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MAX WEBER

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MAX WEBER
Marta Batalini
Max Weber, economista, sociólogo e filósofo alemão, nasceu em 1864 e morreu em 1920. Um dos principais nomes da sociologia moderna, realizou extensos estudos sobre história comparativa e foi um dos autores mais influentes no estudo do surgimento do capitalismo e da burocracia, bem como da sociologia da religião. 
Curiosidade.....
	 MAX WEBER — POLÍTICA E ESPÍRITO DA TRAGÉDIA, do professor e historiador John Patrick Diggins, não é meramente uma biografia de Weber ou uma análise dos seus trabalhos em sociologia. É uma longa meditação sobre o significado do pensamento de Weber na vida americana, usando como fonte primária as respostas do sociólogo às circunstâncias históricas de seu tempo. Junto com outros pesquisadores, Diggins sugere que a visão de Weber sobre os conflitos na sociedade moderna foi moldada pelo entendimento da tragédia, que ele apropriou do trabalho de Nietzsche e Simmel, e pela descrição dos limites da responsabilidade moral, que ele desenvolveu a partir de seus estudos sobre o Calvinismo 
Sociologia – segundo weber:
Ciência que pretende entender a Ação Social , interpretando-a,, para dessa maneira, a explicar casualmente no seu desenvolvimento e nos seus efeitos.
Weber concebe o objeto da sociologia como, fundamentalmente, "a captação da relação de sentido" da AÇÃO HUMANA. Em outras palavras, conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação ou ações que o configuram. Por AÇÃO, Weber entende "aquela cujo sentido pensado pelo sujeito ou sujeitos é referido ao comportamento dos outros; orientando-se por ele o seu comportamento". Tal colocação do problema de como se abordar o fato significa que não é possível propriamente explicá-lo como resultado de um relacionamento de causas e efeitos (procedimento das ciências naturais), mas compreendê-lo como fato carregado de sentido, isto é, como algo que aponta para outros fatos e somente em função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude 
O método compreensivo:
	As ciências naturais procuram explicar as relações causais entre os fenômenos, enquanto que as ciências humanas precisam compreender processos da experiência humana que são vivos, mutáveis, que precisam ser interpretados para que se extraia deles o seu sentido. 
Ao aplicar o método da compreensão aos fatos humanos sociais, M. Weber elabora os fundamentos de uma SOCIOLOGIA COMPREENSIVA OU INTERPRETATIVA.
Ao contrário de Durkheim, Weber não pensa que a ordem social tenha que se opor e se distinguir dos indivíduos como uma realidade exterior a eles, mas que as normas sociais se concretizam exatamente quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação.
Ação social: conceito
 “conduta humana (que consiste num fazer externo ou interno, num omitir ou permitir) sempre que o sujeito ou os sujeitos da ação lhe dêm um sentido subjetivo, portanto, é uma ação onde o sentido pensado pelo seu sujeito ou sujeitos está referido à conduta de outros, orientando-se por esta no seu desenvolvimento.”
TIPOS DE AÇÃO SOCIAL
	“ação racional com respeito a fins”. 
	“ação racional com respeito a valores” 
	"ação afetiva ou emocional”. 
	“ação tradicional” 
A tarefa da sociologia para Weber é interpretar a ação social. Interpretar é captar o sentido da ação. Para orientar o trabalho de interpretação, Weber estabeleceu quatro “tipos puros” de ação social. 
“ação tradicional” 
Ocorre quando o agente cumpre hábitos e costumes arraigados simplesmente porque é o que sempre foi feito. Quando o grau de automatismo é muito alto, o comportamento pode deixar de ter um sentido subjetivo para o agente. Neste caso, deixaria de ser ação. É a ação daquelas pessoas que se casam na igreja e batizam os filhos sem nunca terem sido religiosas, mas apenas porque todo mundo faz assim.
"ação afetiva ou emocional”. 
É a ação inspirada por emoções imediatas tais como vingança, desespero, admiração, orgulho, medo, inveja ou entusiasmo. Na ação afetiva o agente segue um impulso e não elabora as conseqüências da sua ação. É a ação de quem larga tudo por amor. É a ação de quem dá um tiro na cara da mulher quando descobre que foi traído. É a ação de quem larga o emprego porque foi xingado pelo chefe. 
“ação racional com respeito a valores”
Ação motivada por um VALOR que pode ter conteúdo ético, moral, religioso, político ou estético. O que dá sentido à ação é a sua racionalidade quanto aos valores que a guiaram. A ação é orientada pela fidelidade aos valores que inspiram a conduta. Desde que fiel aos valores, o comportamento é válido por si mesmo. 
“ação racional com respeito a fins”
o sentido racional da ação se encontra na escolha dos meios mais adequados para a realização de um fim. O único critério de seleção dos meios é a sua capacidade de realizar o objetivo estabelecido. Qualquer meio eficiente é válido tão somente por sua eficiência, independentemente de avaliações morais ou éticas. É o tipo de ação mais freqüente na sociedade moderna. É a ação do empresário capitalista, é a ação do político que leu Maquiavel, é a ação do crime organizado, é a ação de Auschwitz.
A compreensão é o método de interpretação da ação que se baseia na relativa universalidade dos comportamentos e na sua comunicabilidade
“tipos ideais”
O método refere-se a construções de “comportamento com sentido” e servem para explicar processos particulares. Para que isso seja possível; Weber defende a utilização dos chamados “tipos ideais”, que representam o primeiro nível de generalização de conceitos abstratos e, correspondendo às exigências lógicas da prova, estão intimamente ligados à realidade concreta particular. 
O tipo ideal: nas palavras de Weber
	Weber assim define o tipo ideal na obra A "Objetividade" do Conhecimento nas Ciências Sociais: "Obtém-se um tipo ideal mediante a acentuação unilateral de um ou vários pontos de vista, e mediante o encadeamento de grande quantidade de fenômenos isoladamente dados, difusos e discretos, que se podem dar em maior ou menor número ou mesmo faltar por completo, e que se ordenam segundo os pontos de vista unilateralmente acentuados, a fim de se formar um quadro homogêneo de pensamento. Torna-se impossível encontrar empiricamente na realidade esse quadro, na sua pureza conceitual, pois se trata de uma utopia. A atividade historiográfica defronta-se com a tarefa de determinar, em cada caso particular, a proximidade ou afastamento entre a realidade e o quadro ideal (...) Ora, desde que cuidadosamente aplicado, esse conceito cumpre as funções específicas que dele se esperam, em benefício da investigação e da representação"[ 
Em outras palavras....
conceito de tipo ideal corresponde, no pensamento weberiano, a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular, constituindo assim um conceito individualizante ou, nas palavras do próprio Weber, um “conceito histórico concreto”. A ênfase na caracterização sistemática dos padrões individuais concretos (característica das ciências humanas) opõe a conceituação típico-ideal à conceituação generalizadora, tal como esta é conhecida nas ciências naturais 
Como procede:
A conceituação generalizadora, como revela a própria expressão, retira do fenômeno concreto aquilo que ele tem de geral, isto é, as uniformidades e regularidades observadas em diferentes fenômenos constitutivos de uma mesma classe. A relação entre o conceito genérico e o fenômeno concreto é de natureza tal que permite classificar cada fenômeno particular de acordo com os traços gerais apresentados pelo mesmo, considerando como acidental tudo o que não se enquadre dentro da generalidade. Além disso, a conceituação generalizadora considera o fenômeno particular como um caso cujas características gerais podem ser deduzidas de uma lei. 
O tipo ideal, segundo Weber, expõe como se desenvolveria uma forma particular de ação social se o fizesse racionalmente em direção a um fim e se fosse orientada de forma a atingir um e somente um fim. Assim, o tipoideal não descreveria um curso concreto de ação, mas um desenvolvimento normativamente ideal, isto é, um curso de ação “objetivamente possível”. O tipo ideal é um conceito vazio de conteúdo real: ele depura as propriedades dos fenômenos reais desencarnando-os pela análise, para depois reconstruí-los. Quando se trata de tipos complexos (formados por várias propriedades), essa reconstrução assume a forma de síntese, que não recupera os fenômenos em sua real concreção, mas que os idealiza em uma articulação significativa de abstrações. Desse modo, se constitui uma “pauta de contrastação”, que permite situar os fenômenos reais em sua relatividade. Por conseguinte, o tipo ideal não constitui nem uma hipótese nem uma proposição e, assim, não pode ser falso nem verdadeiro, mas válido ou não-válido, de acordo com sua utilidade para a compreensão significativa dos acontecimentos estudados pelo investigador. 
Na primeira parte de Economia e Sociedade, Max Weber expõe seu sistema de tipos ideais:
	A saber:
os de lei, democracia, capitalismo, feudalismo, sociedade, burocracia, patrimonialismo, sultanismo. 
	Todos esses tipos ideais são apresentados pelo autor como conceitos definidos conforme critérios pessoais, isto é, trata-se de conceituações do que ele entende pelo termo empregado, de forma a que o leitor perceba claramente do que ele está falando. O importante nessa tipologia reside no meticuloso cuidado com que Weber articula suas definições e na maneira sistemática com que esses conceitos são relacionados uns aos outros. A partir dos conceitos mais gerais do comportamento social e das relações sociais, Weber formula novos conceitos mais específicos, pormenorizando cada vez mais as características concretas. 
A questão da dominação:
A dominação ocorre quando uma quantidade qualquer de indivíduos obedecem a ordens vindas de uma parte da sociedade, que pode ser formada por uma ou mais pessoas. A dominação é resultado de uma relação social de poder desigual, onde vê- se claramente, que um lado manda e o outro obedece. Existe a subordinação de uns ao poder de outros. As relações de dominação são necessárias, para a manutenção da ordem social.
Segundo estudos apresentados por Max Weber, existem três tipos puros de dominação legítima, que são:
TRADICIONAL, CARISMÁTICA, LEGAL 
DOMINAÇÃO TRADICIONAL
 predomina a dominação patriarcal. Quem ordena é o “senhor” e os que obedecem são “súditos”. O quadro administrativo é composto por servidores, os quais normalmente fazem parte da família do senhor. Obedece-se ao senhor por fidelidade, hábito. O costume já está enraizado na sociedade. O quadro administrativo é inteiramente dependente do senhor e não existe nenhuma garantia contra o seu arbítrio.
Os servidores estão em seus cargos por privilégio ou concessão do senhor. A hierarquia é frequentemente abalada pelo privilégio.
DOMINAÇÃO CARISMÁTICA
 Neste tipo de dominação a relação se sustenta pela crença dos subordinados, nas qualidades excepcionais do “líder”, essas podem ser dons sobrenaturais, a coragem, a inteligência, faculdades mágicas, heroísmo, poder de oratória. O tipo que manda é o “líder”, quem obedece é o “apóstolo”. Obedece-se ao líder somente enquanto suas qualidades excepcionais lhe são conferidas. Não existem regras na administração, é característica deste tipo de dominação a criação momentânea. O líder tem que se fazer acreditar por meio de milagres, êxitos e prosperidade dos seus apóstolos. Se o êxito lhe falta, seu domínio oscila.
DOMINAÇÃO LEGAL
Segue regras segundo uma lei, um estatuto, que é aceito por todos os integrantes. O grupo dominante é eleito e o quadro administrativo é nomeado pelo mesmo. O tipo de funcionário é aquele de formação profissional, que é contratado, com pagamento fixo, com direito a promoção conforme regras fixas. O funcionário inferior é subordinado ao funcionário superior. O tipo de quem ordena é o “superior”, cujo direito de mando está fixado no estatuto.
	TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA 	FORMA MAIS PURA DE DOMINAÇÃO 	TIPO
	LEGAL	BUROCRACIA	RACIONAL
	TRADICIONAL	AUTORIDADE PATRIARCAL	IRRACIONAL
	CARISMÁTICA	LÍDER	IRRACIONAL
ESFERAS SOCIAIS: classe, estamento e partido
A dominação pode ser exercida em diferentes esferas da vida social. As “esferas” são mais analítico-teóricas que reais, e são criadas pela divisão social do trabalho. Uma esfera não determina uma outra esfera, mas elas trocam influências entre si. As esferas são autônomas, mas não independentes. A esfera é o lugar de luta por um tipo de sentido para as relações sociais. Classes, estamentos e partidos são fenômenos da disputa de poder nas esferas econômica, social e política, respectivamente.
A concepção de sociedade construída por Weber implica numa separação de esferas – como econômica, religiosa, política, jurídica e social e a cultural – sendo que cada uma delas possui uma lógica particular de ser 
Weber, baseado no pressuposto de que as consciências individuais orientam a vida em sociedade a partir de conceitos referenciais referentes ao plano coletivo tais como ª classes, estamentos ou grupos de status, partidos – que nos permite entender os mecanismos diferenciados da distribuição do poder, o qual pode assumir a forma de riqueza, de distinção ou do próprio poder político, num sentido estrito” 
CLASSE:
	Para uma pessoa estar numa classe ela deve se encontrar numa situação de classe comum às outras pessoas da classe, porém as classes não devem ser confundidas com comunidades, pois a ação comunitária que cria a situação de classe é uma ação entre membros de classes diferentes. As principais categorias para se classificar alguém numa situação de classe é a “propriedade” ou a “falta de propriedade”. As propriedades se distinguem pelo seu tipo e pelo tipo de serviço prestado, quem não tem propriedade se diferencia pelo tipo de serviço que presta e pela forma que faz uso deste serviço, como isso é uma situação de mercado, nesse caso a situação de classe é uma situação de mercado. 
RESUMINDO....
Classe para Weber é o conjunto de pessoas que tem a mesma posição diante do mercado. Há dois tipos básicos de classe, as que têm algum tipo de bem e as que não tem algum tipo de bem. Mas as classes também se diferenciam pela qualidade dos bens possuídos. As classes, como já dissemos estão ligadas à esfera econômica da vida social. Para Weber, a esfera econômica não tem capacidade de produzir um sentimento de pertencimento que seja capaz de gerar uma comunidade.
ESTAMENTOS
	Os estamentos são diferentes das classes pois eles são comunidades e são determinados pela honra e não pela situação econômica. Um estamento pode evoluir para uma “casta” fechada, mas só chegam a esse ponto quando há grandes diferenças “étnicas”. As classes se estratificam de acordo com suas relações  com a produção e aquisição de bens enquanto os estamentos se estratificam de acordo com os princípios de seu consumo de bens, representado por estilos de vida especiais. 
	Configura-se por uma certa teia de relacionamentos que constitui um determinado poder e influi em determinado campo de atividade.
Estamento:
Estamento é um grupo social cuja característica principal é a consciência do sentido de pertencimento ao grupo. A luta por uma identidade social é o que caracteriza um estamento. A luta na esfera social é para saber qual estamento vai dominar. As profissões podem ser analisadas como estamentos.
Nas palavras de weber estamento se refere: “... a todo componente típico do destino vital humano condicionado por uma estima específica – positiva ou negativa – da honra adscrita a alguma qualidade comum a muitas pessoas...”
PARTIDOS:
Os partidos vivem sob o signo do “poder” e tem em oposição às classes e ao estamento que suas ações significam sempre uma socialização e a meta dessa ação pode ser uma causa ou ser pessoal; sua reação é orientada para a aquisição de poder e pretendem influenciar o domínio existente. Os partidos podem representar situações classistas ou estamental.

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