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Escola uma instituição social complexa e plural (1)

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Livro: Escola: Uma Organização Social Complexa e Plural. São Paulo: Editora Viena, 2007.
Prof. Dr. Antonio Amorim 
PREOCUPAÇÕES COM A ESCOLA, SUA ORGANIZAÇÃO E DESEMPENHO 
Uma das grandes preocupações deste início de século XXI vem sendo a de encontrar o verdadeiro sentido para a escola enquanto instituição que educa milhões de pessoas, definindo a importância de cada setor, como as áreas científicas, culturais e sociais, e o que estará sendo desenvolvido nestes campos específicos do conhecimento. Para Duarte (1998), existe um dilema na escola atual, que se mostra com maior força por conta das perplexidades causadas pelas crises estruturais e conjunturais que afetam as várias instituições sociais e fazem parte do mundo moderno.
Outro grave problema colocado hoje é a questão da globalização da economia e os vários tipos de degradação em que vive a sociedade em todos os continentes (SANTOS, 1999). Esses problemas têm contribuído para o surgimento de importantes mudanças na visão paradigmática atual em virtude do aparecimento de novas visões de mundo e da constante participação de novos atores sociais na vida das instituições sociais (JOSEP, l982).
Por isso, nos tempos atuais, o trabalho educacional vem ganhando relevante importância, principalmente porque se deseja descobrir qual é de fato a verdadeira missão das instituições de ensino, especialmente diante da abertura democrática no caso brasileiro e nos países em vias de desenvolvimento. Este fato tem levado amplas camadas populares para o interior das instituições educativas, dando um novo sentido ao trabalho da escola e uma nova abrangência à questão educacional. Exige-se mais atenção por parte dos educadores para o verdadeiro sentido da cultura educacional, para conhecer mais de perto as questões pedagógicas, notadamente, no que diz respeito aos conhecimentos que compõem o currículo de ensino e a sua prática na formação crítica dos estudantes.
Quando falamos em desconstrução da escola, focamos principalmente a questão do que deve ser ensinado e como este processo precisa ocorrer no âmbito das instituições educacionais. Exige-se que este trabalho fortaleça a área social, o conhecimento popular integrado ao científico, na busca da cultura erudita e na prática coletiva desta cultura, principalmente, ampliando-se a manutenção de crenças populares que ajudam no desenvolvimento social das escolas.
Dessa forma, consideramos que são amplas e complexas as implicações sociais, culturais, pedagógicas e científicas, que precisam ser revistas no processo de desconstrução das instituições de ensino. Há um entrelaçamento lógico entre estes conceitos. Eles devem ser respeitados, pois democratizar o ensino é dotar de conhecimento a todos, de tal forma que sejam dadas as condições idênticas aos componentes das várias camadas sociais da população, tornando-se a escola uma organização pensante, que tem compromissos com a sociedade e um projeto voltado para a construção do bem coletivo.
SENTIDO SOCIAL 14
A escola tem uma marca muito profunda na condução do desenvolvimento da sociedade. Por isso, o seu sentido social é atualmente mais visível diante das questões levantadas pelo processo de globalização da economia, pela explosão demográfica, pela degradação ambiental e cultural em que todos os membros da atual sociedade estão mergulhados (BALIBAR, l992; CAPRA, l997).
Portanto, este momento é crucial para que sejam articulados os estudos sobre temas contemporâneos, sempre atuais, que sejam do interesse coletivo e se proponham a buscar respostas para muitas das indagações colocadas pela comunidade escolar. A começar pelo exemplo do aluno, um ser que está inserido numa sociedade, faz parte de um grupo social, vive de esperança e de expectativas em relação ao seu futuro social. Este processo tem sido, às vezes, muito ingrato em relação aos estudantes e à própria comunidade, requerendo, de acordo com Mclaren (1997), um situar global, para que o aluno possa localizar-se culturalmente e entender melhor as suas origens, as suas raízes, interferindo de maneira mais concreta nas mudanças almejadas por todos. Entendemos que o aluno precisa compreender melhor os seus espaços culturais, aquilo que é característico e predominante em suas atitudes e em seus sentimentos enquanto indivíduos que fazem parte de um determinado habitat, expressando com mais intensidade suas origens, suas manifestações culturais (BOWLES e GINTIS, l98l).
Nesse contexto de quase retorno às suas origens históricas, quando o indivíduo precisa idealizar e realizar sua longa caminhada social e educacional, o estudante de escola pública não deve perder de vista a necessidade de formação de uma consciência individual e coletiva, que toma como base epistemológica os papéis sociais determinados pela escola a cada um de seus participantes. Por isso, para compreender a verdadeira função social dessa instituição de ensino é preciso recorrer aos postulados básicos da sociologia, do situar social do cidadão e das diferentes contradições promovidas pelo viver no mundo atual.
Para entendermos com mais precisão a questão sociológica, não podemos perder de vista que os estudos sociais são consubstanciados por duas grandes vertentes: a teoria e o método. A teoria procura estudar os princípios, os conceitos e as generalizações que serão feitas em um determinado estudo (MAUS, 1974). O método fornece os instrumentos necessários à investigação científica dos fenômenos sociais de uma dada situação ou realidade. Diante disto, podemos afirmar que as teorias são vistas como instrumentos intelectuais, que servem para dar um bom entendimento da realidade que está sendo estudada (ANTUNES, l998; HABERMAS, l987). Os métodos são verdadeiros guias que atuam no fortalecimento das teorias, no esclarecimento das questões postuladas.
Diante desse fato, precisamos da compreensão sociológica para obter uma visão concreta a respeito da escola atual e a atuação dos diferentes sujeitos que atuam no seu entorno. Deve-se, principalmente, buscar o esclarecimento sociológico para algumas das questões básicas que vêm criando amarras culturais e pedagógicas, impedindo um melhor desempenho educacional da comunidade social quando esta tem a oportunidade de chegar à sala de aula. Há que atentar sempre para a colocação de Duarte (1998), quando nos alerta para a necessidade de observarmos que, desde muitas décadas anteriores, os professores vêm tentando quebrar as correias da mera transmissão de conhecimentos, discutindo a introdução de novas tarefas no contexto da produção do ensino.
Essas expressivas mudanças estão acontecendo no cotidiano das instituições educativas, como fruto de exigência dos fenômenos sociais e econômicos atuais, muitas vezes até sendo caracterizadas como problemas urbanos e tratadas pelos nossos governantes como sendo da alçada da escola, de responsabilidade dos nossos professores, quando aqueles deveriam de fato resolvê-las. Essas questões revelam que são problemas de natureza psicosocial e organizacional. Elas devem ser abordadas à luz das dimensões públicas e privadas, pois importa saber analisar os conflitos da estrutura social e econômica, rever o papel dado à instituição escolar e à coletividade, para que possamos entender o indivíduo em sua desorganização pessoal e coletiva.
Ao analisarmos a dimensão pública da questão escolar, precisamos pensar melhor no problema dos tabus postos hoje no contexto das relações educacionais e que vem dificultando uma compreensão mais significativa do verdadeiro papel da escola. Entendemos que há muito preconceito na maneira como a sociedade vê e projeta a escola pública brasileira vendo pouca fé no trabalho educacional desenvolvido por essas instituições sociais. Para Willis (1991), o homem é resultado de sua história de vida, do meio em que foi socializado. Por isso, ele sempre traz consigoa herança, os costumes dos seus ancestrais, levando toda essa cultura para os lugares por onde passa, inclusive para as instituições escolares; daí a importância da missão da escola, da necessidade dessas instituições estarem em sintonia com a sociedade do seu tempo.
A psicologia social nos ensina com muita propriedade que é através da vivência junto aos diferentes e complexos agrupamentos sociais que cada indivíduo se apropria do conhecimento total e da prática material, sendo uma das características mais marcantes do ser humano: o seu viver permanente junto à sociedade. As instituições escolares não podem desconhecer essa característica essencial do desenvolvimento humano. Neste sentido, Silva (l995) chama a nossa atenção para o fato de que a escola fecha os olhos para a realidade do aluno, descaracterizando o seu sentimento cultural, dizendo protegê-lo contra as várias ameaças do mundo exterior, criando uma espécie de preconceito contra tudo aquilo que foge aos padrões culturais considerados normais pelos professores.
Um dos grandes avanços constatados hoje na área de educação consiste justamente no fato de ter sido já demostrado que a transmissão do conhecimento não acontece de forma independente da realidade em que está inserido, em que é produzido. Depois, essa transmissão é cientificamente divulgada através do livro didático. Por isso, há décadas a escola vem carregando uma carga ideológica e emocional muito grande nos livros didáticos que adota para os seus alunos. O que tem sido observado nas práticas educacionais com a utilização do livro didático em sala de aula, são verdades que são ditas e praticadas junto aos alunos, valores que são trabalhados em sala de aula e que afetam, de maneira objetiva, o processo de ensino- aprendizagem, o psiquismo e a formação da personalidade do estudante.
Do ponto de vista pedagógico, a escola vem esquecendo que o seu sentido social somente se justifica se essa instituição está integrando valores, promovendo uma maior compreensão dos valores éticos, estéticos e políticos. Na verdade, são valores étnicos, sociais, culturais, morais e religiosos que promovem a verdadeira integração entre as pessoas, revelam a nobreza da instituição escolar para todos que acreditam em sua verdadeira missão, fortalecem as crenças sociais que dão vida e contorno às práticas educativas ali concretizadas, por mais simples e elementares que elas sejam.
SENTIDO CIENTÍFICO
O sentido reservado às instituições escolares deveria estar diretamente ligado aos diferentes sentidos que são dados à economia, ao sistema produtivo, à cultura e ao desenvolvimento da ciência. Escola e ciência têm interfaces importantes no caminho do desenvolvimento humano. A ciência resulta de um complexo de relações que necessita de abordagens da realidade para ser compreendida e definida. Já a escola é uma instituição da sociedade que promove a reflexão em torno da ciência e dos avanços do conhecimento, sintonizando os diferentes grupos sociais com a questão da educação formal. Neste sentido, a ciência auxilia a educação formal, sendo entendida como um conjunto de conhecimentos fundados sobre determinados princípios e normas que possibilitam chegar ao conhecimento dominante, originando-se dos sucessivos avanços, das diferentes reflexões, das aproximações construídas pelos indivíduos diante de uma dada realidade social, econômica e cultural (CHAUCHAT, l985). 
Segundo Coracini (l99l) e Bourdieu e Passeron (l997), o avanço do conhecimento, enquanto estágio científico, exige uma série de estudos, de aproximações científicas em torno do objeto analisado, pesquisas atualizadas oriundas das mais diferentes fontes levando-se em conta o processo e o produto que será construído, tendo sempre como norte a visão social de mundo em transformação. Esse processo todo nos leva à formação de um saber culto, produto de experiências humanas e de pesquisas que são muitas vezes comprovadas. Essas experiências são levadas às instituições educativas e dadas, quase sempre, como sendo fruto de uma ciência definitiva, cujo produto não é democratizado, esquecendo-se que o sentido da ciência é construído quando na escola são formados centros de problematicidade. Estes centros, de acordo com Moura e Carnoy (1997), exigem que, através da reflexão crítica, sejam encontradas as respostas e as soluções para muitas das indagações colocadas no contexto da sociedade e da própria escola. Exigem a realização de profundas e duradouras mudanças, de modo que a cientificidade esteja mais presente na prática educacional de alunos e professores.
A ciência pode ser considerada como sendo um grande prodígio, uma das maiores criações do ser humano, que tanto serve para situar o homem na questão de saber ver, conhecer, entender os fenômenos da natureza e as suas intricadas inter-relações, como também desperta determinados avanços científicos e tecnológicos que contribuem para a própria destruição da natureza e do ser humano. Para Nachbin (1996), tudo o que é ciência hoje, com a evolução e a redescoberta de novos conhecimentos e de novas tecnologias pelo homem e a evolução da sociedade, amanhã, serão considerados compreensíveis, abrangentes e utilizados de maneira mais ampla pelo conjunto da sociedade. Com isto, podemos afirmar que a ciência está interligada à visão que se tem de sociedade e de cultura. Além do mais, toda ideia de conhecimento traz consigo a noção de cultura, a questão do âmbito cultural que serve para aprofundar a missão e as crenças que todos devem ter na construção da tão sonhada sociedade do futuro (ETZIONI, l996).
Portanto, a escola tem um sentido científico. Ela pode fazer a ciência avançar de maneira mais democrática, emergindo a ideia de que o pensamento científico deve permear todo o conhecimento e caminhar aliado à filosofia e à sociologia, precisando ser repensado pelas instituições de ensino no sentido de fortalecer os novos conceitos e as novas práticas reveladas pela ciência e pela evolução da sociedade (POPKENWITZ, l994).
SENTIDO CULTURAL
Assim como a ciência, também a questão da cultura tem um sentido marcante no meio educacional. O sentido cultural da escola é revelado com intensidade, quando observamos o legado cultural que vem sendo acumulado com o passar dos anos. Mesmo os povos considerados mais primitivos e atrasados tiveram o seu legado cultural; houve, pois, uma cultura que foi transmitida de geração em geração, existindo por isso muitas práticas culturais e valores significativos. De acordo com Marcuse (1998), esses valores são mais importantes ainda quando realizamos a revisão de uma determinada cultura, pois, obrigatoriamente, temos que considerar a relação dos valores e dos fatos sociais como uma questão pertencente à estrutura social. Os valores e os fatos sociais formam um todo, que revelam o poder das crenças, dos mitos, das lendas, dos costumes e até mesmo do sistema jurídico normativo, que difere de uma cultura para outra. São transferidos e acompanham a sociedade de então, revelando os valores éticos e jurídicos de uma civilização, compondo também o seu patrimônio cultural. Com isto, observamos o sentido cultural que tem a escola, demonstrando a sua responsabilidade histórica na manutenção, preservação e transmissão dessa herança cultural e educacional.
Para Labourie (1998), o homem é portador de cultura, sendo marcante os seus traços culturais no criar, no transmitir e no preservar as ideias, bem como nas práticas sociais que formam um todo, um conjunto dinâmico sob o qual os membros de uma sociedade convivem e se relacionam, constituindo um todo complexo maior onde a sociedade se organiza e se reconstrói, criando novos padrões culturais. Esses padrões vêm influenciando de maneira concreta o ambiente educacional em geral (FILHO, l996). Eles vêm sendo caracterizados por contribuírem com a formação de uma cultura dominante e com o progressivo enfraquecimento da cultura popular, que a escola brasileira tem imensa dificuldade de aprofundar nos currículos de ensino. Um exemplo deste processo de enfraquecimentoda cultura local e regional pode ser visto na política adotada pelo governo federal na aquisição de livros didáticos para as escolas públicas brasileiras. O que se observa nesses livros adotados são conceitos extremamente ideológicos, que descaracterizam o sentido da riqueza da cultura, pois não há uma preocupação com a educação local e global do indivíduo (YUS, l995). Nessa mesma linha de pensamento, Silva (1995) explicita que a escola vem contribuindo muito para reforçar as características uniformizadoras da cultura dominante, deixando de lado a importância educacional da cultura popular.
O fato mais importante verificado no contexto educacional atual é a necessidade imediata para que as instituições de ensino adotem em seus projetos curriculares as questões da cultura local e regional, privilegiando a escrita e a oralidade a partir de padrões culturais que tenham o sentido da comunidade, difundindo-se uma língua, os conhecimentos técnicos e científicos consagrados como sendo culturalmente corretos e a que todos devem ter acesso (BADIE, l993). Este processo tem como finalidade perpetuar outro tipo de cultura, outra concepção de conhecimento que criará novas possibilidades, novas crenças no meio educacional.
A ESCOLA ENQUANTO ORGANIZAÇÃO COMPLEXA
O estudo da missão e das crenças da escola está intimamente ligado à ideia de que essa instituição é uma organização pensante, complexa e atuante no campo das relações humanas e da produção do saber. Trata-se de uma organização que, pela natureza de ser, de lidar com pessoas e processos, precisa do auxílio da psicologia das organizações e da psicologia social para que possamos compreender melhor as suas crenças e a sua própria missão institucional. Entendemos que a escola é uma importante organização da sociedade contemporânea, que trabalha com os seus recursos humanos procurando definir um modelo educacional calcado numa determinada concepção de missão e de crenças sociais e culturais. Enquanto organização, a escola não pode ficar de fora das grandes tramas sociais colocadas no dia a dia pela vida em sociedade. É neste contexto de tramas sociais que, Quijano (1993) já nos alertava para as múltiplas facetas das organizações sociais, como no caso presente, a escola, destacando que a nossa vida na sociedade atual exige que estejamos vinculados a uma multiplicidade de fatores organizacionais. Esses fatores contribuem muito para que seja constituída uma grande trama social em torno de nossas vidas.
Nesse contexto de tramas sociais e educacionais, as escolas têm estruturas próprias, pertencem a um determinado sistema educacional, lidam com os seus recursos humanos e desenvolvem diferentes aspectos da educação. Ou seja, cada escola tem a sua própria dinâmica organizacional diferente das demais instituições, mas, nem por isso, deixa de ser uma organização social que carece de uma redefinição ou de uma reconstrução. Definir uma organização não é nada muito simples. De acordo com Schein (1982), uma organização é uma coordenação planejada das atividades desenvolvidas por um grupo de pessoas que procura concretizar um determinado objetivo. Uma organização surge do interesse, do direito que os indivíduos têm no sentido de crescer enquanto pessoas, enquanto cidadãos que buscam respostas para os diferentes problemas do conhecimento e da vida em sociedade (QUIJANO, l994).
A missão principal de uma organização é o motor que impulsiona a convivência coletiva e a produção de uma cultura grupal (AGUIRRE, l997). Muitas vezes até, essa cultura poderá se constituir na razão de ser, de toda existência de uma dada comunidade social. Compreendemos então que uma organização é um sistema social complexo, interdependente, multivariado e dinâmico. Por isso, Fernandez e Sánchez (1997) definem a organização como sendo um sistema de significados que se caracteriza por doze características importantes, a exemplo de artificialidade, complexidade, instrumentalidade, extensão, consistência, integração, estabilidade relativa, convertibilidade, origem, fim, profundidade temporal e participação.
Cada organização tem também aspectos que são subjetivos e objetivos, que só têm significado maior quando estão em completa interação direta ou mediatizada (QUIJANO, 2000). Esse processo de interação é mais dinâmico ainda quando se trata da escola enquanto organização pensante e atuante num dado contexto histórico. Desta forma, não podemos analisar o problema da missão da escola e de suas crenças atuais e futuras, sem pensar no papel dessa instituição enquanto organização, considerando a complexidade das relações e das interações humanas que são desempenhadas pelos recursos humanos, que são contextualizadores do ambiente escolar e que fazem brotar um mar de conhecimentos e de possibilidades inovadoras. O aprofundamento dessa problemática pode ser visualizado pelo mapeamento das questões básicas elencadas a seguir, de modo que sejam encontradas as respostas concretas que esclareçam qual é de fato a verdadeira missão e quais são as crenças que a sociedade tanto deposita na instituição educacional chamada de escola.
Por isso, este estudo teve como finalidade maior buscar respostas concretas junto à comunidade escolar a respeito da temática escola, sua complexidade, missão e crenças, principalmente porque o debate Escola: Uma Organização Social Complexa e Plural referente à questão da educação vem sendo colocado num mundo profundamente marcado pelas diferenças sociais, culturais, tecnológicas e econômicas (FGV, l999). Questões como: qual tem sido de fato a verdadeira missão da nossa escola? Quais são de fato as crenças que os membros da comunidade escolar têm a respeito do papel social dessa instituição? Como a missão e as crenças idealizadas pela sociedade podem atuar no sentido de fortalecer o papel social, político, cultural e filosófico da instituição escolar?
No decorrer deste estudo, o esclarecimento científico dessas questões deve ser encaminhado no sentido de buscar uma nova visão sobre a escola que idealizamos para as nossas crianças e jovens, no atual contexto educacional nacional, enfocando sobre tudo a visão que a sociedade tem e projeta sobre as instituições educacionais para um futuro muito próximo. Pretendemos assim investigar a missão e as crenças manifestas nas práticas educativas e na construção de valores que ocorrem no contexto diário da sala de aula, demonstrando o mundo de complexidade que surge diante do avanço do conhecimento e da ciência. São avanços do conhecimento muito ricos em contradições, sendo por isso um ambiente propício a investigação. Além do mais, são muitas as críticas feitas ao papel social que a escola vem exercendo atualmente. Muitas dessas críticas apontam para a falta de uma missão educacional, consequente, das instituições educacionais diante da vida e dos problemas gerais vividos pela maioria da sociedade.
REFERÊNCIAS
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_______________. Escola – uma instituição social complexa e plural. São Paulo: Editora Viena, 2007.
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