Buscar

PCC EDUCAÃO ESPECIAL

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO ESPECIAL
Prática como Componente Curricular (PCC)
PESQUISA E ANÁLISE DE 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA ESCOLA INCLUSIVA
Docente: Cyntia Maria Silva Ferrini
Discente: Marcos Vinicios Teodoro Muniz
Curso: História Licenciatura
 
 
 (
São Gonçalo
 
–
 
RJ
2019
)
INTRODUÇÃO 
Este relatório tem a finalidade de apresentar a Proposta de Prática como Componente Curricular, realizado com a professora Monica da Silva Costa, docente na modalidade de apoio especializado na Escola Municipal Anísio Spínola Teixeira, situada na Rua Visconde de Seabra s/nº, Santa Luzia – São Gonçalo – RJ, no dia 13 de abril de 2019. A escola atende da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental. Possui acessibilidade em todo espaço físico (rampas e portas adaptadas para cadeirantes, etc.), além de Sala de Recursos Multifuncional. A entrevistada, professora Monica da Silva Costa é formada no ensino médio, na modalidade formação de professores, especializada em Educação Especial e em LIBRAS, atualmente cursa o 3º período de Educação Especial na Universidade UNIFRAN, experimentada na prática educacional, possui 10 anos de carreira.
	Os assuntos abordados neste PCC norteiam um tema central, as práticas pedagógicas na escola inclusiva. Em entrevista com a docente convidada, foram expostas experiências, planejamentos, fatos que ocorrem dentro do ambiente escolar, em especial na escola onde leciona, o funcionamento da escola como um todo, como a instituição de ensino recebe o aluno com uma deficiência física e/ou cognitiva. Em termos didáticos há um planejamento criterioso adotado pela escola em cumprimento a LEI Nº 7.853/89 da Constituição que garante a qualquer indivíduo com deficiência o direito a educação. No que diz respeito à inserção, o aluno é assegurado e tem acesso garantido à educação. Contudo, nota-se que a prática cotidiana destes alunos em seu ambiente de aprendizado precisa receber mais atenção para que a educação inclusiva seja completa e proveitosa ao aluno, à família, à turma e à escola.
 
 
 OBJETIVOS
Relacionar conteúdos trabalhados ao longo da disciplina com o cotidiano escolar e a prática pedagógica refletindo sobre os desafios e as possibilidades do educador atuar na construção de uma escola inclusiva. Observar e analisar o fazer do professor atuante em uma escola inclusiva, considerando estratégias pedagógicas adotadas, as adaptações curriculares e os recursos adaptados para garantir o acesso ao currículo a todos os educandos. 
 
 
 
 
 
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE OBSERVADA 
	Ouvindo os relatos empiristas da professora e observando seu cotidiano escolar pude absorver da professora de Apoio Especializado o suficiente para analisar e relacionar teoria e prática. Um dos relatos da professora Monica da Silva Costa foi de um aluno acometido de paralisia cerebral desde os primeiros anos de vida. Monica conta que Pedrinho foi matriculado no jardim de infância da escola muito antes mesmo de exercer a docência na unidade de ensino e que passou acompanhá-lo durante o Ensino Fundamental II. O aluno anos depois além de viver um processo evolutivo notável, hoje já formado ainda é recebido na escola com imenso carinho dos docentes e alunos de sua época. Outro caso é do Carlos Henrique, um menino que sofreu um acidente de carro e, por conta disso, ficou tetraplégico e acometido mentalmente. Este foi inserido à Educação inclusiva já em uma fase mais madura e não desfruta da mesma aceitação que Pedrinho. Monica conta que quando possível e pertinente leva Carlos Henrique à recreação das turmas do jardim de infância a fim de que haja melhor adaptação dos alunos regulares com o colega. Claro que se trata de uma ação particular que tem sido proveitoso no contexto de uma escola específica. Mas é importante observar que embora estes alunos estejam inseridos em situações parecidas, numa mesma escola, com a mesma acessibilidade, é possível perceber que para um foi mais “fácil” superar a rejeição que majoritariamente ocorre por parte dos alunos, enquanto para outro foi necessário tomar medidas para uma melhor aceitação. “Um aluno especial quando é matriculado na escola inclusiva desde o jardim de infância consegue desfrutar melhor daquilo que definimos por inclusão, sua socialização com os colegas será progressiva, pois ao avançar os graus de ensino levará consigo a uma turma que já está adaptada as necessidades desse aluno. Diferente de um aluno que ingressa em uma turma já madura que além de passar pelo processo de adaptação com colegas que não tem a mesma inocência das crianças na primeira infância, sendo essas capazes de aprender sem preconceitos sobre o aluno especial, tem de passar pelo processo de conhecimento onde a turma, a escola em geral precisa conhecer essas necessidades que o aluno tem. De fato quando isso acontece em uma turma de adolescentes, por exemplo, é bem mais difícil.” Relata Monica. 
	Foi observado o ambiente de sala de aula, de recreação e outros locais de acesso como refeitório, pátio e recepção. A quantidade de alunos com deficiência, quaisquer que sejam, é mínima, às vezes um por turma ou nenhum. Segundo a professora há uma lista de crianças que não podem ser matriculadas, porque não tem professores de Apoio Especializado o suficiente para atender todas elas no momento. Este provavelmente é o primeiro gigante a ser derrubado, mas incentivar professores a atuar nesta área de ensino não é uma tarefa fácil. Dezenas, centenas de crianças permanecem aguardando o chamado à educação, quando entram são matriculadas no ano correspondente a sua faixa etária, mesmo não sendo alfabetizadas, o que reduz as chances de aprendizagem. Estando matriculados estes alunos precisam enfrentar um processo de adaptação onde conhecerá e será conhecido pelos professores e pela turma. É notório que há uma grande barreira no que diz respeito à inclusão, talvez várias. Mas há uma que sem dúvida é uma das maiores, senão a maior barreira, o preconceito. 
A inserção dos alunos ditos especiais já ocorre na maioria das escolas, em poucos anos caminharemos para uma educação completamente inclusiva se for considerado matriculas de alunos deficientes nas escolas, ainda que seja preciso repensar e melhorar as Leis de inclusão social. O que parece estar longe de ser aniquilado de dentro das instituições de ensino é o prejulgamento recorrente desses alunos. Em muitos casos o aluno especial é jogado dentro da escola, sem nenhum preparo escolar, este é inserido em uma turma que não tem capacidade emocional de recebê-lo, pois não foi preparada para tal coisa, a mesma coisa pode-se dizer dos professores, muitos têm dificuldades de aceitá-los. Em classe, uma professora regular contestou com a professora de apoio especializado a presença do aluno especial, questionando se o mesmo não poderia atrapalhar sua aula. Enfim, são coisas que ainda ocorrem nas escolas.
ROTEIRO DA ENTREVISTA
Marcos: Professora Monica, qual a formação do professor?
Monica: O professor de apoio especializado precisa ter a formação dele, formação de professor (o curso normal) ou a graduação. Posteriormente ele deve fazer uma especialização para trabalhar com o aluno especial, um curso com carga horária mínima de 120 horas ou o curso de graduação em Educação Especial.
Marcos: Você tem no seu currículo o curso de LIBRAS e o curso de Educação Especial. O curso de Educação Especial também engloba a LIBRAS?
Monica: Sim. LIBRAS está incluída na modalidade de educação inclusiva assim como o autismo, altas habilidades, transtornos globais, etc. Quando entrei na rede eu só tinha o curso de LIBRAS e fui me deparando com outros CIDs e foi necessário o aprimoramento com outros cursos.
Marcos: Você mencionou que há uma variedade de CIDs pode explicar melhor?
Monica: CID é a sigla para Código Internacional de Doenças. Cada deficiência tem um CID que pode ser leve, moderado ou grave.
Marcos: Nas escolas quando for tratar a questão do aluno, então ao invés de falar a deficiência usa-se o CID?
Monica: Sim. 
Marcos: Existe algum CID que estejaimpedido de ser incluído na escola?
Monica: Não, por lei todos os deficientes têm o direito de frequentar a escola. O que pode impedir o aluno de entrar para escola é a falta de professores de apoio especializado em determinada unidade escolar. Onde eu trabalho tem crianças e adolescentes aguardando a contratação de professores de apoio especializado para serem matriculados.
Marcos: Quais são as características e necessidades específicas que o aluno incluído na turma apresenta? 
Monica: A necessidade é que o aluno deve se sentir inserido, abraçado pela turma. As características variam de aluno para aluno. Uns são mais introvertidos, outros mais imperativos. Em comum apresentam uma característica de isolamento, rejeição ou de serem ignorados, pouquíssimas vezes estes alunos são abraçados e essa é a necessidade que eles tem. 
Marcos: Como realiza as adaptações necessárias no planejamento da aula? 
Monica: As adaptações são realizadas de acordo com as necessidades que cada aluno apresenta.
 
Marcos: Quais recursos adaptados estão disponíveis e quais adaptações no currículo são realizadas para adequar sua prática pedagógica às necessidades específicas do aluno incluído? 
Monica: A Sala de Recursos desta unidade escolar possui muitos instrumentos e atividades pedagógicas que ficam a disposição para que a aprendizagem do aluno se torne mais proveitosa. Os alunos necessitam de materiais concretos para facilitar seu entendimento. Tudo isso tem que estar em paralelo com o currículo da turma. A professora regente deve me passar seu planejamento e eu preciso adaptá-lo em um PEI específico para cada aluno. Assim todo o conteúdo transmitido à turma será também ministrado ao aluno especial considerando suas habilidades. Através do PEI (Planejamento Educacional Individualizado) podemos passar para o aluno o conteúdo da turma de acordo com sua capacidade a aprendizagem. Usamos instrumentos para facilitar como, imagens, vídeos, música, objetos, etc. O PEI é um relatório individual de cada aluno e deve ser feito bimestralmente, ele contém as habilidades de acordo com o BNCC, a proposta do professor, as atividades proposta, até aqui precisam está de acordo com o planejamento do professor regente. Em seguida vem as potencialidades, necessidades específicas, as flexibilizações, a partir daí o professor de apoio especializado preenche.
Marcos: As atividades desenvolvidas mobilizam os saberes, as habilidades e as interações entre os diferentes alunos da turma? 
Monica: Sim. O conteúdo que o aluno especial aprende é ensinado também para os outros alunos. O aluno especial não é meu, é da escola, a professora regente precisa ensinar a todos, esse aluno especial faz parte da turma. Eu como professora de apoio especializado preciso ter os materiais e instrumentos necessários para a compreensão cognitiva deste aluno. 
Marcos: O tempo e os recursos são adequados? 
Monica: Quando a criança tem o professor de apoio especializado existem recursos, porque segue o planejamento pedagógico da escola. Ele participa na sala de aula, na recreação, na sala de recursos. Mas quando não há professor de apoio especializado a carga horária do aluno é reduzida. 
Marcos: Ocorrem parcerias entre professor, aluno, a equipe pedagógica, gestor da escola e a família do aluno incluído? 
Monica: A parceria acontece entre o professor de apoio especializado, o aluno e a família do aluno. A área pedagógica não se preocupa muito com o aluno especial, no PEI tem uma área que a coordenação deve preencher, muitas das vezes eu tinha que preencher, pois o coordenador não sabia o que falar daquele aluno. A parte administrativa menos ainda. Os vínculos do aluno especial com essas duas ares da escola são mínimos.
Marcos: Como a avaliação da aprendizagem do aluno com necessidades específicas é realizada? 
Monica: As avaliações são realizadas individualmente e especifica a cada aluno em paralelo ao que é ensinado na turma, mas também avaliamos o desenvolvimento do aluno, sua evolução. Há alunos que não tinha habilidades que hoje tem. Não está relacionado só a conteúdos, mas as capacidades que estes alunos alcançam e podem vir alcançar.
Marcos: O critério de aprovação é o mesmo para um aluno regular?
Monica: Não. Os alunos especiais normalmente não são reprovados, mesmo que na maioria das vezes não tenham alcançado efetivamente a aprovação. E quando ocorre do aluno ficar retido (como chamamos), não pode acontecer mais que uma vez. Ou seja, muitos chegam ao 9º ano sem se quer escrever ou falar. Como ocorre também de alunos com idade mais avançada serem matriculados em turmas de sua faixa etária, mesmo que nunca tenham estudado. 
Marcos: Quais os maiores desafios enfrentados pelo professor na construção de uma proposta inclusiva de educação?
Monica: O preconceito é a maior questão. Acho que quando isso acabar viveremos a verdadeira inclusão escolar. A escola é obrigada a aceitar o aluno especial. O problema não está em aceitar o aluno, mas no que fazer com ele já inserido na unidade de ensino.
 
 SUGESTÕES
Podemos perceber que a escola observada trata-se de uma unidade da rede pública de ensino. A maioria da rede não conta com material didático apropriado para todos os tipos de deficiência ou treinamento para os profissionais da rede, sendo necessário o próprio interesse de cada profissional em habilitar-se para melhor atender seus alunos. A preparação apropriada de todos os educadores constitui-se um fator chave na promoção de progresso no sentido do estabelecimento de escolas inclusivas.
Segundo o Ministério da Educação, “Para que o Estado oferte políticas públicas educacionais voltadas a garantir o acesso e permanência de cada estudante na educação básica e superior, é necessário incorporar o tema do reconhecimento das diferenças que supõe o enfrentamento a todas as formas de preconceito e discriminação; assegurar a adequada trajetória escolar nos sistemas de ensino e consequente redução da evasão e do abandono; reconhecer a equidade como premissa para as políticas educacionais, condição para sua universalização e o efetivo exercício do direito à educação”. Precisamos incorporar estas diretrizes na escola para que não haja uma regressão no pensamento acerca da inclusão social. Nota-se que o que chamamos de inclusão, na prática assemelha-se mais a uma integração, não no contexto dos anos 80, onde o aluno especial tinha que se adaptar a escola, mas no sentido deste aluno apenas ter o direito de frequentar a escola, pois não dispõem de recursos físicos, morais e intelectuais suficientes.
A preparação de todos os profissionais, do diretor ao auxiliar de serviços gerais, é imprescindível, deveria ser obrigatório, pois o aluno especial não passa todo seu tempo dentro de sala de aula ou na sala de recursos, ele passa parte de seu tempo no pátio, no refeitório, enfim, em todo tempo o aluno especial está em contato com todos os profissionais da escola. É importante que todos saibam ao menos como receber este aluno. A própria Declaração de Salamanca cita a necessidade do pré-treinamento dos profissionais da área de educação. Além disso, recrutar professores que possam servir como modelo para crianças portadoras de deficiências pode ser um grande avanço.
Precisamos por em prática nossas leis e incentivos para a educação. Como citado da Declaração Mundial sobre Educação para Todos:
“1. Para que as necessidades básicas de aprendizagem para todos sejam satisfeitas mediante ações de alcance muito mais amplo, será essencial mobilizar atuais e novos recursos financeiros e humanos, públicos, privados oi voluntários. Todos os membros da sociedade têm uma contribuição a dar, lembrando sempre que o tempo, a energia e os recursos dirigidos à educação básica constituem, certamente, o investimento mais importante que se pode fazer no povo e no futuro de um país.”
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. 
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação paraTodos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem.
 
Pesquisa no site:
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 
Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=290&Itemid=816&msg=1&l=aW5kZXgucGhwP29wdGlvbj1jb21fY29udGVudCZ2aWV3PWJ1c2NhZ2VyYWwmSXRlb
7

Continue navegando