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DIREITO EMPRESARIAL 1. ORIGENS DO DIREITO COMERCIAL O surgimento de um regime jurídico específico para a disciplina das relações mercantis ocorreu apenas na Idade Média, durante a fase do Renascimento Mercantil e do ressurgimento das cidades (burgos), momento em que o comércio atingiu um estágio mais avançado, sobretudo em razão do fortalecimento do comércio marítimo. O historiador Roger Crowley (Universidade de Cambridge), em sua obra Conquistadores, relata a poderosa contribuição dos chineses às grandes navegações: “ (...) em 1433 Zheng He (dinastia Ming) morreu durante sua sétima expedição, com a mudança do pensamento político na China os imperadores fortificaram a Grande Muralha e se fecharam atrás dela. As viagens oceânicas foram proibidas, e todos os registros, destruídos. Em 1500, passou a ser crime capital construir um navio com mais de dois mastros, cinqüenta anos depois, era crime navegar num deles. Dessa forma os chineses deixaram para trás um vácuo de poder que foi preenchido pelos espanhóis e portugueses. Os chineses assentaram as fundações de um império marítimo com alcance global e deram início à grande era das descobertas européias.” Com a ascensão da classe burguesa, formada por comerciantes e mercadores, que se reuniram em corporações de ofício, surgiu o direito comercial, com base nos usos e costumes comerciais difundidos pelos povos que se dedicaram à atividade comercial, dentre os quais destacam-se os gregos e os fenícios. Assim, o direito comercial aparece na Idade Média (século XXII) com um caráter eminentemente subjetivista, já que foi elaborado pelos comerciantes reunidos nas corporações para disciplinar suas atividades profissionais, caracterizando-se, no início, como um direito corporativista e fechado, restrito aos comerciantes matriculados nas corporações de mercadores (corporações de artes e ofícios - as guildas). Criado para disciplinar a atividade profissional dos comerciantes, o direito comercial nasce como um direito especial, autônomo em relação ao direito civil, o que lhe permitiu alcançar autonomia jurídica, possuindo uma extensão própria, além de princípios e métodos característicos, que contribuíram para a sua consolidação como disciplina jurídica autônoma. Nas palavras de Clélio Gomes dos Santos Júnior: “Neste primeiro período, o direito comercial é o direito de uma classe profissional. Criado pelos comerciantes e para reger apenas as suas relações nos mercados e nas feiras, por isso esta primeira fase é chamada pela doutrina de direito comercial subjetivo. O interesse dos comerciantes em criá-lo foi essencialmente econômico, para afastar do mercado a aplicação do direito romano pela jurisdição comum. Para tanto, foi necessário forjar um conjunto de regras especiais ao comércio, aplicadas por uma jurisdição também especial - o cônsul ( cônsules eras os juízes eleitos pelos comerciantes das corporações para decidir os conflitos de natureza comercial). A matéria comercial é definida em razão da pessoa do comerciante, e só compreende os atos praticados pelos mercadores matriculados nas corporações de ofícios. Com isso, controla-se (ou evita-se) a concorrência, pois a matrícula nas corporações dependia da existência de uma relação de aprendizagem duradoura, estabelecida entre mestres e aprendizes”. O prestígio e a importância das corporações de ofício sofreu um abalo com a Revolução Francesa e o ideário da igualdade. Tem-se como marco a promulgação da Lei Le Chapelier que proibiu a formação de qualquer associação profissional propiciando o surgimento da livre iniciativa privada, um dos pilares do capitalismo moderno. As Ordenações Francesas tiveram vigência por um longo tempo e sua lei que recebeu maior destaque foi o Código Savary (1673) sendo o texto-base para a elaboração do Código de Comércio Napoleônico (1807). O código entregue à França por Napoleão foi o responsável pela objetivação do direito comercial, afastando-o do aspecto subjetivo da figura do comerciante matriculado na corporação. Com o Código Civil Francês de 1804 e o Código Comercial francês de 1807, o direito comercial passou a ser baseado na prática de atos de comércio enumerados na lei segundo critérios históricos, deixando de ser aplicado somente aos comerciantes aceitos e matriculados nas corporações de ofício. De acordo com a teoria francesa dos atos de comércio, a matéria comercial deixa de ser baseada na figura do comerciante da Idade Média e passa a ser definida pela prática dos atos de comércio enumerados na lei. Por ter deslocado o eixo da regulação da pessoa do comerciante para os atos de comércio, esta segunda fase é chamada pela doutrina de direito comercial objetivo. Assim, para se qualificar como comerciante e submeter-se ao direito comercial, deixou de ser necessário à pessoa que se dedica à exploração de uma atividade econômica pertencer a uma corporação, bastando a prática habitual de atos de comércio. Essa objetivação do direito comercial atendia aos princípios difundidos pela Revolução Francesa de 1789-1799. Essa listagem de atividades que formava os atos de comércio (artigos 632 e 633 do Código Comercial Francês) se mostrou bastante limitada diante da rápida evolução das atividades econômicas, expansão do mercado e até industrialização, tornando-se uma teoria ultrapassada por não identificar com precisão a matéria comercial e sua mais variada gama de bens, produtos (ou serviços). A enumeração legal dos atos de comércio apresenta natureza exemplificativa e, sabendo- se que novas atividades econômicas surgiriam, coube à doutrina elaborar uma fórmula para se definir a comercialidade das relações jurídicas. Entretanto, jamais se conseguiu criar um critério seguro para se definir a comercialidade de um ato com base na teoria francesa, já que os atos de comércio foram selecionados e inseridos na lei tendo como referência apenas o fato de serem praticados pelos comerciantes no exercício de sua profissão. Assim, atividades econômicas que tradicionalmente não eram desenvolvidas pelos comerciantes, como a prestação de serviços em geral e a atividade agrícola, foram afastadas do regime comercial. A ausência de um critério científico na separação das atividades econômicas em civis e comerciais e a exclusão de importantes atividades do regime comercial em razão do seu gênero, constituíram os principais fatores para o desprestígio da teoria francesa, contribuindo para a sua superação. A Revolução Industrial deu origem, do século XIX em diante, à sociedade de massa, urbana e consumista, que demandava uma produção em escala, cada vez mais organizada, ao estilo do fordismo. Esta organização precisava ser apreendida e regulada pelo direito comercial, pois o modelo varejista dos atos de comércio não atendia mais. Em consonância com o desenvolvimento das atividades econômicas e de acordo com a tendência de crescimento do direito comercial, surgiu na Itália no Codice Civile de 1942 uma teoria que substituiu a teoria francesa, superou os seus defeitos e ampliou o campo de abrangência do direito comercial. Essa teoria, denominada de teoria da empresa ou teoria subjetiva moderna. A teoria da empresa elaborada pelos italianos afasta o direito comercial da prática de atos de comércio para incluir no seu núcleo a empresa, ou seja, a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Com a teoria da empresa, deixa de ser importante o gênero da atividade econômica desenvolvida, não importando se esta corresponde a uma atividade agrícola, imobiliária ou de prestação de serviços, mas que seja desenvolvida de forma organizada, em que o empresário reúne capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia para a produção e circulação de riquezas. De acordo com a teoria da empresa, o direito comercial tem o seu campo de abrangência ampliado,alcançando atividades econômicas até então consideradas civis em razão do seu gênero. A teoria da empresa, ao contrário da teoria francesa, não divide as atividades econômicas em dois grandes regimes (civil e comercial). Ela prevê um regime amplo para as atividades econômicas, excluindo desse regime apenas as atividades intelectuais, de natureza literária, artística ou científica. Segundo a teoria da empresa, a atividade agrícola também pode estar afastada do direito comercial, já que cabe ao seu titular a opção pelo regime comercial, que ocorre mediante o registro da atividade econômica no Registro Público de Empresas, realizado no Brasil pelas Juntas Comerciais. 2. No Brasil O direito comercial brasileiro tem origem em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a Lei de abertura dos portos (às nações amigas) por determinação do rei Dom João VI. Até o surgimento do Código Comercial brasileiro (1850), disciplinavam as atividades comerciais no Brasil as leis portuguesas e os Códigos Comerciais da Espanha e da França, já que entre as leis portuguesas existia uma lei (Lei da Boa Razão) prevendo que no caso de lacuna da lei portuguesa deveriam ser aplicadas para dirimir os conflitos de natureza comercial as leis das nações cristãs, iluminadas e polidas. Por essa razão, nessa primeira fase do direito comercial brasileiro, a disciplina legal das atividades comerciais mostrava-se bastante confusa. Em 1834, uma comissão de comerciantes apresentou ao Congresso Nacional um projeto de Código Comercial, que após uma tramitação de mais de 15 anos originou o primeiro código brasileiro, o Código Comercial (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850), que foi baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, da França e da Espanha. O Código Comercial brasileiro adotava a teoria francesa dos atos de comércio, podendo-se, entretanto, identificar traços do período subjetivo na lei de 1850, em razão do art. 4° prever que somente os comerciantes matriculados em alguns dos Tribunais de Comércio do Império poderiam gozar dos privilégios previstos no Código Comercial. Cumpre ressaltar que embora o Código Comercial brasileiro seja baseado na teoria Considerando o núcleo que delimita a matéria comercial ao longo de sua evolução histórica, pode-se dividir o desenvolvimento do direito comercial em três períodos. O primeiro período, do Séc. XII ao Séc. XVIII, denominado de período subjetivo (Corporações de Ofício) corporativista ou período subjetivo do comerciante, tem como núcleo do direito comercial a figura do comerciante matriculado na corporação. O segundo período, compreendido entre o Séc. XVIII e o Séc. XIX, inicia-se com o Código Civil Francês de 1804 e o Código Comercial Napoleônico de 1807 e tem como núcleo os atos de comércio (período objetivo). O terceiro e atual período de evolução histórica do direito comercial inicia-se com o Código Civil italiano de 1942 e tem como núcleo a atividade empresa (período subjetivo moderno), compreendendo o Séc. XX até nossos dia.. dos atos de comércio, em nenhum dos seus artigos ele apresenta a enumeração dos atos de comércio, como faz o Código Comercial francês de 1807 nos artigos 632 e 633. Essa ausência da enumeração dos atos de comércio no Código Comercial foi proposital, justificando-se pelos problemas que a enumeração causava na Europa, onde eram conhecidas grandes divergências doutrinárias e jurisprudenciais referentes à caracterização da natureza comercial ou civil de determinadas atividades econômicas em razão da enumeração legal dos atos de comércio. Temendo que essas divergências e disputas judiciais se repetissem no país, o legislador brasileiro preferiu, após grandes discussões na fase de elaboração do Código Comercial, não inserir a enumeração dos atos de comércio na Lei n° 556, de 1850. Entretanto, não foi possível ao legislador brasileiro escusar-se de apresentar uma enumeração legal dos atos de comércio no país, que foi realizada no Regulamento n° 737 de 1850, especificamente nos artigos 19 e 20. O Regulamento n° 737 tratava do processo comercial e a enumeração dos atos de comércio baseou-se no Código de Comércio Francês. Até 1875, a enumeração dos atos de comércio constante no Regulamento n° 737, em seu artigo 19, era utilizada para delimitar o conteúdo da matéria comercial para o fim jurisdicional e para qualificar a pessoa como comerciante no país. Vejamos alguns exemplos dessa listagem: a) Compra e venda de bens móveis; b) Atividade de câmbio – troca de moeda estrangeira; c) Atividade bancária; d) Atividade de transporte de mercadorias; e) Fabricação e depósito de mercadorias – indústria em geral (considerada atividade mercantil); f) Contratos marítimos; g) Fretamento de navios e etc. O Regulamento n° 737 de 1850 foi revogado em 1939 pelo Código de Processo Civil (Lei 5.869 de 1973) e desde então deixou de existir no país um diploma legal que apresentasse a enumeração dos atos de comércio, dificultando a definição da comercialidade das relações jurídicas no Brasil a ponto de não existir até o surgimento do novo Código Civil um critério seguro para se definir o conteúdo da matéria comercial. Essa dificuldade justifica-se por vários motivos. A teoria dos atos de comércio, por sua própria natureza, não permite a criação de um critério científico para se definir a natureza comercial de um ato, surgindo um grande problema quando determinado ato não se encontra enumerado na relação da lei. Se não bastasse, nas últimas décadas, várias leis brasileiras de natureza comercial passaram a apresentar fortes traços da teoria da empresa e a doutrina nacional passou a se dedicar ao estudo dessa teoria italiana, prestigiando-a em detrimento da teoria francesa, o que acabou refletindo em várias decisões dos Tribunais brasileiros. Todo esse contexto fez com que a definição da comercialidade das relações jurídicas no país se transformasse em um grande problema. Nessa difícil tarefa de delimitar o conteúdo da matéria comercial, utilizou-se como referência os atos de comércio enumerados no revogado Regulamento n° 737 de 1850, o disposto em lei como sendo matéria comercial (sociedades anônimas, empresas de construção civil) e a jurisprudência, já que várias decisões envolvendo complexos casos passaram a definir a natureza comercial de certas atividades econômicas. Na delimitação do conteúdo da matéria comercial pode-se identificar em várias ocasiões a adoção da teoria da empresa para definir como comercial a natureza de determinada atividade econômica, evidenciando a influência e o prestígio da teoria italiana no direito brasileiro. Nesse sentido, destacam-se decisões considerando de natureza comercial clínicas de serviços médicos, salões de cabeleireiros, empresas de publicidade e também a atividade pecuária. Essas atividades, pela teoria dos atos de comércio, estariam, em regra, afastadas do regime comercial. As dificuldades encontradas na definição da comercialidade das relações jurídicas e a adoção da teoria da empresa para caracterizar determinadas atividades econômicas como comerciais caracterizam o período de transição do direito comercial brasileiro até o advento do novo Código Civil (Lei 10.406/02) que adotou a teoria italiana onde empresa é atividade. Unificando os direitos privados no mesmo corpo legislativo. Mesmo com a unificação legislativa do direito privado (civil e comercial), não houve o desaparecimento da autonomia jurídica do direito comercial, tendo em vista que este ramo do direito privado possui institutos, regras e princípios jurídicos próprios. O direito empresarial aparece como um ramo do direito privado destinado a regular o exercício da empresa por empresário ou sociedades empresárias. Afirmar que o direito comercial foi absorvido pelo direito civil é um grande erro, pois não se pode confundir autonomia formal com autonomia científica. Autonomiaformal decorre da existência de um corpo legislativo diferenciado, já a autonomia científica de um ramo do direito decorre de vários outros aspectos: existência de um objeto único ou de objetos relacionados de regulação, existência de princípios e institutos próprios, método interpretativo diferenciado. 3. Fontes e objeto do direito empresarial As fontes primárias do direito empresarial são: A Constituição da República; O Código Civil: que trata das sociedades simples, ltda., etc; O Código Comercial: segunda parte, que trata do direito marítimo; Leis especiais, tais como: a lei de falências (Lei 11.101/2005), lei das sociedades anônimas (lei nº 6.404/76 e alterações da 10.303/01); lei das duplicatas (lei nº 5.474/68); lei da propriedade industrial (lei nº 9.279 /96), etc; Decreto nº 2044/1908 – letra de cambio e NP; Os tratados internacionais (Decretos 57.595/1966 – Lei Uniforme em matéria de cheques; 57.663/1966 – lei uniforme em matéria de LC e NP) e etc. As fontes secundárias do direito empresarial são: os usos e costumes: a lei não distingue o uso do costume, mas boa parte da doutrina entende que o uso é estabelecido por convenção das partes (prática uniforme, constante e por certo tempo e exercido de boa-fé), enquanto o costume é mais imperativo (regra subsidiária às normas). 4. Características A) SIMPLICIDADE OU INFORMALIDADE: O Direito Comercial é menos formalista que o Direito Civil, até mesmo em atenção à maior celeridade própria das relações comerciais. Ex.: fiança e o aval. B) COSMOPOLITISMO: Consiste em um ramo do Direito Privado de envergadura internacional, com traços acentuadamente internacionais; característica que somente agora outros ramos do direito começam a adquirir em face da globalização dos mercados e unificação legislativa dos países em blocos econômicos. C) ONEROSIDADE: Em regra, todo ato mercantil é oneroso. A onerosidade é regra e deve ser presumida; no direito civil, a gratuidade é constante (ex.: o mandato). D) INDIVIDUALISMO: As regras do Direito Comercial inspiram-se em acentuado individualismo, porque a intenção em obter lucro está diretamente vinculado ao interesse individual, contudo sofrem intervenção do Estado. E) ELASTICIDADE: O direito comercial é muito mais renovador e dinâmico que os demais ramos do direito, tendo forte influência dos usos e costumes comerciais. F) FRAGMENTARIEDADE: sistema formado por diversas normas esparsas que deixam muitas lacunas. 8 5. CONCEITO DO DIREITO EMPRESARIAL O Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas disciplinadoras da atividade empresarial. Comerciantes e empresários são considerados agentes econômicos fundamentais, pois geram empregos, tributos, além da produção e circulação de certos bens essenciais à sociedade. 5.1. Empresa Modernamente, conceitua-se empresa como uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, exercida profissionalmente pelo empresário, por meio de um estabelecimento empresarial. A empresa pode ser desenvolvida por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas. Se quem exerce a atividade empresarial é pessoa física ou natural, será considerado empresário individual. Se quem o faz é pessoa jurídica, será uma sociedade empresária e não empresarial (correspondente a sociedade de empresários). O adjetivo empresário conota ser a própria sociedade (e não seus sócios) a titular da atividade econômica. 5.2. Teoria da empresa e seus perfis Segundo o autor italiano Alberto Asquini, a empresa é um fenômeno poliédrico, ou seja, com diversas facetas, podendo ser visualizadas sob diversos perfis: - Perfil objetivo: empresa é um estabelecimento ou patrimônio aziendal, um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário, para o desenvolvimento de uma atividade econômica. - Perfil subjetivo: empresa é o empresário, sujeito que organiza e desenvolve atividade econômica. - Perfil Corporativo: ela é considerada uma instituição, na medida em que reúne pessoas – empresários e seus empregados – com propósitos comuns. - Perfil funcional: uma atividade econômica organizada, para a produção e circulação de bens ou serviços, que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade do empresário. 9 RESUMO: 1. Século XII: Direito comercial restrito, fechado, período subjetivo, corporativista, o direito comercial tem tendência fechada, classista, apenas aqueles inscritos na classe tinham a proteção do direito comercial, assim, aquelas pessoas (dos burgos: burgueses) que integravam as corporações de mercadores gozavam da proteção legal, as demais não. 2. Século XVIII (Revolução Francesa) e XIX: Em 1807 surge o código napoleônico ou código francês (art.1º define quem é comerciante), ampliando a proteção comercial, é o período objetivo, não é mais corporativista, surge aí a teoria dos atos de comércio, é o SISTEMA FRANCÊS, esta teoria não se preocupa se a pessoa está inscrita ou não em determinada classe, o que importa é o ato, o objeto da atividade, se praticar os atos de comércio, terá a proteção do direito comercial. Obs: Nosso Código Comercial de 1850, que adotou a Teoria dos Atos de Comércio era subdividido em três partes: ü Parte I – “Do Comércio em Geral” ü Parte II – “Do Comércio Marítimo” ü Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de falência, de concordata. Com base na teoria dos Atos do Comércio foram criadas duas figuras interessantes: Pessoa Física: Comerciante e Pessoa Jurídica: Sociedade comercial. O Código Civil atual revogou a Parte I do Código Comercial de 1850. A Parte III já havia sido revogada pelo Decreto-Lei 7.661/45, que, em 2005, esse Decreto-Lei foi revogado pela Lei 11.101/05, que é a Nova Lei de Falência. Significando que a Parte II do Código Comercial, que trata do comércio marítimo, ainda está em vigor. Então, ficou: ü Parte I – “Do Comércio em Geral” ü Parte II – “Do Comércio Marítimo” ü Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de forma específica, do instituto da falência. Quando o Código Civil revoga a Parte I do Código Comercial, ele adota uma nova teoria: a Teoria da Empresa (italiana). 3. TEORIA DA EMPRESA (italiana) – Empresa é atividade (artigo 966 do CC) Considera- se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. ü Pessoa Física: Comerciante corresponde a EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ü Pessoa Jurídica: Sociedade comercial corresponde a EMPRESÁRIO COLETIVO ou então, numa nomenclatura mais comum, SOCIEDADE EMPRESÁRIA. 10 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 1. CONCEITO O conceito do art. 966 do Código Civil se aplica, tanto para a pessoa física, como também para a pessoa jurídica: ü Pessoa Física: EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ü Pessoa Jurídica: SOCIEDADE EMPREÁRIA Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Quem é considerado empresário (esse é o conceito de empresário)? “Empresário é todo aquele que profissionalmente exerce uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.” Vejamos as características/atributos obrigatórios da atividade empresa: a) Profissional: Só pode ser empresário quem pratica aquela atividade com habitualidade. É necessário que haja uma continuidade. É aquilo que é habitual (não eventual ou amador). Ex.: X vende seu carro para pagar uma dívida que tem junto ao banco do Brasil, X não é empresário do ramo de veículos porque essa atividade foi eventual. É necessário que haja uma continuidade. EX.: X faz uma festa universitária. Quer dizer que X é empresário? Se essa festa foi algo eventual, esporádica, então, nesse caso, não é empresário já que empresário é quem explora a atividade com continuidade com habitualidade. Podemos resumir: profissionalé pessoa natural (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária) que exerce com habitualidade, em nome próprio, uma atividade econômica extraindo dela as condições necessárias para se desenvolver (se estabelecer). b) Atividade Econômica – Significa desenvolver-se, estruturar-se financeiramente. Claro que o objetivo do empresário é ter lucro. Mas a expressão econômica não está atrelada apenas ao lucro, pois o lucro, pode não ocorrer. Podemos dizer que o lucro não é 11 elemento essencial à atividade empresarial, mas sim a intenção de obter lucro, o animus lucrandi (que chamamos de lucro subjetivo). O que se espera dessa atividade econômica é que, tanto o empresário individual quanto a sociedade empresária, tenham meios para se manter, tenham condições financeiras para fomentar e manter o exercício da atividade (comprar, montar e cuidar do estabelecimento, ter mercadorias, equipamentos, utensílios para trabalhar, poder pagar os funcionários e os tributos e etc). c) Organização – Exige-se que essa atividade seja organizada. “Organização é a reunião dos fatores de produção.” São três os fatores de produção: a) Trabalho (próprio ou de terceiro) podemos usar também a expressão: mão-de-obra; b) Capital (visto de forma ampla, pode ser a matéria prima, os equipamentos, a tecnologia, os insumos, maquinários, mobiliários e etc); c) Atividade (é ele quem organiza o trabalho e o capital). Obs.: Outros estudiosos dizem que são quatro os fatores de produção incluindo a “tecnologia” ou o Konw-how. Todos esses atributos estarão visando a Produção ou circulação de bens ou de serviços: último elemento para caracterizar a figura do empresário, é justamente a atividade em si: produzir ou circular (intermediário): bens ou serviços. Então, esse é o conceito de empresário, o conceito do caput do art. 966, do Código Civil, aquilo que é considerado atividade de empresário. O parágrafo único, por sua vez, faz justamente o contrário (diz o que não se considera empresário), ao trazer a seguinte situação: Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. O legislador diz que não se considera empresário todo aquele que exerce profissão intelectual, literária ou artística. Ainda que tenha ajuda de auxiliares e colaboradores. Mas coloca uma ressalva, dizendo salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 12 Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual. Exerceu profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, não será considerado empresário. Científica Profissão intelectual Literária Artística Quem no Brasil hoje exerce esse tipo de atividade? É o chamado profissional liberal. Os profissionais autônomos. Poderemos dizer também que quem não é empresário exerce atividade simples. Profissão intelectual científica: médico. O médico não é empresário porque sua profissão é intelectual científica, o médico desenvolve ciências médicas. A mesma coisa ocorre com a figura do contador. O contador não pode ser empresário porque sua profissão é intelectual científica: ciências contábeis. Portanto, não pode ser considerado empresário. E o rol aqui, é bem extenso. Podemos citar a figura do engenheiro, do arquiteto, advogado. O advogado não pode ser empresário porque sua profissão é intelectual científica. Toda a regra do art. 966 está voltada tanto para a pessoa física, quanto para a pessoa jurídica. Portanto, uma sociedade entre médicos, não é uma sociedade empresária porque é atividade intelectual científica. Uma sociedade entre contadores, não é uma sociedade empresária porque é atividade intelectual científica. Então, uma sociedade entre contadores, entre médicos, entre advogados não é sociedade empresária porque explora atividade intelectual científica. Uma sociedade de advogados NUNCA será empresária, primeiro porque o próprio estatuto da OAB proíbe e segundo porque o Código Civil também veda. Da mesma forma, aquele que exerce profissão intelectual literária: temos o escritor, por exemplo. Será que o jornalista é empresário? Não. Sua profissão é intelectual literária, então, não pode ser considerado empresário. Da mesma forma aquele que exerce uma profissão intelectual artística: desenhista, artista plástico, o cantor, ator de teatro, de novela, o dançarino são exemplos típicos de atividade intelectual artística e quem as exerce não pode ser considerado empresário. 13 Da leitura do parágrafo único, se percebe que o legislador traz mais duas informações relevantes que merecem ser analisadas para ficar bem claro. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. O parágrafo único diz que profissão intelectual científica, artística ou literária não é atividade de empresário, continua não sendo com o auxílio de auxiliares e colaboradores, mas poderá passar a ser. Quando essa profissão intelectual, científica, literária ou artística, tornar-se elemento de empresa. Quando a profissão intelectual tornar-se elemento de empresa, toda atividade passa a ser atividade empresária. Ex.: Uma clínica médica não é sociedade empresária. Contratou secretária e faxineira, continua não sendo uma sociedade empresária, mas agora essa clínica vai ter uma UTI, tem também venda de plano de saúde, também tem uma sala de cirurgia que é alugada pelos médicos da região. A clínica agora, para atender melhor aos pacientes, tem uma cafeteria. O que aconteceu na nossa clínica? A profissão de médico, a profissão intelectual científica tornou-se apenas um componente daquele complexo. Tornou-se um elemento integrante daquela atividade. Como assim? Agora o paciente que seja na clínica não procura o médico Sr. Fulano de tal, ortopedista. O paciente chega lá na recepção é pergunta se a clinica tem um ortopedista, ou seja, para ele tanto faz se ó o Dr. A, B, C. D. ou Z. Quando isso acontece, é o que nós chamamos de elemento de empresa. A atividade do médico foi absorvida pela atividade de empresário. A atividade intelectual científica (é absorvida) se torna apenas um elemento daquele complexo todo. Obs.: Sociedade simples se presta a três objetos: a) Trabalho intelectual (artístico, literário, científico), § único do art. 966; b) Cooperativa - § único art.982: “(...) considera- se simples, a cooperativa.” e c) Ruralista – pelo art.971 poderá escolher se quer ser simples ou empresário: “O ruralista pode, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário(...)”. 14 Obs.: No tocante à sociedade anônima, esta sempre será empresária por força cogente da lei. Vejam a regra do parágrafo único do artigo 982: Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Definimos empresário. E qual é o conceito de empresa para que a gente não faça confusão na hora da prova? “Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.” Empresa significa atividade! Para o direito empresarial, empresa não é aquilo que todo mundo acha que é (meu pai está na empresa, fui mandado embora da empresa), não. Empresa significa atividade! Qual é a empresa explorada por um restaurante?Comercialização de refeições. Qual é a empresa de uma farmácia? Distribuição e comercialização de remédios. Empresa é atividade! Quem exerce a empresa é a sociedade empresária (pessoa jurídica), não os sócios! Por isso empresária é a sociedade e não os sócios. Quem exerce a empresa, individualmente, será o empresário individual (pessoa física). Por isso o único empresário que existe é o individual (empresário individual). Sugestão de livros: Conquistadores: Como Portugal Forjou o Primeiro Império Global - Roger Crowley - Editora: Crítica – Grupo Planeta; A terceira onda: A morte do industrialismo e o surgimento de uma nova civilização. Alvin Toffler. Editora Record Sugestão de Filmes (todos disponíveis no you tube): 1942 – a conquista do paraíso - Direção: Ripley Scott O Mercador de Veneza - Direção: Michael Radford Mauá o imperador e o rei - Direção: Sergio Rezende Série do canal History: Os gigantes que construíram a Améric 15 Sugestão de filmes: 16 Perguntas feitas em sala de aula acerca do elemento de empresa: 1. Escritório de Advocacia exerce atividade empresária ou atividade simples? As sociedades de advogados são uniprofissionais e, por isso, devem ser consideradas sociedades simples, não empresárias. Vejam artigo 15 do Estatuto da OAB: Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. No REsp 1.227.240 o STJ afirma: Escritórios de advocacia não são sociedades empresárias: No entendimento do Ministro Salomão da 4ª turma do STJ, escritórios de advocacia são “sociedades simples”. Ou seja, são sociedades que exploram atividade econômica, objetivam lucro, mas não exploram atividades empresariais. São voltadas para questões intelectuais e costumam ser formadas por profissionais de um mesmo ofício. Em outras palavras, se destinam à prestação de serviços de advocacia, e não unicamente ao lucro. E no caso das sociedades de advogados, o principal objetivo é prestar serviços de advocacia. Até porque, afirma Salomão, o Estatuto da Ordem proíbe que bancas de advogados exerçam atividades ou adotem práticas mercantis. “A sociedade simples deve se limitar ao exercício da atividade específica para a qual foi criada, relacionada à habilidade técnica e intelectual dos sócios, não podendo exercer serviços estranhos àquele mister, sob pena de configurar o elemento de empresa, capaz de transformá-la em empresária.” Na obra direito empresarial esquematizado André Luiz Santa Cruz Ramos faz uma longa análise acerca dos escritórios de advocacia e sua natureza. 2. Clube de Futebol? Clube de futebol é associação civil (desportiva) sem fins lucrativos, porém a legislação brasileira entendeu que a transformação dos clubes de desporto em sociedades empresárias é uma faculdade. A Lei Pelé (Lei nº 9615/98) veio com a finalidade de transformar os clubes desportivos do modelo associativo para o modelo de sociedade empresária. Porém, em decorrência de uma influência de caráter social, pela qual afirmava que o clube de desporto pertencia a sua torcida, razão pela qual jamais poderia se tornar uma sociedade empresária, o legislador optou pela manutenção do modelo associativo. Posteriormente, editou-se a Medida Provisória nº 39 com o mesmo 17 objetivo da lei Pelé: tornar obrigatório a transformação dos clubes em sociedades empresárias, porém essa medida provisória foi rejeitada pelo Congresso Nacional. Já a Medida Provisória nº 79, que foi convertida na Lei nº 10.672/03, tornou essa transformação uma faculdade, tendo em vista a autonomia interna conferida pelo art. 217 da Constituição da República. Porém, muito se discute que assumir a feição empresa tiraria os privilégios dos clubes vem impedindo que se efetive essa mudança. Obs.: para quem gosta de futebol seria um ótimo tema para o trabalho de conclusão de curso. 3. Rede Globo: Aos apaixonados pelas artes cênicas, jornalismo, música e etc, não fiquem tristes, mas olha a razão social da Rede Globo: Globo Comunicacao e Participacoes S/A e vocês já aprenderam que, por força da lei, parágrafo único do artigo 982 do Código Civil, toda S.A, independente do seu objeto, é atividade empresa. 4. Franquia da Mega mate: Toda franquia da mega mate é empresa, pois a razão social é comércio de alimentos (ou seja, não há como dizer tratar-se de atividade intelectual de natureza artística, científica ou literária). Cuidado... existem franquias de atividade simples também, imaginem uma franquia de um cursinho, atividade intelectual (ensino). Não é a existência de franquias que vai determinar se é simples ou empresária, lembrem-se da teoria da empresa: é a atividade desempenhada simples: (intelectual de natureza artística, científica ou literária) ou empresária. 5. Romero Britto: atividade simples de natureza artística, o que ele faz é licenciar o uso de sua arte. Mesmo que ele conte com um zilhão de funcionários trabalhando para ele (leiam novamente o parágrafo único do artigo 966) a atividade desempenhada é simples. 6. Me perguntaram qual a vantagem de ser empresa ou de ser simples? Sinceramente não acho que a questão seja “vantagem”, enquanto simples (atividade eintectual) pagarei impostos diversos dos exigidos pelas empresas, não terei uma fiscalização forte no meu pé (imagina Romero Britto querendo se unir ao Vik Muniz por exemplo, se a atividade desempenhada por eles fosse empresária certamente o CADE iria dizer que tal união não pode pois geraria monopólio...). Na verdade a ótica é tratar cada um dentro da sua especificidade: empresa há o direito empresarial, não é empresa há o direito civil. 18 HISTÓRIA DO COMÉRCIO Precisar o período em que as atividades comerciais foram inventadas é um tipo de tarefa praticamente impossível de ser cumprida. Contudo, podemos realizar uma breve projeção sobre como as primeiras trocas comerciais apareceram no cotidiano de certas civilizações. Inicialmente, devemos imaginar que nas primeiras comunidades cada indivíduo ou chefe familiar detinha um tipo especifico de habilidade de trabalho. Para que a produtividade desse trabalhador se ampliasse, era necessário que ele gastasse um número maior de tempo na realização de suas atividades. Desse modo, garantiria o sustento de sua família com a coleta ou produção necessária para certo intervalo de tempo. Apesar de ser uma solução eficiente, esses trabalhadores não teriam condições suficientes para dedicar seu tempo à realização de outras atividades que também integravam seu universo de necessidades essenciais. Dessa forma, um trabalhador poderia recorrer aos produtos de um outro para que então pudesse satisfazer as suas necessidades. Por exemplo, um pescador poderia trocar parte de sua mercadoria com um agricultor que tivesse batatas disponíveis para a troca. Assim, as primeiras atividades comerciais se baseavam em trocas naturais em que as partes estipulavam livremente a quantidade e os produtos que poderiam envolver as suas negociações. Com o passar do tempo, vemos que essas trocas comerciais se tornaram cada vez mais complexas e envolviam uma gama cada vez maior de produtores. Em algumas situações, o produto de troca oferecido por um trabalhador não era aquele que atendia às demandas de outro. Além disso, a comercialização de determinadas mercadorias de grande porte e de difícil transporte poderia tornar as trocas diretas muito complicadas para as partes envolvidas. Foi daí então que as primeiras moedas apareceram como um meio de dinamizar as atividades comerciais entre os povos. Além de serem aceitas como meio de troca, as moedas deveriam ser de fácil transporte, possuir valores fracionados, ter grande durabilidade e não deveriam ser feitas de um material mais importantepara outro tipo de 19 atividade. Naturalmente, todas essas qualidades para uma moeda foram definidas por um longo processo, até que as ligas de metal fossem empregadas como forma de pagamento. Desde os primórdios das atividades comerciais, a quantidade de trabalho empregada para a fabricação de uma riqueza ou mercadoria era um pressuposto fundamental para que o preço dela fosse determinado. Assim sendo, a dificuldade de produção de uma riqueza ou a raridade da mesma seriam fatores essenciais que indicariam o seu preço elevado. Em contrapartida, outra mercadoria de fácil obtenção ou de fabricação simples teria uma valoração bem menor. Progressivamente, vemos que o desenvolvimento do comércio estipulou uma valoração não limitada ao custo natural da mercadoria. Transporte, impostos, salários e outros gastos foram incorporados paulatinamente ao processo de fabricação de tais riquezas. Foi dessa forma que a atividade comercial passou a ganhar ainda mais complexidade entre seus envolvidos. No mundo atual, vemos que a compreensão das atividades comerciais abarca um universo cada vez maior de fatores e variantes. Por Rainer Sousa - Mestre em História - Equipe Brasil Escola
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