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exigibilidade do titulo de credito e protesto

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TEMA: EXIGIBILIDADE DE TÍTULO DE CRÉDITO E PROTESTO
1- EXIGIBILIDADE DE TÍTULO DE CRÉDITO
Conforme enuncia o artigo 887 do Código Civil, “o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”.
Assim, o título de crédito é um documento criado por lei no qual se menciona o direito ao crédito. Além de representar o crédito, faz prova do direito, devendo conter certos requisitos que lhe dão idoneidade.
Portanto, uma obrigação que surge de uma declaração unilateral.
Desta forma, o título de crédito é um documento representativo de um crédito cuja função principal é a de circulação de riqueza.
As principais características dos títulos de crédito são a cartularidade, literalidade e autonomia. Essas características são tão importantes que podem ser consideradas princípios.
O princípio da Cartularidade exige a existência material do título ou, o documento físico necessário. Assim sendo, para que o credor possa exigir o crédito deverá apresentar a cártula original do documento - título de crédito.
Garante, portanto, este princípio, que o possuidor do título é o titular do direito de crédito.
A palavra cartularidade deriva de “cártula”, que significa pequeno papel, e que decorre da materialização do crédito em um papel ou documento.
A teoria tradicional exige, para transferência do crédito, a necessária transferência do documento, considerando que não se pode falar em exigibilidade do crédito sem apresentação do documento no qual está materializado.
A execução só seria viável com a apresentação do original do título executivo extrajudicial, que, na maior parte das vezes, é o título de crédito.
Uma exceção a regra é a duplicata se afasta deste princípio, uma vez que expressa a possibilidade do protesto do título por indicação quando o devedor retém o título.
No princípio da Literalidade o título vale pelo que nele está mencionado, em seus termos e limites. Para o credor e devedor só valerá o que estiver expresso no título. Assim, literalidade corresponde ao que está inserido literalmente no documento chamado título de crédito.
Novamente, a duplicada é uma exceção, já que conforme estabelece o artigo 9°, §1°, da Lei n° 5.474/68: "a prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento, em separado, com referência expressa à duplicata".
Já no princípio da autonomia desvincula-se toda e qualquer relação havida entre os anteriores possuidores do título com os atuais e, assim sendo, o que circula é o título de crédito e não o direito abstrato contido nele.
A autonomia é requisito fundamental para a circulação dos títulos de crédito. Por ela, o seu adquirente passa a ser titular de direito autônomo, independente da relação anterior entre os possuidores.
O princípio da autonomia se desdobra em dois outros subprincípios, o da abstração e o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé.
O princípio da abstração define que as obrigações mantêm-se independentes umas das outras e no princípio da inoponibilidade das exceções pessoais, os devedores não podem alegar vícios e defeitos de suas relações jurídicas contra o portador de boa-fé que não participou do negócio jurídico do qual resultou a dívida que lhes é exigida.
Os títulos de crédito propriamente ditos são a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata.
Os títulos de crédito foram criados com o objetivo de promover a circulação de capital, mas devido a globalização e informatização ocorridos nos últimos anos, os títulos também se desenvolveram para se adequarem às mudanças.
Assim, a desmaterialização ou a inexistência da cártula não descaracteriza o título de crédito, denominada de descartularização, é a substituição do título físico (cartula) por meio eletrônico, desde que configurados os requisitos existentes na legislação em vigor.
Assim, não restam dúvidas de que a inclusão da possibilidade de se emitir títulos de crédito por meio eletrônico foi uma inovação legislativa, acarretando a sua descartularizacão.
O Código Civil de 2002, entretanto, evoluiu da teoria tradicional dos títulos de crédito, materializados e cartularizados, admitindo sua emissão por meio eletrônico.
Título de crédito eletrônico é aquele previsto no art. 880, § 3o, Código Civil.
O título de crédito poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.
A autenticidade dos títulos de créditos eletrônicos surge, ponderadamente, através da assinatura eletrônica, que atende aos requisitos probatórios de um documento “comum” por meio das chaves públicas e privadas.
2- PROTESTO
Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida, nos termos do artigo 1 da Lei 9492 de 1997.
O protesto é um ato público, pois embora o Tabelião exerça sua atividade em caráter privado, o serviço prestado é público. 
A Lei 9492 de 1997 dispõe que o protesto prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação. Assim, sem maior discussão, é assente o pensamento de que o protesto tem natureza probatória.
Nos termos do artigo 3º da Lei 9492 de 1994, trata-se de um ato privativo do tabelião de Protestos.
Assim, verifica-se que a principal finalidade do protesto é provar o descumprimento de uma obrigação originada em um título (cheque, letra de câmbio, duplicata, nota promissória, etc.).
O protesto, em si, não é interessante a nenhuma das partes e nem mesmo ao tabelião de protesto. O credor deseja a satisfação do seu crédito. O devedor não deseja que seu nome conste da lista dos “mau pagadores”.
O protesto é uma forma de pressionar o devedor, pois também se apresenta
com uma função de cobrança, tanto material como psicológica, tendo em vista que sendo o título protestado o crédito do devedor passa a ficar restrito.
O art. 1º da Lei 9.492/97 estabelece que possam ser protestados títulos e outros documentos de dívida. Os títulos de crédito são os títulos executivos extrajudiciais, tais como Cheques, Notas Promissórias, Duplicatas Mercantis e de Prestação de Serviço, Letras de Câmbio, Cédulas de Crédito Bancário. Títulos executivos judiciais (art. 584, CPC) são sentenças condenatórias proferidas em juízos cíveis, trabalhistas, federais ou em juizados especiais cíveis, desde que determinem o pagamento de quantia certa e estejam transitadas em julgado.
A Lei de Protestos, Lei no 9.492/97, admite, em seu art. 8º, parágrafo único, o protesto por indicação de duplicatas mercantis e de prestação de serviços, por meios magnéticos ou de gravação eletrônica de dados, com inteira responsabilidade do apresentante a respeito dos dados fornecidos.
Vê-se, pois, que desde 1997, já se admite o protesto de duplicata eletrônica na modalidade de indicação.
Conforme verificado, a descartularização dos títulos de crédito no Brasil foi inserida aos poucos no cenário comercial. Apesar de avanços na matéria, restam questionamentos como se as vantagens superam as desvantagens, para que efetivamente os títulos na forma eletrônica sejam títulos de fato aceitos pelas pessoas.
Os títulos de crédito atípicos, criados através de caracteres eletrônicos e estabelecidos pela legislação pátria, podem ser efetivamente caracterizados como títulos de crédito, e para se entender que um documento seja essencialmente um título de crédito, deve haver manifestação de vontade e boa-fé ao assinar o documento eletrônico.
Em momento algum se pretende excluir características fundamentais dos títulos de crédito; apesar do título na forma eletrônica não estar inserido em suporte físico cartular, a intenção em emitir determinado título de crédito deve prevalecer, e assim estar munido de seus requisitos indispensáveis, determinados através da lei pátria.
Segurança é um requisito fundamental, principalmenteno que tange ao meio eletrônico. Os títulos e documentos eletrônicos, para que possam ter um futuro garantido na sociedade devem obedecer aos requisitos mínimos de segurança, que apesar ainda demandarem altos custos para sua implementação, devem ser resguardados de meios eficientes de não intervenção de terceiros nas práticas comerciais, a fim de evitar fraudes e crimes cibernéticos.
Não se pode deixar de concluir que os títulos de crédito eletrônicos mantêm suas características próprias, mas em virtude da informatização do comércio, deve-se atentar para o fato de que nem todo documento eletrônico e apto à circulação pode ser caracterizado como título de crédito.

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