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Universidade Salgado de Oliveira Teoria Geral do Processo Prof. Robson Corrêa Toledo IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DOS JUÍZES O impedimento e de suspeição importam afirmação da falta de legitimidade do juiz. Visam a afastá-lo da relação processual. Independentemente de alegação da parte, deve o juiz declarar-se impedido ou suspeito, se for o caso. Há impedimento nos casos do artigo 144; suspeição, nos do artigo 145. Quanto ao impedimento e à suspeição, diferenciam-se de acordo com o nível de comprometimento que o juiz tem com a causa, e que pode prejudicar sua imparcialidade. No impedimento há presunção absoluta ( juris et de jure ) de parcialidade do juiz, enquanto na suspeição há apenas presunção relativa ( juris tantum ). A imparcialidade do juiz é um do pressupostos processuais subjetivos do processo. As causas de impedimento e suspeição são elencadas respectivamente nos arts. 134 e 135 do CPC Segundo Pontes de Miranda é uma enumeração taxativa. Calmon de Passos, no entanto, entende que o rol de impedimentos não é exaustivo, porque engloba toda situação em que haja uma incompatibilidade lógica entre a função de julgar e o papel do juiz no processo, mesmo que não prevista expressamente naqueles dispositivos. Aliás, o impedimento é argüível a qualquer tempo, não precluindo (constitui até fundamento para rescisória - art. 485 , II , do CPC), pois é matéria de ordem pública. Como diz Couture, os cidadãos não têm um direito adquirido quanto à sabedoria do juiz, mas têm um direito adquirido quanto à independência, autoridade e responsabilidade do juiz. Ademais, é dever do magistrado declarar-se impedido ou suspeito, podendo alegar motivos de foro íntimo. Para ele não preclui o dever de declarar-se suspeito ou impedido. Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. Art. 145. Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. § 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. § 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I - houver sido provocada por quem a alega; II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo. CONDIÇÕES DA AÇÃO CÍVEL As condições da ação são requisitos necessários ao exercício da ação, sem os quais o direito de ação não existe: Possibilidade Jurídica do Pedido – Exclusão da possibilidade jurídica do pedido do rol de condições para o regular exercício do direito de ação. Interesse de agir – traduz a necessidade da tutela jurisdicional para evitar ameaça ou lesão ao direito; ou a necessidade de se invocar a tutela jurisdicional no caso concreto. Legitimidade das Partes – traduz a pertinência subjetiva da lide, de modo que o autor seja aquele a quem a lei assegura o direito de invocar a tutela jurisdicional, e o réu, aquele em face de quem pode o autor pretender algo. Assim, faltaria legitimidade ao pai para cobrar judicialmente dívida do filho; ou ao marido para cobrar dívida da mulher. JURISDIÇÃO Conceito – é a função do Estado, pela qual este atua o direito objetivo na composição dos conflitos de interesse, com o fim de resguardar a paz social e o império do direito. No exercício desta função, o juiz não atua espontaneamente, devendo, para tanto, ser provocado por quem tenha interesse na lide. 1 – Princípio da investidura – Significa esse princípio que a jurisdição só pode ser legitimamente exercida por quem tenha sido dela investido por autoridade competente do Estado, de conformidade com as normas legais. 2 – Princípio da aderência ao território – Este princípio significa que a jurisdição pressupõe um território sobre o qual é exercida, não se podendo falar em jurisdição, senão enquanto correlata com determinada área territorial do Estado. 3 – Princípio da indelegabilidade – Este princípio significa que, sendo o juiz investido das funções jurisdicionais como órgão do Estado, deve exercê-las pessoalmente, sem poder delegar atribuições. 4 – Princípio da indeclinabilidade – Este princípio significa que o juiz não pode declinar do seu ofício, deixando de atender quem deduza em juízo uma pretensão, pedido a tutela jurisdicional. 5 – Princípio do juiz natural – Este princípio significa que todos têm, em igualdade de condições, direito a um julgamento por juiz independente e imparcial, segundo as normas legais e constitucionais. 6 – Princípio da inércia – Segundo este princípio, não pode haver “jurisdição sem ação”, pois a jurisdição depende de provocação do interessado no seu exercício, não sendo, de regra automovimentada. 7 – Princípio do acesso à justiça – Essa simples faculdade acabou erigida num princípio, segundo o qual a todos é assegurado o acesso ao Judiciário, para defesa de seus direitos. JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES 1 – Quanto a gradação: a) Jurisdição inferior – é a que se exerce na primeira instância, por juiz que conhece e julga, originariamente, as causas; b) Jurisdição superior – é exercida na superior instância, por força de recurso interposto em causa já sentenciada, como conseqüência do duplo grau de jurisdição. 2 – Quanto a matéria: a) Jurisdição penal – tem por objeto as lides de natureza penal. b) Jurisdição cível – compreende as causas de natureza extrapenal, como civis, comercias, administrativas, tributárias, constitucionais, trabalhistas etc. 3 – Quanto a origem: a) Jurisdição legal – é permanente, nasceda investidura do juiz no cargo com atribuições próprias de seu ofício, de dizer ou declarar direito. b) Jurisdição convencional – é momentânea, exercida pelo árbitro ou tribunal arbitral, por força de compromisso assumido pelas partes, sendo momentânea. 4 – Quanto aos organismos judiciários: a) Jurisdição especial – tem seu campo de atuação assinalado pela lei, como a militar, eleitoral, trabalhista. b) Jurisdição comum – tem como competência sobre todas as causas que não estejam expressamente atribuídas as outras jurisdições, como a jurisdição comum federal e estadual. 5 – Quanto a forma: a) Jurisdição contenciosa – é exercida em face de litígio, quando há controvérsia. b) Jurisdição voluntária – quando o juiz se limita a homologar a vontade dos interessados, ou quando o juiz decide, mas em face de interesses não litigiosos. COMPETÊNCIA Conceito – A restrição ao exercício da jurisdição provem da lei, que traça os limites dos quais ele pode ser exercida. Casa juízo, singular ou colegiado, somente pode julgar aquelas causas que, segundo a lei, estão compreendidas no âmbito dos poderes jurisdicionais dela recebidos; pois, fora esses limites, é incompetente. Distribuição da competência. Valor da causa – quando a competência se determina com base no valor econômico da relação jurídica ou objeto da demanda. Matéria – quando a natureza da relação jurídica que serve de base para determinar a competência. Pessoas – quando se determina a competência em razão da condição das partes em lide. Território - quando a competência é determinada com base no lugar onde se encontram as partes ou o objeto da relação jurídica que constituí objeto do processo. Função – quando a competência atende à natureza que o órgão jurisdicional é chamado a exercer em relação a uma determinada demanda.
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