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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Unidade São Gabriel – Instituto de Psicologia Danielle Domingos Ingrid Silva Leandra Santos Márcia Nunes ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO VAGINISMO E DISFUNÇÃO ERÉTIL: controle de repertórios sexuais inadequados Belo Horizonte 2013 A disfunção sexual refere-se a uma dificuldade experimentada por um indivíduo ou um casal durante qualquer fase de uma atividade sexual normal, incluindo desejo, excitação ou orgasmo, causando sofrimento e dificuldade interpessoal. DISFUNÇÕES SEXUAIS VAGINISMO Vaginismo é caracterizado pela contração involuntária recorrente ou persistente dos músculos do períneo próximo ao terço inferior da vagina, quando tentado a penetração vaginal pelo pênis, dedo, tampão ou espectro ginecológico (bico de pato). Vagina vaginismo A mulher não consegue controlar o movimento de contração; Precipitado por tentativas reais ou imaginárias de penetração; Apresenta fobia de penetração; Dor física no início do coito; Opiniões aversivas a respeito do sexo podem gerar um quadro de vaginismo; Acomete 25% das mulheres que buscam ajuda; Gera humilhação, ansiedade e angústia. vaginismo Primário - a pessoa nunca foi capaz de ter relações sexuais; Secundária – a pessoa já tem uma história de penetração vaginal, mas por algum fator não consegue querer o ato sexual; Global (incapaz de colocar qualquer coisa na vagina) ou situacional (capaz de usar um absorvente interno e tolerar um exame ginecológico, mas não pode ter relações sexuais). Causas prováveis do vaginismo Pode ser psicológico - Uma experiência desagradável: o abuso sexual passado, ou foi doloroso a primeira tentativa de coito vaginal; Medo extremo de penetração por causa da crença errada de que a vagina é muito pequeno para acomodar um pênis ereto, o medo da gravidez ou intimidade; Sentimentos negativos não expressados em direção ao marido; Ortodoxia religiosa; Dor-tensão-dor Causas ciclo. DISFUNÇÃO ERÉTIL “O transtorno erétil masculino é caracterizado pela incapacidade constante para obter ou manter uma ereção peniana adequada até a conclusão do ato sexual satisfatório.” (DSM IV) DISFUNÇÃO ERÉTIL Acomete até 50% dos homens em dado momento. Pode ter origem em diversos fatores, tanto orgânicos, quanto psicológicos, e ou a combinação de ambos. CAUSAS ORGÂNICAS DA DISFUNÇÃO ERÉTIL Urológicas: fimose, prostatites, traumatismo, infecções, uretrites, cistites e etc. CAUSAS ORGÂNICAS DA DISFUNÇÃO ERÉTIL Endocrinológicas: diabetes, reduzindo o nível de testosterona; Vasculares: ereção como fenômeno vasocongestivo; Neurológicas: lesões encefálicas, traumatismos, tumores, infecções. CAUSAS PSICOLÓGICAS DA DISFUNÇÃO ERÉTIL Fatores emocionais relacionados a história de vida; Estresse; Ansiedade; Temor de desempenho; Vergonha; Preocupação com o desempenho sexual, etc. TRATAMENTO COMPORTAMENTAL COGNITIVO Promoção de mudanças comportamentais, que diminuam o sofrimento e aumente as contingências reforçadoras Avaliação cuidadosa com o objetivo de identificar na história do paciente as funções do comportamento sexual inadequado. Intervenção a partir de uma educação sexual como fator relevante na busca de auto conhecimento Rigorosa descrição dos repertórios comportamentais 13 OBJETIVO Investigar as variáveis causadoras e mantenedouras do vaginismo e disfunção erétil em um casal, casados há 6 anos. Controlar o uso de instrumental técnico comportamental e cognitivo específico para a problemática e para cada participante de acordo com o que foi detectado. Treinar habilidades sexuais e habilidades gerais com o intuito de controlar os comportamentos-problemas e facilitar a aquisição de novos comportamentos Método Participantes: (P1) Rebeca, 25 anos, ensino médio, classe média baixa, corretora; (P2) Cristiano, 26 anos, ensino médio, classe média baixa, corretor. Materiais e Ambiente Consultório particular; Materiais didáticos e pedagógicos; Instrumentos psicológicos: QHV, BDI, BAI, DRC’s e TCLE. Linha de base de Rebeca (P1) 1ª Sessão: levantamento de informações; 2ª á 3ª Sessões: análise de respostas; 4ª Sessão: avaliação de respostas; 5ª á 6ª Sessões: Análise Funcional; Linha de base de Rebeca (P1) 7ª á 8ª Sessões: Educação Sexual; 9ª e 10ª Sessões: treino do manejo; 11ª Sessão: Dessensibilização Sistemática; 12ª Sessão: exposição In Vivo; 13ª á 17ª Sessões: Avaliação Final. Linha de base de Cristiano (P2) 1ª Sessão: levantamento de informações; 2ª á 3ª Sessões: análise de respostas; 4ª Sessão: avaliação de respostas; 5ª á 6ª Sessões: Análise Funcional; 7ª á 8ª Sessões: Educação Sexual; 9ª e 10ª Sessões: treino do manejo; 11ª Sessão: Dessensibilização Sistemática; 12ª Sessão: exposição In Vivo; 13ª á 17ª Sessões: Avaliação Final. Linha de base de Cristiano (P2) Linha de base do casal (P1) e (P2) 1ª Sessão: construção de uma relação conjugal saudável; 2ª á 3ª Sessões: processo de envolvimento íntimo; 4ª á 5ª Sessões: orientação para o ato sexual; 6ª Sessão: concentração nas sensações produzidas pelo ato sexual; 7ª á 10ª Sessões: Avaliação Final. Resultados Rebeca e Cristiano Lar de educação rígida e conservadora; Falta de diálogo informativo entre pais e filha; Medo, ansiedade e tristeza; Enrijecimento do corpo diante da possibilidade do ato sexual; Rebeca – História Clínica Diagnóstico de Vaginismo após 5 anos de casada; Perineotomia e hormônios orais; Seu maior desejo desde o casamento era conseguir realizar a relação sexual completa; Encaminhada por uma orientadora espiritual. BDI Depressão moderada. BAI Ansiedade moderada Estímulo Respostas Consequências Esposo entra no quarto do casal e tenta ter relação sexual com Rebeca Privadas: ”Não quero fazer isto. Sei que sentirei dor. Estou com muito medo”. Públicas: começa a chorar e pede para parar. O esposo não compreende seu desespero. Casal entra em conflito; esposo age hostilmente; Rebeca intensifica o choro; aumenta o mal-estar corpóreo, sentindo muita dor. análise funcional de situações desagradáveis Auto regras negativas e Intervenção Auto regras Intervenção Resultado “O pênis dele é grande, não vai caber dentro de mim; vai me machucar; sangrar; rasgar-me toda”. Análise funcional; Exercício de Respiração; Técnica do espelho; Educação Sexual; Treino de assertividade; reestruturação cognitiva; Exercício de Kengel; Refutando Ideias Irracionais; Dessenssibilização In Vivo (Dedo, prótese peniana, tampão). “Sinto-me mais calma: estou vencendo o medo”. “Quero poder realizar o ato sexual completo, um dia”. “Desejo ser feliz com meu esposo”. Cristiano – História Clínica Lar conflituoso; Mãe fria, amarga, distante e cobradora; Sem informações sobre educação sexual; Namorou por 3 anos e casou-se virgem. Rejeição, frustração, humilhação e revolta; Há 4 anos desenvolveu a disfunção erétil; Ansiedade e tristeza; Inclusão terapêutica sexual à convite da esposa. BDI Depressão leve. BAI Ansiedade moderada análise funcional de situações desagradáveis Estímulo Respostas Consequências No quarto de hotel: aproxima-se para a relação sexual Privadas: Medos e dúvidas Ex: Sou inexperiente! Ansiedade, medo e desconforto. Públicas: toca a esposa com ansiedade e pressa. Sente-se fracassado, incapaz, frustrado por não controlar o medo. Procura a esposa e ela se esquiva dele Privadas: Sente-se traído, rejeitado e fracassado. Públicas: afasta agressivamente da esposa Esquiva-se de cena e áudios eróticos, contato com as genitálias e desenvolve função erétil. Auto regras negativas e Intervenção Auto regras Intervenção Resultado Conformado com a situação. Sentimento de humilhação, frustrado, incapaz e fracassado. Esposa é culpada pela disfunção erétil. Análise funcional Exercício deRespiração Educação Sexual Treino Assertividade Dessensibilização Sistemática Reestruturação Cognitiva Imaginação de enfretamento Participar do processo terapêutico. Sentimento de capacidade para tentar mudar a situação. Controle da ereção e inclusão da esposa no processo. Análise funcional do comportamento sexual do casal Estímulo Respostas Consequência Quarto preparado romanticamente, casal vestidos de forma apropriada para o primeiro encontro sexual após a intervenção. Privadas: R: Sem medo sentir dores e ansiedade. C: Sente-se potente e feliz Públicas: R: Carícias no esposo com intimidade. C: Carícias com movimentos seguros. Ocorreu ato sexual completo. O casal sente-se realizado e feliz. Avaliações Investigação das variáveis ambientais; Apresentação de queixas sobre a relação sexual do casal; Influência da história de vida do casal; Resultado do BDI e BAI no início do tratamento. Análise Funcional “ Busca dos determinantes da ocorrência de um comportamento. Sob uma perspectiva Behaviorista Radical , esses determinantes estão na interação do organismo com o meio”. (Moreira e Medeiros, 2007 p.146) Regras que controlam o comportamento negativamente; Discriminar correta as respostas emocionais, fisiológicas e comportamentais; Interesse pelo tratamento; Intervenções teórico-técnico utilizados para melhoria nas habilidades. Resultados Aprendizado de novas regras assertivas; Desenvolvimento de repertórios para a qualidade da relação sexual do casal; Controle das disfunções; Melhoria no resultado do BDI e BAI. “O manejo da ansiedade sugere contribuição ao controle das respostas emocionais e fóbicas”. (Garcia, 2010 p.39) Resultado final Ocorrência de ato sexual completo do casal. Referência Bibliográfica GARCIA, Marcos Ribeiro. et al. Sobre comportamento e cognição: Análise experimental do comportamento, cultura, questões conceituais e filosóficas. São Paulo: ESETec Editores Associados. 2007. MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007. 221p.
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