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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância Gestão de Pessoas Atração, Seleção e Desenvolvimento de Pessoas Autor: Francisco Bayardo Mayorquim Horta Barbosa EAD – Educação a Distância Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação 2 www.eunapos.com.br SUMÁRIO UNIDADE 1 – RECRUTAMENTO DE PESSOAS .................................................. 03 1.1 Métodos de recrutamento.................................................................................. 04 1.2 Fatores que influenciam no recrutamento ......................................................... 06 UNIDADE 2 – SELEÇÃO DE PESSOAS ............................................................... 08 2.1 Etapas de seleção de pessoal ........................................................................... 08 2.2 Métodos de seleção .......................................................................................... 12 UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS DE DECISÃO PARA SELEÇÃO ........................... 21 3.1 A importância de saber tomar decisões ............................................................ 21 3.2 O processo de tomada de decisões .................................................................. 22 3.3 A seleção como processo de decisão ............................................................... 24 3.4 Etapas da tomada de decisões ......................................................................... 28 UNIDADE 4 – ANÁLISE DO CARGO ..................................................................... 31 4.1 Descrição de cargos .......................................................................................... 31 4.2 Valorização dos postos de trabalho .................................................................. 33 UNIDADE 5 – EMPREGABILIDADE ...................................................................... 37 5.1 Os seis pilares da empregabilidade ................................................................. 40 UNIDADE 6 - MERCADO DE RECURSOS HUMANOS ......................................... 42 6.1 Sistema de Administração de Recursos Humanos ........................................... 44 6.2 Subsistema de Desenvolvimento de Recursos Humanos ................................. 55 6.3 Evolução do Processo de Treinamento e Desenvolvimento ............................. 64 3 www.eunapos.com.br UNIDADE 1 – RECRUTAMENTO DE PESSOAS As organizações são entidades (públicas ou privadas) formadas por colaboradores, com o objetivo de realizar tarefas para determinado público. Esses colaboradores são denominados trabalhadores, empregados, servidores, etc., que exercem suas atividades dentro dos planos estratégicos da organização. Assim, torna-se imprescindível despertar o interesse de candidatos aos postos de trabalho das organizações, no momento em que estas disponibilizam vagas de trabalho. A primeira etapa desse processo, que antecede à seleção (de pessoas), é a atração de candidatos, com os devidos requisitos técnicos inerentes às tarefas de trabalho a serem desenvolvidas. É o que se denomina Recrutamento. Dentre alguns dos significados, recrutar é sinônimo de juntar, reunir, arregimentar (pessoas para uma tarefa) (MICHAELIS, 1998). Isso vai ao encontro das ações das organizações, que buscam atrair o maior número de candidatos qualificados a um cargo (KRUMM, 2005). Entretanto, para atrair pessoas faz-se necessário a utilização de técnicas e métodos para a seleção de mão de obra qualificada; que tenha a qualidade necessária para as responsabilidades do cargo (RODRIGUES, 1997). Ou seja, o objetivo é atrair o maior número possível de “candidatos qualificados” com a menor despesa (CUNHA, 2011). O investimento em recrutamento varia de acordo com o porte da organização e, também, das experiências anteriores (da organização) de atração de pessoas; o que não significa que empresas maiores investem mais recursos financeiros do que as menores. É certo, porém, que um programa de recrutamento bem sucedido é indicado pela retenção de pessoal que foi contratado. Fonte: http://migre.me/4yzIk 4 www.eunapos.com.br 1.1 Métodos de Recrutamento Fonte: http://migre.me/4yzQD As organizações podem recrutar (ou atrair) candidatos de três maneiras: o recrutamento interno, o recrutamento externo, e o misto (KRUMM, 2005). O tipo de recrutamento escolhido pelas empresas visa atender suas necessidades e depende de sua criatividade. O recrutamento interno desenvolve a ação dentro da organização. É econômico e demonstra interesse na promoção de seus colaboradores, além de ter um funcionário que conheça a filosofia da empresa. Entre outras desvantagens, tem- se: a insatisfação dos chefes de setores (ou departamento; ou divisão) quando veem seus colaboradores migrarem para outras áreas e a recusa de um candidato (interno) para a nova vaga. O recrutamento externo, como o próprio nome indica, envolve ações externas à organização. Existem várias formas desse recrutamento, citaremos alguns exemplos, de acordo com Gil (2001): a) cartazes: de baixo custo, veículo estático e recomendado para cargos simples, atinge um bom número de candidatos principalmente se fixado em local de grande movimento; b) recomendação: pode ser realizado por pessoas de dentro ou fora da empresa. No Método econômico devem-se estabelecer critérios para que a recomendação atenda especificamente às exigências pertinentes ao cargo; 5 www.eunapos.com.br c) pessoal dispensado: torna-se vantajoso quando admite antigos funcionários, desde que estes não tenham sido dispensados por justa causa. Esses colaboradores já conhecem a filosofia da empresa; d) agências: é um método mais objetivo e profissional, pois compete à agência recrutar e entrevistar, além do sigilo e a seleção, apenas, dos candidatos selecionados. Uma desvantagem para as agências refere-se à situação econômica do país, quando há uma crise no setor e muitos desempregados recorrem a esta organização e, em grande parte, sem o nível de qualificação requerido pelas empresas; e e) Headhunters (caça-talentos): voltado a executivos de alto nível. Possibilita contratar pessoal qualificado em um curto período de tempo, pois os headhunters mantêm um banco de dados com profissionais dispostos a mudarem de empresas. A Figura 1 mostra alguns métodos externos de recrutamento: Figura 1 – Alguns métodos de recrutamento externo Fonte: Adaptado de Krumm (2005, p.162). 6 www.eunapos.com.br O terceiro tipo de recrutamento é o misto, que envolve os dois tipos anteriores, com atividades internas e externas. Disponibiliza vagas nos diversos meios de comunicação (CUNHA, 2011). 1.2 Fatores que influenciam no recrutamento Independente do método utilizado, Krumm (2005) descreve que as pesquisas mostram três fatores relevantes, no resultado do processo de contratação: fatores dos candidatos; fatores dos entrevistadores; e as prévias realistas dos cargos. Para o recrutador, constituem características mais importantes no candidato: a capacidade de comunicação; o entusiasmo; a motivação; as credenciais; a graduação universitária. De acordo com a mesma pesquisa, características menos importantes são classificadas pelos recrutadores e servem como parâmetro para os futuros candidatos: senso de humor; capacidade de preparação de relatórios; experiências em empregos temporários ou empregos de meio expediente; capacidade de resolver conflitos; atividades extracurriculares. 7 www.eunapos.com.br Os candidatos também tomam decisões sobre as empresas que buscam contratá-lo. Segundo Krumm (2005), os candidatos observam os seguintes fatores: satisfação com a comunicação durante a entrevistade recrutamento; flexibilidade do trabalho; competência do recrutador; composição sexual dos painéis de entrevistas; demora da entrevista. Exercício 1 Em um processo de recrutamento, algumas características são consideradas mais relevantes. Assinale a alternativa que apresenta estas características: a) A Capacidade de comunicação; as credenciais; a graduação universitária; a responsabilidade; e o entusiasmo. b) A Capacidade de comunicação; o entusiasmo; a motivação; as credenciais; e a graduação universitária. c) A Capacidade de comunicação; a responsabilidade; a motivação; as credenciais; e a graduação universitária. d) A Capacidade de comunicação; a segurança; o entusiasmo; a motivação; as credenciais; e a graduação universitária. e) A Capacidade de comunicação; a graduação universitária; as credenciais; o entusiasmo; e a responsabilidade. 8 www.eunapos.com.br UNIDADE 2 – SELEÇÃO DE PESSOAS 2.1 Etapas de seleção de pessoal A crescente competitividade dos mercados, o acesso mais rápido às informações e a disseminação da tecnologia fizeram com que o consumidor entendesse melhor os processos de produção/serviços e exigisse mais qualidade de produtos e serviços. O resultado dessa mudança de comportamento implica a adoção de processos de produção qualitativos e, também, recursos humanos mais bem preparados. Dessa forma, busca-se o preparo dos candidatos ao mercado de trabalho, para que desempenhem tarefas com eficiência e contribuam para o desenvolvimento da organização. No setor privado, isso significa que o bom resultado deve gerar mais lucro (MIGUEL, 2001). No setor público, significa a satisfação da sociedade em resposta aos impostos que se pagam ao Estado. Nesse sentido, a seleção de pessoal objetiva a combinação do indivíduo com as ocupações para as quais se candidata. Para tanto, é relevante que haja uma pré- determinação de funções, cuja seleção se encarrega de detectar as habilidades e/ou características necessárias para a adaptação da pessoa às atividades da organização (CODO, 1984). Nessa seleção, algumas etapas devem ser observadas: 9 www.eunapos.com.br Figura 2 – Etapas da seleção de pessoal Fonte: http://www.conaven.com.br/recrutamento.htm A seleção de pessoal é a ação de escolha certa de uma pessoa para ocupar um cargo (vago) em uma instituição (pública ou privada). Segundo Chiavenato (1998, p.221), ela “faz parte do processo de provisão de pessoal”, após o recrutamento. Para esse autor, selecionar e recrutar são fases de um mesmo processo: introduzir o recurso humano na organização/instituição. Fonte: http://migre.me/4yCeZ Segundo Fiorelli (2001, p. 214), “a contratação de pessoas certas para a tarefa é a primeira oportunidade para selecionar funcionários com as características próprias para a satisfação do cliente”. O que pode resultar, com maior probabilidade, em pessoas bem-sucedidas nos postos de trabalho e melhores resultados para a organização. Ainda, assim, a organização pode selecionar alguém que não atenda suas expectativas como esperado. http://migre.me/4yCeZ 10 www.eunapos.com.br A escolha certa de um candidato pode levar ao sucesso dos programas de aumento de produtividade dos funcionários, o que possibilita o aumento da receita e a diminuição das despesas da organização. Com colaboradores que aprendem mais facilmente, com menor índice de erros (ou desperdício, ou retrabalho), as empresas gastam menos com programas de treinamento e capacitação (SANTOS; FRANCO; MIGUEL, 2003). Figura 3 – O processo de seleção de pessoal Fonte: Krumm (2005:165). Selecionar pessoas indica a resolução de dois problemas básicos: a) adequação do homem ao cargo; e b) eficiência e eficácia do homem, no cargo (CHIAVENATO, 1998). Dentre os conceitos apresentados, está o desenvolvimento de um programa de seleção de pessoal (CASCIO, 1998; GATEWOOD; FIELD,1998): análise do cargo; identificação das dimensões de desempenho do cargo; identificação do conhecimento e habilidades necessárias para o cargo; 11 www.eunapos.com.br desenvolvimento/seleção/validação de instrumentos de medidas para acessar o conhecimento e habilidades do candidato; e uso de tais instrumentos de medida no processo de seleção de candidatos. A seleção, segundo Chiavenato (1998), “é um processo de comparação entre duas variáveis”, em que o eixo X é denominado “especificações do cargo” e Y representa “as características do candidato”. Sendo x maior que y, pode-se afirmar que o candidato não preenche os requisitos para o cargo. Tendo-se a igualdade entre x e y, o candidato reúne as condições para exercer o cargo. Se y for superior a x, o candidato está acima das exigências prescritas para o cargo (Figura 3). Nessa comparação se admite flexibilidade como observação das principais características apresentadas pelo candidato. A comparação serve como um referencial semelhante ao controle de qualidade de produtos e processos. Exige-se, dentro do padrão de controle, o mínimo para o desenvolvimento das atividades dentro de um cargo. X Y Versus Figura 4 – Seleção de pessoal como uma comparação Fonte: Chiavenato (1998, p. 223). Especificações do cargo Características do candidato O que o cargo requer O que o candidato oferece Análise e descrição do cargo para saber quais os requisitos que o cargo exige do seu ocupante Técnicas de seleção para saber quais as condições pessoais para ocupar o cargo desejado 12 www.eunapos.com.br Exercício 2 1. O processo de seleção de pessoas requer uma “Seleção e filtragem de pessoal” com muito rigor. Diversos instrumentos podem ser utilizados para este fim, EXCETO: a) Centros de avaliação e aplicação de testes psicológicos. b) Currículos e entrevistas. c) Aplicação de testes psicológicos e Verificação dos antecedentes e das referências. d) Entrevistas e boa aparência do candidato. e) Teste de aptidão física. 2. Segundo Chiavenato, a seleção é a comparação entre duas variáveis. Assinale quais são essas variáveis, nos respectivos eixos (X e Y): a) Eixo X (especificações do cargo); Eixo Y (as características do cargo). b) Eixo X (as características do candidato); Eixo Y (as especificações do cargo). c) Eixo X (as características do candidato); Eixo Y (as características do cargo). d) Eixo X (as características do cargo); Eixo Y (especificações do cargo). e) Eixo X (especificações do cargo); Eixo Y (as características do candidato). 2.2 Métodos de Seleção As diversas formas de seleção têm como objetivo comparar, decidir e escolher qual o melhor candidato para as tarefas na organização. Isto pode ser alcançado por meio de técnicas de entrevistas, provas de conhecimentos (ou capacidade), testes psicométricos e técnicas de simulação (CHIAVENATO, 1999). A seleção pode ser realizada a partir de entrevistas mais simples, com subjetividade na escolha dos candidatos, até a utilização de métodos científicos, que se mostram mais eficazes. No primeiro, há o risco da escolha ser tendenciosa e imprecisa (SPECTOR, 2003). A escolha do método depende da necessidade da organização, o tempo para a escolha do candidato, os custos envolvidos no processo de seleção, entre outros fatores. Gil (2001) descreve sobre o método: 13 www.eunapos.com.br Existem diversos procedimentos adequados para identificar as características pessoais de cada candidato, com vista em possibilitar a seleção dos mais aptos. Esses procedimentos – métodos de seleção – permitem o conhecimento não apenas das habilidades dos candidatos, mas também a previsão de seu comportamento no cargo a ser ocupado. Para que isso ocorra é necessário garantir que o procedimento apresentevalidade e fidedignidade. Assim, um método de seleção pode ser válido quando é capaz de medir as características que realmente são importantes para o desempenho das atribuições do cargo que irá ocupar (GIL, 2001: 98). Fonte: http://migre.me/4yCX0 2.1.1 Análise dos currículos Fonte: http://talentohumanorh.blogspot.com/2010_08_01_archive.htm Os cargos mais elevados, em geral, são objetos da apresentação do currículo por parte dos candidatos, pois revelam mais informações do que um formulário de inscrição. Entretanto, esse deve ser combinado com outro método, como, por exemplo, a entrevista, para melhor visão real do candidato. A avaliação do currículo deve ser feita por um profissional habilitado, pois quanto mais informações ele contém, maiores são os cuidados de verificação, o cruzamento de dados e a confirmação diante do candidato durante a entrevista. http://talentohumanorh.blogspot.com/2010_08_01_archive.htm 14 www.eunapos.com.br Ao analisar um currículo é recomendável a atenção para alguns itens (GIL, 2001): competência profissional: avaliar os motivos para a mudança de emprego e, em caso de mudanças anteriores, os benefícios profissionais alcançados; desejo de permanência no emprego e de seguir carreira: verificar os vazios existentes entre os empregos. Se há instabilidade na permanência dos empregos e se conferem com as informações, muitas vezes, pouco esclarecedoras no currículo; experiência prática: excesso de cursos de qualificação nem sempre indicam a aplicação (prática) dos mesmos. A relação dos cursos realizados se aplica às atribuições do cargo; adequação ao grupo: priorizar os candidatos cujos conhecimentos e habilidades podem ser entendidos com mais clareza. Citar que detém “conhecimento em determinada área”, não torna possível mensurar o nível de conhecimento existente; vontade de trabalhar e de aceitar novos desafios: verificar se as experiências descritas vão além das exigidas pelos cargos ocupados pelo candidato; e orientação para os lucros e melhoria de desempenho: item cuja identificação é mais difícil. Porém, avaliar como o candidato desempenhou suas atividades anteriores, suas responsabilidades, podem indicar como será a sua atuação futura. Exercício 3 A análise de currículo requer a realização da tarefa por parte de um profissional habilitado, com base em definições conceituais estabelecidas. Assinale a alternativa correta que exprime esse conceito: a) Vontade de trabalhar e de aceitar novos desafios: as experiências descritas são as mínimas exigidas. 15 www.eunapos.com.br b) Experiência prática: excesso de cursos de qualificação só beneficia o candidato. c) Adequação ao grupo: priorizar os candidatos cujos conhecimentos e habilidades podem ser entendidos com mais clareza. d) Orientação para os lucros e melhoria de desempenho: item de fácil identificação, mas avaliação menos relevante no processo. e) Competência profissional: mudanças de empregos não importam; nem os benefícios alcançados em tal decisão. 2.1.2 Testes escritos Os testes escritos devem-se aplicar no preenchimento de cargos que necessitam de conhecimentos específicos. Ou para aqueles que requerem habilidades específicas, como a de redação. As modalidades mais comuns nos testes escritos são: dissertação, testes com perguntas abertas e testes com perguntas fechadas. Ao elaborar este tipo, deve-se levar em consideração o perfil do cargo, para que o conteúdo seja compatível ao que se deseja do candidato. Além disso, as questões não podem possibilitar múltiplas interpretações, gerando dúvidas no candidato e desconfiança no processo de seleção. 2.1.3 Testes psicológicos No contexto da psicologia como ciência, surgiu e se desenvolveu o teste psicológico. Estes “foram criados, e utilizados para determinar e analisar diferenças individuais com relação à inteligência, aptidões específicas, conhecimentos escolares, adaptabilidade vocacional e dimensões não intelectuais da personalidade” (FORMIGA; MELLO, 2000, p.13). Os testes psicológicos podem avaliar o potencial intelectual dos candidatos, suas habilidades específicas (raciocínio verbal, raciocínio abstrato, raciocínio mecânico, etc.) além dos traços de personalidade. Fonte: http://migre.me/4yE3L 16 www.eunapos.com.br A eficácia na utilização dos testes psicológicos melhorou muito desde sua primeira utilização, no início do séc. XX, pelos psicólogos industriais/organizacionais (I/O). Mas, alguns fatores são determinantes para a organização na escolha de um teste: a validade, a imparcialidade, a aplicabilidade e o custo (KRUMM, 2005). A escolha do método, como outros instrumentos disponíveis, apresenta vantagem e desvantagem na utilização. Segundo Krumm (2005), várias vantagens são observadas nesse tipo de método, dentre elas: custo mais baixo e objetividade, avaliações de desempenho mais precisas e menor rotatividade. A fraude e a utilização incorreta do teste são pontos de desvantagens. 2.1.4 Entrevista A entrevista é considerada hoje um dos instrumentos mais úteis na seleção de pessoal. Por manter um contato direto com o entrevistado, ela possibilita a identificação de sua capacidade para o cargo a preencher, podendo-se aprofundar nas questões relevantes para o entrevistador. Fonte: http://migre.me/4yEfL A despeito da confiabilidade desse método, a sua eficácia depende da competência técnica do entrevistador, em bem conduzir a entrevista, não permitindo que a subjetividade seja limitadora na coleta de informações. A entrevista estruturada e a entrevista não-estruturada são os tipos mais encontrados na seleção de pessoal. Na entrevista não-estruturada, o entrevistador faz quaisquer perguntas que desejar e quando desejar, e pode modificar as perguntas para cada candidato. Não existe um sistema padrão de 17 www.eunapos.com.br pontuação para as perguntas feitas na entrevista. Além de ser legalmente questionável não tratar todos os candidatos da mesma maneira, já se comprovou que esse tipo de entrevista contribui muito pouco para uma seleção de empregados. A entrevista estruturada consiste em perguntas e respostas aceitáveis que são determinadas antes da entrevista. Esse tipo de entrevista tem muito maior probabilidade do que as entrevistas não- estruturadas de atender aos requisitos legais para a seleção de pessoal, por prever com exatidão o desempenho no trabalho. (KRUMM, 2005, p. 167). A entrevista não é uma simples conversação, não é um bate-papo; ela deve ser planejada, com controles e avaliação. Para tanto, Gil (2001) apresenta uma relação de cuidados a serem considerados para a condução de uma boa entrevista e sua validação: pré-seleção dos candidatos: recomenda-se uma prévia seleção dos candidatos, com base nos currículos apresentados, recomendações de pessoas, etc.; elaboração do roteiro: um roteiro facilita a definição das questões direcionadas aos candidatos, a ordem das perguntas e as questões que requeiram maiores esclarecimentos; definição do local: é necessário a escolha de um local destinado às entrevistas, cuja privacidade seja respeitada; preparação do material: o material a ser usado deverá ser selecionado previamente e à disposição antes do início da entrevista; quebra de gelo: o candidato precisa estar à vontade durante a entrevista, sendo imprescindível uma recepção cordial; formulação de perguntas: as perguntas devem ser bem elaboradas, sem possibilidades de dupla interpretação; 18 www.eunapos.com.br controle da entrevista: o entrevistador deve manter o controle da entrevista, não dispersando a concentração para outros assuntos menos relevantes; tomada de anotações: devem-se registrar todas as informações relevantes para posteriores avaliações, sem ainterrupção dos trabalhos; atitude de escuta: o entrevistador deve demonstrar atenção durante as respostas dos candidatos, não se preocupando em analisá-las ou pensar na próxima pergunta; autocontrole: manifestações de apoio e/ou reprovação diante das respostas apresentadas não configuram boa condução dos trabalhos, evite-as; análise do comportamento não verbal: fique atento à expressão corporal do candidato, pois o corpo também expressa resposta, contradizendo ou relativizando o que é dito verbalmente; sinceridade: o entrevistador deve ser sincero, sobretudo em relação aos aspectos negativos da vaga apresentada; conclusão da entrevista: ao encerrar uma entrevista, pergunte se há alguma dúvida a ser esclarecida. Não se pode dar uma resposta definitiva nesse momento; sumarização da entrevista: após a entrevista, registra-se as impressões acerca do candidato, pois estas servirão de base para análise e comparação; e autoavaliação: as entrevistas poderão desenvolver melhor as habilidades de entrevistar. Avalie o desempenho. A condução da entrevista se faz após a elaboração de um plano baseado na descrição do cargo, quando também se definem as questões a serem abordadas. As questões devem ser agrupadas em categorias, para facilitar a sequência de perguntas. 19 www.eunapos.com.br As categorias de dados principais são apresentadas a seguir, objetivando orientar a coleta de dados para a organização (GIL, 2001): aparência do candidato: obtém-se por meio de observação e inferência; histórico profissional: é a fonte mais precisa e reveladora sobre o candidato, fornecendo dados sobre atitudes, motivação, maturidade, aptidões e temperamento do candidato; histórico educacional: o currículo poderá revelar os principais dados sobre o histórico escolar. Entretanto, questões ligadas à educação podem ser obtidas por meio de questões como: “alguma vez você foi reprovado?”, “o que você acha que é preciso fazer para completar sua educação?”; histórico familiar e social: esta parte pode resultar em um grande número de perguntas. Porém, devem-se escolher somente aquelas perguntas mais relevantes para o cargo. Não se deixe direcionar para uma entrevista de aconselhamento. Algumas questões são importantes, como “com que idade você adquiriu autossuficiência financeira?”, pois revelam dados sobre hábitos de trabalho e poupança; conhecimento e habilidade: conjunto de perguntas relevantes, mas que exigem bons conhecimentos sobre as tarefas inerentes ao cargo. As repostas podem indicar se o candidato é apto ao cargo, indicar seus pontos fortes e pontos fracos (para o cargo), se o candidato tem uma boa análise dos problemas para tomada de decisão. Alguns exemplos de perguntas: “Fale sobre suas habilidades colocadas em prática no emprego anterior”, “Que ações poderiam ser tomadas pela empresa onde você trabalhou para a obtenção de maior sucesso?; atitudes e interesses: são áreas mais críticas das entrevistas. É preciso cuidados com as perguntas, para que as respostas possibilitem a formulação sobre a personalidade do candidato. Que possibilitem saber se o candidato realmente almeja aquele trabalho ou se apenas deseja “qualquer trabalho”; como ele se sente ao falar sobre suas fraquezas; saber sobre suas ambições e/ou se esconde alguma coisa; etc. 20 www.eunapos.com.br 2.1.5 Dinâmica de grupo A dinâmica de grupo consiste, basicamente, em reunir os candidatos em grupo diante de situações inesperadas para analisar suas reações. As dinâmicas são bastante adequadas na avaliação de características dos candidatos, como as apresentadas a seguir: liderança; sociabilidade; iniciativa; comunicabilidade; criatividade; espontaneidade; capacidade de análise; capacidade de julgamento; capacidade de argumentação; capacidade para atuar sob pressão; controle das tensões e da ansiedade; tomada de decisões; e habilidade para lidar com situações de conflito. Os participantes de um grupo de dinâmicas têm de apresentar os requisitos mínimos ao cargo em questão, o que pressupõe uma seleção prévia dos participantes. Esta é coordenada pelo selecionador de pessoal, e auxiliado por um observador. As técnicas disponíveis são inúmeras e dependem do objetivo da avaliação – deseja-se avaliar a criatividade, a inovação, a concentração, a paciência, a flexibilidade, entre outros. 21 www.eunapos.com.br UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS DE DECISÃO PARA SELEÇÃO 3.1 A importância de saber tomar decisões Convém lembrar que a tomada de decisões caracteriza-se como o processo no qual a pessoa deve escolher entre duas ou mais alternativas. A decisão poder ser tomada individualmente ou em grupo. Para os administradores, o processo de tomada de decisões, sem dúvida, é uma das maiores responsabilidades. A tomada de decisões, em uma organização, está circunscrita a uma série de pessoas que apoiam o mesmo projeto. É necessário começar por fazer uma seleção de decisões, sendo essa uma das tarefas de grande transcendência. A decisão, frequentemente, é considerada como o motor dos negócios e, efetivamente, da adequada seleção de alternativas depende, em grande parte, o sucesso de qualquer organização (SANTOS; FRANCO; MIGUEL, 2003). Os gerentes consideram a tomada de decisões como seu trabalho principal, porque constantemente têm que decidir o que se deve fazer, quem deve fazê-lo, quando e onde e, muitas vezes, até como se fará. Certamente, a tomada de decisões é apenas um passo do planejamento desse processo. Para muitas pessoas, tomar decisões importantes na vida supõe certo temor ou mesmo incerteza. Quando se trata de decidir uma ocupação ou estudos, esse processo está carregado de insegurança, porque se sabe que essa seleção vai marcar nosso estilo de vida e porque somos conscientes que estamos decidindo nosso futuro profissional e vital. Cassarro (2003) comenta que tomar uma boa decisão consiste em traçar o objetivo que se quer conseguir, reunir toda informação relevante e considerar as preferências para tomar tal decisão. Caso queiramos fazê-lo corretamente, devemos estar conscientes de que uma boa decisão é um processo que necessita tempo e planejamento. Por isso, a única maneira de tomar uma boa decisão é mediante a aplicação de um procedimento, ou modelo, de tomada de decisões, o qual exigirá tempo, esforço e energia. A maioria dos autores coincide ao assinalar seis critérios para tomar uma decisão eficaz: 22 www.eunapos.com.br concentrar-se no realmente importante; realizar o processo de forma lógica e coerente; considerar tanto os elementos objetivos como os subjetivos e utilizar uma estrutura de pensamento analítica e intuitiva; recolher a informação necessária para optar ou eleger; recopilar as informações, opiniões etc., que tenham se formado em torno da escolha; e ser direto e flexível antes, durante e depois do processo. Exercício 4 O processo de tomada de decisão é uma das tarefas mais importantes para os administradores/gestores de organização. A literatura apresenta alguns critérios importantes para uma decisão eficaz. Assinale a alternativa que apresente alguns desses critérios: a) Realizar o processo de forma lógica; recolher todas as informações para análise. b) Concentrar-se no realmente importante; ser direto e flexível antes, durante e depois do processo. c) Considerar só os elementos objetivos e utilizar uma estrutura de pensamento apenas analítica. d) Ser direto e flexível antes, durante e depois do processo; utilizar uma estrutura de pensamento somente intuitiva. e) recopilar as informações, opiniões etc., que tenham se formado em torno da escolha; realizar o processo de forma analógica. 3.2 O processo de tomada de decisões A necessidade de tomardecisões rapidamente em um mundo cada vez mais complexo e em contínua transformação, pode ser desconcertante, pela impossibilidade de assimilar toda a informação necessária para adotar a decisão mais adequada. O importante é adotar um enfoque proativo de tomada de decisões, ou seja, devemos tomar decisões sem esperar que os outros o façam por nós, ou 23 www.eunapos.com.br mesmo sem esperar a nos ver forçados a fazê-lo. Resumidamente, tudo isso nos leva a pensar que tomar decisões supõe um processo mental que considera os seguintes passos (CASSARRO, 2003, p. 67-72): identificação do problema: temos que reconhecer quando estamos ante um problema para buscar alternativas a ele. Nesse primeiro escalão, temos que perguntar: o que decidir? análise do problema: nesse passo, devemos identificar as causas do problema e suas consequências e recolher a máxima informação sobre ele. Nessa ocasião, a questão a resolver é identificar as opções possíveis; avaliação ou estudo de opções/alternativas: aqui temos que nos preocupar em identificar as possíveis soluções ao problema ou tema, assim como suas prováveis consequências; seleção da melhor opção: uma vez analisadas todas as opções, devemos escolher a que nos parece mais conveniente e adequada; colocar em prática as medidas tomadas: uma vez tomada a decisão, devemos levá-la à prática e observar sua evolução; e avaliação dos resultados: nessa última fase temos que considerar se o problema foi resolvido conforme o previsto, analisando os resultados para conseguir o objetivo pretendido. Finalmente, ainda citando Cassarro (2003, p. 75-81), uma vez vistos os passos distintos e elementos que temos que considerar no processo de tomada de decisões, relacionamos as possíveis falhas ou erros em que se pode incorrer na forma de tomar decisões, como: não realizar um bom estudo da situação. Falta de informação (falta de dados); falta de decisão porque não se tem a informação completa; resolver os sintomas em vez das causas; demora nas decisões por temer o equívoco. Extrema meticulosidade; mudança constante de prioridades, indefinição. Falta de objetivos; 24 www.eunapos.com.br decisões extremamente rápidas, quase compulsivas, para acabar quanto antes com o problema; considerar só a primeira alternativa de que se dispõe; decidir entre as alternativas por intuição sem elaborar critérios; acomodar-se aos critérios tradicionais ou convencionais na tomada de decisões; pretender resolver um excessivo número de problemas e tomar, simultaneamente, muitas decisões; e falta de antecipação de riscos. Falta de previsão. Todo o processo de tomada de decisões deve assumir riscos, porque qualquer decisão, embora planejada cuidadosamente, implica um risco em si. Acrescenta-se, também, a necessidade de renúncia, isto é, ao mesmo tempo que se opta por uma alternativa (decisão), renuncia-se aos benefícios potenciais de outras opções e, finalmente, com responsabilidade, pois quem toma uma decisão deve aceitar a responsabilidade das consequências. Se não compartilhamos a tomada de decisões, não é justo dividir a responsabilidade. 3.3 A seleção como processo de decisão O conceito global de seleção consta de uma série de passos. Algumas vezes, o processo é muito simples, especialmente quando se selecionam empregados da organização para preencher vagas internas. Aos sistemas de seleção interna pode ser equiparado o capital humano com potencial de promoção, por uma parte, e as vagas disponíveis, por outra. Os empregados com características compatíveis com o posto (e, portanto, com maior pontuação) são considerados candidatos adequados. Apesar de algumas limitações, por exemplo, como o desejo do empregado por aceitar o posto/cargo, esses sistemas têm tido grande difusão, embora os programas não o considerem como fator relevante. Observemos a figura a seguir que mostra o planejamento para a seleção de pessoal como processo de comparação: 25 www.eunapos.com.br Figura 5 – Planejamento para a seleção de pessoal Fonte: http://www.batebyte.pr.gov.br Uma vez que se estabelece a comparação entre as características exigidas pelo cargo e as que possuem os candidatos, pode acontecer que alguns deles cumpram com as exigências e mereçam ser postulados para que o organismo requerente os tenha em conta como prováveis candidatos para ocupar o cargo vago. O setor (unidade) de seleção não pode impor para a organização solicitante que aceite os candidatos aprovados durante o andamento do processo seletivo, deve limitar-se a prestar um serviço especializado, aplicar as técnicas de seleção e recomendar os candidatos considerados mais qualificados. A decisão final de aceitar ou não os candidatos é sempre uma responsabilidade da empresa solicitante. Desse modo, a seleção é responsabilidade de cada chefia e função do setor de RH. Fonte: http://migre.me/4FUK5 Como processo de decisão, convém lembrar que a seleção de pessoal implica três modelos de comportamento (CASSARRO, 2003): Modelo de colocação: quando não se contempla o aspecto de rejeição. Nesse modelo há apenas um candidato para uma vaga que deve ser preenchida. http://www.batebyte.pr.gov.br/ 26 www.eunapos.com.br Modelo de seleção: quando há vários candidatos para cobrir uma vaga. As características de cada candidato comparam-se com os requisitos que o cargo a ser provido exija. Podem ocorrer duas alternativas: aprovação ou rejeição. Se o candidato não for aceito (rejeição), simplesmente sai do processo, porque há outros aspirantes ao cargo e só um deles poderá ser admitido. Parte-se do princípio de que as vagas devem ser preenchidas com pessoas idôneas. Modelo de classificação: é o enfoque amplo e situacional, nele há vários candidatos que podem aspirar a várias vagas. As características de cada candidato comparam-se aos requisitos exigidos pelo cargo. Uma vez que se disponha de um grupo adequado de candidatos escolhidos mediante recrutamento, inicia-se o processo de seleção. Essa fase implica uma série de passos que adicionam complexidade à decisão de contratar e consomem algum tempo. Esses fatores podem tornar-se irritantes, tanto para os candidatos, que desejam começar de imediato, como para os gerentes dos setores com vagas. O processo de seleção consiste, portanto, em uma série de passos que se empregam para decidir quais candidatos devem ser contratados. O processo se inicia no momento em que uma pessoa solicita um emprego e termina quando ocorre a decisão de contratar a um dos solicitantes. Em muitos departamentos de pessoal integram-se as funções de recrutamento e seleção em uma só função que pode receber o nome de contratação. Nos departamentos de pessoal de grandes dimensões, a função de contratação é realizada por um gerente específico. Nos menores, o gerente do departamento realiza esse trabalho. A função de contratar está associada com o departamento de pessoal, mas o processo de seleção também tem importância radical na gestão de recursos humanos. Portanto, a seleção adequada é essencial na administração de pessoal e, inclusive, para o sucesso da organização (CUNHA, 2011). O processo de seleção inclui etapas específicas a serem seguidas para decidir qual candidato irá cobrir a vaga. Embora o número de passos que seguem as diferentes organizações varie, praticamente todas as sociedades modernas 27 www.eunapos.com.br realizam um processo de seleção. O papel do gestor de recursos humanos consiste em ajudar a organização a identificar o candidato que melhor atenda as exigências do cargo e as necessidades gerais da organização. Para Gil (2001), os desafios internos gerados pela própria organização apresentam o seguinte dilema: de um modo geral, os gerentes dos diversos departamentospretendem preencher as vagas rapidamente, com os candidatos mais qualificados para desempenhar a função. Os gerentes tendem a esperar por uma vaga para prosseguir com a soliticação de novos funcionários. É provável que a política interna da empresa determine, por exemplo, que o posto deve ser oferecido ao pessoal interno, pelo menos, duas semanas antes de ser colocado para o mercado externo. Ao mesmo tempo, tomar decisões rápidas nessa área implica uma diminuição no número de candidatos qualificados. É muito provável que o gerente de recursos humanos se veja submetido a fortes pressões. Exercício 5 O processo de seleção de pessoal implica três modelos de comportamento, para a tomada de decisão: a) Modelo de seleção; Modelo de Decisão; e Modelo de classificação. b) Modelo de colocação; Modelo de experimentação; e Modelo de colocação. c) Modelo de colocação; Modelo de seleção; e Modelo de classificação. d) Modelo de classificação; Modelo de recrutamento; e Modelo de Decisão. e) Modelo de classificação; Modelo de Recrutamento; e Modelo de seleção. 28 www.eunapos.com.br 3.4 Etapas da Tomada de Decisões Podem se distinguir as seguintes etapas: a) Identificação e diagnóstico do problema Na fase inicial, reconhece-se o problema que se deseja solucionar, considerando o estado atual com respeito ao estado desejado. Uma vez que o problema é identificado, deve-se realizar o diagnóstico e, depois disso, podem se desenvolver as medidas corretivas. b) Geração de soluções alternativas A solução dos problemas pode ser alcançada por vários caminhos e não só selecionar entre duas alternativas, hipóteses podem ser formuladas, já que há incertezas com relação às alternativas. c) Avaliação de alternativas A terceira etapa implica na determinação do valor ou da adequação das alternativas que foram geradas. Qual solução será a melhor? Os gerentes devem considerar distintos tipos de consequência. É claro que se deve tentar prever os efeitos sobre as medidas financeiras ou outras medidas de desenvolvimento; mas, também, existem outras consequências menos definidas que devem ser previstas. As decisões estabelecem um precedente e deve determinar se será uma ajuda ou um obstáculo, no futuro. Claro que não é possível prever os resultados com precisão. Então, podem-se gerar planos de contingência, isto é, ações alternativas que se possam implantar com base no desenvolvimento dos acontecimentos (FIORELLI, 2001). d) Seleção de alternativas Quando o administrador tiver considerado as possíveis consequências de suas opções, já estará em condições de tomar a decisão. Deve, então, considerar três coisas importantes: maximizar, satisfazer e otimizar (CHIAVENATO, 1999): maximizar: é tomar a melhor decisão possível; satisfazer: é a escolha da primeira opção que seja minimamente aceitável ou adequada, e dessa forma, satisfazer a meta ou critério buscado; e 29 www.eunapos.com.br otimizar: é buscar o melhor equilíbrio possível entre metas distintas. e) Implementação da decisão O processo não finaliza quando a decisão é tomada; essa deve ser implementada. Pode ser que quem participa da escolha de uma decisão seja quem a implemente, como em outras ocasiões delegam tal responsabilidade a outras pessoas. Deve haver entendimento total sobre a escolha da melhor decisão, as razões que a motivam e, sobretudo, deve existir o compromisso do sucesso de sua implementação. Para tal fim, as pessoas que participam dessa fase do processo, deveriam estar envolvidas desde as primeiras etapas já mencionadas. Na sequência, citamos os passos que os gerentes devem considerar durante o planejamento da tomada de decisão: Determinar como serão vistas as coisas uma vez que a decisão esteja em pleno funcionamento. Ordem cronológica (fluxograma) dos passos para alcançar uma decisão totalmente operativa. Considerar os recursos disponíveis e atividades necessárias para colocar cada passo em prática. Considerar o tempo que tomará cada uma das etapas. Atribuição de responsabilidades para pessoas específicas para cada fase (etapa). Podemos ter certeza que quando uma decisão é tomada, ela provavelmente provocará alguns problemas durante sua execução, portanto, os gerentes devem dedicar tempo suficiente para o reconhecimento dos transtornos que podem ocorrer, bem como a eventual oportunidade que eles podem oferecer. Dessa maneira, pode- se dizer que é fundamental que os gerentes se perguntem: Que problemas essa ação poderia causar, e o que se pode fazer para impedir? Que benefícios ou oportunidades não intencionais poderiam surgir? Como podemos assegurar de que aconteçam? 30 www.eunapos.com.br Como podemos estar preparados para atuar quando surgirem as oportunidades? f) Avaliação da decisão Avaliar a decisão é a etapa final do processo. Recopilam-se todas as informações que indiquem a forma como funciona uma decisão, ou seja, trata-se de um processo de retroalimentação que pode ser negativa ou positiva. Se for positiva, indica, então, que podemos continuar sem problemas e que, inclusive, se poderia aplicar a mesma decisão a outras áreas da organização. Se, pelo contrário, a retroalimentação for negativa: 1) pode ser que a implementação requeira mais tempo, recursos, esforços ou pensamento; 2) pode indicar que a decisão foi equivocada, assim, devemos voltar ao início do processo, (re) definição do problema. Caso isso ocorra, sem dúvida, teremos mais informações e, provavelmente, sugestões que nos auxiliarão a evitar os erros cometidos na primeira tentativa (SPECTOR, 2003; CHIAVENATO, 1998). 31 www.eunapos.com.br UNIDADE 4 – ANÁLISE DO CARGO 4.1 Descrição de cargos No que se refere à descrição e análise de postos de trabalho, embora não tenham sido considerados um meio para implementar o nível de flexibilidade desejado nas organizações. A prática revelou-se útil, desde que forneça versatilidade e capacidade de adaptação adequada, dada como uma ferramenta básica para o estabelecimento de uma política de recursos humanos, pois quase todas as atividades na área de recursos humanos se baseiam, de um modo ou de outro, na informação fornecida por esse procedimento (ULRICH, 2000). É importante destacar que um cargo constitui um conjunto de tarefas, integrado por responsabilidades e obrigações próprias do indivíduo dentro da empresa/organização. Quando se fala de descrever um cargo, faz-se referência ao processo de enumerar as tarefas que o compõem e que vão diferenciá-lo do restante, tarefas que também implicam frequência (diária, mensal, anual) na sua realização e os objetivos que se buscam alcançar. Por sua vez, analisar um posto de trabalho implica definir deveres, responsabilidades e hierarquia. A descrição de um cargo, citando Drucker (1999), não deve apenas ser feita antes de iniciar um processo de seleção/recrutamento, é útil contar com as descrições de cada posto de trabalho atual da empresa. Deve-se procurar desenvolver por escrito as tarefas que o ocupante do cargo realiza, como se espera que ele o faça e sujeito a que condições. Por sua vez, a análise relaciona os conhecimentos, habilidades e características de personalidade necessárias para executar o trabalho. Como exemplo de uma descrição e análise de cargos, dever-se-ia, pelo menos, enumerar o posto, o nível de dependência e subordinação, descrição da tarefa, responsabilidades, objetivos desejados e, por último, a data de realização ou atualização do cargo. 32 www.eunapos.com.br Utilidade de contar com a descrição e análise de cargos dentro da empresa: Levar adiante, dentro de uma empresa, as descrições e análises de cada trabalho, mesmo que isso envolve um investimento de tempo e recursos, é muito importante quando a produtividade da empresa nãoé aceitável. Muitas vezes, realizam-se contratações e seleções de pessoas que não são adequadas, designando empregados que reúnem as condições necessárias ou estão ocupando tal ou qual cargo, o que pode, por sua vez, implicar um problema de motivação do indivíduo e a tarefa designada. Por sua vez, um programa de descrições e análise do cargo ajuda a desenvolver um sistema de remunerações mais adequado, coerente e equitativo. Também é útil para evitar conflitos e mal-entendidos entre os próprios empregados, produzidos quando não se sabe com exatidão que tarefas deve cumprir e quais não, ou são responsabilidade de outro membro da empresa. Não contar com uma descrição de cargo pode, também, provocar que as autoridades hierárquicas se sobreponham ao não estar claro quem depende de quem. Por último, podemos estar dizendo que a capacitação não está adequada às tarefas que a pessoa realiza ou necessita melhorar. Resumindo, um cargo é, portanto, uma descrição das atividades, deveres e responsabilidades desempenhadas por uma pessoa, englobadas em um todo unificado, o qual ocupa certa posição formal no organograma da empresa. Contém, então, segundo Ulrich (2000): a função da pessoa; qual sua importância; que nível hierárquico ocupa; define os superiores e os subordinados; e mostra a perspectiva horizontal (cargos do mesmo nível) e vertical (departamento ou área) dentro da empresa. 33 www.eunapos.com.br A descrição do cargo constitui a própria organização do trabalho, por meio das tarefas necessárias para desempenhar uma ocupação específica, como: conteúdo do cargo, métodos e processos de trabalho, responsabilidade e autoridade. Nessa perspectiva, a descrição e a análise constituem resumos escritos e informações acerca dos conhecimentos e habilidades requeridos para o desempenho adequado de um cargo. Mostram, portanto, as especificações do cargo. Os principais objetivos da descrição e da análise de cargos são: auxílio ao recrutamento, à seleção de pessoal, à definição salarial, à classificação de cargos. Servem também, como critério de avaliação de desempenho, avaliação dos fatores de higiene e segurança, necessários para que o gerente possa orientar-se. 4.2 Valorização dos postos de trabalho Chamamos a esse procedimento de analisar e tratar de ponderar cada cargo dentro da empresa, de maneira a lhe dar um valor relativo das tarefas inerentes a ele e que será utilizado como base e referência para estabelecer todo o sistema de remunerações da empresa, passando por todos os níveis hierárquicos estabelecidos. Enumeramos, assim, os principais requisitos que se devem ter em conta na hora de realizar tal ponderação nos cargos (FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN, 1997). Pode-se, ainda, falar de requisitos intelectuais que englobam a instrução básica requerida, a iniciativa e criatividade da pessoa, assim como a experiência prévia que deve possuir. Também estão os requisitos físicos, que fazem referência ao esforço mínimo necessário ou, por exemplo, a concentração mental ou visual requerida. Ao mesmo tempo, também se deve considerar a responsabilidade, que engloba a pessoa responsável, referindo-se a informações pessoais ou informação confidencial para gerenciar. 34 www.eunapos.com.br Finalmente, estão as condições do cargo que constituem o ambiente de trabalho em si, e os riscos ou esforços extras que esse pode requerer para desenvolver a tarefa. Por exemplo, se o trabalho deve realizar-se em uma câmara fria a tantos graus de temperatura abaixo de zero. Uma descrição e análise de cargo não apenas se realiza como processo de qualidade e enriquecimento interno da empresa, mas também é o passo prévio ao começar uma seleção de pessoal. O processo de seleção de pessoal implica uma série de passos que precisam de certo investimento de tempo, recursos e complexidade. Pode-se mencionar ponto de partida do processo de seleção ao recrutamento, o qual pode ser interno ou externo. Observemos as figuras, a seguir. Figura 6 – Recrutamento interno e externo Fonte: http://gruporh.blogspot.com/2010_09_01_archive.html Fala-se de recrutamento interno quando se busca cobrir uma vaga dentro da empresa com algum dos seus integrantes atuais. Há organizações que, na medida que necessitam cobrir uma vaga, têm como política realizar um chamado interno por um período de tempo determinado, antes de solicitar um recrutamento externo. Se bem que isso ofereça a vantagem de mostrar que a seleção de pessoal pode ser mais rápida e que existe uma quantidade de aspectos conhecidos e assimilados pela pessoa, devido ao tempo que está na empresa (SANTOS, FRANCO, MIGUEL, 2003). 35 www.eunapos.com.br É válido comentar que pode apresentar desvantagens, na medida que, pela rapidez ou escassez de recursos em um chamado externo, se esteja cobrindo um cargo com pessoal que, talvez, não seja o mais adequado para esse posto de trabalho, em particular. Por outro lado, pode-se falar de um recrutamento externo quando se recorre à classificação do trabalho, às referências e recomendações de conhecidos, ou quando se decide buscar o auxílio de uma agência especializada no processo de seleção de pessoas. Foram enumeradas, assim, as etapas distintas que, em linhas gerais, continuam o processo de seleção. Logo após realizar as entrevistas, mostrou-se aquelas pessoas que são consideradas adequadas para uma prova de aptidão, revelando, por sua vez, a realização do pedido de informações das referências que o candidato apresenta. Por último, será necessária uma entrevista final com o indivíduo escolhido, e é conveniente que o supervisor participe. Enfim, para resumir o que foi dito, destaca-se a utilidade para a própria empresa e as descrições da análise oportuna e detalhada, permitindo a cada membro da organização alinhar os seus esforços e aproveitar recursos da melhor forma possível, realizando as tarefas e limitando as responsabilidades de seu cargo. Por sua vez, esse tipo de análise no local de trabalho é fundamental e necessário antes de iniciar um processo de seleção de pessoal, porque se estarão minimizando os riscos de contratação de recursos inadequados ou que não estão em conformidade com os requisitos da vaga que se pretende cobrir. Uma vez que a pessoa é incorporada à empresa, é muito importante mencionar o processo de indução que dá à organização e as novas relações interpessoais que terá de desenvolver. Exercício 6 1. Sobre a análise do cargo, assinale a alternativa INCORRETA: a) Um cargo é uma descrição das atividades, deveres e responsabilidades desempenhadas por uma pessoa. b) A descrição do cargo apresenta a perspectiva horizontal e vertical dentro da 36 www.eunapos.com.br empresa. c) O programa de descrições e análise do cargo não ajuda a desenvolver um sistema de remunerações mais adequado. d) O nível hierárquico é objeto da análise do cargo. e) Com a análise do cargo é possível identificar se uma capacitação está (ou não) adequada às tarefas que uma pessoa realiza (ou necessita melhorar). 2. Os principais objetivos da descrição e análise de cargos são: a) Auxílio ao recrutamento; auxílio à seleção de pessoal; a definição salarial; e a classificação de cargos. b) Auxílio à seleção de pessoal; auxílio às estratégias da organização; ao desenvolvimento da organização. c) Auxílio à seleção de pessoal; a definição salarial; e às políticas internas da organização. d) A definição salarial; às políticas internas da organização; auxílio à seleção de pessoal. e) A definição salarial; auxílio ao recrutamento; auxílio à seleção de pessoal; aos critérios de desempate. 37 www.eunapos.com.br UNIDADE 5 - EMPREGABILIDADE Durante os últimos anos, as relações laborais experimentaram importantes mudanças provocadaspelas transformações ocorridas no entorno onde as empresas operam. São muitos os trabalhos que mencionam, como uma das mudanças fundamentais, o desaparecimento da estabilidade em longo prazo da relação contratual como característica habitual dessas relações. Ferrari (2010), por exemplo, assinala que no passado os trabalhadores intercambiavam cooperação, conformidade e rendimento por estabilidade laboral e por segurança econômica. Hoje, essa estabilidade é mais difícil de garantir e os contratos vêm determinados, em maior medida, pela marcha da própria empresa e da economia em geral. Dada essa nova situação, uma questão importante que cumpre formular-se é como se viu afetado o comportamento dos trabalhadores ante essa falta de compromisso por parte dos empregadores. Variáveis utilizadas na literatura como fontes de comportamentos apropriados para a empresa por parte dos empregados são o seu grau de compromisso e/ou satisfação laboral. Assim, cumpre esperar que os trabalhadores satisfeitos e comprometidos trabalhem mais e melhor que aqueles insatisfeitos e frustrados. Por outro lado, Ferrari (2010), dentre outros autores, formulou um novo tipo de segurança laboral baseado no conceito de empregabilidade. As empresas não podem garantir a estabilidade do emprego em longo prazo, mas podem assegurar a empregabilidade dos seus trabalhadores provendo-os de formação e de experiência que aumentem o seu valor no mercado de trabalho. A empregabilidade emerge como alternativa para explicar tudo aquilo que permite às pessoas ingressar ou permanecer no mercado de trabalho. É um constructo, pois corresponde a uma série de afirmações e acepções que não configuram um corpus conceitual para facilitar sua discussão teórica. A empregabilidade é uma condição de preparação para atender demandas imediatas ou futuras do mercado de trabalho que implica a apreensão de objetivos móveis, 38 www.eunapos.com.br assim como aprender a aprender e usar o conhecimento no desenvolvimento social e humano, por intermédio do trabalho (CASALI et al, 1997). Historicamente, o constructo tem sido tratado desde a economia para separar os atos dos ineptos, tendo como referência o indivíduo de maneira particularizante e em uma relação explicativa entre desemprego, dispositivos de formação e estratégias individuais (HIRATA, 1997). Fonte: http://www.icoenoticia.com/2010_03_20_archive.html De acordo com isso, a empregabilidade tem contornos claramente delineados que implicam a passagem da situação de desemprego a do empregado, a saída do desemprego e o ingresso no mercado de trabalho, a probabilidade de sair do desemprego, assim como a capacidade para obter um emprego, ou manter-se no mercado laboral. Política e ideologicamente, a empregabilidade encontra-se ligada aos critérios e práticas de seleção dos empregadores e, mais recentemente, da transferência, para a pessoa, da responsabilidade de sua própria contratação, assim como ao desenvolvimento permanente de competências e a atualização de conhecimentos por parte dos indivíduos. A empregabilidade profissional, portanto, parece ser uma questão de estratégias mais que de conhecimentos particulares, que facilitam a inclusão no mercado de trabalho e diminuem a exclusão, o que tem implicações psicossociais e socioeconômicas importantes em termos de qualidade de vida e desenvolvimento, 39 www.eunapos.com.br quando não é possível aceder ou estar nesse mercado em condições dignas (NONAKA, TAKEUCHI, 1997). Vale destacar, ainda, que a empregabilidade não deixa de fora a influência dos empregadores nesse aspecto, já que eles decidem aceitar ou não os aspectos necessários ou de interesse para a organização. Essa é uma das razões pela qual os conteúdos que surgirem em torno da empregabilidade não podem ser abordados sob uma perspectiva única, pois ela é construída a partir de múltiplos atores sociais. Nessa ordem de ideias, propõe-se uma definição que combina a dimensão absoluta da empregabilidade (características individuais) e a relativa (relacionada com o mercado laboral), tal como o ilustram Davenport e Prusak (1998), com os chamados fatores internos, competências, escolaridade, experiência pessoal, entre outros; e fatores externos, tais como: as políticas econômicas, educacionais, conflito interno, etc. De acordo com Sanches (2011), “o termo empregabilidade traz elementos essenciais para se pensar em todo e qualquer profissional, pois exige capacidade e adequação do profissional ao mercado de trabalho.” A maior competitividade entre as organizações requer um profissional mais competente e atualizado. O profissional de hoje precisa ser consciente de sua atuação no mercado, internalizando a filosofia de sua organização e as metas propostas por ela (a organização). É preciso fomentar o crescimento e a transformação profissional, constantemente. A sociedade, bem como o avanço da tecnologia, tem um papel relevante nesta nova óptica do tema empregabilidade. Como as transformações no mercado ocorrem de maneira muito mais rápida, torna-se necessário um aprimoramento das competências e habilidades dos profissionais, como premissa para a inserção e permanência no mercado de trabalho. Almeida (2006, apud SANCHES, 2010) entende o termo empregabilidade como a “capacidade de adequação do profissional ao mercado de trabalho. Quanto mais adaptado o profissional, maior sua empregabilidade”. Em outra definição, por Nancy Malschitzky, 40 www.eunapos.com.br Entende-se por empregabilidade a busca constante do desenvolvimento de habilidades e competências agregadas por meio do conhecimento específico e pela multifuncionalidade, as quais tornam o profissional apto à obtenção de trabalho dentro ou fora da empresa. O termo surgiu na última década, pela necessidade dos trabalhadores de adquirir novos conhecimentos que os habilitassem a acompanhar as mudanças no mercado de trabalho. Até então, as oportunidades de trabalho eram oferecidas principalmente pelas indústrias. A partir daí passam a surgir vagas no setor de serviços, exigindo um outro perfil de trabalhador, que tenha competência para desenvolver as novas atividades (ALMEIDA, 2006, p. 112) O desemprego é outro fator importante que influenciou no surgimento do termo empregabilidade. Com o elevado índice de trabalhadores sem labor, fez-se necessário o profissional aprender a reaprendizagem (rapidamente), para acompanhar a velocidade das mudanças tecnológicas. 5.1 Os seis pilares da empregabilidade Ao se utilizar o termo empregabilidade deve-se lembrar que competências e habilidades são termos diretamente relacionados. Segundo Almeida (2006), a competência é o “saber efetivo da matéria” e a habilidade “relaciona-se à sua execução”, a parte prática, empírica. Destarte, a empregabilidade vem se posicionar em relação às transformações do profissional nas mais diversas áreas de atuação. O profissional com competência e habilidade é capaz de apresentar uma visão renovada e se ajustar a qualquer ambiente organizacional. Para Minarelli (1995), a empregabilidade se sustenta em seis pilares, que dão segurança ao profissional, com a “capacidade de gerar trabalho, de trabalhar e ganhar”: a adequação vocacional; a competência profissional; a idoneidade; a saúde física e mental; 41 www.eunapos.com.br a reserva financeira; e fontes alternativas e relacionamentos. Exercício 7 Podemos definir empregabilidade como: a) A capacidade de procurar emprego e a capacidade de trocar de emprego. b) A capacidade de adequação do profissional ao mercado de trabalho. c) A capacidade de adequação do profissional ao mercado de trabalho. Quanto mais adaptado o profissional, maior sua empregabilidade. d) A possibilidade de capacitar constantemente e buscar empregabilidade. e) Capacidadede adaptação ao mercado de trabalho e reciclagem. 42 www.eunapos.com.br UNIDADE 6 - MERCADO DE RECURSOS HUMANOS A Era Industrial foi um período importante para o desenvolvimento do sistema de produção industrial e deixou um importante legado – a produção em massa (ou em série). O sucesso dessas organizações era baseado em seus recursos físicos e financeiros. Mas hoje, vive-se a Era do Conhecimento, onde o valor maior é atribuído ao elemento humano. A globalização, o desenvolvimento tecnológico e um novo perfil da sociedade passaram a exigir das organizações um nível mais elevado de qualidade em seus serviços e/ou produtos. Isso envolve as habilidades e competências do fator humano, elevando a importância da gestão de recursos humanos nas organizações, tornando ainda mais promissor o mercado para os profissionais que atuam nessa área. As empresas se deparam com uma mudança muito rápida dos processos de produção, reconfiguração dos produtos e/ou lançamento de novos produtos (com um ciclo de vida menor dos produtos). Novas tecnologias, mudanças de estratégias, um mercado mais dinâmico, além da mudança do perfil do consumidor somada à maior segmentação dos mercados. Assim o estudo dos Recursos Humanos envolve o conhecimento de inúmeros conceitos e métodos, necessários ao entendimento e aplicação acerca de seus subsistemas. Para compreendê-los, torna-se necessário entender os conceitos básicos da área. Nesta unidade, iniciamos nossos estudos apresentando alguns significados do termo mercado. Em sentido mais geral, Sandroni (1996) define o termo para um grupo de compradores e vendedores, cuja proximidade permite uma condição de compra e venda. Este cenário é real quando existe a troca de dinheiro por bens e serviços, possibilitada por vendedores de bens e serviços. O conceito é simples, mas os mecanismos que o regem não são tão simples assim (grifo nosso). Porém, nosso objetivo é, posteriormente, compreender o mercado formado por pessoas aptas ao trabalho. Para tanto, temos outras definições que, segundo 43 www.eunapos.com.br Chiavenato (1998), possibilitam a compreensão do assunto. Para o autor, três significados são apresentados sobre mercado, e contribuem para este estudo: a) o lugar onde antigamente se efetuavam trocas de mercadorias [...]; b) o “espaço econômico”, onde se realizam trocas de bens, os quais são produzidos e ofertados pelos produtores e procurados pelos compradores; c) a área geográfica ou territorial dentro da qual as forças de oferta e procura convergem para estabelecer um preço comum (CHIAVENATO, 1998, p. 168). A partir desse entendimento, passamos aos aspectos básicos, e não menos relevantes, apresentados pelo mercado: uma dimensão do espaço, uma dimensão do tempo e uma dimensão de oferta e de procura (CHIAVENATO, 1998). O primeiro aspecto, dimensão do espaço, caracteriza-se por uma área física (geográfica ou territorial). As diferentes regiões, por exemplo, apresentam diferentes características em relação ao mercado de trabalho, refletindo o comportamento de um determinado estado, ou cidade. A dimensão tempo se refere ao tempo cronológico (período, mês, semestre, ano, etc.). Um exemplo é o período de páscoa, que aquece determinado setor e há uma oferta maior de postos de trabalho. A terceira é a dimensão de oferta e de procura, onde o mercado se caracteriza pela oferta (disponibilidade de algo) e, simultaneamente, pela procura (algo fácil de ser obtido). Na maioria das vezes não há o equilíbrio entre oferta e procura, interferindo no valor dos salários, em maior ou menor exigência em relação à qualificação profissional, entre outros fatores. Assim, quando utilizamos o termo mercado de recursos humanos, podemos dizer que se refere ao conjunto de pessoas que se candidatam aos empregos ofertados. São habilitadas, com conhecimentos e capacidades. São “candidatos reais quando estão procurando alguma oportunidade, independente de estarem ou não empregados e são candidatos potenciais quando [...] têm condições de preenchê-las satisfatoriamente. (CHIAVENATO, 1998, p. 174, grifo nosso). Além do termo discorrido, cabe-nos entender, também, o significado de mercado de trabalho (ou de emprego). Este é formado pelas ofertas de trabalho ou de emprego oferecidas pelas organizações. Assim, quanto mais organizações 44 www.eunapos.com.br existirem em determinada área (ou região), maior o mercado de trabalho. O mercado pode ser segmentado: por setores de atividades/categorias; tamanhos; regiões; nível tecnológico; etc. O termo emprego significa a utilização do trabalho do homem. Configura o trabalho do homem para uma organização (ou outra pessoa) em troca de remuneração. Segundo Chiavenato (1998, p. 175), “o mercado de recursos humanos funciona como um espelho do mercado de trabalho: enquanto um está em oferta, o outro está em procura e vice-versa.” 6.1 Sistema de Administração de Recursos Humanos A gestão de Recursos Humanos tem grande importância para as organizações, devido à sinergia no desenvolvimento integral de políticas direcionadas ao melhor desempenho dos recursos humanos mediante a execução de diversas atividades. Esse processo permite às organizações reorientarem-se em função das debilidades e forças dos ativos intangíveis. A capacitação constitui-se um dos elementos da gestão dos recursos humanos que tributa a melhoria do desempenho e a diminuição das fraquezas dos ativos intangíveis. Chiavenato (2006) define o recurso humano como uma capacidade suscetível de transformar-se em vantagem competitiva da organização. Para o autor, as pessoas não são recursos que a organização consome, utiliza e produz custos; pelo contrário, as pessoas constituem um fator de competitividade da mesma forma que o mercado e as tecnologias. Em consequência, para ele, é melhor falar de gestão de pessoas para ressaltar a gestão com as pessoas, como sócios, e não sobre as pessoas, como meros recursos. Nas pessoas se investem, então, dedicação, esforço, responsabilidade e compromisso com a esperança de receber retorno desses investimentos. 45 www.eunapos.com.br Figura 7 – Sistema Informatizado de Recursos Humanos Fonte: www.AhmedLimam.com Em contrapartida, Davenport e Prusak (1998) conceitualizam recursos humanos como investidores de capital humano em lugar de ativos. Além do mais, estabelecem um vínculo entre o indivíduo e a organização, com independência da propriedade, do paternalismo ou de uma lealdade cega. Para eles, o laço que os une vem da capacidade e da vontade de cada um em proporcionar benefícios ao outro. A relação supõe vantagem mútua, sem que nenhuma das duas partes prospere à custa da outra. Contudo, é importante comentar que existem pontos em comum entre Chiavenato (1999) e Davenport e Prusak (1998), pois eles consideram os recursos humanos como investidores do capital humano, com mútuos interesses de sucesso e reciprocidade. Nesse enfoque, observa-se a relação entre os recursos humanos e a organização na era atual. Certamente, isso não foi sempre assim. A princípio, os objetivos das organizações e dos recursos humanos eram vistos de ângulos distintos. Pensava-se 46 www.eunapos.com.br que os interesses das pessoas no êxito organizacional não influíam em nada, não se dando importância ao estudo das necessidades dos recursos humanos, tais como: capacitação, segurança, remuneração; tampouco se faziam estudos de motivação. Hoje, os especialistas nessa matéria explicam a importância de se ver as organizações como uma integração, isto é, a união dos recursos humanos agrupados com objetivos, metas e propósitos recíprocos, para sua plena realização e obtenção de benefícios em que uns exercem influência sobre os outros para o bom desempenho e a obtenção do sucesso (CHIAVENATO,2009). A gestão dos recursos humanos constitui-se, portanto, um processo dirigido para o desenvolvimento organizacional. Com a intenção de promover uma relação de cooperação entre os administradores e os empregados, ao mesmo tempo, se orienta na elaboração de políticas para que os recursos humanos se sintam comprometidos com os objetivos organizacionais. Pela natureza complexa e ampla da administração de Recursos Humanos, como menciona Chiavenato (2006), que tem como propósito garantir a eficiência e a eficácia da participação do pessoal para o sucesso empresarial, requer-se considerar pelo menos os seguintes elementos: recrutamento; seleção; descrição e análise de postos/cargos; avaliação de desempenho; sistemas de compensação; plano de benefício social; higiene e segurança no trabalho; capacitação e desenvolvimento do pessoal. Vale dizer que as pessoas e as organizações estão implicadas em uma interação complexa e contínua; as pessoas passam a maior parte de seu tempo nas organizações, das quais dependem para viver, e essas, por sua vez, são formadas por pessoas, sem as quais não poderiam existir. Sem as pessoas e sem as organizações não haveria Administração de Recursos Humanos. Uma organização só existe quando duas ou mais pessoas se juntam para cooperar entre si e alcançar objetivos comuns, que não podem ser alcançados mediante a iniciativa individual. Assim, elas (as organizações) passaram a reconhecer os Recursos Humanos como uma função organizacional estratégica, voltada efetivamente para a gestão de pessoas e suas equipes. Pode-se dizer que além de ser atividade operacional, é também de nível estratégico, contribuindo para os resultados das 47 www.eunapos.com.br empresas. Há que se ter a consciência de que qualificação e motivação são importantes elementos para uma organização de sucesso. Nesse contexto, é relevante citar Chiavenato (2006): [...] a Administração de Recursos Humanos (ARH) constitui uma área extremamente sensível a três aspectos organizacionais: a estrutura organizacional escolhida, a cultura organizacional dominante e o estilo de gestão adotado. Por isso, ela é contingencial e situacional. Depende do desenho organizacional adotado em função da estratégia global. Depende também da mentalidade que existe em cada organização. E depende do estilo de gestão que o presidente, diretores, gerentes e supervisores adotam. Além disso, depende também das características internas, de seus processos básicos e de um sem-número de outras variáveis importantes. A mudança em qualquer desses aspectos resultará quase sempre em alterações na maneira de lidar com as pessoas. (CHIAVENATO, 2006, p. 2, grifo nosso). É importante ressaltar que a ARH ainda passa por grandes mudanças, buscando inovações. As palavras de ordem, no mercado mundial, passaram a ser produtividade, qualidade e competitividade. Chiavenato (2006, p.2) cita que “as pessoas deixam de ser o problema das organizações para ser a solução de seus problemas”. E como o desenvolvimento de talentos humanos é uma das missões do profissional de RH, o mercado de trabalho (de emprego) fica mais aquecido para os gestores em Recursos Humanos. Deste modo, a competitividade e a sustentabilidade das organizações dependem de um bem intangível: o conhecimento. Cabe às organizações consolidar e reciclar o conhecimento entre os seus funcionários. Prepará-los para lidar com a inovação, proporcionando valores à organização, mantendo-a eficaz e competitiva. Chiavenato (2006) fala assim a respeito do que é valor para as Organizações: No mundo moderno, a empresa mais valiosa do mundo não é mais a maior empresa do mundo, como se poderia esperar pelo valor extraordinário de seus patrimônios contábeis ou tangíveis. A Microsoft – colocada em 161° lugar em termos de faturamento – chegou a ser a empresa com o maior valor de mercado do mundo: hoje, ela vale em bolsa cerca de 100 vezes o valor de seu ativo tangível. A IBM comprou a Lótus por 15 vezes seu valor patrimonial. Isso significa que as empresas não valem apenas por seu patrimônio físico, contábil ou tecnológico, mas pelo valor que seus funcionários são capazes de agregar ao seu negócio. Afinal, estamos na era do Capital Intelectual (CHIAVENATO, 2006, p. 3). 48 www.eunapos.com.br 6.1.1 Os subsistemas da ARH O termo sistema é definido como o conjunto de elementos unidos por alguma forma de interação ou interdependência (SANDRONI, 1996). Nos subsistemas, tem-se um conjunto menor de partes que, no caso específico, formam Administração de Recursos Humanos – que é um sistema integrado. O quadro a seguir apresenta os 5 subsistemas da Administração de Recursos Humanos: Quadro 1 – Os cinco subsistemas básicos na ARH Subsistema Objetivo Atividades envolvidas Provisão Quem irá trabalhar na organização Pesquisa de mercado de RH Recrutamento de pessoas Seleção de pessoas Aplicação O que as pessoas farão na organização Integração de pessoas Desenho de cargos Descrição e análise de cargos Avaliação de desempenho Manutenção Como manter as pessoas na organização Remuneração e compensação Benefícios e serviços sociais Higiene e segurança do trabalho Relações sindicais Desenvolvimento Como preparar e desenvolver pessoas Treinamento Desenvolvimento organizacional Monitoração Como saber o que são e o que fazem as pessoas Banco de dados Sistemas de informação Balanço social Fonte: Chiavenato (2006, p. 4) O sistema de ARH tem, por meio de seus cinco subsistemas, as ações de atrair, aplicar, reter, desenvolver e monitorar talentos. Seus subsistemas são: Subsistema de provisão de recursos humanos; Subsistema de aplicação de recursos humanos; 49 www.eunapos.com.br Subsistema de manutenção de recursos humanos; Subsistema de desenvolvimento de recursos humanos: Treinamento e desenvolvimento de pessoal; e Desenvolvimento organizacional; Subsistema de monitoração de recursos humanos. Os cinco subsistemas têm assuntos distintos e interligados, cujo resultado global aumenta desde que estes (subsistemas) estejam articulados e sintonizados entre si (CHIAVENATO, 2006). Os respectivos assuntos são relacionados, a seguir, no quadro abaixo: Quadro 2 – Assuntos abrangidos pelos subsistemas da ARH Subsistemas Assuntos abrangidos Provisão Planejamento de recursos humanos Recrutamento de pessoal Seleção de pessoal Aplicação Descrição e análise de cargos Avaliação do desempenho humano Manutenção Compensação Benefícios sociais Higiene e segurança Relações sindicais Desenvolvimento Treinamento e desenvolvimento Desenvolvimento organizacional Monitoração Banco de dados e sistemas de informação Auditoria de recursos humanos Fonte: Chiavenato (2006, p. 5-6) Os cinco subsistemas formam um processo global. Essa dinamicidade atrai as pessoas, mantendo-as aplicadas em suas tarefas dentro da organização e por ela (organização) monitorada. A sequência apresentada no quadro nem sempre é a real, pois os subsistemas não se relacionam de uma única maneira. 50 www.eunapos.com.br Na prática, alguns ou um subsistema pode se desenvolver mais do que o outro. Isso ocorre quando a organização (os gestores) privilegia mais um subsistema do que o outro, provocando desníveis entre eles. E o resultado que mais interessa à organização é o maior valor econômico agregado, maior participação no mercado, lucro e crescimento. O que nem sempre é comunicado ou bem informado aos gestores de RH. Deve-se acreditar que depende da competência do capital humano para se atingir tais metas. Desenvolvendo o conhecimento, as habilidades, com foco nos resultados, entre outros fatores. Assim, confirma-se a relevância dos subsistemas de ARH para o alcance dos resultados
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