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revertendo sombra em luz

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REVERTENDO          
SOMBRA EM LUZ
Como Transformar Violência Escolar
em Competência Emocional
 
Jerusa Guijen Garcia
 
 
Primeira Edição
 
 
CLUBE DE AUTORES
2019
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil.
Garcia, Jerusa Guijen. Revertendo Sombra em Luz. Como transformar violência escolar em competência emocional. São Paulo: Clube de Autores, 2019.
Índice para Catálogo Sistemático: 1. Inteligência Emocional.
2. Inteligência Emocional aplicada à Educação. 4.Psicologia. 5.Desenvolvimento Comportamental. 6.Autoajuda.
 
ÍNDICE
1.      Sobre a autora - 5
2.      Prólogo - 6
3.      O que é Inteligência Emocional - 7
4.      Howard Gardner – 9
5.      Deepak Chopra - 13
6.      Automotivação – 14
7.      Conhece teu próximo como a ti mesmo – 16
8.      Charles Darwin – 17
9.      Inteligência Emocional Aplicada à Educação - 24
10.  Colégio Águia: uma experiência de sucesso - 29
11.  Lidando com a frustração – 31
12.  Código de Conduta - 32
13.  Poder pessoal – 34
14.  As quatro divisões da IE – 35
15.  Características – 36
16.  Os conceitos de Peter Salovey & John Mayer - 42
17.  Lidando com a raiva – 46
18.  Raiva: deficiência moral - 47
19.  Como agir diante de um raivoso – 50
20.  Dragão cochilando no quarto dos fundos – 52
21.  O olhar da Filosofia - 54
22.  Despertando a compaixão – 56
23.  Sentimentos causam impacto – 57
24.  Reações fisiológicas – 58
25.  O funcionamento do cérebro – 60
26.  Memória emocional – 63
27.  O trauma de Brígida – 67
28.  Como jogar luz na emoção – 68
29.  O plug que desliga a emoção – 71
30.  Assertividade – 72
31.  Desprezo – 74
32.  Conclusão – 75
33.  Referências – 77
34.  Anexos:
  Questionário de QE - 81
  Projeto Educacional: Jogo de Sombra e Luz - 87
  Os Nove Passos - 94
  Sugestão de Performance - 95
SOBRE A AUTORA
Jerusa Guijen Garcia iniciou sua carreira profissional na área da dramaturgia aos 14 anos. Graduou-se em Letras aos 36,  especializou-se em Divulgação Científica e de lá para cá tem se dedicado a difundir a ciência através de palestras e livros, sempre com algum enfoque da dramaturgia. Concluiu um mestrado em Comunicação Social, o que lhe serviu para lecionar Publicidade, Jornalismo e Semiótica em algumas universidades.
Em 2005 foi classificada para participar da Missão de Cooperação Internacional do Brasil no Timor Leste, onde residiu por dois anos, tendo lecionado na universidade local, bem como no SENAI lá existente e culminando sua atividade profissional com a montagem de um espetáculo teatral, o primeiro ocorrido do gênero até então naquele país.
Ao longo de sua vida escreveu inúmeras obras dramáticas, acadêmicas e literárias, tendo também registros de literatura de viagem, crítica social, trabalhos de difusão científica, infantil, juvenil, autoajuda, além de traduções.
Presidiu durante dez anos a ONG “Rosa de Sharon”, uma escola de artes voltada para o atendimento de crianças e jovens de baixa renda. Hoje, aposentada, dedica-se a ministrar palestras sobre como transformar a violência escolar em competência emocional.
 
PRÓLOGO
O trabalho do Divulgador Científico é traduzir a ciência para a linguagem popular, já que, na maioria das vezes, a ciência faz ciência para ela mesma, e não para o povo, que gostaria de decifrá-la, se conseguisse. Por isso a necessidade do Divulgador Científico.
São muitas as ferramentas que um Divulgador Científico pode fazer uso: teatro, rádio, jornal, mural e tantas quantas ocorram.
Este livro pretende divulgar um tema muito enriquecedor, ainda não suficientemente trabalhado pela população em geral: inteligência emocional. Por isso resolvi transformá-lo em um livro bem singelo, vazado numa linguagem leve e descontraída.
Grande parte desta obra foi baseada no livro de Daniel Goleman intitulada Inteligência Emocional, resultado de sua tese de doutoramento em Harward, sendo ele um dos Papas do assunto no momento, ainda que existam outros trabalhos expressivos, como o de Charles Darwin, John Mayer,  Peter Salovey, dentre outros.
No Brasil, ilustres psicanalistas e psicólogos também se debruçaram sobre o tema – e o estão fazendo cada vez mais - , como o saudoso Dr. Flávio Gikovate (in memorian),  o Dr. Augusto Cury, dentre tantos outros.
O QUE É INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Uma das designações mais antigas que se tem notícia de Inteligência Emocional (IE) remonta a aproximadamente 2.400 anos atrás, quando Aristóteles disse:
 
“Qualquer um pode se zangar, isso é fácil. Mas se zangar com a pessoa certa, na hora certa, da maneira certa na medida certa e pelo motivo certo, isso não é nada  fácil”.[i]
 
Nesse desafio, Aristóteles nos convidava a adentarmos o universo do que mais tarde seria chamado de Inteligência Emocional, seguido pelos mais renomados pensadores da história da humanidade. Até mesmo Charles Darwin, em sua Teoria da Evolução das Espécies teria se referido à importância do equilíbrio emocional para a sobrevivência e adaptação dos seres vivos.
A inteligência emocional surgiu no primeiro momento em que se sentiu necessidade de equilibrar a razão com a emoção e esse conceito passou a vigorar como a capacidade de se lidar com a emoção de forma inteligente.
Mas o primeiro uso do termo "inteligência emocional" é  atribuído a Wayne Payne, citado em sua tese de doutoramento, em 1985. O termo, entretanto, havia aparecido anteriormente em textos de Hanskare Leuner (1966). Stanley Greenspan também apresentou em 1989 um modelo de inteligência emocional, seguido por Peter Salovey e John Mayer (1990), e Daniel Goleman (1995).
Na década de 1990, a expressão "inteligência emocional" tornou-se tema de vários livros (e até best-sellers) e de uma infinidade de discussões em programas de televisão, em escolas e mesmo em empresas. O interesse da mídia foi despertado pelo livro "Inteligência emocional", de Daniel Goleman, redator de Ciência do The New York Times, em 1995.5 No mesmo ano, na capa da edição de outubro, a revista Time perguntava ao leitor - "Qual é o seu QE?"  (referindose a quociente de inteligência emocional) - apresentando um importante artigo sobre o livro de Goleman e despertando cada vez mais o interesse da mídia sobre o tema. A partir de então, os artigos sobre inteligência emocional começaram a aparecer com frequência cada vez maior por meio de uma ampla gama de entidades acadêmicas e de periódicos populares.
* * * * * * *
HOWARD GARDNER E O CONCEITO DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
Embora as definições tradicionais de inteligência enfatizem os aspectos cognitivos, como memória, resolução de problemas, raciocínio lógico-dedutivo, etc., vários pesquisadores de renome no campo da inteligência têm reconhecido também a importância de aspectos não-cognitivos.
Em 1920, Robert Thorndike, professor da Universidade de Columbia, usou o termo "inteligência social" para descrever a capacidade de compreender e motivar os outros.1
Em 1983, Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard, em sua teoria das inteligências múltiplas2,  insatisfeito com a avaliação da inteligência humana através da medida do QI (quociente intelectual), realizou estudos experimentais para fazer uma nova classificação. O QI é medido através da aplicação de diversos testes psicológicos referentes à percepção, conhecimento, memorização e interpretação de informações, resultando um escore global único para avaliação da inteligência da pessoa analisada. Inconformado com as limitações conceituais do QI, Gardner contestou-o, argumentando que as pessoas não possuem somente um único tipo de inteligência, mas sim um conjunto de aptidões e habilidades, que devem ser consideradas isoladamente. Chamou-as de Múltiplas Inteligências, tendo descrito inicialmente sete variedades:
      Inteligência Lógico-matemática: habilidade para pensar, calcular e manejar o raciocínio lógico. Própria dos lógicos, matemáticos e cientistas;
      Inteligência Linguística: habilidade para falar ou escrever bem,encontrada nos grandes oradores, escritores, atores e professores em geral;
      Inteligência Espacial e Visual: habilidade para pintar, desenhar e esculpir, encontrada nos grandes pintores, escultores, arquitetos e professores de artes plásticas.
      Inteligência corporal-cinestésica: habilidade para utilizar as próprias mãos ou o próprio corpo, muito desenvolvida nos grandes atores, bailarinos, atletas e professores de educação física;
      Inteligência Musical: habilidade para compor canções, cantar e tocar instrumentos, desenvolvida nos que se dedicam à música;
      Inteligência Interpessoal ou Social: habilidade de se relacionar com os outros de forma adequada. Posteriormente, Gardner desdobrou-a em quatro aptidões diferentes: liderança, aptidão para manter relações e conservar amigos, aptidão de resolver conflitos e a habilidade de fazer análise social; capacidade de discernir e responder adequadamente aos estados de espírito, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas".
      Inteligência Intrapessoal ou Intuitiva: habilidade para acessar os próprios sentimentos íntimos, ou seja, ouvir o Eu Interior. Acesso aos nossos próprios sentimentos e capacidade de discriminá-los e usá-los para orientar o comportamento. Gardner considera a inteligência intrapessoal a mais importante de todas, pois é a responsável pelas escolhas que fazemos: os amigos, a pessoa com quem nos casamos, ou com quem  convivemos em nossos empregos.
 
Em um segundo momento, Gardner adicionou mais dois tipos de inteligência: espiritual e naturalística.
Recentemente, em 1993, Gardner fez o seguinte sumário sobre as inteligências interpessoal e a intrapessoal: "Inteligência interpessoal é a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. Pessoal de vendas, políticos, professores, clínicos e líderes religiosos bem sucedidos provavelmente todos são indivíduos com altos graus de inteligência interpessoal. A Inteligência intrapessoal é uma aptidão correlata, voltada para dentro,  é uma capacidade de formar um modelo preciso, verídico, de si mesmo, e poder usá-lo para agir eficazmente na vida".
Gardner implantou o Projeto Spectrum para operacionalizar suas ideias, na Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, na Pré-escola Eliot-Pearson. Comparou os dados obtidos com a visão de múltiplas inteligências da criança com os obtidos pela medida tradicional do QI, tendo verificado que não havia uma relação significativa entre as contagens obtidas nas duas diferentes metodologias, para o universo considerado. Por exemplo, uma criança portadora de alto QI só tinha uma aptidão mais forte na avaliação do modelo das múltiplas inteligências. Outra, de QI elevado, só era forte em três áreas das múltiplas inteligências. Ele considera que na vida real o que é realmente importante é um conjunto de aptidões e habilidades e não apenas um QI elevado. Uma pessoa pode ter um QI elevado e ser empregada de outra de menor QI, desde quando a segunda tenha outras aptidões mais desenvolvidas, principalmente as interpessoais e intrapessoais. Em outras palavras, QI elevado não é garantia de sucesso na vida, porque pode faltar à pessoa capacidade de se relacionar bem socialmente, o que dificulta o sucesso pessoal. Pesquisas da Harvard deixaram isto bem claro.
Gardner acredita que uma grande contribuição que a educação pode dar ao desenvolvimento de uma criança é identificar suas aptidões mais fortes e encaminhá-la para o campo em que suas habilidades são mais pronunciadas. As escolas que estão colocando em prática o modelo educacional de Gardner usam a estratégia de identificar o perfil natural das aptidões da criança, estimular os pontos mais fortes e apoiar os mais fracos. O conhecimento do perfil de aptidões da criança permitirá ao professor atender melhor às suas tendências naturais para o aprendizado, tornando-o mais agradável (GARDNER, 1995).
A teoria das múltiplas inteligências influenciou também Peter Salovey, psicólogo da Universidade de Yale, na formulação do conceito de Inteligência Emocional. Para ele Inteligência Emocional implica em:
      Conhecer as próprias emoções e saber lidar com elas;
      Motivar-se, colocando as emoções a serviço de uma meta pessoal;
      Reconhecer as emoções no outro;
      Lidar com relacionamentos.
 A incapacidade de alguém observar seus sentimentos e emoções a sujeitará  a ser conduzida inconscientemente por eles, o que seguramente lhe trará problemas de relacionamento.
DEEPAK CHOPRA
Deepak Chopra, em seu livro As Sete Leis Espirituais para o Sucesso, faz algumas observações que vêm de encontro ao que o Dr. Gardner concluiu em suas pesquisas. Vejamos o que ele fala sobre o desenvolvimento dos talentos em sua Lei do Darma ou Lei do Propósito da Vida:
 
A LEI DO PROPÓSITO DA VIDA
1.      Você tem um talento único e irrepetível;
2.      Você tem uma maneira única e especial de expressar seu dom;
3.      Existe alguma coisa que você consegue fazer melhor do que ninguém no mundo;
4.      Estamos aqui para descobrir esse nosso verdadeiro dom;
5.      Nossa missão no mundo é expressarmos esse nosso talento singular;
6.      Quando encontramos isso, entramos num estado de consciência atemporal (estado de fluxo);
7.      E quando colocamos esse dom a serviço da humanidade, atingirmos o estado de graça.
         
            AUTOMOTIVAÇÃO
A capacidade de automotivação, de que Salovey fala,  também é ferramenta de grande valor no que se refere ao  autocontrole emocional, sendo importante para qualquer realização pessoal. Vamos dar um exemplo bastante elementar, apenas a título de ilustração. Digamos que eu trabalhe numa escola super longe de minha casa e tenha que praticamente viajar todo dia para chegar nela. Façamos de conta que o diretor seja um senhor insuportavelmente implicante que basta colocarmos os pés para dentro do portão e ali mesmo ele já desfie seu rosário de críticas e lamentações. Os alunos indisciplinados até o extremo, o salário nem faz frente à metade dos meus gastos mensais, mas... - e é agora que entra a motivação – mas eu estou cursando Mestrado e em breve defenderei minha tese e irei lecionar em boas faculdades, bem mais perto de casa, onde supostamente os alunos me respeitarão mais e os coordenadores possivelmente sejam bem mais corteses. Sendo assim, esse curso de mestrado é minha automotivação para continuar lutando.
Outros têm sua motivação num cruzeiro que estão pagando as parcelas e quando terminar, passarão quinze dias dentro de um transatlântico, percorrendo as ilhas do Caribe. Outros têm sua automotivação num projeto que esteja desenvolvendo, e assim por diante. O importante é ter alguma automotivação – seja ela qual for – que o ajude a se manter em equilíbrio constante.
* * * * * * *
CONHECE TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO
Reconhecer emoções no outro é uma aptidão que pode nos favorecer. No oráculo de Delfos, na antiga Grécia, estava escrita a sentença: “Conhece-te a ti mesmo e conhecereis os deuses e o universo”; Jesus, por sua vez, disse: “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Juntando essas duas sentenças, teremos: “Conhece teu próximo como a ti mesmo”. Se desenvolvermos a sensibilidade ao ponto de conseguirmos notar as reações fisiológicas advindas dos comandos emitidos pela mente emocional de nosso interlocutor, poderíamos evitar uma série de dissabores.
É isso que se chama de empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro, sentindo o que ele sente, tentando compreender o comportamento dele, traduzindo seus gestos, suas expressões faciais, seu tom de voz e tentando identificar que sensações estariam lhe perpassando naquele momento. Nessas horas o conhecimento acerca da linguagem gestual ajuda bastante, bem como a lembrança dos aspectos que iremos abordar doravante, no capítulo Reações Fisiológicas. Pierre Weil, em seu livro O Corpo Fala  nos dá uma série de dicas acerca da linguagem corporal. Outro autor que abordou esse tema, sob a ótica da emoção – que mais nos interessaagora – foi Charles Darwin. Vejamos o que ele tem a nos dizer.
CHARLES DARWIN  
 O naturalista inglês Charles Darwin deu vários exemplos da expressão de emoções que podiam ser detectadas tanto nos animais como no homem, tais como: mau-humor e a boa disposição de cães e cavalos; a tendência a manifestar fúria por parte de certos animais; a vingança arquitetada por diversos animais; o amor e o carinho de um cão para com o seu dono; a afeição materna das fêmeas de todas as espécies; a dor das fêmeas pela perda dos filhotes; a adoção de macacos órfãos pelos outros do bando, além de roubarem cãezinhos e gatinhos para criar. A partir desses exemplos, Darwin argumentou que o princípio de sua ação seria o mesmo no homem e nos animais.
Ao comparar as feições de humanos com as feições de macacos, constatou que havia semelhanças na expressão das emoções em relação à movimentação dos músculos da face. Ele explicou que diversas emoções são manifestadas por movimentos quase similares dos músculos e da pele, especialmente acima das sobrancelhas e ao redor da boca; algumas dessas expressões chegam a ser praticamente as mesmas, como o choro de certos tipos de macacos e a risada de outros, durante a qual os cantos da boca são repuxados para trás e as pálpebras franzidas. (Darwin, 1871, vol. 1, p. 191).
ESTUDO DA EXPRESSÃO DO HOMEM
Darwin observou crianças, já que estas mostravam diversas emoções, e de loucos, que mostravam suas paixões de forma descontrolada, além de pessoas cultas de ambos os sexos e de diferentes faixas etárias a partir de fotografias e gravuras de grandes mestres da pintura e escultura. Estudou também gestos e expressões de raças humanas que tinham tido pouco contato com os europeus, além das expressões encontradas nos animais mais conhecidos.
E com o intuito de estudar as expressões e gestos nas raças humanas de nativos, divulgou um folheto impresso intitulado “Questões sobre a expressão”. Neste, ele apresentou uma série de questões que havia elaborado e o enviou para pessoas que estavam em contato com povos primitivos em diferentes regiões do mundo, tais como missionários ou protetores de aborígenes. Recebeu desses últimos um total de 36 respostas, que considerou valiosas devido às circunstâncias em que tinham sido obtidas. Reproduziu as questões cujas respostas serviram de base para a elaboração da Expressão das emoções no homem e nos animais. A partir das respostas que ele obteve, concluiu que certas emoções são recorrentes em todas as raças, tais como:
1.      Exprimem a surpresa pelo arregalar dos olhos e da boca e pela elevação das sobrancelhas.
2.      A vergonha produz enrubescimento, quando a cor da pele nos permite percebê-lo.
3.      Quando um homem está indignado ou desafiador,  franze o cenho, mantém cabeça e corpo erguidos, apruma os ombros e cerra os punhos.
4.      Quando está concentrado, ou tenta resolver algum problema, ele franze o cenho ou enruga a pele abaixo das pálpebras inferiores.
5.      Quando abatido, desce os cantos da boca e eleva a extremidade interna das sobrancelhas pela ação desse músculo que os franceses apelidaram de “músculos de sofrimento”. Nesse estado, as sobrancelhas fazem-se levemente oblíquas, com um pequeno inchaço em sua extremidade medial; e o meio da testa fica enrugado, não toda a sua extensão.
6.      Quando elevam as sobrancelhas exprimem surpresa.
7.      Quando satisfeito, brilham seus olhos, enruga-se a pele em volta destes e retraem-se os cantos da boca.
8.      Quando um homem olha para outro com desprezo ou ironia, ergue-se o canto do lábio superior por sobre o canino do lado pelo qual ele o está encarando.
9.      Pode uma expressão de obstinação e tenacidade ser reconhecida principalmente pela boca firmemente fechada, pelo cenho baixo e pelas sobrancelhas levemente franzidas.
10.  O desdém é exprimido por uma leve protrusão dos lábios e discreta expiração com o nariz empinado.
11.  Manifesta-se o nojo virando-se o lábio inferior para baixo e elevando-se levemente o lábio superior com uma súbita expiração, como um vomitar incipiente ou cuspir.
12.  O medo extremo é expresso aproximadamente da mesma maneira que o fazem os europeus.
13.  O riso, quando chega ao extremo, faz com que lacrimejem os olhos.
14.  Quando um homem quer demonstrar que não pode impedir algo ou que ele mesmo não consegue fazer alguma coisa, ele encolhe os ombros, vira para dentro os cotovelos e estende as mãos para fora com as palmas abertas; e as sobrancelhas são erguidas.
15.  As crianças, quando emburradas, fazem bico ou contraem fortemente os lábios.
16.  Expressões de culpa, malícia ou ciúme podem ser reconhecidas, ainda que eu não consiga defini-las.
17.  Balança-se a cabeça verticalmente na afirmação e horizontalmente na negação. (Darwin, 1872, p. 16-17).
AS CONCLUSÕES DE DARWIN
Baseando-se em suas próprias observações, bem como naquelas feitas por outros autores com os quais tinha um contato mais próximo ou se correspondia, Darwin tirou algumas conclusões. A seu ver, devido à grande semelhança existente entre as expressões faciais e os gritos inarticulados emitidos pelo homem e pelos animais quando expostos às mesmas condições, essas características teriam sido adquiridas, provavelmente, como herança de alguma forma silvestre de parentesco próximo, o que se harmonizava com sua tese da descendência de um ancestral comum (Darwin, 1871, vol. 1, pp. 232-233).
Darwin aventou a possibilidade de que algumas ações humanas executadas inicialmente de forma consciente, tivessem sido convertidas, pela força do hábito e da associação, em ações reflexas. Estas teriam sido herdadas e fixadas firmemente, sendo executadas quando houvesse um estímulo para isso ou quando as mesmas causas que originalmente as haviam provocado reaparecessem, mesmo quando não tivessem a menor utilidade. Seriam executadas de forma inconsciente pela ação das células nervosas sensitivas que excitariam nossas células motoras. Como exemplo, comentou que o espirro e a tosse poderiam ter sido adquiridos em um período muito remoto através do hábito de expelir violentamente partículas irritantes das vias aéreas e que com o tempo teriam se tornado inatos e teriam sido convertidos em ações reflexas para quase todos os quadrúpedes superiores. Nesse caso, o mecanismo seria a herança de caracteres adquiridos pelo uso e desuso. (Darwin, 1872, p. 41).
Saber ler o significado dos gestos do outro é fundamental para que possamos entendê-lo melhor e um primeiro passo para a decifração de seus códigos emocionais.
Antigamente, um olhar feio dos pais já soava como um comando ameaçador. Hoje o olhar dos pais perdeu esse peso e já não diz mais nada, aliás, nem as vozes, e muitas vezes nem os berros. As mensagens se cristalizaram e perderam o peso da autoridade.
É isso que se considera Inteligência Interpessoal, a capacidade de saber lidar com as emoções do outro, o que pode ser feito de forma competente ou incompetente. Tal competência emocional leva à eficiência interpessoal e à liderança social, concorrendo para o sucesso da pessoa.
Embora não tenhamos competência em todas as aptidões citadas por Gardner, o processo de aprendizado delas é possível devido à grande flexibilidade do cérebro humano. Cada campo de aptidão representa um conjunto de hábitos e respostas que podem ser treinados e melhorados, desde que haja orientação adequada e o esforço necessário.
* * * * * * * *
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
APLICADA À EDUCAÇÃO
Os estudiosos de Inteligência Emocional acreditam que a educação com objetivos exclusivamente cognitivos tem se mostrado insatisfatória, pois, apesar de tantos avanços tecnológicos, as novas gerações têm mostrado crescente falta de competência emocional e social.
O elevado índice de delinquência juvenil, em todas as classes sociais, são uma demonstração inquestionável da falência dos paradigmas educacionais vigentes e da necessidade de uma reflexão mais profunda sobre eles.
Cabe à escola se imbuir de sua responsabilidade, buscando alternativas de soluções para esta grandecrise, as quais devem passar pela inclusão do paradigma emocional no processo educacional. E o objetivo maior doravante deve ser o de chamar a atenção para a necessidade da educação emocional sistemática, dentro da escola e no lar.
Acostumamo-nos, durante anos, a valorizar o binômio conhecimento lógico matemático e capacidade de ler e escrever bem, para que a pessoa fosse considerada inteligente. Os testes de QI ara medir a inteligência de pessoas foram aceitos por longo tempo, mas hoje sabemos que eles medem conhecimentos cristalizados, dando ênfase ao método de uso do papel e do lápis, mas não avaliam a capacidade de assimilar e resolver problemas do cotidiano, profissionais ou mesmo pessoais. (GOLEMAN, 1999, p.149).
Santos reforça essa ideia e acredita que a educação com objetivos exclusivamente cognitivos tem-se mostrado insatisfatória, pois, apesar de tantos avanços tecnológicos — da televisão, dos computadores e da multimídia — utilizados no processo educacional, as novas gerações têm mostrado crescente falta de competência emocional e social. O elevado índice de delinquência juvenil, em todas as classes sociais, desde as mais abastadas até as menos favorecidas economicamente, somado aos fatores acima mencionados, são uma demonstração inquestionável de que os paradigmas educacionais vigentes, sozinhos, não conseguiram levar a humanidade para um patamar aceitável de educação, por isso a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre eles. (SANTOS, 2000, p.57)
Deve ser dada à emoção e aos sentimentos da criança, do adolescente e do adulto, a mesma atenção dada à sua educação cognitiva. Experiências educacionais têm mostrado que através da educação das emoções poderemos contribuir para modificar esse quadro.
Experiências sobre educação emocional com crianças e adolescentes foram desenvolvidas nos Estados Unidos a partir da década de 90, e Goleman em Inteligência Emocional (1996), refere os componentes do denominado "Currículo da Ciência do Eu", que considera ser o modelo para o ensino de inteligência emocional.
Entre os tópicos ensinados, está a autoconsciência que tem por objetivo reconhecer os sentimentos e estabelecer um vocabulário para expressá-los, procurando estabelecer relações entre pensamentos, sentimentos e reações a eles, tentando  identificar quando são os pensamentos ou os sentimentos que governam determinada decisão; analisar as opções de alternativas para uma decisão e aplicar estes conhecimentos no uso de drogas, fumo e sexo; reconhecer as forças e fraquezas, de um modo realista. É dada ênfase ao controle das emoções e a compreender o que está causando determinados sentimentos, aprendendo a lidar com eles, principalmente a ira, o medo e a tristeza. Estimula a aceitação de responsabilidades por suas decisões e a cumprir compromissos, a aprender as artes de cooperação, solução de conflitos e negociação de meios termos. São os seguintes seus conteúdos programáticos:
      autoconsciência
      tomada de decisão pessoal
      lidar com sentimentos e com a tensão emocional
      empatia
      comunicação
      intuição
      auto - aceitação
      responsabilidade pessoal
      assertividade
      dinâmica de grupo
      solução de conflitos.
Gottman (1997) também estabelece com base em suas pesquisas e observações, alguns elementos básicos para a educação emocional. Postula ele cinco passos sequenciados:
 
      Perceber a emoção na criança.
      Reconhecer na emoção uma oportunidade de intimidade ou aprendizado com o educando e de transmissão de experiência.
      Escutar com empatia, legitimando os sentimentos da criança.
      Ajudar a criança a encontrar palavras para identificar a emoção que ela está sentindo.
      Impor limites, e, ao mesmo tempo, ajudar a criança a resolver seus problemas.
Ele estabelece como princípio a necessidade do desenvolvimento da consciência emocional do educador, que deve estar consciente de seu universo emocional. Ele deve fazer um trabalho de autoconscientização de suas emoções e de reconhecimento das emoções do outro, procurando identificá-las e analisá-las no momento em que ocorrem. (GOTTMAN, 1997, P. 112).
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COLÉGIO ÁGUIA:
UMA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA DE SUCESSO
O Programa de Educação Emocional no Colégio Águia, implantado pelo Professor Jair de Oliveira Santos, em Salvador – BA, (SANTOS, 2000) é um exemplo disso. O autor estabelece uma convicção de que há necessidade absoluta da implantação da Inteligência Emocional, com a implementação do Paradigma Emocional, ao lado do Paradigma Cognitivo-Racional, que está esgotado, enquanto parâmetro exclusivo, e assim o fez na escola em que dirigiu, experiência essa que deu bons resultados, com diminuição as transgressões disciplinares. Há o apoio dos professores, que solicitam à administração da escola a aplicação anual do Compromisso de Convivência, de cuja elaboração eles participaram. Com pequena variação de uma classe de alunos para outra, os alunos se comprometeram a:
      não praticar ações que prejudiquem a si mesmos ou a qualquer pessoa da escola, nem a seus patrimônios;
      respeitar a si mesmo e aos outros, e não fazer críticas depreciativas a seus colegas;
      ter em mãos o material didático de apoio necessário para participar das aulas;
      resolver as tarefas de casa no tempo aprazado;
      entrar na sala de aula imediatamente após o toque da sineta;
      não perturbar o funcionamento da sala de aula;
      não dificultar o livre trânsito nas dependências do colégio;
      participar da solução de problemas que porventura surjam durante o funcionamento da classe;
      ausentar-se da sala de aula somente por motivo justificado e devidamente autorizado pelo professor.
Quanto à questão das punições, é sabido que elas geram revolta e mais agressividade dos que o sofrem. A punição advinda da própria classe a que o aluno pertence é mais efetiva e dá melhores resultados preventivos do que a aplicada pela administração da escola. Assim, abrir na classe um Fórum para debater acerva do comportamento dos educandos e extrair deles critérios de admoestação a partir de um senso comum, seguramente será ferramenta bastante eficaz na resolução de problemas de desvio de conduta em sala de aula e na escola enquanto um todo.
O Colégio Águia tem obtido bons resultados no controle da disciplina através da implantação do Conselho de Turma, eleito democraticamente no início de cada ano. Dentre outras tarefas, ele é  responsável pela punição daqueles que transgridem o Compromisso de Convivência.
Um dos objetivos da educação emocional deve ser que o educando adquira a competência de estabelecer suas normas de comportamento.
            LIDANDO COM A FRUSTRAÇÃO
 A educação para a frustração também é quesito extremamente importante no processo de educação geral da criança e do adolescente. Muitos deles são mimados em casa e, há que se considerar, quem mima não educa, quem educa não mima. A criança mimada sofre tremendamente ao cair no mundo, onde ninguém irá mimá-la, e sim trata-la em nível de igualdade, sendo que ela vem de casa com o errôneo conceito de que ela é melhor que as outras, a mais linda, a mais inteligente,, a mais capaz. E quando ela se percebe absolutamente igual às outras – ou até inferior, em certos aspectos – a frustração que sente é arrebatadora. Por isso a importância da educação emocional se estender aos pais também, mantendo-os orientados acerca desses aspectos de suma importância na formação do caráter daquele ser.
Mimar a criança ou o jovem é uma mutilação, pois em suas vidas, frequentemente se depararão com situações em que seus desejos e anseios serão frustrados por situações diante das quais serão completamente impotentes. Ele deve aprender a ouvir um não quando necessário e administrar as emoções ligadas às suas frustrações, ao desconforto, de modo a não gerar comportamentos socialmente intoleráveis e os atritos consequentes.
 
CÓDIGO DE CONDUTA
A fim de se estabelecer um ambiente positivo e harmonioso em sala de aula, deve-seestabelecer um Código de Conduta que pode ser elaborado a partir da realidade de cada público escolar, contando com  a participação dos alunos para contribuir com suas ideias. Fica aqui uma mera sugestão, que pode ser incrementada a critério de cada escola.
CÓDIGO DE CONDUTA
1.      Identificar atitudes e comportamentos que conduzam a um relacionamento bem sucedido;
2.      Assumir a responsabilidade por suas ações;
3.      Distinguir entre comportamento apropriado e inapropriado;
4.      Entender a necessidade de autocontrole e como praticá-lo;
5.      Demonstrar comportamento cooperativo em grupo;
6.      Reconhecer que todos têm direitos e responsabilidades;
7.      Reconhecer, aceitar e respeitar diferenças individuais;
8.      Perceber não só o que está sendo dito, mas o que está por trás do dito, bem como o não dito, o que se calou;
9.      Esclarecer acerca da diferença entre ouvir e escutar o outro e convidá-los ao constante exercício de aprender a escutar o colega;
10.  Demonstrar respeito e apreciação por diferenças individuais e culturais, reconhecendo que só se aprende com as diferenças, pois amar as semelhanças é uma atitude narcísica, já que nesse caso a pessoa está amando a si mesma projetada no outro;
11.  Praticar valores humanos como gratidão, respeito, cordialidade, gentileza, afeto, estima, carinho, e tantos outros que os próprios alunos poderão arrolar. Pontuar que tais valores exercem um efeito bumerangue que, quando lançado, volta para as mãos que os atirou.
12.  Praticar o bom olhar,  que dá preferência para enfatizar no outro aquilo que ele tem de melhor, ignorando seu lado sombra.
13.  Etc.
                         
PODER PESSOAL
Nada proporciona mais empoderamento que o equilíbrio emocional. A pessoa emocionalmente educada é capaz de lidar com as emoções de modo a desenvolver seu poder pessoal.
           Na medida em que o individuo consegue se controlar emocionalmente, sua autoestima aumenta, pois ele se percebe senhor de si mesmo e não mais uma vítima do meio em que nasceu, fadado a  reproduzir automaticamente a herança genética que lhe foi herdada.
A educação emocional amplia os relacionamentos, cria possibilidades de afeto entre pessoas e esse é um aspecto muito importante a ser desenvolvido no âmbito escolar: o afeto; crianças que desenvolvem o afeto umas pelas outras crescem mais seguras de si, mais confiantes e determinadas. Desenvolverão a prática de dar afeto para o resto de suas vidas, porque à época da formação de seu caráter receberam afeto, e serão adultos mais bem sucedidos e realizados porque o mundo trata melhor as pessoas afetuosas. Ademais, isso tornará bem mais possível o trabalho cooperativo e facilitará o sentido de comunidade.
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AS QUATRO DIVISÕES DA IE
A inteligência emocional foi, assim, dividida em quatro aspectos descritos por Goleman, Boyatzis e McKee (2002):
  Autoconsciência, que significa compreensão do sujeito das próprias emoções, possibilidades, limites, valores e motivações;
  Autogestão ou capacidade de gerenciamento das próprias emoções, em forma de contínuo diálogo interno, para clareza mental;
  Consciência social, como a capacidade de perceber o que se passa com o outro;
  Administração de relacionamentos, ao saber lidar com as emoções alheias, a partir da consciência de suas próprias emoções.
 
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CARACTERÍSTICAS
Como características de pessoas que têm a educação emocional desenvolvida, Goleman (2001) destaca, entre elas:
  Capacidade do líder em organizar grupos ou rede de pessoas, talento que se vê em diretores e chefes de organizações;
  Capacidade do mediador que negocia soluções e acordos, evitando conflitos e disputas, talentos dos diplomatas, árbitros ou gerentes, entre outros;
  Domínio da arte do bom relacionamento, que facilitam o conviver das famílias, amigos e colegas de trabalho;
  Capacidade para análise social, a partir dos sentimento e preocupações das pessoas, talentos reconhecidos, principalmente, nos terapeutas, conselheiros, líderes naturais e escritores.
Ser emocionalmente inteligente significa, principalmente, conhecer as próprias emoções e as emoções alheias, sua intensidade e suas causas e consequências (GOLEMAN, 2001). Ser emocionalmente educado significa dar conta das próprias emoções por estar familiarizado com elas. Na Educação Emocional, aprendemos quando, onde e como expressar os próprios sentimentos, e de que maneira eles influenciam outras pessoas, assumindo a responsabilidade pelas consequências desses sentimentos. Vieira constata a necessidade de novos olhares para o ensino das emoções e seus benefícios. E diz:
“Por que a gente mexe tanto no que está fora da gente e não atenta para o que está dentro da gente? Vai nos fazer mais felizes, ganhar mais, gastar melhor, ter mais saúde, é bom pra todo mundo. Por que as pessoas responsáveis pela educação não estão mais atentas a isso?” (Vieira, 2007b, p. 11).
Como podemos observar, é necessário que se promova, de fato, as mudanças na educação que a sociedade requer e necessita. Para Sampaio (2004, p. 37) a educação não pode restringir-se a treinamentos ou apenas informações. É necessário repensá-la e fazê-la servir à vida, à realização humana, social e ambiental.
Esta necessidade é também enfatizada por Beauport (1998), quando afirma que, se a elaboração do processo racional contribuiu para o avanço da ciência, é de se esperar que a elaboração de nosso processo emocional contribua para o avanço humanístico. Para tanto, é necessário que tenhamos compreensão do que seja emoção.
Por meio da educação emocional na sala de aula, acreditamos poder diminuir a violência — forma mais extrema da raiva —, praga que está assolando o mundo inteiro. As estatísticas mostram também que em todo o mundo há um crescente aumento da solidão, tristeza, suicídio e de pessoas que, cada vez com menos idade, entram em depressão. Seguramente, a educação emocional será útil para diminuir as emoções tidas como negativas.
"Se aprendemos a controlar a raiva e procuramos divulgar suas formas de controle na escola, em casa e com os amigos [...] seguramente estaremos contribuindo para um mundo melhor, sem tanta violência." (SANTOS, 2000, p. 52).”
 
Goleman (2001) sugere o estudo da Ciência do Eu, prática pedagógica já experimentada no Centro de Aprendizado Nueva Lengua, escola particular que oferece treinamento modelar em inteligência emocional. A estratégia sugere tratar, na sala de aula, de problemas reais, para que o aprendizado não ocorra de forma isolada dos sentimentos dos educandos; plantar no educando a semente da autogestão, que lhe possibilitará saber lidar com situações como raiva, frustrações e discriminações; e manter o autocontrole das emoções perturbadoras e aflitivas, mesmo em momentos difíceis e sob pressão.
O ser responsável pela própria conduta agirá de forma ética e acima de qualquer restrição; aprenderá a angariar confiança por meio de sua autenticidade; admitirá os próprios erros e assumirá posições firmes e coerentes, mesmo que não sejam do agrado geral. E Goleman (2001, p. 276) reforça que: "Ser emocionalmente alfabetizado é tão importante na aprendizagem quanto a matemática e a leitura." E complementa:
“A ideia básica é elevar o nível de competência social e emocional nas crianças como parte de sua educação regular — não apenas uma coisa ensinada como paliativo para crianças que estão ficando para trás e que são "perturbadas", mas um conjunto de aptidões e compreensões essenciais para cada criança.”
Ademais, há que se despertar no aluno o senso de lógica, fazendo-o notar que a lógica permeia o bom-senso de todas as circunstâncias favoráveis na vida e não pautar suas reações no senso de lógica faz com que se ande na contramão da vida, porque quando falta a lógica, o argumento não convence as pessoas sensatas.
Os conteúdos da inteligência emocional, por exemplo, a autoconsciência, levam os educandos a distinguirem se é a mente racional ou emocional que está governando tais e tais  decisões, a avaliaremas consequências de opções alternativas e a aplicarem essas intuições em questões como drogas, bebida e sexo.
Segundo Goleman (2001), é preciso compreender o que está por trás de um sentimento (por exemplo, a mágoa, que dispara a raiva) e como aprender a lidar com as ansiedades, a ira, a tristeza.
A alfabetização emocional no contexto escolar constitui-se em um novo caminho para inserir as emoções e a vida social nos currículos formais. As lições emocionais podem fundir-se naturalmente com leitura e escrita, saúde, ciência, estudos sociais e também com outras disciplinas padrão. Algumas lições são dadas até como parte da aula, despertando aptidões básicas de estudo, como forma de afastar distrações, motivar-se para estudar e controlar impulsos, para acompanhar o ensino.
Os educandos aprenderão que a questão não é evitar inteiramente possíveis conflitos, mas resolver discordâncias e ressentimentos antes de se tornarem brigas abertas. Essa assertividade (que é diferente de agressão ou passividade) acentua a expressão direta dos sentimentos, mas de maneira que não se torne uma agressão.
Diante desta análise, podemos afirmar que a inserção do estudo da inteligência emocional nas escolas implica um mandado ampliado para todos os atores envolvidos com a educação.
Essa temerária tarefa exige três grandes mudanças:
                 que o educador vá além de sua missão tradicional de ensinar a ler e a escrever;
                 que as escolas incluam em seu currículo o ensino das emoções;
                 que as famílias e pessoas da comunidade se envolvam mais com as escolas.
OS CONCEITOS DE SALOVEY E MAYER
Peter Salovey e John Mayer definiram inteligência emocional como a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros." (Salovey & Mayer, 2000).
Dividiram-na em quatro domínios:
1. Percepção das emoções - inclui habilidades envolvidas na identificação de sentimentos por estímulos, como a voz ou a expressão facial, por exemplo. A pessoa que possui essa habilidade identifica a variação e mudança no estado emocional de outra;
2. Uso das emoções – implica na capacidade de empregar as informações emocionais para facilitar o pensamento e o raciocínio;
3. Entender emoções - é a habilidade de captar variações emocionais nem sempre evidentes;
4. Controle (e transformação) da emoção - constitui o aspecto mais facilmente reconhecido da inteligência emocional – é a aptidão para lidar com os próprios sentimentos.
Daniel Goleman, por sua vez, definiu inteligência emocional como:
"A capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos." (Goleman, 1998).
Para ele, a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos. Como exemplo, recorda que a maioria das situações de trabalho é envolvida por relacionamentos entre as pessoas e, desse modo, pessoas com qualidades de relacionamento humano, como afabilidade, compreensão e gentileza têm mais chances de obter o sucesso.
Segundo ele, a inteligência emocional pode ser categorizada em cinco habilidades:
1. Autoconhecimento Emocional: reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem;
2. Controle Emocional: lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;
3. Auto-Motivação: dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal;
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas: reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos;
5. Habilidade em relacionamentos inter-pessoais:  interação com outros indivíduos utilizando competências sociais.
As três primeiras são habilidades intra-pessoais e as duas últimas, inter-pessoais. Tanto quanto as primeiras são essenciais ao autoconhecimento, estas últimas são importantes em:
1. Organização de Grupos: habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, bem como a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea.
2. Negociação de Soluções: característica do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.
3. Empatia: é a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum.
4. Sensibilidade Social: é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoas.
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LIDANDO COM A RAIVA
Antigamente se dizia: “Você está com raiva? Pois então tire a calça e pise em cima...” De fato, na hora da raiva, qualquer ação é recomendável para que se impeça que os circuitos neurais disparem seu comando ordenando que a amígdala cerebelosa desencadeie a série de reações manifestadas em um acesso de raiva.
Se identificarmos a raiva em suas etapas iniciais, podemos evitar que ela exploda, impedindo seu desenvolvimento assim que notarmos seus primeiros sintomas,  cortando o contato com o objeto provocador, pois é difícil controlá-la depois que ela toma conta de nossa mente.
Um método sugerido por alguns autores para superar a raiva é o da Meditação Reflexiva, que envolve o uso do raciocínio e da análise para investigar as causas que levaram o indivíduo a ter aquela explosão de raiva.
Francisco Cândido Xavier costumava dizer que na hora da raiva, antes de proferir a primeira palavra em favor de nossa autodefesa, devemos correr para um bebedouro ou um filtro e encher a boca d´água e somente engoli-la depois que a raiva tiver passado.
 
RAIVA: DEFICIÊNCIA MORAL
Os que estão à mercê dos impulsos - os que não têm autocontrole - sofrem de uma deficiência moral (Goleman, 1995, 14). Tenho cá comigo que quem sofre de uma deficiência moral talvez esteja no mesmo âmbito dos trapaceiros, dos estelionatários, dos salafrários que abusam de inocentes ou coisas do gênero. Não têm moral. Já imaginou por causa de uma única surtada de raiva o indivíduo ficar desmoralizado? Ele queima seu filme de um modo muitas vezes irrecuperável. É por isso que hoje está se tornando cada vez mais proibido o deslize nas relações humanas, não há mais perdão para esse tipo de postura, é falta grave, o indivíduo perde a carteira profissional, é uma forma de se enterrar vivo, ele morre para sempre no conceito dos outros. Todo mundo que convive com o sujeito fica pensando: “Quando será que ele vai estourar novamente?”
Tem gente que fala assim: “Quando eu me espalho, ninguém me junta...”  Pois deveria ter vergonha de se gabar de um gigantesco defeito moral como esse. O indivíduo perde a confiança das outras pessoas, e isso é como soltar um travesseiro de plumas ao vento. Tente juntá-las novamente. Será que alguém consegue? Edgar Alan Poe, um famoso poeta e escritor norte-americano, escreveu o mais célebre poema de sua língua, “O Corvo”, onde só o que corvo diz é: “Nunca mais...”
Pois é, depois de um chilique nervoso, só o que se tem a dizer é: “Nunca mais...” .
Por outro lado, as pessoas com equilíbrio emocional têm maior probabilidade de se sentirem satisfeitas e serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua produtividade. As que não conseguem exercer algum controle sobre a vida emocional travam batalhas internas que sabotam sua capacidade de se concentrar no trabalho e pensar com clareza.
Lembro-me que certa vez estava passando por uma consulta num pronto-socorro e um médico residente tão jovem quanto meigo, me atendia com toda a paciência e carinho do mundo. Súbito, um superior seu entrou na sala sem pedir licença, desferiu-lhe uma bronca considerável por um motivo qualquer e saiu pisando duro. Eu disse ao jovem médico:
- Por que você não se defendeu?
E ele, serenamente, me respondeu:
- O inferior reage; o superior se cala.
Eu sei o quanto é difícil atingir esse equilíbrio interior que possibilite nos calarmos diante de uma ofensa, mas se levarmos em conta que ao nos calarmos estaremos em crédito para com aquela pessoa, concluiremos que essa é a mais maligna das vinganças.Sem contar que é um charme demonstrar equilíbrio emocional. As outras pessoas em volta passarão a admirá-lo por isso.
COMO AGIR DIANTE DE UM RAIVOSO
O princípio fundamental é não entrar na raiva de quem está enraivecido. Não discutir com ele nem tentar convencê-lo. Ele está tomado pela raiva e sua razão está "fora de campo".
O pensamento do raivoso é comandado pela mente emocional e não responde aos argumentos da razão e da lógica, por isto não se deve discutir com quem tem raiva e antes que se fique com raiva também, tente sair de perto, se for possível. Dê um passeio e deixe para conversar depois que ele melhorar do acesso de raiva.
Quando uma pessoa está com raiva o que ela quer é que os outros entrem na raiva dela. Se a pessoa não discute, ela fica decepcionada e sua raiva acaba morrendo, pois a raiva é uma  energia negativa que, para sobreviver, precisa ser retroalimentada.
Algumas sugestões são extremamente importantes, pois nunca devemos nos entregar à nossa raiva, a fim de que não sejamos prejudicados por ela. Devemos ficar sempre nos vigiando, principalmente quando algo está nos contrariando.
Quando percebermos que estamos ficando irritados, não devemos deixar a irritação crescer, pois ela vai aumentar cada vez mais, e ficará mais difícil para controlá-la. Devemos então nos distrair e procurarmos pensar em outras coisas: ler uma revista ou jornal, assistir televisão ou um vídeo. Não devemos deixar que o pensamento raivoso cresça e tome conta da gente.
Nem tampouco devemos ficar ruminando sobre o assunto que causou a raiva, mas sim procurar esquecê-lo  e só voltar a pensar nos acontecimentos que geraram a raiva depois que ela passar, pois aí teremos uma visão clara e racional da situação e a enxergaremos melhor.
Quando estivermos com raiva de alguém, devemos procurar conhecer os pontos de vista da outra pessoa, tentando convencer a nós mesmos que precisamos  controlar nossa raiva,  sempre cultivando uma atitude mental de que "não vou me entregar à raiva". E também não devemos ceder aos impulsos agressivos durante a raiva, deixando para agir somente depois que ela passar. Nessas horas, devemos lembrar que se estamos diante de um grande teste de nossa vida, é a hora de colocar em prática as lições aprendidas  na teoria.
Mahatma Gandhi disse um dia: “Controlar a ira e torná-la como o calor que é convertido em energia, eis o ideal. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.
DRAGÃO COCHILANDO NO QUARTO
Convém relembrar aqui o famoso conceito do “dragão cochilando no quarto dos fundos”. Se ele acorda, por mais que esteja grunhindo e cuspindo fogo, quando o dono da casa chega e acende um holofote em sua cara, intimando-o a ir se deitar quieto em seu canto, toda a valentia cessa e ele se enovela em sua almofada como um gatinho dengoso e carente de afeto, porque ele obedece o dono, ele é o mandado e o dono é o mandante. É quando o indivíduo toma o leme de sua embarcação, assumindo as rédeas da situação, deixando de vagar à deriva, ao sabor dos caprichos de seu dragão interior.
Isso demonstra aptidão intrapessoal, importante ferramenta na instauração da inteligência emocional, pois permite o controle das emoções a partir da autoconsciência e da força de vontade, no exercício interno de adiar a satisfações da explosão de raiva, reprimindo a impulsividade. A explosão de raiva proporciona um alívio instantâneo, mas os estragos que advêm depois disso são bastante negativos. Muitas vezes são necessários três dias para que a energia da raiva seja toda expurgada de nosso corpo emocional. Porém, o estrago que se fez no outro, às vezes nem toda uma vida é suficiente para apagar.
Quando é a hora de se plantar amizades? Agora. Quando a colheita? Depois, na hora em que mais se necessitar de um ombro amigo. É importante considerar que muitas vezes um surto de raiva destrói um relacionamento de forma irremediável. Talvez amanhã sintamos uma falta tremenda daquele amigo que matamos hoje, só por causa de um chilique nervoso que, por capricho, não quisemos conter. 
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O OLHAR DA FILOSOFIA 
A Professora Lúcia Helena Galvão[1], da Escola de Filosofia Nova Acrópole, que tem quase 300 palestras gravadas no YouTube, uma mais linda que a outra, convida-nos a reconhecer que em todos os seres há luz e sombra, e que devemos ter esperança em todos eles, investindo na luz, ajudando-a a vir à tona, revelando-a ao mundo, pois foi para isso que viemos aqui.
Ela nos convida a imaginarmos uma pessoa normal e equilibrada que conhecemos e num determinado momento essa pessoa fica fora de si; imaginemos então a possibilidade de dividi-la ao meio, da cabeça aos pés,  transformando-a em duas pessoas: uma que está passando por um surto de raiva agora e outra que é a que conhecemos, e faz de conta que a que está tomada dessa cólera momentânea seja uma criança birrenta que esteja ao lado, dando palpite. Então, desprezamos a metade birrenta e valorizamos o que queremos valorizar, ignorando essa voz que grita, supondo que não seja dela; aos poucos nossa atitude de serenidade irá serenando-a também. Basta dividir o outro e tratar com a pessoa que você conhece, ignorando essa voz barulhenta. Assim você produz nela a possibilidade de desvencilhar a consciência disso. Alie-se ao que a pessoa tem de melhor para ajudá-la a vencer sua sombra.
O que geralmente nós pensamos quando uma pessoa fica mal? “Olha, que falsidade, ela nunca é assim, agora eu vi o que ela realmente é...” Será que ela não é a outra parte e isso seja apenas uma fraqueza momentânea que ela esteja tentando vencer? Por que você não se alia a ela para lutar conta isso?
Nós temos a opção de nos aliarmos à luz ou à sombra, isso depende do quanto nos aliamos à luz em nós mesmos. Ou seja, acreditar que nos bastidores da vida existe harmonia e investir nisso e ser um agente de expressão dessa harmonia no mundo.
DESPERTANDO A COMPAIXÃO
Paixão significa sofrimento. Compaixão, portanto, é estar com a pessoa, estar junto da pessoa na hora do sofrimento. A compaixão, segundo Dalai Lama, é uma sensação de simpatia ou cuidado para com a pessoa que sofre; é uma espécie de ternura que vem do coração e um reconhecimento das suas necessidades e da sua dor, além de uma determinação prática de fazer tudo o que for possível e necessário para aliviar seus sofrimentos.
Quando sentimos compaixão pelo indivíduo que está ali à nossa frente tendo um acesso de raiva, não tem por que reagirmos diante de um coitado daqueles: como diz na gíria: “Faz dó...”, Sim, de fato, faz pena ver aquele coitado espumando ali de raiva, completamente desequilibrado, expondo-se ao ridículo. Se imaginarmos que aquela pessoa talvez esteja voltando do enterro de um ser amado, por exemplo, ou que acabou de receber a notícia de que está com uma doença incurável, ou que está a um passo de dar um tiro no ouvido por ter atingido a total falência financeira, será que não compreenderíamos sua reação?
 
SENTIMENTOS CAUSAM IMPACTO
Em seu livro, Goleman narra um fato vivenciado por David Busch, um soldado americano, fato esse que ocorreu no início da Guerra do Vietnã, quando um pelotão americano estava escondido num campo de plantação de arroz, no calor de um tiroteio com os vietcongues. De repente, uma fila de seis monges começou a passar por uma das trincheiras que separava um campo de outro. Perfeitamente calmos e equilibrados, dirigiram-se para a linha de fogo. Não olharam nem para um lado nem para outro. Passaram direto – lembra o soldado. E diz ele que foi muito interessante, porque ninguém atirou neles.  
Depois que passaram, de repente todo o calor da ira os tinha abandonado e todos desistiram de atirar, simplesmente deixaram de combater. Talvez tenham achado que não queriam continuar fazendo aquilo, pelo menos naquele dia.
O poder da tranquila e corajosa calma dos monges para pacificar os soldados no calor de um combate ilustra um princípio básico de vida social: as emoções são contagiosas.
 
REAÇÕES FISIOLÓGICAS
Com novos métodos para perscrutar o corpo e o cérebro, os pesquisadoresestão descobrindo mais detalhes fisiológicos de como cada emoção prepara o corpo para um tipo de resposta muito diferente:
Com a ira, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil pegar uma arma ou golpear um inimigo; os batimentos cardíacos se aceleram e uma onda de hormônios como a adrenalina gera uma pulsação, energia suficientemente forte para uma ação vigorosa.
Com o medo, o sangue vai para os músculos do esqueleto, como os das pernas, tornando mais fácil fugir e faz o rosto ficar lívido, uma vez que o sangue é desviado dele (criando a sensação de que "gela"). Ao mesmo tempo, o corpo se imobiliza, ainda que por um momento, talvez dando tempo para avaliar se se esconder não seria uma melhor reação.
Circuitos nos centros emocionais do cérebro disparam a torrente de hormônios que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir, e a atenção se fixa na ameaça imediata, para melhor calcular a resposta a dar.
·           Em se tratando de sentimentos positivos, entre as principais mudanças biológicas na felicidade está uma maior atividade no centro cerebral que inibe os sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente, e silencia aqueles que geram pensamentos de preocupação.
Mas não ocorre nenhuma mudança particular na fisiologia, a não ser uma tranquilidade, que faz o corpo se recuperar mais depressa do estímulo de emoções perturbadoras.
Essa configuração oferece ao corpo um repouso geral, assim como disposição e entusiasmo para qualquer tarefa imediata e para marchar rumo a uma grande variedade de metas.
Amor, sentimentos afetuosos e satisfação sexual implicam estimulação parassimpática - o oposto fisiológico da mobilização para ''lutar-ou-fugir" partilhada pelo medo e a ira. O padrão parassimpático, chamado de "resposta de relaxamento” é um conjunto de reações em todo o corpo que gera um estado geral de calma e satisfação, facilitando a cooperação.
O erguer das sobrancelhas, por exemplo, quando nos surpreendemos com alguma coisa, permite a adoção de uma varredura visual mais ampla, e também a captação de maior quantidade de luz para atingir a retina. Isso oferece mais informação sobre o fato inesperado, tornando mais fácil perceber exatamente o que está acontecendo e conceber o melhor plano de ação.
Quando em estado de alegria ou prazer as glândulas salivares são disparadas, razão  pela qual existe a expressão: “Eu babo por aquela garota...”, por exemplo.
Em estado de medo, por sua vez, o corpo fica hirto, mas em estado de prazer ele fica mole, por isso, após o gozo sexual vem a necessidade premente do repouso.
         * * * * * * *
O FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO
O funcionamento do neocórtex, onde se localiza o hipocampo e as amígdalas cerebelosas, sede da inteligência emocional, são estruturas límbicas responsáveis pela maior parte do aprendizado e da memória do cérebro. A amígdala cerebelosa é a especialista em questões emocionais. Se for cortada do resto do cérebro, o resultado é uma impressionante incapacidade de avaliar o significado emocional dos fatos, o que proporciona a tal cegueira afetiva; por exemplo, se matarem um filho na frente do indivíduo sem essa amígdala, ele não derrama uma lágrima sequer e encara o fato com a indiferença de um anão de jardim.
Antigamente era comum as famílias autorizarem neurocirurgiões a extraírem as amígdalas de seus filhos ou parentes com transtornos emocionais, tornando-os mais calmos, e também uns mortos-vivos, indiferentes a quaisquer acontecimento, sem mais reação alguma a nenhum estímulo.
Le Doux descobriu um pequeno feixe de neurônios que vai direto do tálamo à amígdala, além dos que seguem pelo caminho maior de neurônios até o córtex. Esse caminho menor e mais curto - como uma viela neural - permite à amígdala receber alguns insumos diretos dos sentidos e iniciar uma resposta antes que eles sejam plenamente registrados pelo neocórtex.
De acordo com Goleman, a maior projeção de informação sensorial do tálamo não vai para a amígdala, mas para o neocórtex e seus muitos centros, que a absorvem e dão sentido ao que se está percebendo; essa informação e nossa resposta a ela são coordenadas pelos lobos (pronuncia-se lóbos) pré-frontais, o local de planejar e organizar ações para um objetivo, incluindo os emocionais. No neocórtex, uma série em cascata de circuitos registra e analisa essa informação, compreende-a, e, por meio dos lobos pré-frontais organiza uma reação. Se no processo exige-se uma resposta emocional, os lobos pré-frontais a ditam, trabalhando em comum acordo com a amígdala e outros circuitos no cérebro emocional. Essa progressão, que permite discernimento na resposta emocional, é o esquema padrão, com a significativa exceção das emergências emocionais.
Ainda segundo o autor, quando uma emoção dispara, em poucos momentos os lobos pré-frontais efetuam o equivalente a um cálculo da proporção de risco/vantagem das miríades de reações possíveis e apostam que uma delas é melhor. Nos animais, quando atacar, quando fugir. E quanto a nós humanos... quando atacar, quando fugir - e também quando apaziguar, persuadir, atrair simpatia, fechar-se em copas, provocar culpa, lamentar-se, assumir uma fachada de bravata, mostrar desprezo e assim por diante, correndo todo o repertório de ardis emocionais.
E o autor conclui que supõe-se que os sequestros emocionais envolvam duas dinâmicas: o disparo da amígdala e a não ativação dos processos neocorticais que em geral mantêm o equilíbrio da resposta emocional ou um recrutamento das zonas neocorticais para a urgência emocional. Nesses momentos, a mente racional é inundada pela emocional. Uma das maneiras de o neocórtex agir como eficiente administrador da emoção - avaliando as reações antes de agir - é amortecer os sinais para a ativação enviados pela amígdala e outros centros límbicos - assim como um pai que impede um filho impulsivo de pegar uma coisa e o manda, em vez disso, pedir direito (ou esperar) o que quer.
 
MEMÓRIA EMOCIONAL
 Reações e lembranças emocionais podem se formar sem absolutamente nenhuma participação consciente e cognitiva. Nossas emoções têm uma mente própria que pode ter opiniões bastante independentes de nossa mente racional. Essas opiniões inconscientes,  essas memórias emocionais, ficam guardadas na amígdala cerebelosa, cujos circuitos são esculpidos pela experiência desde a gestação, e principalmente durante toda a infância e deixamos essa experiências absolutamente ao acaso, para nosso risco. Isso sem falar da memória ancestral, de que Darwin concluiu em suas pesquisas de forma tão apropriada, conforme já vimos anteriormente.
Alguns cientistas tem chamado as memórias emocionais de janelas killer (quando deixam escapar lembranças desagradáveis) e janelas light (quando extravasam boas emoções).
Uma desvantagem desses alarmes neurais está em que a mensagem urgente enviada pela amígdala é, às vezes, se não com muita frequência, anacrônica, isto é, sofre de confusão de data, sobretudo no fluido mundo em que vivemos na atualidade. Como repositório de memória emocional, a amígdala examina a experiência, comparando o fato atual com o que aconteceu no passado. Seu método de comparação é associativo: quando um elemento-chave de uma situação presente é semelhante ao passado, pode-se dizer que se "casam" - motivo pelo qual esse circuito é falho: age antes de haver uma plena confirmação. Ordena-nos freneticamente que reajamos ao presente com meios registrados muito tempo atrás, com pensamentos, emoções e reações aprendidos em resposta a acontecimentos talvez apenas vagamente semelhantes, mas ainda assim o bastante para alarmar a amígdala.
O problema é que, junto com as lembranças emocionalmente carregadas que têm o poder de provocar essa reação de crise, podem vir do mesmo modo formas obsoletas de respondê-la. À imprecisão do cérebro emocional nesses momentos, acrescenta-se o fato de que muitas lembranças emocionais fortes datam dos primeiros anos de vida, na relação entre a criança e aqueles que cuidam dela. Isso se aplica sobretudo aos acontecimentostraumáticos, como surras ou abandono total.
Durante esse primeiro período de vida, outras estruturas cerebrais, em particular o hipocampo, que é crucial para as lembranças narrativas, e o neocórtex, sede do pensamento racional, ainda não se desenvolveram inteiramente. Na memória, a amígdala e o hipocampo trabalham juntos; cada um armazena e conserva independentemente sua informação. Enquanto o hipocampo retém a informação, a amígdala determina se ela tem valência emocional. Mas a amígdala, que amadurece muito rápido no cérebro infantil, está muito mais próxima da forma completa no nascimento.
Le Doux recorre ao papel da amígdala na infância para confirmar o que há muito tempo é uma doutrina básica do pensamento psicanalítico: que as interações dos primeiros anos de vida estabelecem um conjunto de lições elementares, baseadas na sintonia e perturbações nos contatos entre a criança e os que cuidam dela. Essas lições emocionais são tão poderosas e, no entanto, tão difíceis de entender do privilegiado ponto de vista da vida adulta, porque, acredita LeDoux, estão armazenadas na amígdala como planos brutos, sem palavras, para a vida emocional.
Como essas primeiras lembranças emocionais se estabelecem numa época anterior àquela em que as crianças têm palavras para descrever sua experiência, quando essas lembranças são disparadas na vida posterior não há um conjunto combinante de pensamentos articulados sobre a resposta que se apodera de nós.
Um dos motivos pelos quais ficamos tão aturdidos com nossas explosões emocionais, portanto, é que elas muitas vezes remontam a um tempo inicial em nossas vidas, quando tudo era desconcertante e ainda não tínhamos palavras para compreender os fatos. Podemos ter os sentimentos caóticos, mas não as palavras para as lembranças que os formaram. Portanto, basta que poucos elementos esparsos da situação pareçam semelhantes a algum perigo do passado para que a amígdala dispare seu manifesto de emergência.
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O TRAUMA DE BRÍGIDA
 Vou ilustrar este fato com a história de Brígida, uma bem-sucedida Relações Públicas de uma grande empresa. Ela estava prestes a assinar um contrato de grande peso, quando foi com seu Gerente de Projetos e o designer da empresa visitar um cliente em potencial, a fim de fechar o contrato. No meio do caminho, toparam com uma minhoca no canteiro do jardim, e foi quando ela saiu correndo em disparada chorando e gritando, dizendo que ali havia uma minhoca horrenda, um monstro terrível, um bichão medonho.
Chegando na empresa, no dia seguinte, sua carta de demissão já estava assinada, pois ela foi tida como desequilibrada emocionalmente. Em sessão de psicanálise, Brígida se lembrou de uma vez em que tinha três anos de idade e um primo seu jogou em seu rosto uma minhoca, gritando: “Olha que minhoca horrenda, que monstro terrível, que bichão medonho...”
COMO JOGAR LUZ NA EMOÇÃO
 Levar cognição ao campo do sentimento tem um efeito meio parecido com o impacto do observador no nível do quantum na física, que altera o que observa. Isso me faz lembrar um sintoma conhecido entre as mulheres, que é o de “perder o rebolado”. Quando uma moça está passando toda charmosa diante de um grupo de rapazes e eles param para vê-la passar, - muitas vezes até assobiam -, o peso do olhar de seus admiradores sobre ela é tão desconcertante que ela literalmente “perde o rebolado”, seu andar fica desengonçado, como se ela estivesse andando com um calçado de salto entortado, o que arranca boas risadas dos maldosos rapazes.
 Algumas vezes essa atitude por si só – de perceber a emoção -  já é suficiente para resolver a questão, pois esse exercício de observar o sentimento faz com que ele se asserene; é como um sopro de vento numa nuvem, obrigando-a a ir chover em outras paragens. Se a moça, ao passar rebolando pela calçada,  se não notasse ninguém observando-a, caminharia com naturalidade; porém, ao notar que está sendo observada, chega até a perder o rebolado, se desgovernando toda.
É também a isso que se referia a sentença: “Conhece-te a ti mesmo”. Conhecer nossos sentimentos, penetrar fundo neles, desmembrá-los, dissecá-los, desmascará-los, pois muitas vezes eles se mostram mascarados sob a capa da submissão, da indiferença, da inveja, da mágoa, mas muitas vezes o que está por trás deles é outra coisa, que vem camuflada, referindo-se a situações vividas há tanto tempo, que já nem mais nos damos conta disso, porém, existe em níveis inconscientes e magoa, fere e maltrata.
O Sr. Masaru Emoto, conhecidíssimo pesquisador e fotófrafo japonês, fez uma série de fotos da molécula da água (à luz do microscópio) sendo submetida a diversos sentimentos e  o resultado foi surpreendente. Por exemplo, a água que antes se mostrava turva ao microscópio, sem sequer apresentar cristal algum, depois de submetida ao contato de crianças em estado de gratidão, foi se transmutando em magníficos cristais brancos e azuláceos, culminando nas mais perfeitas e surpreendentes formas de translúcidos e iluminados tons de azul claro.  Por outro lado, a água submetida a pensamentos negativos, foi se tornando amarronzada, cor de ferrugem e disforme como papel enrugado recoberto por lama.
O cérebro humano, segundo estatísticas, é composto de 85% de água. Imaginem então o quanto ele é influenciado por pensamentos – bons ou maus, dependendo de como os dirigimos.
A Sra. Joan Kroc, viúva do fundador da rede McDonald’s, morreu na Califórnia aos 75 anos de idade, vítima de câncer no cérebro; antes de partir, porém, quis saber a causa da origem do câncer e  patrocinou uma grande pesquisa com uma equipe de pesquisadores de Harward que, durante dez anos, dedicaram-se a desvendar o enigma da causa da baixa do sistema imunológico no organismo humano. Por fim, a equipe de pesquisadores  concluiu que os peptídeos são os neurotransmissores responsáveis por fazer tal tarefa e – pasmem em saber – eles atuam em função dos comandos mentais que recebem de seus donos, como cães fiéis que só agem de acordo com o que lhes é ordenado. Se receberem bons pensamentos, eles prontamente iniciam os processos de proteção das células, de liberação dos hormônios fabricantes de sensações de bem-estar, felicidade, alegria, etc., mas se receberem comandos negativos, de fracasso, de frustração, de insegurança, também agirão de pronto em conformidade com as ordens que receberam e iniciarão o processo de  destruição das células até a total falência, caso a situação não reverta.
O  PLUG QUE DESLIGA A EMOÇÃO
 O plug que "desliga" a emoção parece ser o lobo pré-frontal esquerdo. Neuropsicólogos que estudam pacientes com danos em partes dos lobos frontais determinaram que uma das tarefas do lobo pré-frontal esquerdo é agir como um termostato nervoso, regulando emoções desagradáveis.
O lobo pré-frontal esquerdo parece fazer parte de um circuito neural que pode desligar, ou pelo menos amortecer, quase todos os impulsos negativos mais fortes da emoção.
Se a amígdala muitas vezes age como um disparador de emergência, o lobo pré-frontal esquerdo faz parte da chave de "desligar” a emoção perturbadora: a amígdala propõe, o lobo pré-frontal dispõe.
E já que a física quântica nos prova que o pensamento atua sobre a matéria, se cada vez que notarmos a raiva chegando imaginarmos essa região do lobo pré-frontal esquerdo sendo iluminada por uma intensa luz azul ou branca – cores que simbolizam a paz – certamente que algum efeito benéfico essa visualização haverá de nos causar.
 
ASSERTIVIDADE
Um conceito interessante é o da assertividade que, apesar da semelhança sonora, não tem nada a ver com acertar; na verdade, assertividade significa a capacidade de declararmos nossas preocupações e sentimentos sem ira nem passividade.
Lembro-me de quando entrei para lecionar Língua Portuguesa pela primeira vez na Universidade do Timor Leste, alguns alunos me receberam com insultos, dizendo:
- English, teacher, English!”
Estavam revoltados com o fato de ter sido instituída a língua portuguesa como idioma oficial de seu país, idioma, segundo eles, retrógradoe não condizente com a marcha do mundo contemporâneo, que é todo vazado em língua inglesa. Timor Leste, sendo o único país da Ásia a ter a língua portuguesa como idioma oficial, constituía grande desvantagem em relação aos outros países asiáticos. Portanto, eles não me deixavam iniciar minha aula de língua portuguesa. Tive que chamar o diretor da unidade para apaziguar a situação.
Ele chegou, se pôs diante dos alunos e foi desfiando seu rosário em Tétum, idioma nativo, num tom tão baixo, mas tão baixo que eu, quase do seu lado, não conseguia ouvir uma palavra sequer.
Conforme o diretor ia proferindo seu discurso, as bochechas dos alunos iam ficando vermelhas de vergonha, ao que pude perceber que sua bronca estava surtindo efeito. Ao final, pediu-me desculpas e solicitou que eu continuasse minha aula em língua portuguesa, pois esse incidente não mais ocorreria. Ao se retirar, os três alunos que estavam encabeçando a revolta, retiraram-se também, cabisbaixos, não sem antes me pedir desculpas. De seus olhos rolavam grossas lágrimas.
A postura do diretor foi um comportamento ficou para mim como o maior exemplo de assertividade que pude presenciar em minha vida. De fato, esse seria o ideal de comportamento em quaisquer circunstâncias. Falar baixo e com firmeza de argumentos, eis o segredo do equilíbrio. O indivíduo que ergue a voz demonstra que seus argumentos são frágeis, e por isso precisa convencer o outro no grito. Quanto mais se tem razão, menos se necessita gritar. Porque a verdade não precisa nem ser dita: ela apenas é e os fatos a demonstram, a trazem à tona, a evidenciam.
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DESPREZO
 Devemos ter cuidado também com a demonstração de desprezo, que vem muitas vezes de mãos dadas com a ira; ele é em geral expresso não apenas nas palavras empregadas, mas também no tom da voz e na expressão irada. Surge através de uma gozação ou insulto - "babaca", “megera”, "incompetente".  
Mas, igualmente danosa, é a linguagem do corpo que transmite o desprezo, sobretudo o sorriso de escárnio, ou o franzir de lábios que são os sinais universais de repugnância, ou o revirar de olhos, como a dizer: "Ôh, cara! Puxa vida...”
A assinatura facial de desprezo é uma contração do músculo que repuxa os cantos da boca para o lado (em geral o esquerdo), enquanto os olhos se reviram para cima.
É quando a pessoa não diz nada acerca de uma determinada atitude, mas seu silêncio diz tudo.  Conforme dissemos anteriormente, temos que aprender a ler os sinais do corpo de nosso interlocutor, não só o que está dito, mas também o que está calado. E não só o dito nem calado, mas também  o dito por trás do dito. Isso requer perspicácia e boa vontade em escutar, em vez de apenas ouvir o que o outro está dizendo.
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CONCLUSÃO
 Isso posto, encerramos por aqui este “tira-gosto”  acerca do tema Inteligência Emocional, uma ciência que, desafortunadamente, ora engatinha aqui no Brasil, enquanto que em muitos países da Europa – e mesmo em muitas escolas dos Estados Unidos – já faz parte da grade curricular.
Acredito no controle emocional como ferramenta de extrema utilidade no combate à violência no âmbito escolar, bem como um suporte para o sucesso do indivíduo na vida social. 
Espero que a leitura dessas pouquíssimas linhas sobre este tema - tão vasto quanto complexo – tenha  lhe  motivado a buscar mais informações sobre o assunto, aprofundando-se um pouco mais nesse enigmático universo da Inteligência Emocional.
Enquanto isso, vamos nos virando por conta própria, instrumentalizando-nos com o que tem no mercado,  levando em conta que o que vale não é o tanto que se sabe, mas o quanto disso se consegue colocar em prática.
O importante é, desde já, levarmos essa prática para dentro da sala de aula, expondo todo material sobre  o tema para os alunos, falarmos com eles constantemente sobre a prática do equilíbrio emocional, e, sobretudo – e o mais importante – sermos um exemplo vivo de  todos os valores que tentamos transmitir, uma vez que a teoria sem prática é morta.
Acompanha este livreto uma sugestão de projeto a ser desenvolvido junto aos educandos - que poderão envolver outros interessados (familiares, funcionários da escola, etc.), uma vez que se trata de ressignificação das relações humanas em todos os níveis.
Alguns argumentos constantes do projeto repetem conteúdos já abordados no livro, porém, assim o fiz pensando na hipótese da professora querer fazer uso do projeto de forma destacada do livro.
Espero que tenham boa sorte na implantação do projeto em sala de aula e não se esqueçam de me dar um feedback  dos resultados em meu blog. Terei muito orgulho em saber de suas realizações rumo ao fascinante universo do equilíbrio emocional.
 
REFERÊNCIAS
 
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STEINER, C.; PERRY, P. Educação emocional: um programa personalizado para desenvolver sua inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.         
 
 
 
ANEXOS
Qual seu nível de inteligência emocional? E como desenvolvê-la ainda mais? Descubra com este questionário. A precisão do resultado depende da sua sinceridade. Então, responda cada pergunta com base em como você realmente é, e não em como gostaria de ser.
 
QUESTIONÁRIO: QUAL SEU NÍVEL DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL?
 
1. Você sabe identificar

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