 
indústrias farmacêuticas e parlamentos políticos. 
 Em 1980 o autismo foi pela primeira vez reconhecida e colocada numa nova 
classe de transtornos, que hoje é chamada de Transtornos Globais do Desenvolvimento 
 
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(TGD). Antes disso, a CID-8 (Classificação Internacional de Doenças) e a CID-9 
classificavam o autismo, respectivamente, como uma forma de esquizofrenia e como 
psicose infantil. Hoje em dia, a DSM-IV6 e a CID-107 integraram suas definições e 
estabelecem como critério para o transtorno autista o comprometimento das três áreas 
principais anteriormente mencionadas (KLIN, 2006; BOSA, 2002). 
 
Conceito Atual do Autismo 
 Por o autista não apresentar não demonstrar o que sente durante o contato com 
as outras pessoas faz com que sejam criticados e até considerados imunes aos efeitos 
do sofrimento humano, como se eles não sentissem dor, alegria, tristeza e tantos outros 
sentimentos que são característicos dos homens, mulheres e crianças. 
 São taxados de antissocial e de pessoa egoísta que pensa apenas em sim 
mesmo. Na maioria das vezes os autistas não se socializam, então seus colegas 
acreditam que ele não gosta de ninguém e não se interessa por coisas normais de 
acordo com a idade em que se encontra. 
 E tantas formas de descrever o autista através do senso comum, sem saber ao 
menos o que é seu transtorno, como se aproximar de pessoas assim e como conviver 
com eles. Sabe-se com certeza de que o autista sente sim as mesmas emoções que 
qualquer ser humano, contudo não consegue expressar de forma que a maioria 
considera adequada. 
Com o passar do tempo o conceito de autismo é considerado conforme os 
estudos sobre o diagnostico e o tratamento do autismo infantil, apresentado por Gillberg 
como uma “síndrome comportamental com etiologias múltiplas e curso de um distúrbio 
de desenvolvimento‟‟, ainda o mesmo autor explica que “é altamente improvável que 
existam casos de autismo não orgânico‟‟, dizendo que o autismo é uma disfunção 
orgânica e não um problema dos pais. O “novo modo de ver o autismo é biológico‟‟ 
(GILLBERG, 1990, apud ORRÚ, 2009, p.21). 
 
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Constataram que o autismo aparece mais em meninos do que em meninas em 
todo o mundo. A síndrome permanece por toda sua vida e um décimo desses indivíduos 
está no espectro grave do autismo. Segundo Orrú: “Os resultados dos estudos e das 
pesquisas são bem variáveis. Isto quer dizer que há muito que estudar e investigar 
acerca da dimensão da síndrome do autismo”. (ORRÚ, 2009, p.24). 
Após as descrições de Kanner que centralizava a inaptidão das crianças em 
estabelecer relações normais com as pessoas e em reagir normalmente ás situações 
desde o inicio da vida. As estatísticas apresentada ate 1989, mostrava que a síndrome 
acometia crianças com idade inferior a três anos, com predominância de quatro crianças 
a cada dez mil nascidas. 
Segundo Gaspar (1998), neuropediatra, o autismo tem sido notório 
em 20 crianças a cada dez mil nascido, numero que vem 
crescendo nos últimos anos, não se restringindo á raça, á etnia ou 
ao grupo social. De causa ainda não especificamente determinada, 
o aumento pode ser em virtude, também, de um maior e melhor 
diagnóstico e das informações resultantes de maiores estudos e 
divulgações sobre a síndrome que atinge indivíduos de todos os 
países do mundo. (GASPAR, 1998, apud ORRÚ, 2009, p.22). 
 
Características do Autismo 
O autismo é uma síndrome que deve ser diagnosticada até os três anos de idade 
raramente podem aparecer depois desse período, mas não se descarta essa 
possibilidade. É uma desordem da personalidade que atinge principalmente aos 
homens. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mental de 2013 (DSM 
IVTM). 
A criança com autismo apresenta características que são fáceis de ser detectadas 
desde os primeiros anos de sua vida e vão evoluindo de acordo com as mudanças que o 
 
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seu desenvolvimento proporciona segundo o Orntz apud Costa e Nunes Maia (1998, p. 
25): 
Quando recém-nascido se parece diferente de outros bebês, raramente 
chora, torna-se rígido quando é pego no colo. Primeiro ano, não pede 
nada, não nota sua mãe, sorrisos, resmungos, demonstra falta de 
interesse por jogos, é muito reativo aos sons, não é afetuoso à ausência 
de comunicação verbal ou não verbal, é hipo ou hiper-reativo aos 
estímulos, há aversão pela alimentação sólida, etapas do 
desenvolvimento motor são irregulares ou retardadas. Segundo e o 
terceiro anos, é indiferente aos contatos sociais, comunica-se mexendo a 
mão do adulto, o interesse pelos brinquedos, consiste em alinhá-los, 
procura estimulações sensoriais como ranger os dentes, esfregar e 
arranhar superfícies, fitar fixamente detalhes visuais, olhar mãos em 
movimento ou objetos com movimentos circulares. Quarto e quinto anos, 
possui ausência do contato visual, linguagem limitada ou ausente – 
ecolalia- inversão pronominal, anomalias do ritmo do discurso, do tom e 
das inflexões e resistência às mudanças no ambiente e nas rotinas. 
Costa e Nunes Maia apud MARTINS (2011, p. 14). 
O autor Kanner encontra três sintomas principais para apresentar o autista 
utilizando uma conduta que difere de uma criança normal. Elas são; Incapacidade de se 
relacionar com outras pessoas; alteração na linguagem, que variam na falta de 
comunicação verbal e na produção de sons sem significados ou com alguma alteração; 
movimentos repetitivos e limitados sem uma finalização. São esses os fatores mais 
encontrados e conhecidos das pessoas que já tem algum conhecimento sobre o 
assunto. 
As crianças apresentam desde os primeiros anos de vida o isolamento e não 
corresponde a nenhum estimulo externo. Mas na aparência é igual a todos, é inteligente 
e possui habilidades especiais e uma memória excepcional. 
Após as descrições de Kanner que centralizava a inaptidão das crianças em 
estabelecer relações normais com as pessoas e em reagir normalmente ás situações 
desde o inicio da vida. 
O autismo infantil foi incluído como subcategoria do Transtorno Global do 
Desenvolvimento (TGD), juntamente com outros 4 transtornos. Abaixo estará uma 
 
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descrição breve de cada um dos transtornos e suas condições citados no site Autismo e 
Realidade. 
 Transtorno autista: Um dos transtornos mais graves e mais conhecidos. 
Pessoas com autismo apresentam alterações na comunicação, na socialização e 
comportamentos restritos. Os sintomas são evidentes nas crianças. 
 Autismo atípico: Apresentam geralmente leves déficits na comunicação, 
socialização ou no comportamento. Deficiência intelectual leve é muito comum. 
 O transtorno de Asperger: Indivíduos com Asperger apresentam inteligência 
normal ou acima da média, desenvolvem a fala, apresentam problemas de interação 
social e alterações do comportamento. 
 Transtorno Heller: também conhecida como desintegrador da infância. 
Crianças com essa condição têm seu desenvolvimento normal até os dois anos de 
idade. Após esse período tendem a perder habilidades em pelo menos duas áreas: 
linguagem expressiva, linguagem receptiva,comportamentos adaptativos, habilidades 
motoras, interação social, brincadeiras, ou controle de esfíncteres. 
 Transtorno de Rett: é um distúrbio que afeta apenas o sexo feminino. Crianças 
com essa síndrome apresentam deficiência intelectual profunda ou severa, movimentos 
repetitivos com as mãos e prejuízos na linguagem. 
 As cinco condições acima descritas passaram a ser considerado um único 
distúrbio, denominado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). De acordo com a 
nova edição do Manual Diagnostico de Doenças Mentais (DSM-V), publicada em 2013 
no site Autismo e Realidade. 
 
Diagnóstico do Autismo 
Para diagnosticar uma criança com autismo é necessário fazer uma analise 
multidisciplinar que aponte vários critérios para ser concretizada a síndrome, visto que 
não existem testes clínicos que apontem o diagnostico. 
 
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Para identificar os critérios diagnósticos para o autismo é preciso possuir 
experiência e especialização, pois eles apresentam um alto grau de 
especificidade e sensibilidade em grupos de diversas faixas etárias e 
entre indivíduos com habilidades cognitivas e de linguagem variadas. 
Petersen & Wainer (2011 p. 87). 
 De acordo com Petersen & Wainer (2011) apud Papim; Sanches (2013) 
“avaliação diagnóstica de crianças com suspeita de autismo deve compreender uma 
observação dos comportamentos desviantes em comparação com aqueles presentes no 
curso normal do desenvolvimento infantil‟‟, as características do comportamento mais 
avaliadas são de comunicação social. 
Na análise comportamental, averígua-se o desenvolvimento da criança e 
se a mesma adquiriu ou está adquirindo as competências pertinentes a 
sua faixa etária comparando o desenvolvimento típico ao atípico 
(Petersen & Wainer, 2011, p. 87). 
 
Para detectar o autismo o DFM-IV 1995 apresentou um formulário de 
questionamento e assim detectar o transtorno. Mas para ter certeza do diagnostico é 
necessário ter um total de itens com pelo menos duas características do primeiro item, 
uma característica do segundo item e uma do terceiro item. Estes estão relacionados 
abaixo: 
 Prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois 
dos seguintes aspectos: 
(a) Prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não verbais tais como 
contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a 
interação social; 
(b) Fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível do 
desenvolvimento; 
(c) Falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com 
outras pessoas (por exemplo, não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse); 
(d) Falta de reciprocidade social ou emocional; 
 
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 Prejuízos qualitativos da comunicação, manifestados por pelo menos um 
dos seguintes aspectos: 
(a) Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não 
acompanhando por uma tentativa de compensar por meio de modos alternativos de 
comunicação tais como gestos ou mímica), em indivíduos com fala adequada. 
(b) Acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou desenvolver uma conversação; 
(c) Uso estereotipado e repetitivo da linguagem (pode aparecer ecolalia) ou linguagem 
idiossincrática; 
(d) Falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variada e espontâneos apropriados 
ao nível do desenvolvimento. 
 Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses, e 
atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos: 
(a) Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de 
interesse, anormais em intensidade ou foco; 
(b) Adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não funcionais; 
(c) Maneiras motoras estereotipadas e repetitivas (por exemplo, agitar ou torcer mãos ou 
dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo); 
(d) Preocupação persistente com partes de objetos, não atentando para aspectos 
relevantes do meio. 
A. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, 
com início antes dos três anos de idade; 
(a) Interação social 
(b) Linguagem para fins de comunicação social 
(c) Jogos imaginativos ou símbolos. 
 
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B. O distúrbio não é melhor explicado por Transtorno de Rett ou Transtorno 
Desintegrativo da infância. 
A CID-10†(1993), abrange como critérios diagnósticos os mencionados a seguir: Pelo 
menos 8 dos 16 itens especificados devem ser satisfeitos. 
 Lesão marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo 
menos três dos próximos cinco itens. 
(a) Dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial, gestos e 
postura corporal para lidar com a interação social. 
(b) Dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo; 
(c) Raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de tensão ou 
ansiedade, e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas que apresentem 
ansiedade ou infelicidade; 
(d) Ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a 
felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea em compartilhar suas 
próprias satisfações por meio do envolvimento com outras pessoas; 
(e) Falta de reciprocidade social e emocional. 
 Marcante lesão na comunicação: 
(a) Ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes; 
(b) Diminuição de ações imaginativas e de imitação social; 
(c) Pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos; 
(d) Pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade e 
imaginação em processos mentais; 
 

 C-10 é a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também 
conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10 é publicada pela Organização Mundial 
de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A 
CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, 
sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou 
doenças, cada um corresponde um código CID 10. 
 
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(e) Ausência de resposta emocional a ações verbais e não verbais de outras pessoas; 
(f) Pouca utilização das variações na cadência e ênfase para refletir a modulação 
comunicativa; 
(g) Ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na comunicação oral. 
 Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, 
interesses e atividades, manifestados por pelo menos dois dos próximos seis 
itens: 
(a) Obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse; 
(b) Apego específico a objetos incomuns; 
(c) Fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais específicos; 
(d) Hábitos motores estereotipados e repetitivos; 
(e) Obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de 
recreação; 
(f) Ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais do 
ambiente. 
 Além dos critérios acima ainda tem mais um que deve ser levado em 
consideração seguindo as orientações que é; Anormalidades de desenvolvimento devem 
ter sido notadas nos primeiros três anos para que o diagnóstico seja feito. 
 
Conceito da Alfabetização 
 Se tratando de alfabetização é na década de 1980 que se começa a surgir 
algumas discussões sobre o uso e as funções da língua escrita e o seu ensino no 
contexto da escola. Com isso “surge o conceito de “analfabetismofuncional” que 
caracteriza indivíduos que, tendo se apropriado das habilidades de “codificação” e 
“decodificação”, não conseguiam fazer uso da escrita em diferentes contextos sociais” 
(Albuquerque, 2005). 
 
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No mesmo período, foi muito criticado o modelo de leitura através da 
memorização de sílabas, frases soltas. Alguns estudos novos apareceram no campo da 
psicologia com Ferreiro e Teberosky (1985). De acordo com essas autoras, a criança 
passa por três principais níveis no processo da alfabetização, começando pela escrita 
pré-sílabica, até a escrita alfabética. Na primeira etapa, a criança percebe que, além do 
desenho, existe outra forma de representar a escrita, como a utilização de garatujas, 
números ou até letras. 
No nível silábico, a fase seguinte, a escrita não representa mais o objeto, e passa 
a representar letras. Nesse nível a criança começa a perceber que o segmento da 
escrita pode representar o som da fala. No nível alfabético a criança entende que cada 
fonema possui um signo gráfico correspondente e busca o padrão silábico. Assim, os 
alunos aprendem o processo do sistema alfabético através da interação da escrita com 
as suas funções. 
 A linguagem é fundamental para a nossa socialização e compreende três tipos 
de atividades ligadas respectivamente aos fenômenos da fala, da escrita e da leitura. 
São realidades diferentes da vida de uma língua, mas cada um tem a realização própria 
e independente. 
Cagliari, conhecer a realidade linguística da criança não é apenas 
verificar se ela fala “certo” ou “errado na escola, mas sim descobrir como 
ela adquiriu esse modo de falar. Aprender a falar constitui um processo 
mental e físico muito mais complexo e difícil do que simplesmente 
escrever ou mesmo aprender modismos de um determinado dialeto. 
(CAGLIARI, 2009, p.40). 
Por tanto o conceito de linguagem é distorcido dentro de ambiente escolar por 
algumas pessoas acharem que linguagem é a forma mais correta de produzir sons e 
apenas ler aquilo que se observa em forma de signos, mas ela está voltada não 
estritamente a isso, pois deve apropriar deles, saber decifrar, entender o que eles 
querem representar e dessa forma tomar um posicionamento de acordo com aquilo que 
se acredita. 
 
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Os estudiosos recentes apresentam esse pensamento voltado às novas formas 
de alfabetização geradas pelo avanço das tecnologias. Fato esse comprovado pelas 
formas de capacitação continuada via pacto nacional pela alfabetização na idade certa. 
Em relação à alfabetização o que pode se dizer do processo da língua escrita e 
do seu desenvolvimento. Segundo Soares, o termo alfabetização não ultrapassa o 
significado de levar a aquisição do alfabeto, ou seja, ensinar o código da língua escrita, 
ensinar as habilidades de ler e escrever; pedagogicamente, atribuir um significado muito 
amplo ao processo de alfabetização seria negar-lhe a especificidade, com reflexo 
indesejáveis na caracterização de sua natureza, na configuração das habilidades 
básicas de leitura e escrita, na definição da competência em alfabetizar (SOARES, 2007, 
pag.15). 
O mesmo autor Soares (2007) considera ainda que: 
A alfabetização é um processo de representação de fonemas em 
grafemas, e vice-versa, mas é também um processo de 
compreenção\expressão de significados por meio do código escrito. Não 
se consideraria “alfabetizada” uma pessoa que fosse somente capaz de 
codificar símbolos visuais em símbolos sonoros, “lendo”, por exemplo, 
simbolos ou palavras isoladas, como também não se consideraria 
“alfabetizada” uma pessoa incapaz de, por exemplo, usar 
adequadamente o sistema ortográfico de sua língua, ao expressar-se por 
escrito (Soares, 2007, p.16). 
Os verbos ler e escrever estão de certa forma ligada na alfabetização e não tem 
como separa-los pós é através deles que a crianças começa o processo de ser 
alfabetizada na escola, ensinando o processo de se expressar e compreender, levando 
em conta o estado de maturidade da criança. 
Tratando- se do sistema da escrita que é representa pela linguagem segundo as 
considerações de Ferreiro (1988) percebemos que: 
Ao concebermos a escrita como um código de transcrição que converte 
as unidades sonoras em unidades gráficas coloca-se em primeiro plano a 
discriminação perceptiva nas modalidades envolvidas (visual e auditiva). 
Os programas de preparação para a leitura e a escrita que derivam desta 
concepção centram-se, assim, na exercitação da discriminação, sem se 
questionarem jamais sobre a natureza das unidades utilizadas. A 
linguagem, como tal, é colocada de certa forma “entre parentes”, ou 
 
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melhor, reduzida a uma série de sons (contrastes sonoros a nível do 
significante) (FERREIRO, 1988, p.14, 15). 
Embora se discuta a importância da alfabetização na vida das crianças ainda não 
se chegou a um único método a ser aplicado, porque cada criança tem seu tempo e seu 
modo de vida. Segundo Ferreiro: 
Nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas de certo 
modo de conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa 
aprendizagem. São provavelmente estas praticas (mais do que os 
métodos em si) que tem efeitos mais duráveis a longo prazo, no domínio 
da língua escrita como em todos os outros. Conforme se coloque a 
relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento, e conforme se 
caracterize a ambos, certas praticas aparecerão como “normais” ou como 
“aberrantes” é aqui que a reflexão psicopedagógica necessita se apoiar 
em uma reflexão epistemológica. (1988, p.31). 
Atualmente estudos sobre a psicicologia da alfabetização apontam que o nível de 
maturidade da criança faz com que os resultados sejam alcançados ou não. As crianças 
vão para escola, cada vez mais jovens e se não tiverem maturidade para acompanhar a 
turma elas sentem dificuldades “a alfabetização inicial é considerada em funções da 
relação entre o método utilizado e o estado de “maturidade” ou de “prontidão” da 
criança”. (FERREIRO, 1988, p.09). 
Nas leituras sobre a alfabetização podemos identificar que ha quatro métodos 
mais utilizados na educação: o método tradicional que engloba tanto o método sintético 
(fônico), quanto o analítico (global) e o método construtivista (RIBEIRO, 2016). 
 Segundo a alfabetização para Seabra e Dias (2011) destacam dois métodos 
típicamente de alfabetização discutidos em pesquisas. São eles, o método fônico, que 
tem como proposta de alfabetização ensinar as correspondências entre as letras e seus 
sons. Esse método tem como foco auxiliar o leitor a discriminar, segmentar e manipular 
os sons da fala. 
 Passando para o método global, a aprendizagem da linguagem escrita é 
identificada através da imagem da palavra. Este método é ensinado através da 
associação direta entre as palavras e seus significados. 
 
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No método tradicional é centrado no professor, no qual o aluno é um reprodutor 
das atividades elaboradas pelo professor. Com isso, leva o aluno apenas a decorar e 
não aprender, assim o aluno se torna desmotivado. O ensino através desse método é 
feito por partes, aprendendo primeiro as vogais, o alfabeto, para depois fazer a junção 
das sílabas até chegar à construção de textos. O uso da cartilha é muito utilizado nesse 
método (PEREIRA et. al., 2013). 
No entanto o mais indicado é o método construtivista, que por outro lado valoriza 
alfabetização e a construção do conhecimento da criança de acordo com o seu 
desenvolvimento cognitivo (PEREIRA et.al.2013). Considera os conhecimentos prévios 
das crianças para atividadesdesenvolvidas na escola. Essas atividades são feitas de 
maneira conjunta, unificando a linguagem oral com a escrita. 
 
Dados Preliminares da Escola a Ser Pesquisada 
Através dessa pesquisa foi possível observar que a escola esta ainda se 
preparando para atender o aluno com Transtorno de Espectro do Autismo, elaborando 
um estudo direcionado aos professores, embora não houve a oportunidade de 
sentarmos num momento tranquilo para falar sobre e como a escola esta se adaptando 
para suprir as necessidades desse aluno, de modo geral a escola está bem organizada 
na estruturação do corpo docente em buscar formas de atender as necessidades 
características desse aluno. 
A organização escolar é tomada como uma realidade objetiva, neutra, 
técnica, que funciona racionalmente e, por isso, pode ser planejada, 
organizada e controlada, a fim de alcançar maiores índices de eficácia e 
eficiência. (LIBÂNEO, OLIVEIRA & TOSCHI, 2001, p.323). 
Durante as visitas observou-se que o diretor nem sempre se encontra presente na 
escola, por motivo de outros compromissos que demandam uma necessidade especifica 
de sua presença, porém não é por sua ausência que a escola aguarda instruções para 
continuar seu trabalho. As coordenadoras auxiliadas pela supervisora do estado 
continuam suas funções de acordo com as normas instruídas pelo regimento que propõe 
 
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ações de aperfeiçoamento de conhecimento e apresentações de proposta para melhorar 
os índices de qualidade da instituição. 
No entanto, saber gerir e, frequentemente, conciliar interesses pessoais e 
coletivos, peculiaridades culturais e exigências universais da convivência 
humana, são grandes desafios à competência dos diretores que se 
propõem a desenvolver uma forma de organização e de gestão escolar 
estabelecida nas relações democráticas e 12 participativas, com foco nos 
objetivos educacionais e sociais a serem alcançados, sem descuidar das 
normas estabelecidas pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino e 
de suas mantenedoras, no sentido de manter-se integrado, compondo um 
todo harmônico, não apenas internamente, mas com as demais 
instituições educacionais de sua rede. (LIBÂNEO, OLIVEIRA & TOSCHI, 
2001, p. 323). 
No Projeto Político Pedagógico da escola não há nada especifico que fale do 
transtorno de Espetro do Autismo (TEA), os professores participam das formações 
continuadas oferecidas regularmente pela SEDMS e a equipe administrativa em sua 
maioria cursa o pró-funcionário, não houve ainda nenhuma formação ligada ao TEA para 
os funcionários, só as técnicas do NUESP, é que fazem cursos ligados a educação 
especial e repassam para os professores e professores de apoio que tem alunos 
especiais em sala, estas informações não são repassadas para todos. 
 De acordo com o PPP pra escola apresenta a missão de „„é procurar, garantir e 
oportunizar o acesso, a permanência e o sucesso do estudante na escola, oferecendo 
um ensino de qualidade e socializando integralmente o individuo‟‟. Isso significa que a 
escola deve promover o máximo de vagas possíveis de acordo com suas estruturas para 
que os seus integrantes que já fazem parte da sociedade possam adquirir os 
conhecimentos científicos necessários para sua formação critica. 
Por outro lado os valores apresentados também tem um papel singular na 
formação do educando enquanto estiver dentro da instituição. Seus valores são; 
„„valorizar o estudante e suas qualidades, assim como capacidade de desenvolver algo 
para elevar o desempenho, principalmente nos anos e disciplinas criticas‟‟ Assim sendo, 
deve valorizar as potencialidades que cada estudante tem para que eles possam 
 
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promover mudanças desses conhecimentos em busca de uma sociedade mais 
igualitária. 
Todos devem ser preparados para lidar com o aluno com TEA, de modo geral 
gestores e professores fazem parte do cotidiano desse aluno, a aprendizagem não esta 
só dentro da sala de aula. Todas as participações que envolvam um aglomerado de 
pessoa para determinado fim, ora diversão, ora processo de alfabetização, pois é 
considerado um local de interação de pessoas e assim se torna um processo de 
aprendizado. 
É preciso conhecer e analisar como se inter-relacionam as políticas 
educacionais, a organização e gestão das escolas e as práticas 
pedagógicas na sala de aula. O professor não pode se contentar apenas 
em desenvolver saberes e competências para ter uma boa atuação em 
sala de aula, é preciso tomar consciência do sistema escolar e enxergar 
além. (LIBÂNEO, OLIVEIRA & TOSCHI, 2001). 
 As avaliações institucionais internas e externas são feitas no final do ano 
referente a toda escola, porém a coordenadora assegura que a escola está mudando 
algumas formas de avaliação. Já que recebeu esse ano na escola o primeiro aluno com 
TEA, o mesmo está cursando a 1º ano do ensino fundamental. 
 No PPP da escola encontra-se como deve aplicar a teoria e a prática, como 
normativa a organizar a instituição. Mostrando-nos o quanto o PPP é de fundamental 
importância para a escola. O PPP da escola sugere que as avaliações podem ser 
aplicadas por meio de avaliação diária (escrita ou oral); avaliação diária (interesse, 
participação, assiduidade, desenvolvimento, de atividades proposta como: alternativas 
múltiplas, escolhas e dissertativas e o caderno). Avaliação Bimestral (escrita ou oral) e 
trabalhos: pesquisa – seminários – debates - portfólios, simulados (para prova Brasil, 
Olimpíadas de português e matemática), Produções Interativas (textuais e artísticas), 
abrangendo, dessa forma, as concepções de avaliações: diagnóstico formativa e 
somativa. 
A finalidade da escola é adequar as necessidades individuais ao meio 
social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto 
possível, a vida. Todo ser dispõe dentro de si mesmo de mecanismos de 
 
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adaptação progressiva ao meio e de uma consequente integração dessas 
formas de adaptação no comportamento. Tal integração se dá por meio 
de experiências que devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses 
do aluno e as exigências sociais. À escola cabe suprir as experiências 
que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e 
reconstrução do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do 
indivíduo e estruturas do ambiente. (LIBÂNEO, OLIVEIRA &TOSCHI 
2001. P.58). 
A escola deve estar preparada para receber todas as crianças e adolescentes, 
sem distinguir raça ou etnia dando oportunidade para todos os conhecimentos. Esse 
conceito de que aluno com necessidades especiais era de outro local está ultrapassado, 
pois todos são cidadãos e dessa forma vão exercer suas funções na sociedade dentro 
de suas limitações. 
Para tanto a escola possui uma sala de recurso multifuncional que tem como 
finalidade auxiliar o educando em seu processo de aprendizagem de acordo com as 
suas necessidades e fases de desenvolvimento. O PPP aponta como; „„um espaço 
organizado como materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com 
formação para o atendimento as necessidades educacionais especiais...‟‟. 
Esse local permite que a criança possa realizar suas atividades de modo que ela 
usufrua os equipamentos de modo a assimilar melhor os conhecimentos que lhes são 
transmitidos. Por outro lado à comunicação entre o profissional responsável pela sala e 
os outros esclareçam duvidas e também troquem informações de como trabalhar com 
cada criança de acordo com suas características. 
 
METODOLOGIA 
Esta pesquisa busca compreender os aspectos que norteiam o processo de 
alfabetização de crianças autistas dentro das instituições publicas, assim como areceptividade da escola e a forma de trabalho dos profissionais que o atendem. 
O pesquisador deve estar sempre atento á acuidade e veracidade das 
informações que vai obtendo, ou melhor, construindo. Que ele coloque 
nessa construção toda sua inteligência, habilidade técnica e uma dose de 
paixão para temperar (e manter a temperatura). Mas que cerque o seu 
 
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trabalho com o maior cuidado e exigência, para merecer a confiança dos 
que necessitam dos seus resultados. (Lüdke e André, 1986. p.9). 
Todavia para um estudo que promova apresentar respostas com clareza através 
de analise de dados e conciliar os mesmo com material já publicado recomenda-se um 
estudo de caso de natureza qualitativa. Este tipo de pesquisa permite ao pesquisador se 
aprofundar no assunto. 
A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e com e prolongado do 
pesquisador com o ambiente e a situação que esta sendo investigada, via 
de regra através do trabalha intensivo de campo. (LÜDKE E ANDRÉ, 
1986. p.11) 
Desse modo será possível investigar de forma mais ampla como a criança com a 
síndrome do autismo é alfabetizada no ensino regular, quais aspectos são trabalhados 
de forma alternativa, como o professor atende essa criança, como os estudantes da sala 
a interagem entre outras questões que se apresentarem necessário. 
 
Estudo de Caso 
 Segundo Gil (1991), de caso é „„Uma modalidade de pesquisa amplamente 
utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de 
um ou poucos objetos de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, 
tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos‟‟. É um estudo que 
permite o pesquisador abordar um determinado assunto e buscar esclarecer de forma a 
compreender o que aconteceu ou acontece. 
O estudo de caso é o estudo de um caso, seja ele simples e especifico, 
como o de uma professora competente de uma escola pública, ou 
complexo e abstrato, como o das classes de alfabetização (CA) ou o do 
ensino noturno. O caso é sempre bem delimitado, devendo ter seus 
contornos claramente definidos no desenrolar do estudo. (LÜDKE E 
ANDRÉ, 1986. P.17.). 
O estudo de caso é delimitado, mas também similar a outros trabalhos que já 
foram pesquisados. O estudo de caso parte do principio de que o leitor vá usar esse 
conhecimento tático para fazer as generalizações e desenvolver novas ideias, novos 
significados, novas compreensões. (LÜDKE E ANDRÉ, 1986. p. 23). 
 
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O estudo de caso pode ser usado para diferentes propósitos como aponta Gil 
(1946) em seus trabalhos, tais como; 
 Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; 
 Preservar o caráter unitário do objeto estudado; 
 Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada 
investigação; 
 Formular hipóteses ou desenvolver teorias; 
 Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito 
complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos; 
 O estudo de caso está sendo realizado em uma escola estadual regular do 
município de Antonio João MS no primeiro ano do ensino fundamental, onde se encontra 
um aluno com o Transtorno de Espectro de Autismo. 
Em primeiro momento acontecerá a participação na escola para que possa 
observar como a professora trabalha com a criança com a síndrome do autismo, como a 
criança recebe as informações passadas pela professora, se ele mostra algum interesse 
pelo que esta sendo passado para ela. 
É muito provável que, ao olhar para um mesmo objeto ou situação, duas 
pessoas enxerguem diferentes coisas. O que cada pessoa seleciona para 
“ver” depende muito de sua historia pessoal e principalmente de sua 
bagagem cultural (LÜDKE E ANDRÉ, 1986. p.25). 
Porém ao observar posso ver diferentes aspectos, pois nem sempre temos a 
mesma opinião sobre a situação ocorrida, já temos uma cultura diferente uns dos outros. 
Para isso é necessário anotar apenas fatos reais deixando de lado elementos subjetivos 
que possam apontam dupla interpretação. 
Como instrumento de coleta de dados será utilizado um questionário para os 
professores e gestores que trabalham com criança com síndrome do autismo. Através 
deste pode obter informações sobre que conhecimentos prévios que os educadores tem 
 
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sobre as necessidades dessa criança, assim como as características da síndrome e 
como trabalhar com ela dentro do ambiente escolar. 
A grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite 
a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente 
com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. 
(LÜDKE E ANDRÉ, 1986. p.34). 
 Como podemos ver podemos realizar o mesmo questionário com os professores 
poderemos conseguir respostas distintas, pois os professores são concursados em 
áreas diferentes e tem autonomia e apresentar seus conteúdos dentro dos 
conhecimentos necessários apontados pelo referencial curricular. 
Após obter esses questionários acontecera a análise de dados apresentadas 
pelas respostas dos profissionais associadas às publicações que norteiam a área 
através de uma reflexão descritiva. 
Os propósitos de estudo de caso não são os de proporcionar o 
conhecimento preciso das características de uma população, mas sim o 
de proporcionar uma visão global do problema ou de identificar possíveis 
fatores que o influenciam ou são por ele influenciados. (GIL, 1991, p.55). 
A pesquisa propõe que se possa conhecer mais a rotina de uma escola através 
do processo de inclusão de crianças com autismo, para que dessa forma esses 
conhecimentos sirvam de caminho para todos que participaram dela, acadêmica, 
professores, coordenadora entre tantos outros envolvidos. 
 
A Pesquisa e Observação 
A pesquisa se inicia com a formulação de um questionário que será entregue a 
coordenação e aos professores do estudante. Fiz a primeira visita a escola para me 
apresentar e relatar sobre a pesquisa que farei na escola. Após a entrega do 
questionário, marquei com os professores e coordenação os horários para que fosse 
realizada a observação do aluno em sala de aula, também o prazo de entrega do 
questionário respondido, que era de três dias nas só consegui reunir os questionários 
com dez dias depois da entrega. 
 
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Este questionário foi respondido pela coordenadora da escola, sendo a primeira 
pregunta o professor da sala regular tem a liberdade de adaptar materiais para facilitar a 
participação de estudantes com TEA? A gestão escolar apoia esse trabalho? De que 
maneira? A professora regente tem a liberdade de adaptar materiais e tem apoio de toda 
a equipe gestora no que se refere a liberdade. O NUESP também agiliza materiais para 
as professoras deste aluno. (Coordenadora pedagógica). 
Porém através das observações feita em sala de aula, não percebi nenhum 
material adaptado para o aluno, a não ser as atividades impressas coloridas e de 
tamanhos maiores dadas pela professora regente, nas demais não a materiais 
adaptados. No livro caminhos pedagógicos da inclusão diz que. 
Inclusão escolar é indispensável que os estabelecimentos de 
ensino eliminem barreiras arquitetônicas e adotem práticas de 
ensino adequadas ás diferenças dos alunos em geral, oferecendo 
alternativas que contemplem a diversidade, além de recursos de 
ensino e equipamentos especializados que atendam a todas as 
necessidades educacionais dos educados, com ou sem deficiência,mas sem discriminações. (MANTOAN, 2001, p.25; FOREST,1985). 
A segunda pergunta é se crianças com TEA necessitam de cuidadores durante o 
intervalo (recreio). Como é programado o intervalo para esta criança? Sim, eles 
possuem professora de apoio, que fica a disposição destes o tempo integral de aula. 
Sendo que o recreio deste é no mesmo horário, mas ela o acompanha. (Coordenadora 
pedagógica). 
O que posso relatar é que a professora de apoio no intervalo só o observa não ha 
uma programação de fato para o aluno com TEA. 
Na terceira quero saber se a escola só pode ser considerada inclusiva quando 
tem crianças com deficiências? Acredito que não é somente no caso de crianças com 
deficiências, mas aceitar, respeitar e garantir o livre acesso e permanência para as 
diversidades. (Coordenadora pedagógica). 
Para nos mostrar o quanto é importante à pessoa estar incluída na sociedade foi 
feita a seguinte pergunta. Como os gestores podem incentivar os professores e 
estudantes sem deficiência a fazer parte do processo de inclusão de colegas com 
deficiências? Apresentar direitos, deveres, valores, respeita os passos apresentados 
 
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pelo livro do projeto SED MS- família e escola são de grande valia para esse fim, mas é 
na conversa diária, na construção do cidadão. (Coordenadora pedagógica). 
Sabemos que a criança esta a todo o momento recebendo informações direta ou 
indiretamente assim gostaria de saber se a escola propicia momentos de inclusão 
durante eventos festivos, por exemplo? Como? Sim, nenhum aluno fica excluído de 
apresentações ou mesmo da sala de aula nas atividades, exemplo; tênis de mesa. 
Sendo assim nosso aluno é incluído no time da escola. (Coordenadora pedagógica). 
O aluno que esta sendo citado pela coordenadora não é o aluno com TEA e sim 
um com paralisia cerebral. Nas questões a cima pode verificar que a inclusão é de fato 
muito importante para que o aluno seja inserido na educação escolar. 
Segundo Mantoan (2003, p.38), na concepção inclusiva e na lei, esse 
atendimento especializado deve estar disponível em todos os níveis de ensino, de 
preferência na rede regular, desde a educação infantil até a universidade. A escola 
comum é o ambiente mais adequado para se garantir o relacionamento dos alunos com 
ou sem deficiência e de mesma idade cronológica. Ou seja, a escola é o espaço de 
interação entre pessoas que proporciona momentos de qualidade em aprendizado de 
conhecimentos científicos e interação social entre seus participantes. 
Gostaria de saber também, qual a relação da escola com a família do aluno 
autista? Boa, sempre, mensal no máximo, conversamos NUESP, equipe gestora e 
família. (Coordenadora pedagógica). 
 Na escola se encontra uma sala que se intitula Núcleo de educação especial onde 
os professores tem assistência para trabalhar com as diferenças. 
Por outro lado temos as entrevistas feitas com os professores que possibilitam um 
entendimento sobre como é a rotina das aulas na sala de aula. Para iniciar essa 
conversa a primeira pergunta relevante é; qual sua formação geral e especifica? 
Professor 1: Pedagoga, pós-graduada em alfabetização. 
Professor 2: Graduação Artes Visuais, especialização Educação Musical, 
cursando Antropologia e Historia dos Povos Indígenas. 
Professor 3: Licenciatura plena em Educação Física. 
 
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Percebe-se que os professores que atendem o estudante são todos graduados 
em suas áreas, isso faz com que eles tenham algum conhecimento das necessidades 
educacionais e as formas de utilizar seus conhecimentos para que o estudante tenha 
contato com os conteúdos adequados a sua idade. 
Para tanto é necessário investigar quais estratégias você costuma utilizar para 
melhorar a socialização de crianças autistas? Como você aprendeu essas estratégias? 
Professor 1: Contato visual com o estudante, estimulando a comunicação, 
propondo atividades inclusivas com toda a turma, propiciando e mediando as 
brincadeiras e atividades e grupos. 
Professor 2: Deixar que ele interaja com as outras crianças, apenas auxiliando 
mais de perto no desenvolvimento das atividades. No decorrer da docência. 
Professor 3: Sempre tentando adaptar as atividades para que todos sem 
descrição possa participar e interagir na aula e me esforçando ao máximo para adequar 
corretamente o modo de ensino da criança com autismo se desenvolver suas 
potencialidades através das aulas de Educação Física. Estratégias adquiridas através de 
formação continuada, pesquisas em livros, internet e apoio do núcleo de educação 
especial. 
Através das respostas obtidas nota- se que é essencial uma formação contínua, 
Libâneo (2013, p.187), uma formação permanente, que se prolonga por toda a vida, 
torna-se crucial numa profissão que lida com a transmissão e internalização de saberes 
e com a formação humana, numa época em que se renovam os currículos, introduzem- 
se novas tecnologias, acentuam- se os problemas sociais e econômicos modificam-se 
os modos de viver e de aprender, reconhece- se a diversidade social e cultural dos 
alunos. 
Os encontros de formação continuada são de grande valia para os professores, 
pois possibilitam momentos de troca de experiências e também uma formação teórica 
para todos os educadores. Contudo percebe-se também que as vivencias proporcionam 
uma necessidade do professor em conhecer as necessidades de seus alunos para que 
promovam um ensino de qualidade. 
 
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Através de toda essa pesquisa vem à forma de aplicar a mesma dentro de sua 
rotina, respeitando a individualidade do aluno. Contudo isso gera um sentimento de 
satisfação ou de insegurança. 
Os resultados alcançados são satisfatórios? Como você reage dentro desse 
processo? 
Professor 1: Sim, por que conseguimos fazer com que ele permanecesse na sala 
de aula, ele já teve um grande avanço. 
Professor 2: Sim, algumas vezes o aluno esta nervoso ou cansado e não realiza 
todas as atividades, mas quase sempre chega ao ponto esperado. 
Professor 3: Com certeza, quando alcançado resultados de imediato é 
satisfatório, minha reação é de completa alegria, pelo fato que objetivos foram 
alcançados pelo aluno com autismo durante as atividades nas aulas de Educação 
Física. 
Constata através deste questionário que os professores entendem a necessidade 
do aluno e assim não se frustram através dos momentos de aula já que respeitam seu 
desenvolvimento gradativo. Por outro lado vem a seguinte indagação; 
O professor deve propor atividades escolares mais fáceis para criança com TEA? 
Professor 1: Dependendo do grau de autismo da criança, com material adaptado 
que facilita a aprendizagem e incentivo do estudante. 
Professor 2: Acredito que devem ser no mesmo nível que os outros estudantes, 
apenas serem acompanhados mais de perto para realizar as atividades. 
Professor 3: Sim, sem problema algum, desde que não prejudique sua aquisição 
de aprendizado e dos demais alunos. 
Os conteúdos devem ser trabalhados sim na mesma complexidade dos demais 
estudantes, mas de forma a respeitar o desenvolvimento do estudante de acordo com 
suas especificidades, ou seja, adaptar a partir daquilo que o estudante já sabe. 
 
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Por outro lado existem relatos de crianças com a síndrome do autismo que se 
destacam em determinadas áreas do conhecimento, como por exemplo, arte através 
desenhos e pinturas. Sendo assim a próxima pregunta será; 
Crianças com TEA podem ajudar colegas sem deficiência nas atividades? Como 
isso ocorre? 
Professor 1: Sim, interagindo e ajudando nas atividades

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