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ABSCESSOS ABDOMINAIS INTRACAVITARIOS HAMILTON PETRY DE SOUZA DANIEL WEISS VILHORDO RICARDO BREIGEIRON INTRODUQAO 0 abscesso abdominal intracavitario (AAI) pode surgir no contexto de doenga infecciosa abdo- minal ou como complicagao pos-operatoria. Trata-se de doenga essencialmente cirurgica na qual a atuagao dos antimicrobianos e prejudicada por barreiras anatomicas. Os AAls podem ser suspeitados clinicamente, e exames de imagem podem definir sua confirmagao. Ha metodos menos agressivos do que a cirurgia para o tratamento de lesoes, desde que obedegam a criterios especificos. No caso de AAI pos-operatorio, foco deste artigo, o tratamento cirurgico e, via de regra, desafiador por significar posslvel retorno a sala cirurgica e determinar sequelas (morbidade), alem de mortalidade. 0 uso de antimicrobianos deve obedeceras recomendagoes especificas, lembrando que o controle da fonte de infecgao e a verdadeira preocupagao do cirurgiao. 0 enfoque do presente artigo recai sobre os AAls, surgidos como complicagao pos-operatoria em individuos imunocompetentes, devido ao interesse clinico, as peculiaridades na investigagao e a mobilizagao dos recursos terapeuticos apropriados. PROACI SEMCAD £ 124 o§E-<cIc_> CO < o m o coco LU £m OBJETIVOS Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de: conhecer as origens dos abscessos abdominais intracavitarios como parte da evolugao de do- enga infecciosa abdominal (apendicite, diverticulite, infecgoes ginecologicas) e como infecgao pos-operatoria tipo orgao/espago; entender aspectos fisiopatogenicos dos abscessos; discutir fatores de risco para o AAI; distinguir individuos com AAI que apresentam ou nao repercussao peritoneal; saber vigiar a ferida cirurgica de maneira adequada; extrair informagoes adequadas dos recursos de imagem utilizados para diagnostico; utilizar, com propriedade, os recursos terapeuticos disponiveis (drenagens guiadas, laparosco- pia, laparotomia); saber associar-se ao intensivista e ao infectologista, sempre que necessario, mantendo-se in- tegralmente no caso; usar corretamente antimicrobianos. ESQUEMACONCEITUAL Infecgao abdominal Fisiopatogenia - o microambiente Fatores de risco - Diagnostico Prevengao Tratamento Uso de antimicrobianos Casos clinicos Conclusao r- Ultrassonografia - Tomografia computadorizada - Ressonancia nuclear magnetica - Cintilografia com galio - Cintilografia com leucocitos marcados com indio - Cintilografia com tecnecio Periodo pre-operatorio - Periodo transoperatorio - Periodo pos-operatorio Drenagem percutanea (guiada por imagem) Cirurgia - Conduta expectante Antibioticoprofilaxia - Antibioticoterapia r- Caso clinico 1 ~ Caso clinico 2 INFECCAO ABDOMINAL Infecgao abdominal e, geralmente, resultado da invasao e da multiplicagao de bacte- rias do trato gastrintestinal (TGI) na parede de vlsceras ocas ou em torno das mes- mas.1 Nesse sentido, exemplos de infecgao abdominal incluem as diversas causas de abdome agudo inflamatorio, obstrutivo complicado, entre outros. Infecgao pos-operatoria ou infecgao de si'tio cirurgico (ISC) e uma complicagao temida em todas as especialidades. Para classificar o problema, o Centers of Disease Control (CDC) desenvolveu, em 1992, tres grupos de abrangencia (Figura 1): infecgao incisional superficial; infecgao incisional profunda; infecgao de orgao/espago. Pele Tecido celular subcutaneo Fascia e musculos H Orgao/cavidade - m ISC incisionalsuperficial ISC incisional profunda ISC:_J Figura 1- Tipos de infecgao de sitio cirurgico. Fonte: Adaptada de Cheadle (2006).2 LEMBRAR Conceitualmente, a ISC deve ser reconhecida dentro de 30 dias do procedimento realizado, ou ate 12 meses no caso de uso de proteses.3 PROACI SEMCAD £ 126 o§E-<cIc_> CO < o m o coco LU £m Os AAls desenvolvem-se “primariamente” na evolugao de doenga infecciosa subjacente, que ultra- passou os limites do orgao envolvido (apendicite aguda, diverticulite, etc.), mas se limitou ao seu entorno, nao deflagrando peritonite generalizada. Os AAls podem, de outra forma, constituir com- plicagao pos-operatoria de cirurgia abdominal , nesse caso, constituindo ISC tipo orgao/espago. Segundo estatlsticas norte-americanas, acredita-se que a ISC ocorra em 3% de todos os proce- dimentos realizados naquele pals e em 20% dos pacientes submetidos a cirurgias abdominais de emergencia.3’4 Sepse grave e choque septico sao posslveis complicagoes de cirurgias sobre o TGI, agravadas por deiscencia anastomotica ou abscesso sem controle adequado. A mortalidade decor- rente de choque septico permanece alta, de 30 a 35%, em grandes series.57 E importante destacar que se, por urn lado, o AAI corretamente tratado parece ter curso mais favoravel por apresentar fronteiras anatomicas, infelizmente, os casos de peritonite generalizada ainda continuam gerando alta morbidade e mortalidade, apesar das mais diversas abordagens (abdome aberto, antibioticos de largo espectro, relaparotomias). FISIOPATOGENIA- 0 MICROAMBIENTE A etiologia do AAI varia de acordo com a origem da infecgao e o estado imunitario do paciente. Na maior parte dos casos, trata-se de processo polimicrobiano, com predominio frequente de Gram-negativos e anaerobios, em especial Escherichia coli e Bacteroides fragilis, respectivamente. 0AAI e uma doenga essencialmente cirurgica, ja que a barreira anatomica e fisiopatogenica o torna praticamente impenetravel aos agentes antimicrobianos. No seu interior, coexistem baixo potencial de oxidorredugao e baixo pH, como resultado de ma perfusao, anaerobiose e acumulo de tecidos necroticos, coagulos e fibrina.289 1. Sobre a infecgao abdominal, e correto afirmar que: A) Infecgao abdominal e, geralmente, o resultado da invasao e da multiplicagao de bacterias do TGI nas paredes de visceras ocas ou em torno delas. B) Exemplos de infecgao abdominal incluem apenas causas de abdome agudo inflamatorio. C) Infecgao pos-operatoria ou ISC e uma complicagao comum, a qual as especiali- dades medicas em geral nao dao muita importancia. D) Conceitualmente, a ISC deve ser reconhecida dentro de 60 dias do procedimento realizado ou ate 18 meses no caso de uso de proteses. Resposta no final do artigo 2. Leia as afirmagoes a seguir sobre os AAls: I - Os AAls desenvolvem-se primariamente na evolugao de doenga infecciosa subjacente, que ultrapassou os limites do orgao envolvido, mas se limitou ao seu entorno, nao deflagrando peritonite generalizada. II - Sepse grave e choque septico sao posslveis complicagoes de cirurgias sobre o TGI, agravadas por deiscencia anastomotica ou abscesso sem controle adequa- do. A mortalidade decorrente de choque septico e baixa - em torno de 2 a 5%. III - E importante destacar que se, por um lado, o AAI corretamente tratado parece ter curso mais favoravel por apresentar fronteiras anatomicas, infelizmente, os casos de peritonite generalizada ainda continuam gerando alta morbidade e mortalidade, apesar das mais diversas abordagens. Esta(ao) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) I. B) I e l l. C) II. D) I e III. Resposta no final do artigo 3. A etiologia do AAI varia de acordo com que elementos? 4. Por que o AAI e uma doenga essencialmente cirurgica? FATORES DE RISCO Em relagao a genese da ISC, ha fatores de risco relativos ao hospedeiro/paciente, ao procedimen- to cirurgico e ao patogeno. Sobre o hospedeiro/paciente, poucos fatores foram adequadamente avaliados em ensaios clinicos randomizados. Entende-se que ni'veis baixos de albumina serica sao associados a pior estado nutricional e imunitario, o que piora o prognostico.2 Nesse enfoque, a Avaliagao Subjetiva Global , independen- temente de marcadores sericos, tambem parece contribuir para o reconhecimento de indivlduos PROACI SEMCAD ro 128 o§E-<cIc_> CO < o ca em risco nutricional. Outros fatores importantes incluem idade, doenga vascular, neoplasia, diabete melito e obesidade. Qualquer infecgao detectada devera ser tratada antes da realizagao de cirurgia eletiva.2 wU Perlodos longos de internagaopre-operatoria devem ser evitados desnecessariamente. Igualmente, de diflcil avaliagao objetiva em estudos randomizados, mas de pratica recomendavel, a higiene, a assepsia correta da equipe cirurgica e o prepare da pele do paciente sao importantes, assim como o uso seletivo de antimicrobiano, profilatico ou terapeutico.2 Reslduos grosseiros e debris nao removidos da cavidade sao possiveis fontes de infecgao. Em relagao ao patogeno, usualmente, esse provem de contaminagao endogena, interessando a microbiota do TGI e, em menor grau, pele e trato geniturinario. Tambem pode originar-se de fontes exogenas, a partir das maos do cirurgiao ou assistentes, instrumental sem a devida esterilizagao ou mesmo do ar ambiente.2 Indivlduos que passam por multiplas reintervengoes, por uso prolongado de antimicro- bianos e por longa permanencia em unidade de tratamento intensivo (UTI) estao em maior risco de desenvolver infecgao por germes multirresistentes, sepse e disfungao de multiples orgaos. DIAGNOSTIC Pelos criterios do CDC, a ISC tipo orgao/espago deve:10 poupar incisao cirurgica, fascia ou piano muscular; ocorrer dentro de 30 dias do procedimento realizado (12 meses no caso de uso de protese); relacionar-se, necessariamente, ao ato operatorio e o individuo deve apresentar urn dos se- guintes criterios: - secregao purulenta exteriorizada por dreno posicionado no interior de orgao/espago; - microrganismo isolado a partir de coleta asseptica de liquido ou tecido do orgao/espago; - identificagao de abscesso ou outra evidencia de infecgao, envolvendo orgao/espago, cuja identificagao pode ser considerada tanto por imagem quanto por exploragao cirurgica ou re- sultado histopatologico. Os AAls surgidos no pos-operatorio de operagoes abdominais devem ser suspeitados, clini- camente, em pacientes de risco que apresentem sintomas sistemicos como taquicardia, taquip- neia, leucocitose, elevagao ciclica ou persistente da temperatura corporal ou outras manifestagoes inflamatorias.11 LEMBRAR Dor abdominal e achado posslvel, restrita a urn ou dois quadrantes, mas a avaliagao e prejudicada em indivlduos sedados. Abaulamento palpavel no abdome pode, oca- sionalmente, ser encontrado. Sinais de irritagao peritoneal difusa alertam para a possibilidade de infecgao livre, como perito- nite difusa, o que requer rapida intervengao para controle da fonte. Em casos de grande acumulo de secregao, e possivel realizar a drenagem espontanea de material suspeito ou purulento atraves da incisao cirurgica, que, por esta razao, deve ser sempre reavaliada. Culturas de secregao coletada em incisao cirurgica tern valor altamente questionavel no contexto de paciente “multi-invadido” e nao sao recomendados, especialmente se a suspeita e de abscesso intracavitario. Com base na suspeita clinica, exames complementares podem ser solicitados, sabendo-se que a acuracia real nunca sera de 100%. Falso-negativos tern potencial de limitar condutas mais de- cisivas enquanto permitem piora clinica e afastam urn possivel momento ideal de tratamento. Por outro lado, falso-positivos podem conduzir a exploragao desnecessaria em pacientes criticos, com todos os riscos.11 Considerando-se as fragilidades do paciente, o estado inflamatorio e eventualmente septico, a exploragao cirurgica liberal pode constituir pratica nociva. Exame de imagem deve ser obtido sempre que o estado clinico permitir, tendo como principal finalidade diferenciar AAI de liquido livre abdominal ou colegoes dispersas, embora nem toda colegao ou liquido livre represente necessa- riamente infecgao intra-abdominal. Ultrassonografia (US), tomografia computadorizada (TC), ressonancia nuclear magnetica %= W (RNM) e cintilografia com galio (Ga), leucocitos marcados com indio (In) ou com tecnecio (Tc) sao exames que podem contribuir para o diagnostic de AAI. Em paciente com quadra clinico sugestivo de infecgao intra-abdominal, imagem circunscrita com caracteristica de liquido fala a favor de AAI, enquanto liquido amplamente distribuido sinaliza possivel peritonite difusa. Em qualquer situagao, e fundamental considerar o contexto clinico e abastecer o radiologista com o maximo de informagoes atinentes a doenga de base e ao procedi- mento cirurgico realizado. ULTRASSONOGRAFIA A US tern as vantagens de exame nao invasivo e pode ser realizada a beira do leito em circuns- tancias especiais. Entretanto, apresenta acuracia menor que a TC, menor capacidade de detecgao de abscessos pequenos e reduzida capacidade de avaliagao do retroperitoneo e pode apresentar variabilidade dependente do examinador. Pode guiar pungoes. O Alguns fatores prejudicam a US, como as limitagoes para o posicionamento do paciente,o ileo adinamico, a obesidade, a presenga de ostomia, os drenos, a peritoniostomia ea anasarca. A localizagao do AAI pode nao permitir acesso para a pungao (“janela tera- peutica”), o que tambem e fator limitante.8 PROACI SEMCAD £ 130 ¥ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EE-<c B ATC avalia com maior detalhamento o abdome. A injegao de contraste endovenoso ou via oral/en- | teral contribui para distinguir colegao de alga de intestino. A acuracia e superior a da ecografia para ^ detecgao de infecgao intra-abdominal, com vantagem de avaliar melhor retroperitonio e pancreas.z § Alguns aspectos podem sugerir colegao infectada, como gas, septagoes ou padrao de impregnagao g do contraste, porem a confirmagao se da atraves do isolamento de microrganismo. Drenagens de £ colegoes podem ser guiadas pelo exame.8 RESSONANCIA NUCLEAR MAGNETICA A RNM e capaz de demonstrar urn AAI com maior detalhe do que a TC e proporcionar definigao na relagao da lesao com estruturas adjacentes. Artefatos metalicos podem prejudicar dramaticamen- te o exame.8 0 custo e as peculiaridades do exame ou do paciente (claustrofobia, por exemplo) podem limitar sua utilizagao. CINTILOGRAFIA COM GALIO Acintilografia com 67Ga e estudo demorado pela realizagao e interpretagao, e dados da literatura a respeito de sua acuracia sao muito variaveis, com sensibilidade variando de 59 a 90%.8 Essa variagao pode ser explicada pelo aspecto tecnico, que pode influenciar o resultado. 0 acumulo localizado e o padrao de captagao do radiofarmaco podem sugerir colegao ou abscesso, porem falso-positivos podem ocorrer devido a impregnagao em paralelo de intestino, flgado ou bago.812 CINTILOGRAFIA COM LEUCOCITOS MARCADOS COM INDIO Acintilografia com leucocitos marcados com 111In apresenta uma acuracia intermediary entre a TC, que e superior, e a cintilografia com Ga. Enquanto a TC e a US nao sao capazes de distinguir cole- gao infectada de colegao esteril, leucocitos marcados acumulam-se apenas em zona de infecgao ou inflamagao. A sensibilidade em urn estudo mostrou ser de 86% para AAI.8 CINTILOGRAFIA COM TECNECIO A cintilografia com tecnecio (Tc-99m DMSA [de acido dimercaptosucclnico]) esta na mesma linha dos exames nao invasivos, que objetivam detectar infecgao intra-abdominal antes mesmo que te- nha havido sua organizagao sob a forma de abscesso, por exemplo. Qualquer nivel de captagao do Tc-99m DMSA no abdome e interpretado como positivo. Em comparagao a tecnica que utiliza o Ga, a TC apresenta as vantagens de utilizar farmaco mais barato e de ser realizada mais rapi- damente, embora nao haja comprovagao inequivoca de superioridade estatistica na acuracia que, em estudo recente, foi de 90,9%.13 131 5. Marque a afirmativa correta sobre os fatores de risco do AAI: A) Em relagao a genese de ISC, ha fatores de risco relativos ao hospedeiro/paciente e ao procedimento cirurgico e ao patogeno. Nlveis altos de albumina serica sao associados a pior estado nutricional e imunitario, o que piora o prognostico. B) Qualquer infecgao detectada devera ser tratada depois da realizagao de cirurgia eletiva. Perlodos longos de internagao pre-operatoria devem ser evitados. C) Igualmente, de diflcil avaliagao objetiva em estudos randomizados, mas de pratica recomendavel, a higiene, a assepsia correta da equipe cirurgica e o preparo da pele do paciente sao importantes,assim como o uso seletivo de antimicrobiano profilatico ou terapeutico. D) Reslduos grosseiros e debris nao removidos da cavidade raramente serao fontes de infecgao. 6. 0 que e fator de risco para abscesso abdominal intracavitario? A) Bom estado nutricional. B) Cirurgia eletiva. C) Espago morto. D) Nutrigao parenteral total. 7. Considere as seguintes afirmagoes sobre o AAI: I - Staphylococcus aureus e germes Gram-negativos sao os principals microrganis- mos implicados em abscessos abdominais. II - Infecgao intra-abdominal costuma ter origem endogena. III - Uso excessivo de antimicrobianos e mais observado em individuos com peritonite secundaria do que em individuos com peritonite terciaria. Esta(ao) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) I. B) II. C) lie III. D) I e III. Respostas no final do artigo 8. Pelos criterios do CDC, como e definida a ISC tipo orgao/espago? PROACI SEMCAD 132 o -<cIc_> CO < o CO 9. Analise as afirmativas a seguir sobre o diagnostico do AAI: I - AAls surgidos no pos-operatorio de operagoes abdominais devem ser suspei- tados clinicamente em pacientes de risco que apresentem sintomas sistemicos como taquicardia, taquipneia, leucocitose, elevagao ciclica ou persistente da temperatura corporal ou outras manifestagoes inflamatorias. II - Dor abdominal e achado posslvel, restrita a um ou dois quadrantes. Sua ava- liagao e facilitada em indivlduos sedados. Abaulamento palpavel no abdome e sempre encontrado. III - Sinais de irritagao peritoneal difusa alertam para a possibilidade de infecgao livre, como peritonite difusa, o que requer rapida intervengao para controle da fonte. Em casos de grande acumulo de secregao, e posslvel a drenagem espontanea de material suspeito ou purulento atraves da incisao cirurgica, que, por esta razao, deve ser sempre reavaliada. Esta(ao) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) I. B) I e III. C) II. D) lie III. Resposta no final do artigo 10. Com base na suspeita cllnica, exames complementares podem contribuir para o diagnostico de AAI. Cite alguns deles: 11. Com relagao ao diagnostico de AAI, que fatores prejudicam a US? 133 12. Para detecgao de abscesso intra-abdominal pos-operatorio, a TC apresenta como caracteristica: A) baixa acuracia. B) visualizagao ampla da cavidade peritoneal e retroperitonio. C) prejulzo pelo gas intestinal. D) prejuizo pela presenga de globo vesical. Resposta no final do artigo 13. Quais as vantagens e desvantagens da cintilografia com tecnecio, se comparada a tecnica que utiliza Ga? 14. Analise as afirmativas a seguir sobre exames de imagem: I - US abdominal e exame que pode ser realizado a beira do leito. II - Em paciente submetido a cirurgia abdominal e com febre, a TC de abdome (com contraste EV e VO) revelando llquido coletado na area operada faz o diagnostic de infecgao intra-abdominal. III - Exame de imagem negativo nao afasta a hipotese de infecgao intra-abdominal. Esta(ao) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) I. B) I ell. C) I e III. D) lie III. Resposta no final do artigo PREVENQAO 0 reconhecimento de fatores de risco e importante para estimar a probabilidade de ISC, pois o cirurgiao pode atuar desde o pre-operatorio da primeira operagao para diminuir essa complicagao.14 PROACI SEMCAD 134 o§E-<cIc_> CO < o m o coco LU £m PERIODO PRE-OPERATORIO Avaliagao especializada (cardiologica, pneumologica, nefrologica, etc.) deve ser realizada nos ca- sos de maior risco sempre que o quadro clinico permitir. Enfatiza-se o suporte nutricional, o ajuste de disfungoes, a valorizagao da relagao com o paciente, com orientagoes sobre o procedimento cirurgico e o pos-operatorio. PERIODO TRANSOPERATORIO Em relagao a antissepsia da pele do paciente, os ultimos estudos sugerem tendencia pela utiliza- gao da clorexidina alcoolica em relagao ao povidine, embora ainda nao sejam definitivos. Inclusive ha estudos enfatizando o “banho" com clorexidina na vespera e no dia da cirurgia. Atricotomia, quando indicada, deve ser realizada o mais proximo possivel do ato operatorio.15 # Alem do tratamento da doenga de base, o estadiamento da cavidade em quadrantescontaminados e importante para o prognostico, assim como tecnica e tatica corretas,evitando segundo dano, removendo reslduos, fibrina e debris e lavando amplamente a cavidade com solugao fisiologica aquecida, deixando pele e subcutaneo abertos na presenga de contaminagao grosseira. Sobre este ultimo aspecto, uma opgao menos radical e o fechamento terciario. 0 uso de drenos deve ser seletivo e judicioso, com preference aos de sistema fechado, evitando ao maximo drenos passivos tipo Penrose, de mao dupla. Drenos mistos, tipo sump, quando aplica- dos em cavidades de abscessos evacuados, podem permitir lavagem e aspiragao a beira do leito mediante tecnica asseptica. Fios de sutura recobertos com antibacterianos tern sido objeto de estudo para prevengao de ISC,16 assim como os efeitos da fragao inspiratoria de oxigenio no perio- peratorio, que parece melhorar os resultados quando em torno de 80% (Fi02 = 0,80) se comparado com concentragao de 30% (Fi02 = 0,30).17 PERIODO POS-OPERATORIO O pos-operatorio de operagao abdominal, especialmente no caso de urgencia traumatica ou nao traumatica, requer envolvimento integral do cirurgiao e equipe. Nesta fase, sao essenciais a sus- peigao clinica e a vigilancia para detecgao precoce do quadro infeccioso. Toda a equipe de- ve estar familiarizada com o quadro clinico, o exame fisico, o piano terapeutico e com as ultimas decisoes, para evitar surpresas, desajustes ou condutas divergentes. LEMBRAR O registro dos dados em prontuario e importante, assim como a revisao constante das prescrigoes, principalmente no caso de atendimento simultaneo com outros es- pecialistas. O controle de diurese e o balango hidrico devem ser vigiados, pois a oliguria pode representar necessidade de volume ou mesmo slndrome de resposta inflamatoria sistemica, ou sepse com disfungao de orgao. A febre pos-operatoria merece atengao, por nem sempre significar quadro 135 infeccioso, podendo ser devida a resposta do organismo ao trauma cirurgico. No ultimo caso, o uso de antibiotico apenas selecionara germes e dificultara o tratamento de posterior infecgao. TRATAMENTO OsAAls pos-operaforios devem ser entendidos como complicagoes cirurgicas, que geram morbidade e mortalidade. Nesse sentido, o paciente, a familia e o cirurgiao defrontam-se com urn novo problema potencialmente grave, as vezes inesperado, que pode requerer medidas tao drasticas quanto o retorno a sala cirurgica por uma ou mais vezes. As sequelas potenciais de infecgao intra-abdominal sao inumeras e, portanto, cabera ao cirur- giao, neste momenta, avaliar com precisao o problema, acercar-se ainda mais do paciente e/ou de seus familiares ou representantes legais e tomar as medidas necessarias. Infelizmente, ensaios controlados e randomizados em cirurgia sao escassos, sobretudo na area de urgencias e emergen- ces abdominais, devido a multiplicidade de quadras clinicos, formas de apresentagao, momentos de diagnostic, sem falar em equipe e rotina cirurgica. Assim, uma receita padronizada nao esta disponivel para o tratamento individual de cada paciente, estando as recomendagoes baseadas em evidences que favoreceram a maioria. DRENAGEM PERCUTANEA (GUIADA POR IMAGEM) 0 AAI circunscrito, sem liquido livre na cavidade e com “janela” para pungao por imagem, pode ser aspirado ou drenado, coletando-se material para cultura.1819 Nos casos de drenagem guiada, alguns radiologistas intervencionistas recomendam lavagem e aspiragao atraves de dreno, com so- lugao salina em pequena quantidade, algumas vezes ao dia, mediante tecnica asseptica. Instilagao de fibrinoliticos como uroquinase, ao termino do procedimento, poderiam potencializar a drenagem em casos selecionados, mas nao e pratica rotineira.20-21 CIRURGIA 0 AAI e doenga de tratamento operatario, em ultima analise. Em situagoes em que ocorrem multiplos abscessos, loculagoes, residuos grosseiros, abscessos entre algasde intestino, ausencia de "janela” para drenagem percutanea ou peritonite difusa, a exploragao cirurgica impoe-se.1822 Vale ressaltar que, mesmo diante de lesoes que favoregam drenagem guiada, a ausencia de dis- ponibilidade do metodo direciona o tratamento para o piano cirurgico. A laparotomia dispensa ins- trumental ou recursos especiais, o que torna essa via atrativa. Entretanto, abscessos circunscritos, isolados e em topografia favoravel podem ter manejo laparoscopico por cirurgioes experientes, nao se considerando a conversao para laparotomia uma complicagao. Cuidados cirurgicos rotineiros devem ser observados e tecidos friaveis manipulados com cautela, evitando novo dano. PROACI SEMCAD 136 o§E-<cIc_> CO < o m o coco LU £m Apos a drenagem, e importante a lavagem exaustiva da cavidade e inspegao da area WIonde se acumulava a secregao em busca de fator predisponente intraperitoneal, como inviabilidade de algas, deiscencia de anastomose, corpo estranho ou outro. Na presenga de deiscencia anastomotica ou inviabilidade segmentar intestinal, as opgoes sao diversas e dependem muito do comprometimento hemodinamico do paciente, sepse, disfungao de multiplos orgaos ou isquemia mesenterica. Em casos favoraveis, pode ser tentada a ressecgao dos bordos e a reanastomose, com todos os riscos, podendo-se utilizar alguma forma de ostomia divergente proximal em alga. Opgoes mais seguras incluem exteriorizagao das bocas ou tecnica de Hartmann. Casos de isquemia mesenteri- ca extensa possuem prognostico extremamente reservado. 0 uso de drenos, como ja comentado, deve ser seletivo, com preference para os de sistema fechado, embora drenos mistos permitam lavagem a beira do leito. CONDUTAEXPECTANTE Eventualmente, o cirurgiao ira deparar-se com a identificagao de AAI, drenando espontaneamente pela ferida operatoria, dreno ou oriflcio cutaneo de maneira autolimitada e oligossintomatica ( subcli- nicalleak ) , apos anastomose sobre o TGI.19 Pode ser a primeira manifestagao de fistula digestiva, que devera ser estudada e tratada conservadoramente, sempre que posslvel. Caso haja aumento ou persistence do AAI, dispersao intracavitaria, manifestagoes cllnicas de infecgao intra-abdominal nao controlada ou fatores complicadores intraperitoneais, medidas invasivas serao necessarias. 15. Quais os cuidados necessarios durante o pre-operatorio de pacientes com AAI? 16. Sobre o periodo transoperatorio de pacientes com AAI, e correto afirmar que: A) em relagao a antissepsia da pele do paciente, a opgao entre clorexidina alcoolica ou povidine nao apresenta tendencia para uma das escolhas. B) a tricotomia, quando indicada, deve ser realizada na vespera da cirurgia. C) alem do tratamento da doenga de base, o estadiamento da cavidade em qua- drantes contaminados e importante para o prognostico, assim como tecnica e tatica corretas, evitando segundo dano, removendo residuos, fibrina e debris e lavando, amplamente, a cavidade com solugao fisiologica aquecida, deixando pele e subcutaneo abertos na presenga de contaminagao grosseira. D) o uso de drenos deve ser seletivo e judicioso, evitando os de sistema fechado e dando preference, ao maximo, aos drenos passivos tipo Penrose, de mao dupla. Resposta no final do artigo 137 17. 0 pos-operatorio de operagao abdominal, especialmente no caso de urgencia trau- matica ou nao traumatica, requer envolvimento integral do cirurgiao e sua equipe. 0 que e essencial nesta fase? 18. 0 que pode significar quadra de febre pos-operatoria em pacientes com AAI? 19. Leia as afirmagoes a seguir sobre o tratamento dos AAls e escolha a alternativa que contenha a sequencia correta de V ou F. I - Os abscessos abdominais intracavitarios pos-operatorios devem ser entendidos como complicagoes cirurgicas, sem possibilidade de morbidade e mortalidade. II - As sequelas potenciais de infecgao intra-abdominal sao raras. Cabe ao cirurgiao avaliar com precisao o problema, acercar-se ainda mais do paciente e/ou seus familiares ou representantes legais e tomar as medidas necessarias. III - Uma receita padronizada nao esta disponivel para o tratamento individual de cada paciente, estando as recomendagoes baseadas em evidences que favo- receram a maioria. A) F - V - F. B) V - F- V. C) V - V - F. D) F - F - V. Resposta no final do artigo 20. Explique a tecnica de drenagem percutanea guiada por imagem: PROACI SEMCAD 138 o§E-<cIc_> CO < o ca e 21. Analise as afirmagoes a seguir sobre o AAI: I - Em pacientes com manifestagoes sistemicas de infecgao, abscessos abdominais entre algas e multiplos, desde que pequenos, sao mais bem tratados atraves de drenagem percutanea. II - Ao suspeitarde abscesso intra-abdominal, no pos-operatorio de apendicectomia, a principal preocupagao do cirurgiao deve ser o uso de antibioticos de espectro estendido que cubram Gram-negativos e anaerobios. III - Em pos-operatorio de cirurgia com anastomose sobre o TGI, taquicardia, leu- cocitose, dor abdominal e sinais de irritagao peritoneal levantam a hipotese de deiscencia/peritonite. Esta(ao) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) I e l l. B) II. C) III. D) lie III. Resposta no final do artigo USO DE ANTIMICROBIANOS ANTIBIOTICOPROFILAXIA Segundo diretrizes da Surgical Infection Society (SIS), antibiotico com o intuito de prevenir infec- gao pos-operatoria deve ser usado pelo tempo maximo de 24 horas* e nas seguintes situagoes:23 perfuragao intestinal traumatica ou iatrogenica operada dentro de 12 horas; perfuragao de estomago ou duodeno operada dentro de 24 horas; apendicite aguda ou gangrenosa sem perfuragao; colecistite aguda ou gangrenosa sem perfuragao; necrose intestinal transmural de origem vascular oclusiva (embolica ou trombotica) sem perfu- ragao, peritonite ou abscesso. *E importante a avaliagao da cavidade abdominal e realizar a estratificagao da infecgao, ja que pode haver infecgao local, locorregional e difusa, o que ira definir a conduta terapeutica antimicrobiana. ANTIBIOTICOTERAPIA o O papel do antibiotico deve ser entendido como coadjuvante no tratamento das infecgoesintra-abdominais, especialmente em se tratando de AAI. Entretanto, no caso de infecgaoestabelecida e com repercussao cllnica, a opgao por regime terapeutico convencional deve ser escolhida. Nao ha grande disponibilidade de estudos classe I a respeito do tempo ideal de uso de antimicrobia- nos para tratamento de infecgao intra-abdominal, mas a tendencia e pelo menor espago de tempo possivel. Segundo as diretrizes da SIS, duas correntes existem atualmente:23 pela primeira delas, o paciente recebe tratamento por 2 a 5 dias, dependendo da contaminagao da cavidade;24'26 pela segunda escola, observam-se os sinais e sintomas para se decidir pela interrupgao do tra- tamento. Estudos observacionais apontaram baixo risco de falha terapeutica em indivlduos que estavam afebris e com leucograma normal no momento do termino do tratamento.2728 Alem disso, urn estudo classe I e urn classe II mostraram que a descontinuagao do uso de antimi- crobianos no momento de resolugao dos sinais cllnicos de infecgao foi tao bem-sucedida quanto a terapia programada e resultou em menor tempo de uso de antibiotico.29-30 Casos de sintomas infla- matorios prolongados estao associados a falha terapeutica e deve ser afastado quadro cirurgico. Prolongar o curso de antibiotico ou meramente troca-lo nao sao, usualmente, recursos resolutivos.23 # Evidentemente, indivlduos de alto risco, “multi-invadidos”, com estadia prolongada emUTI e diversas reintervengoes, podem estar colonizados ou infectados por germes mul-tirresistentes. Esses sao casos em que a colaboragao do infectologista e do intensivista e, particularmente, crucial. 0 Quadro 1 mostra os antimicrobianos que cobrem infecgoes intra-abdominais, bem como suas do- ses e abrangencias. Diversos estudos comparando eficacia e seguranga entre regimes terapeuticos sao encontrados na literatura.31'36 Tern havido interesse crescente pela classe dos carbapenemicos. Quadro 1 ANTIMICROBIANOS CONTRA INFECQOES INTRA-ABDOMINAISMedicamento Espectro Dose Eliminagao Comentario Ampicilina- sulbactam MSSA, PSP, pneumococos, anaerobios. 1,5-3g EV 6/6 horas. Renal. Resistencia a Gram- negativos. Piperacilina- tazobactan Amplo espectro, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacteriaceae, MSSA, anaerobios, E. Faecalis. 3,375g EV 6/6 horas. Renal. Ticarcilina- clavulanato Amplo espectro, Stenotrophomonas maltophila, menos ativo contra P. aeruginosa do que piperacilina-tazobactan. 3,1g EV 6/6 a 8/8 horas. Renal. Interagao com aminoglicosidio pode inativar o efeito do medicamento. Cefoxitina Alguns Gram-negativos, anaerobios, incluindo B. fragilis. 2g EV 6/6 horas. Renal. Resistencia crescente a Gram- negativos. (continua) PROACI SEMCAD 140 o (continuagao) Medicamento Espectro Dose Eliminagao Comentario Cefotaxima Gram-positivos, incluindo pneumococo; Gram- negativos. 2g EV 8/8 horas Renal. Nao cobre P. aeruginosa. Ceftazidima Gram-negativos, incluindo P aeruginosa. 1-2g EV 8/8 horas. Renal. Nao cobre Gram- positivos. Ceftriaxone Pneumococo, hemofilos. 1-2g EV 12/24 horas. Renal, fecal. Cefepime? MSSA, amplo espectro Gram- negativo, P. aeruginosa. 1-2g EV 12/12 horas. Renal. Imipenem- cilastatina Amplo espectro, incluindo Acinetobacter calcoaceticus e A. baumanni. 0,5-1g EV 6/6 horas. Renal. Evitar em IRC. Ertapenem Gram-positivos, Gram- negativos, anaerobios. 1g EV 24/24 horas. Renal. Profilaxia em cirurgia colorretal. Nao cobre P. aeruginosa, enterococo ou Acinetobacter. Doripenem Amplo espectro, incluindo P. aeruginosa. 0,5mg EV 8/8 horas. Renal. Aztreonam Nao ativo contra Gram- positivo ou anaerobios. 1-2g EV 6/6 a 8/8 horas. Renal. Util em indivlduos com alergia a betalactamicos nao mediada por IgE. Gentamicina Gram-negativos, incluindo P. aeruginosa. 3-5mg/kg dose EV 1 vez ao dia. Renal. Atengao a nefrotoxicidade. Ciprofloxacino Enterobacteriaceae , P. aeruginosa, Serratia, hemofilos, gonococo, M. catarrhalis, Chlamydia, Mycoplasma, Legionella. 400mg EV 12/12 horas ou 500mg VO 12/12 horas. Renal. Tigeciclina MSSA, MRSA, GISA, MRSE, S. pyogenes, S. agalactiae, pneumococo, VRE, Gram- negativos aerobios, alguns anaerobios. 100mg EV 1x. Apos, 50mg EV 12/12 horas. Hepatica. Nao cobre P. aeruginosa. Evitar uso na insuficiencia hepatica. Polimixina B Infecgao por Gram-negativos suscetiveis, especialmente multirresistentes. 15.000 a 25.000U/ kg/dia EV 12/12 horas. Renal. Administrar volume e atentar para nefrotoxicidade. Metronidazol Gram-negativos, anaerobios (B. fragilis, Fusobacterium, Clostridium) 600mg EV 6/6 horas. Hepatica. Atengao na insuficiencia hepatica. MSSA: Staphylococcus aureus sensivel a meticilina.PSP: pneumococo sensivel a penicilina. MRSE: Staphylococcus epidermi- dis resistente a meticilina. GISA: glycopeptide Intermediate Staphylococcus aureus. VRE: enterococo resistente a vancomicina. Fonte: Modificado de Patel e Malangoni (2009).37 e 22. Em relagao aos antimicrobianos como parte do tratamento dos quadras infecciososabdominais, considere as seguintes afirmagoes: I - 0 quadra cllnico e decisivo para o inicio do tratamento, e nao a identificagao do patogeno. II - Na presenga de evolugao cllnica favoravel, o esquema iniciado deve ser mantido ainda que o antibiograma aponte resistencia. III - Medicamentos que sao utilizados para profilaxia nao devem ser empregados em regimes terapeuticos convencionais. Esta(ao) correta(s): A) Apenas I. B) Apenas II. C) Apenas II e III. D) I, lie III. 23. Considere as seguintes afirmagoes sobre o AAI: I - A antibioticoprofilaxia nao deve ser utilizada em apendicite aguda pelo fato de ser cirurgia contaminada. II - Em casos de peritonite por perfuragao de viscera oca, o tempo de exposigao do peritonio a contaminagao, o numero de quadrantes atingidos e o local da lesao influenciam a decisao por tratamento ou profilaxia. III - Conceitualmente, o abscesso abdominal intracavitario pos-operatorio e uma forma de ISC tipo orgao/espago. Esta(ao) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) II. B) I e l l. C) I e III. D) lie III. Respostas no final do artigo 24. Nao ha grande disponibilidade de estudos classe I a respeito do tempo ideal de uso de antimicrobianos para tratamento de infecgao intra-abdominal, mas a tendencia e pelo menor espago de tempo posslvel. Segundo as diretrizes da SIS, duas correntes existem atualmente. Defina cada uma delas: PROACI SEMCAD ^ 142 o§E-<cIc_> CO < o ca 25. Cite alguns antimicrobianos que cobrem infecgoes intra-abdominais, bem como suas doses e abrangencias: CASOS CUNICOS CASO CLINIC01 Paciente de 48 anos, masculino, com neoplasia de colon sigmoide (adenocarcinoma), com L J estreitamento subtotal da luz pela colonoscopia e estadiamento negativo para doenga a distancia (TC de abdome e torax), foi submetido a retossigmoidectomia com anastomose primaria. No 6° dia de pos-operatorio (DPO), passou a apresentar dor no baixo ventre e drenagem de material suspeito em pequena quantidade pelo tergo inferior da ferida operatoria, com odor fetido. Sua primeira evacuagao foi no 4° DPO e, apos o inicio da dor, evacuou mais duas vezes. Exame abdominal, com dor localizada no hipogastro, sem sinais de irritagao peritoneal. Nas ultimas 24 horas, apresentou frequencia cardiaca maxima de 92bpm, PAM 80mm Hg, curva termica com temperatura axilar maxima de 38°C (uma vez). 26. A partir dessas informagoes, qual sua suspeita diagnostica? Que procedimentos contribuiriam para confirmagao da suspeita? Resposta no final do artigo ATC revelou colegao restrita ao fundo-de-saco retovesical. Nas ultimas 6 horas, manteve CD diurese adequada, permaneceu hemodinamicamente estavel e a temperatura axilar nao foi maior do que 37,8°C. 0 exame fisico permaneceu inalterado, com dor limitada ao hipogastro, sem sinais de irritagao peritoneal. A colegao foi puncionada e drenada com o auxilio de TC. A secregao foi enviada para cultura, com isolamento de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae sensivel aos anti- microbianos usuais. 0 paciente recebeu 4 dias de antibioticoterapia e evoluiu sem febre ou outras manifestagoes inflamatorias e com leucograma normal. Os antibioticos foram suspensos. A evolugao foi favoravel, com redugao da drenagem, melhora do exame ab- dominal e evacuagoes pastosas. Controle tomografico foi realizado, com identificagao de fina lamina de liquido livre em fundo-de-saco. 0 dreno foi removido e o paciente recebeu alta com revisao ambulatorial programada. e 27. Nessa situagao, que fatores influenciaram a decisao de controlar a infecgao intra-abdominal por metodo nao cirurgico (drenagem guiada)? Resposta no final do artigo CASO CLINICO 2 Voce e o cirurgiao de plantao e e chamado para avaliar paciente do sexo feminino, de L J 13 anos, com dor abdominal ha 7 dias. Ela procurou atendimento em outro servigo de emergencia e recebeu tratamento ambulatorial para infecgao urinaria com ciprofloxacino. Sua mae informa que a paciente vem apresentando febre de ate 39°C ha 3 dias, piora progressiva da dor, nauseas, vomitos e ausencia de evacuagoes nas ultimas 24 horas. A ultima menstruagao foi ha 3 semanas e a paciente nunca manteve relagoes sexuais. Apresentava extremidades sudoreticas e frias, pulso de 128ppm, PA 90 x 60mm Hg, temperatura axilar de 38,8°C, frequencia respiratoria de 30mrpm e mucosas hipoidratadas. 0 exame abdominal revelou abaulamento visivel e palpavel, envolvendo ambos os quadrantes inferiores, consistency cistica extremamente dolorosa a palpagao e a des- compressao. Leucograma com 28.800 leucocitos, com predominio de formas jovens. US abdominal realizada no setor de emergencia mostrou, em situagao retrouterina, imagem de contornos parcialmente definidos, com 18cm no major diametro, cujo conteudo e de grumos grosseiros em meio a material liquido. 28. Com os dados apresentados no caso clinico 2, o quadro aponta: A) Abdome agudo inflamatorio. B) Abdome agudo hemorragico. C) Abdome agudo vascular isquemico. D) Abdome agudo obstrutivo. 29. Qual o proximo passo? A) Realizar TC para confirmar hipotesediagnostica e operar na sequencia. B) Trocar ciprofloxacino por carbapenemico e aguardar evolugao clinica. C) Trocar ciprofloxacino por carbapenemico, infundir fluidos EV e operar. D) Drenar por via percutanea com auxilio de exame de imagem. Respostas no final do artigo PROACI SEMCAD £ 144 o§E-<cIc_> CO < o ca A paciente foi submetida a laparotomia exploradora com achado de apendicite aguda com- L J plicada com abscesso, bloqueado. Apendicectomia foi realizada, com limpeza exaustiva da cavidade do abscesso, onde se colocou dreno tipo sump retirado por contraincisao. © 30. Quando deve ser suspenso o antibiotico? A) 10 dias. B) 14 dias. C) Quando nao houver sinais inflamatorios (febre, taquicardia, taquipneia, leucocitose, etc.) e a evolugao clinica for adequada. D) Quando cessar a saida de secregao suspeita pelo dreno de sump ou orificio. Resposta no final do artigo CONCLUSAO A ISC ocorre em 3% de todas as operagoes e em 20% das cirurgias abdominais de emergencia. Os germes Gram-negativos e os anaerobios sao os principais microrganismos envolvidos ( E. coli e B. fragilis ). Fatores de risco devem ser identificados e corrigidos, e a suspeita clinica deve ser apoiada em exames de imagem, que proporcionam maior precisao diagnostica. No tratamento da infecgao intra-abdominal, o controle da fonte infecciosa e etapa fundamental. A antibioticoterapia deve ser entendida coadjuvante no tratamento das infecgoes intra-abdominais. RESPOSTAS AS ATIVIDADES E COMENTARIOS Atividade 1 Resposta: A Comentario: B) Exemplos de infecgao abdominal incluem as diversas causas de abdome agudo inflamatorio, obstrutivo complicado, entre outros. C) Infecgao pos-operatoria ou ISC e uma compli- cagao temida em todas as especialidades. Atividade 2 Resposta: D Comentario: II) Sepse grave e choque septico sao possiveis complicagoes de cirurgias sobre o TGI, agravadas por deiscencia anastomotica ou abscesso sem controle adequado. A mortalidade decorrente de choque septico permanece alta, de 30 a 35%, em grandes series. Atividade 5 Resposta: C Comentario: A) Em relagao a genese de ISC, ha fatores de risco relativos ao hospedeiro/paciente e ao procedimento cirurgico e ao patogeno. Niveis baixos de albumina serica sao associados a pior estado nutricional e imunitario, o que piora o prognostico. B) Qualquer infecgao detectada devera ser tratada antes da realizagao de cirurgia eletiva. D) Residuos grosseiros e debris nao removidos da cavidade sao possiveis fontes de infecgao. Atividade 6 Resposta: C Comentario: A presenga de “espago morto” favorece o acumulo de secregoes e, consequentemen- te, aumenta o risco de abscesso. Atividade 7 Resposta: B Comentario: A origem dos AAls e predominantemente endogena. A microbiota e polimicrobiana, com destaque para Gram-negativos e anaerobios (TGI). Individuos com peritonite terciaria, por sofrerem varias cirurgias, tendem a usar mais antibioticos. Atividade 9 Resposta: B Comentario: II) Dor abdominal e achado possivel, restrita a urn ou dois quadrantes, mas a avaliagao e prejudicada em individuos sedados. Abaulamento palpavel no abdome pode, ocasionalmente, ser encontrado. Atividade 12 Resposta: B Comentario: A visualizagao do retroperitonio e vantagem do exame, que e independente do exa- minador. Atividade 14 Resposta: C Comentario: Nem todo llquido ou colegao pela tomografia e obrigatoriamente infectado ou conta- minado. Atividade 16 Resposta: C Comentario: No periodo transoperatorio, esforgos para o controle da fonte de contaminagao con- tribuem para diminuir o risco de abscessos no futuro. Atividade 19 Resposta: D Comentario: I) Os abscessos abdominais intracavitarios pos-operatorios devem ser entendidos como complicagoes cirurgicas, que geram morbidade e mortalidade. II) As sequelas potenciais de infecgao intra-abdominal sao inumeras e, portanto, cabera ao cirurgiao avaliar com precisao o problema, acercar-se ainda mais do paciente e/ou de seus familiares ou representantes legais e tomar as medidas necessarias. Atividade 21 Resposta: C Comentario: Abscessos entre algas e multiplos nao sao abordados com facilidade por via percutanea e, sim, por cirurgia. 0 controle da fonte e mais importante do que o uso de antibioticos. PROACI SEMCAD £ 146 g Atividade 22 > j| Resposta: D g Comentario: 0 tratamento empirico (sem identificagao do patogeno) deve ser realizado face a evi- § dencia clinica de infecgao. A boa resposta clinica indica que o regime terapeutico e eficaz e nao ha ^ razao para mudanga. Medicamentos com finalidades profilaticas devem ser restritos a essa finali-j dade devido ao risco de resistencia bacteriana. o I Atividade 23 <2 Resposta: D g Comentario: Apendicite aguda, sem peritonite purulenta, isto e, em fase flegmonosa ou mesmo supurativa, tipo “infecgao ressecavel", e passivel de antibioticoprofilaxia (menos de 24 horas). Atividade 26 Resposta: Ainda que infecgao incisional superficial possa ocorrer em virtualmente todos os procedi- mentos, em operagoes com anastomose sobre o TGI a possibilidade de deiscencia com fistula cuta- nea deve sempre ser considerada, sobretudo em casos com fatores de risco (desnutrigao, neoplasia, choque). Tomografia computadorizada e o exame de escolha, embora US tambem possa contribuir. Atividade 27 Resposta: 0 quadra clinico e radiologico aponta abscesso abdominal intracavitario sem repercussao peritoneal e sem sinais de sepse. 0 aspecto de colegao localizada permite a opgao por drenagem percutanea guiada por exame de imagem. Atividade 28 Resposta: A Comentario: 0 quadra apresentado e de abdome agudo inflamatorio complicado. Pode haver con- fusao com abdome obstrutivo, pois esse pode suceder (complicar) quadras inflamatorios. Atividade 29 Resposta: C Comentario: A paciente em questao apresenta sindrome septica. Sendo assim, e fundamental obter o controle da fonte de perpetuagao da infecgao o mais rapido possivel, nesse caso com cirurgia. Entretanto, e importante aproveitar esse periodo para corregao de disturbios eletroliticos e repo- sigao volemica. No caso, o antibiotico estava sendo utilizado de maneira errada, sem controle da fonte, o que prejudica sua eficacia. A opgao dada foi troca por carbapenemico, pelo amplo espectro e eficiencia, porem outro(s) antimicrobiano(s) poderia(m) ser escolhido(s) . Nesse caso, a microbiota a ser coberta e de infecgao abdominal comunitaria. Ciprofloxacino vem apresentando Indices cres- centes de resistencia em algumas series (ate 40%), o que deve limitar seu uso. Atividade 30 Resposta: C Comentario: A tendencia e pelo uso de antimicrobianos enquanto durarem as manifestagoes in- flamatorias sistemicas, sobretudo nesse caso, proveniente da comunidade, em geral isso ocorre em 5 a 7 dias. Isoladamente, drenagem de secregao pelo dreno ou oriflcio nao significa infecgao nao controlada. REFERENCES REFERENCES DO TEXTO ABSCESSOS ABDOMINAIS INTRACAVITARIOS- VERSAO FINAL 1. Mazuski JE, Solomkin JS. Intra-abdominal infections. Surg Clin North Am. 2009 Apr;89(2):421-37, ix. 2. Cheadle WC. Risk factors for surgical site infection. Surg Infect. 2006;7(Suppl 1):S7-11. 3. Turina M, Cheadle WC. Management of established surgical site infections. Surg Infect. 2006;7(Suppl 3):S33-41. 4. Barie PS. Surgical site infections: epidemiology and prevention. Surg Infect (Larchmt). 2002;3 Suppl 1:S9- 21. 5. Brun-Buisson C, Meshaka P, Pinton P, Vallet B; EPISEPSIS Study Group. 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