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Aula+1 - Direito Empresarial

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DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
1. ORIGENS DO DIREITO COMERCIAL 
 
 
O surgimento de um regime jurídico específico para a disciplina das relações mercantis 
ocorreu apenas na Idade Média, durante a fase do Renascimento Mercantil e do ressurgimento das 
cidades (burgos), momento em que o comércio atingiu um estágio mais avançado, sobretudo em 
razão do fortalecimento do comércio marítimo. 
 
O historiador Roger Crowley (Universidade de Cambridge), em sua obra Conquistadores, 
relata a poderosa contribuição dos chineses às grandes navegações: “ (...) em 1433 Zheng He 
(dinastia Ming) morreu durante sua sétima expedição, com a mudança do pensamento político na 
China os imperadores fortificaram a Grande Muralha e se fecharam atrás dela. As viagens oceânicas 
foram proibidas, e todos os registros, destruídos. Em 1500, passou a ser crime capital construir um 
navio com mais de dois mastros, cinqüenta anos depois, era crime navegar num deles. Dessa forma 
os chineses deixaram para trás um vácuo de poder que foi preenchido pelos espanhóis e 
portugueses. Os chineses assentaram as fundações de um império marítimo com alcance global e 
deram início à grande era das descobertas européias.” 
 
Com a ascensão da classe burguesa, formada por comerciantes e mercadores, que se 
reuniram em corporações de ofício, surgiu o direito comercial, com base nos usos e costumes 
comerciais difundidos pelos povos que se dedicaram à atividade comercial, dentre os quais 
destacam-se os gregos e os fenícios. 
 
Assim, o direito comercial aparece na Idade Média (século XXII) com um caráter 
eminentemente subjetivista, já que foi elaborado pelos comerciantes reunidos nas corporações para 
disciplinar suas atividades profissionais, caracterizando-se, no início, como um direito corporativista e 
fechado, restrito aos comerciantes matriculados nas corporações de mercadores (corporações de 
artes e ofícios - as guildas). Criado para disciplinar a atividade profissional dos comerciantes, o 
direito comercial nasce como um direito especial, autônomo em relação ao direito civil, o que 
lhe permitiu alcançar autonomia jurídica, possuindo uma extensão própria, além de princípios 
e métodos característicos, que contribuíram para a sua consolidação como disciplina jurídica 
autônoma. 
 
Nas palavras de Clélio Gomes dos Santos Júnior: “Neste primeiro período, o direito 
comercial é o direito de uma classe profissional. Criado pelos comerciantes e para reger apenas as 
suas relações nos mercados e nas feiras, por isso esta primeira fase é chamada pela doutrina de 
direito comercial subjetivo. O interesse dos comerciantes em criá-lo foi essencialmente econômico, 
para afastar do mercado a aplicação do direito romano pela jurisdição comum. Para tanto, foi 
necessário forjar um conjunto de regras especiais ao comércio, aplicadas por uma jurisdição também 
especial - o cônsul ( cônsules eras os juízes eleitos pelos comerciantes das corporações para decidir 
os conflitos de natureza comercial). A matéria comercial é definida em razão da pessoa do 
comerciante, e só compreende os atos praticados pelos mercadores matriculados nas corporações 
de ofícios. Com isso, controla-se (ou evita-se) a concorrência, pois a matrícula nas corporações 
dependia da existência de uma relação de aprendizagem duradoura, estabelecida entre mestres e 
aprendizes”. 
 
O prestígio e a importância das corporações de ofício sofreu um abalo com a Revolução 
Francesa e o ideário da igualdade. Tem-se como marco a promulgação da Lei Le Chapelier que 
proibiu a formação de qualquer associação profissional propiciando o surgimento da livre iniciativa 
privada, um dos pilares do capitalismo moderno. 
 
As Ordenações Francesas tiveram vigência por um longo tempo e sua lei que recebeu 
maior destaque foi o Código Savary (1673) sendo o texto-base para a elaboração do Código de 
Comércio Napoleônico (1807). O código entregue à França por Napoleão foi o responsável pela 
objetivação do direito comercial, afastando-o do aspecto subjetivo da figura do comerciante 
matriculado na corporação. Com o Código Civil Francês de 1804 e o Código Comercial francês de 
1807, o direito comercial passou a ser baseado na prática de atos de comércio enumerados na lei 
segundo critérios históricos, deixando de ser aplicado somente aos comerciantes aceitos e 
matriculados nas corporações de ofício. 
 
De acordo com a teoria francesa dos atos de comércio, a matéria comercial deixa de ser 
baseada na figura do comerciante da Idade Média e passa a ser definida pela prática dos atos de 
comércio enumerados na lei. Por ter deslocado o eixo da regulação da pessoa do comerciante 
para os atos de comércio, esta segunda fase é chamada pela doutrina de direito comercial 
objetivo. 
 
Assim, para se qualificar como comerciante e submeter-se ao direito comercial, deixou de 
ser necessário à pessoa que se dedica à exploração de uma atividade econômica pertencer a uma 
corporação, bastando a prática habitual de atos de comércio. Essa objetivação do direito comercial 
atendia aos princípios difundidos pela Revolução Francesa de 1789-1799. 
 
Essa listagem de atividades que formava os atos de comércio (artigos 632 e 633 do 
Código Comercial Francês) se mostrou bastante limitada diante da rápida evolução das atividades 
econômicas, expansão do mercado e até industrialização, tornando-se uma teoria ultrapassada por 
não identificar com precisão a matéria comercial e sua mais variada gama de bens, produtos (ou 
serviços). 
A enumeração legal dos atos de comércio apresenta natureza exemplificativa e, sabendo- 
se que novas atividades econômicas surgiriam, coube à doutrina elaborar uma fórmula para se definir 
a comercialidade das relações jurídicas. Entretanto, jamais se conseguiu criar um critério seguro para 
se definir a comercialidade de um ato com base na teoria francesa, já que os atos de comércio foram 
selecionados e inseridos na lei tendo como referência apenas o fato de serem praticados pelos 
comerciantes no exercício de sua profissão. Assim, atividades econômicas que tradicionalmente não 
eram desenvolvidas pelos comerciantes, como a prestação de serviços em geral e a atividade 
agrícola, foram afastadas do regime comercial. 
 
A ausência de um critério científico na separação das atividades econômicas em civis e 
comerciais e a exclusão de importantes atividades do regime comercial em razão do seu gênero, 
constituíram os principais fatores para o desprestígio da teoria francesa, contribuindo para a sua 
superação. 
 
A Revolução Industrial deu origem, do século XIX em diante, à sociedade de massa, 
urbana e consumista, que demandava uma produção em escala, cada vez mais organizada, ao estilo 
do fordismo. Esta organização precisava ser apreendida e regulada pelo direito comercial, pois o 
modelo varejista dos atos de comércio não atendia mais. 
 
Em consonância com o desenvolvimento das atividades econômicas e de acordo com a 
tendência de crescimento do direito comercial, surgiu na Itália no Codice Civile de 1942 uma teoria 
que substituiu a teoria francesa, superou os seus defeitos e ampliou o campo de abrangência do 
direito comercial. Essa teoria, denominada de teoria da empresa ou teoria subjetiva moderna. 
 
A teoria da empresa elaborada pelos italianos afasta o direito comercial da prática de 
atos de comércio para incluir no seu núcleo a empresa, ou seja, a atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Com a teoria da empresa, deixa 
de ser importante o gênero da atividade econômica desenvolvida, não importando se esta 
corresponde a uma atividade agrícola, imobiliária ou de prestação de serviços, mas que seja 
desenvolvida de forma organizada, em que o empresário reúne capital, trabalho, matéria-prima e 
tecnologia para a produção e circulação de riquezas. 
 
De acordo com a teoria da empresa, o direito comercial tem o seu campo de 
abrangência ampliado,alcançando atividades econômicas até então consideradas civis em 
razão do seu gênero. A teoria da empresa, ao contrário da teoria francesa, não divide as atividades 
econômicas em dois grandes regimes (civil e comercial). Ela prevê um regime amplo para as 
atividades econômicas, excluindo desse regime apenas as atividades intelectuais, de natureza 
literária, artística ou científica. Segundo a teoria da empresa, a atividade agrícola também pode estar 
afastada do direito comercial, já que cabe ao seu titular a opção pelo regime comercial, que ocorre 
mediante o registro da atividade econômica no Registro Público de Empresas, realizado no Brasil 
pelas Juntas Comerciais. 
 
 
 
2. No Brasil 
O direito comercial brasileiro tem origem em 1808 com a chegada da família real 
portuguesa ao Brasil e a Lei de abertura dos portos (às nações amigas) por determinação do rei Dom 
João VI. 
Até o surgimento do Código Comercial brasileiro (1850), disciplinavam as 
atividades comerciais no Brasil as leis portuguesas e os Códigos Comerciais da Espanha e da 
França, já que entre as leis portuguesas existia uma lei (Lei da Boa Razão) prevendo que no 
caso de lacuna da lei portuguesa deveriam ser aplicadas para dirimir os conflitos de natureza 
comercial as leis das nações cristãs, iluminadas e polidas. Por essa razão, nessa primeira fase do 
direito comercial brasileiro, a disciplina legal das atividades comerciais mostrava-se bastante confusa. 
 
Em 1834, uma comissão de comerciantes apresentou ao Congresso Nacional um 
projeto de Código Comercial, que após uma tramitação de mais de 15 anos originou o primeiro 
código brasileiro, o Código Comercial (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850), que foi baseado nos 
Códigos de Comércio de Portugal, da França e da Espanha. 
 
O Código Comercial brasileiro adotava a teoria francesa dos atos de comércio, 
podendo-se, entretanto, identificar traços do período subjetivo na lei de 1850, em razão do art. 4° 
prever que somente os comerciantes matriculados em alguns dos Tribunais de Comércio do Império 
poderiam gozar dos privilégios previstos no Código Comercial. 
 
Cumpre ressaltar que embora o Código Comercial brasileiro seja baseado na teoria 
 
Considerando o núcleo que delimita a matéria comercial ao longo de sua evolução histórica, 
pode-se dividir o desenvolvimento do direito comercial em três períodos. O primeiro período, 
do Séc. XII ao Séc. XVIII, denominado de período subjetivo (Corporações de Ofício) 
corporativista ou período subjetivo do comerciante, tem como núcleo do direito comercial a 
figura do comerciante matriculado na corporação. O segundo período, compreendido entre o 
Séc. XVIII e o Séc. XIX, inicia-se com o Código Civil Francês de 1804 e o Código 
Comercial Napoleônico de 1807 e tem como núcleo os atos de comércio (período 
objetivo). O terceiro e atual período de evolução histórica do direito comercial inicia-se 
com o Código Civil italiano de 1942 e tem como núcleo a atividade empresa (período 
subjetivo moderno), compreendendo o Séc. XX até nossos dia.. 
dos atos de comércio, em nenhum dos seus artigos ele apresenta a enumeração dos atos de 
comércio, como faz o Código Comercial francês de 1807 nos artigos 632 e 633. Essa ausência da 
enumeração dos atos de comércio no Código Comercial foi proposital, justificando-se pelos 
problemas que a enumeração causava na Europa, onde eram conhecidas grandes divergências 
doutrinárias e jurisprudenciais referentes à caracterização da natureza comercial ou civil de 
determinadas atividades econômicas em razão da enumeração legal dos atos de comércio. 
 
Temendo que essas divergências e disputas judiciais se repetissem no país, o legislador 
brasileiro preferiu, após grandes discussões na fase de elaboração do Código Comercial, não inserir 
a enumeração dos atos de comércio na Lei n° 556, de 1850. Entretanto, não foi possível ao 
legislador brasileiro escusar-se de apresentar uma enumeração legal dos atos de comércio no 
país, que foi realizada no Regulamento n° 737 de 1850, especificamente nos artigos 19 e 20. O 
Regulamento n° 737 tratava do processo comercial e a enumeração dos atos de comércio baseou-se 
no Código de Comércio Francês. 
 
Até 1875, a enumeração dos atos de comércio constante no Regulamento n° 737, em seu 
artigo 19, era utilizada para delimitar o conteúdo da matéria comercial para o fim jurisdicional e para 
qualificar a pessoa como comerciante no país. Vejamos alguns exemplos dessa listagem: 
 
a) Compra e venda de bens móveis; 
b) Atividade de câmbio – troca de moeda estrangeira; 
c) Atividade bancária; 
d) Atividade de transporte de mercadorias; 
e) Fabricação e depósito de mercadorias – indústria em geral (considerada 
atividade mercantil); 
f) Contratos marítimos; 
g) Fretamento de navios e etc. 
 
 
O Regulamento n° 737 de 1850 foi revogado em 1939 pelo Código de Processo Civil (Lei 
5.869 de 1973) e desde então deixou de existir no país um diploma legal que apresentasse a 
enumeração dos atos de comércio, dificultando a definição da comercialidade das relações jurídicas 
no Brasil a ponto de não existir até o surgimento do novo Código Civil um critério seguro para se 
definir o conteúdo da matéria comercial. 
 
Essa dificuldade justifica-se por vários motivos. A teoria dos atos de comércio, por sua 
própria natureza, não permite a criação de um critério científico para se definir a natureza comercial 
de um ato, surgindo um grande problema quando determinado ato não se encontra enumerado na 
relação da lei. Se não bastasse, nas últimas décadas, várias leis brasileiras de natureza comercial 
passaram a apresentar fortes traços da teoria da empresa e a doutrina nacional passou a se dedicar 
ao estudo dessa teoria italiana, prestigiando-a em detrimento da teoria francesa, o que acabou 
refletindo em várias decisões dos Tribunais brasileiros. 
 
Todo esse contexto fez com que a definição da comercialidade das relações jurídicas no 
país se transformasse em um grande problema. Nessa difícil tarefa de delimitar o conteúdo da 
matéria comercial, utilizou-se como referência os atos de comércio enumerados no revogado 
Regulamento n° 737 de 1850, o disposto em lei como sendo matéria comercial (sociedades 
anônimas, empresas de construção civil) e a jurisprudência, já que várias decisões envolvendo 
complexos casos passaram a definir a natureza comercial de certas atividades econômicas. 
 
Na delimitação do conteúdo da matéria comercial pode-se identificar em várias 
ocasiões a adoção da teoria da empresa para definir como comercial a natureza de 
determinada atividade econômica, evidenciando a influência e o prestígio da teoria italiana no 
direito brasileiro. Nesse sentido, destacam-se decisões considerando de natureza comercial clínicas 
de serviços médicos, salões de cabeleireiros, empresas de publicidade e também a atividade 
pecuária. Essas atividades, pela teoria dos atos de comércio, estariam, em regra, afastadas do 
regime comercial. 
 
As dificuldades encontradas na definição da comercialidade das relações jurídicas e a 
adoção da teoria da empresa para caracterizar determinadas atividades econômicas como comerciais 
caracterizam o período de transição do direito comercial brasileiro até o advento do novo Código 
Civil (Lei 10.406/02) que adotou a teoria italiana onde empresa é atividade. Unificando os 
direitos privados no mesmo corpo legislativo. 
 
Mesmo com a unificação legislativa do direito privado (civil e comercial), não houve o 
desaparecimento da autonomia jurídica do direito comercial, tendo em vista que este ramo do direito 
privado possui institutos, regras e princípios jurídicos próprios. O direito empresarial aparece como 
um ramo do direito privado destinado a regular o exercício da empresa por empresário ou sociedades 
empresárias. Afirmar que o direito comercial foi absorvido pelo direito civil é um grande erro, pois não 
se pode confundir autonomia formal com autonomia científica. Autonomiaformal decorre da 
existência de um corpo legislativo diferenciado, já a autonomia científica de um ramo do direito 
decorre de vários outros aspectos: existência de um objeto único ou de objetos relacionados de 
regulação, existência de princípios e institutos próprios, método interpretativo diferenciado. 
 
3. Fontes e objeto do direito empresarial 
As fontes primárias do direito empresarial são: A Constituição da República; O Código 
Civil: que trata das sociedades simples, ltda., etc; O Código Comercial: segunda parte, que trata do 
direito marítimo; Leis especiais, tais como: a lei de falências (Lei 11.101/2005), lei das sociedades 
anônimas (lei nº 6.404/76 e alterações da 10.303/01); lei das duplicatas (lei nº 5.474/68); lei da 
propriedade industrial (lei nº 9.279 /96), etc; Decreto nº 2044/1908 – letra de cambio e NP; Os 
tratados internacionais (Decretos 57.595/1966 – Lei Uniforme em matéria de cheques; 57.663/1966 – 
lei uniforme em matéria de LC e NP) e etc. 
 
As fontes secundárias do direito empresarial são: os usos e costumes: a lei não distingue 
o uso do costume, mas boa parte da doutrina entende que o uso é estabelecido por convenção das 
partes (prática uniforme, constante e por certo tempo e exercido de boa-fé), enquanto o costume é 
mais imperativo (regra subsidiária às normas). 
 
4. Características 
A) SIMPLICIDADE OU INFORMALIDADE: O Direito Comercial é menos formalista que o 
Direito Civil, até mesmo em atenção à maior celeridade própria das relações comerciais. Ex.: fiança e 
o aval. 
B) COSMOPOLITISMO: Consiste em um ramo do Direito Privado de envergadura 
internacional, com traços acentuadamente internacionais; característica que somente agora outros 
ramos do direito começam a adquirir em face da globalização dos mercados e unificação legislativa 
dos países em blocos econômicos. 
C) ONEROSIDADE: Em regra, todo ato mercantil é oneroso. A onerosidade é regra e 
deve ser presumida; no direito civil, a gratuidade é constante (ex.: o mandato). 
D) INDIVIDUALISMO: As regras do Direito Comercial inspiram-se em acentuado 
individualismo, porque a intenção em obter lucro está diretamente vinculado ao interesse individual, 
contudo sofrem intervenção do Estado. 
E) ELASTICIDADE: O direito comercial é muito mais renovador e dinâmico que os 
demais ramos do direito, tendo forte influência dos usos e costumes comerciais. 
F) FRAGMENTARIEDADE: sistema formado por diversas normas esparsas que deixam 
muitas lacunas. 
8 
 
 
 
5. CONCEITO DO DIREITO EMPRESARIAL 
O Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas disciplinadoras da 
atividade empresarial. 
 
Comerciantes e empresários são considerados agentes econômicos 
fundamentais, pois geram empregos, tributos, além da produção e circulação de certos 
bens essenciais à sociedade. 
 
5.1. Empresa 
Modernamente, conceitua-se empresa como uma atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, exercida 
profissionalmente pelo empresário, por meio de um estabelecimento empresarial. 
 
A empresa pode ser desenvolvida por pessoas físicas ou por pessoas 
jurídicas. Se quem exerce a atividade empresarial é pessoa física ou natural, será 
considerado empresário individual. Se quem o faz é pessoa jurídica, será uma sociedade 
empresária e não empresarial (correspondente a sociedade de empresários). O adjetivo 
empresário conota ser a própria sociedade (e não seus sócios) a titular da atividade 
econômica. 
 
5.2. Teoria da empresa e seus perfis 
Segundo o autor italiano Alberto Asquini, a empresa é um fenômeno poliédrico, ou 
seja, com diversas facetas, podendo ser visualizadas sob diversos perfis: 
- Perfil objetivo: empresa é um estabelecimento ou patrimônio aziendal, um conjunto de 
bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário, para o desenvolvimento de uma 
atividade econômica. 
- Perfil subjetivo: empresa é o empresário, sujeito que organiza e desenvolve atividade 
econômica. 
- Perfil Corporativo: ela é considerada uma instituição, na medida em que reúne 
pessoas – empresários e seus empregados – com propósitos comuns. 
- Perfil funcional: uma atividade econômica organizada, para a produção e 
circulação de bens ou serviços, que se faz por meio de um estabelecimento e por 
vontade do empresário. 
9 
 
 
 
RESUMO: 
 
 
1. Século XII: Direito comercial restrito, fechado, período subjetivo, corporativista, o 
direito comercial tem tendência fechada, classista, apenas aqueles inscritos na classe 
tinham a proteção do direito comercial, assim, aquelas pessoas (dos burgos: burgueses) 
que integravam as corporações de mercadores gozavam da proteção legal, as demais 
não. 
 
2. Século XVIII (Revolução Francesa) e XIX: Em 1807 surge o código napoleônico ou 
código francês (art.1º define quem é comerciante), ampliando a proteção comercial, é o 
período objetivo, não é mais corporativista, surge aí a teoria dos atos de comércio, é o 
SISTEMA FRANCÊS, esta teoria não se preocupa se a pessoa está inscrita ou não em 
determinada classe, o que importa é o ato, o objeto da atividade, se praticar os atos de 
comércio, terá a proteção do direito comercial. 
Obs: Nosso Código Comercial de 1850, que adotou a Teoria dos Atos de Comércio era 
subdividido em três partes: 
ü Parte I – “Do Comércio em Geral” 
ü Parte II – “Do Comércio Marítimo” 
ü Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de falência, de concordata. 
 
Com base na teoria dos Atos do Comércio foram criadas duas figuras 
interessantes: Pessoa Física: Comerciante e Pessoa Jurídica: Sociedade comercial. 
 
O Código Civil atual revogou a Parte I do Código Comercial de 1850. A Parte III já 
havia sido revogada pelo Decreto-Lei 7.661/45, que, em 2005, esse Decreto-Lei foi 
revogado pela Lei 11.101/05, que é a Nova Lei de Falência. 
 
Significando que a Parte II do Código Comercial, que trata do comércio marítimo, 
ainda está em vigor. Então, ficou: 
 ü Parte I – “Do Comércio em Geral” 
ü Parte II – “Do Comércio Marítimo” 
ü Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de forma específica, do instituto da 
falência. 
 
 
Quando o Código Civil revoga a Parte I do Código Comercial, ele adota uma nova 
teoria: a Teoria da Empresa (italiana). 
 
3. TEORIA DA EMPRESA (italiana) – Empresa é atividade (artigo 966 do CC) Considera- 
se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
 
ü Pessoa Física: Comerciante corresponde a EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
ü Pessoa Jurídica: Sociedade comercial corresponde a EMPRESÁRIO 
COLETIVO ou então, numa nomenclatura mais comum, SOCIEDADE 
EMPRESÁRIA. 
10 
 
 
 
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
 
1. CONCEITO 
 
 
O conceito do art. 966 do Código Civil se aplica, tanto para a pessoa física, como 
também para a pessoa jurídica: 
 
ü Pessoa Física: EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
ü Pessoa Jurídica: SOCIEDADE EMPREÁRIA 
 
 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
Quem é considerado empresário (esse é o conceito de empresário)? “Empresário é todo 
aquele que profissionalmente exerce uma atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços.” 
 
Vejamos as características/atributos obrigatórios da atividade empresa: 
 
 
a) Profissional: Só pode ser empresário quem pratica aquela atividade com 
habitualidade. É necessário que haja uma continuidade. É aquilo que é habitual (não 
eventual ou amador). Ex.: X vende seu carro para pagar uma dívida que tem junto ao 
banco do Brasil, X não é empresário do ramo de veículos porque essa atividade foi 
eventual. É necessário que haja uma continuidade. EX.: X faz uma festa universitária. 
Quer dizer que X é empresário? Se essa festa foi algo eventual, esporádica, então, nesse 
caso, não é empresário já que empresário é quem explora a atividade com continuidade 
com habitualidade. Podemos resumir: profissionalé pessoa natural (empresário 
individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária) que exerce com 
habitualidade, em nome próprio, uma atividade econômica extraindo dela as 
condições necessárias para se desenvolver (se estabelecer). 
 
b) Atividade Econômica – Significa desenvolver-se, estruturar-se financeiramente. Claro 
que o objetivo do empresário é ter lucro. Mas a expressão econômica não está atrelada 
apenas ao lucro, pois o lucro, pode não ocorrer. Podemos dizer que o lucro não é 
11 
 
 
 
elemento essencial à atividade empresarial, mas sim a intenção de obter lucro, o 
animus lucrandi (que chamamos de lucro subjetivo). O que se espera dessa atividade 
econômica é que, tanto o empresário individual quanto a sociedade empresária, tenham 
meios para se manter, tenham condições financeiras para fomentar e manter o exercício 
da atividade (comprar, montar e cuidar do estabelecimento, ter mercadorias, 
equipamentos, utensílios para trabalhar, poder pagar os funcionários e os tributos e etc). 
 
c) Organização – Exige-se que essa atividade seja organizada. “Organização é a 
reunião dos fatores de produção.” São três os fatores de produção: a) Trabalho 
(próprio ou de terceiro) podemos usar também a expressão: mão-de-obra; b) Capital 
(visto de forma ampla, pode ser a matéria prima, os equipamentos, a tecnologia, os 
insumos, maquinários, mobiliários e etc); c) Atividade (é ele quem organiza o trabalho e o 
capital). Obs.: Outros estudiosos dizem que são quatro os fatores de produção incluindo a 
“tecnologia” ou o Konw-how. 
 
Todos esses atributos estarão visando a Produção ou circulação de bens ou de 
serviços: último elemento para caracterizar a figura do empresário, é justamente a 
atividade em si: produzir ou circular (intermediário): bens ou serviços. 
 
Então, esse é o conceito de empresário, o conceito do caput do art. 966, do Código Civil, 
aquilo que é considerado atividade de empresário. O parágrafo único, por sua vez, faz 
justamente o contrário (diz o que não se considera empresário), ao trazer a seguinte 
situação: 
 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
 
O legislador diz que não se considera empresário todo aquele que exerce profissão 
intelectual, literária ou artística. Ainda que tenha ajuda de auxiliares e colaboradores. Mas 
coloca uma ressalva, dizendo salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa. 
12 
 
 
 
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual. Exerceu profissão 
intelectual de natureza científica, literária ou artística, não será considerado empresário. 
 
Científica 
Profissão intelectual Literária 
Artística 
 
 
Quem no Brasil hoje exerce esse tipo de atividade? É o chamado profissional liberal. Os 
profissionais autônomos. Poderemos dizer também que quem não é empresário exerce 
atividade simples. Profissão intelectual científica: médico. O médico não é empresário 
porque sua profissão é intelectual científica, o médico desenvolve ciências médicas. A 
mesma coisa ocorre com a figura do contador. O contador não pode ser empresário 
porque sua profissão é intelectual científica: ciências contábeis. Portanto, não pode ser 
considerado empresário. E o rol aqui, é bem extenso. Podemos citar a figura do 
engenheiro, do arquiteto, advogado. O advogado não pode ser empresário porque sua 
profissão é intelectual científica. 
 
Toda a regra do art. 966 está voltada tanto para a pessoa física, quanto para a 
pessoa jurídica. Portanto, uma sociedade entre médicos, não é uma sociedade 
empresária porque é atividade intelectual científica. Uma sociedade entre contadores, não 
é uma sociedade empresária porque é atividade intelectual científica. Então, uma 
sociedade entre contadores, entre médicos, entre advogados não é sociedade empresária 
porque explora atividade intelectual científica. Uma sociedade de advogados NUNCA será 
empresária, primeiro porque o próprio estatuto da OAB proíbe e segundo porque o Código 
Civil também veda. 
 
Da mesma forma, aquele que exerce profissão intelectual literária: temos o escritor, por 
exemplo. Será que o jornalista é empresário? Não. Sua profissão é intelectual literária, 
então, não pode ser considerado empresário. Da mesma forma aquele que exerce uma 
profissão intelectual artística: desenhista, artista plástico, o cantor, ator de teatro, de 
novela, o dançarino são exemplos típicos de atividade intelectual artística e quem as 
exerce não pode ser considerado empresário. 
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Da leitura do parágrafo único, se percebe que o legislador traz mais duas informações 
relevantes que merecem ser analisadas para ficar bem claro. 
 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
 
O parágrafo único diz que profissão intelectual científica, artística ou literária não é 
atividade de empresário, continua não sendo com o auxílio de auxiliares e colaboradores, 
mas poderá passar a ser. Quando essa profissão intelectual, científica, literária ou 
artística, tornar-se elemento de empresa. 
 
Quando a profissão intelectual tornar-se elemento de empresa, toda atividade passa 
a ser atividade empresária. Ex.: Uma clínica médica não é sociedade empresária. 
Contratou secretária e faxineira, continua não sendo uma sociedade empresária, mas 
agora essa clínica vai ter uma UTI, tem também venda de plano de saúde, também tem 
uma sala de cirurgia que é alugada pelos médicos da região. A clínica agora, para atender 
melhor aos pacientes, tem uma cafeteria. O que aconteceu na nossa clínica? A profissão 
de médico, a profissão intelectual científica tornou-se apenas um componente daquele 
complexo. Tornou-se um elemento integrante daquela atividade. Como assim? Agora o 
paciente que seja na clínica não procura o médico Sr. Fulano de tal, ortopedista. O 
paciente chega lá na recepção é pergunta se a clinica tem um ortopedista, ou seja, para 
ele tanto faz se ó o Dr. A, B, C. D. ou Z. Quando isso acontece, é o que nós chamamos 
de elemento de empresa. A atividade do médico foi absorvida pela atividade de 
empresário. A atividade intelectual científica (é absorvida) se torna apenas um elemento 
daquele complexo todo. 
 
Obs.: Sociedade simples se presta a três objetos: a) Trabalho intelectual (artístico, 
literário, científico), § único do art. 966; b) Cooperativa - § único art.982: “(...) considera- 
se simples, a cooperativa.” e c) Ruralista – pelo art.971 poderá escolher se quer ser 
simples ou empresário: “O ruralista pode, requerer inscrição no Registro Público de 
Empresas Mercantis, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os 
efeitos, ao empresário(...)”. 
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Obs.: No tocante à sociedade anônima, esta sempre será empresária por força cogente 
da lei. Vejam a regra do parágrafo único do artigo 982: 
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem 
por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, 
simples, as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a 
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
 
Definimos empresário. E qual é o conceito de empresa para que a gente não faça 
confusão na hora da prova? “Empresa é a atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços.” Empresa significa atividade! Para o 
direito empresarial, empresa não é aquilo que todo mundo acha que é (meu pai está na 
empresa, fui mandado embora da empresa), não. Empresa significa atividade! Qual é a 
empresa explorada por um restaurante?Comercialização de refeições. Qual é a empresa 
de uma farmácia? Distribuição e comercialização de remédios. Empresa é atividade! 
 
Quem exerce a empresa é a sociedade empresária (pessoa jurídica), não os 
sócios! Por isso empresária é a sociedade e não os sócios. 
 
Quem exerce a empresa, individualmente, será o empresário individual 
(pessoa física). Por isso o único empresário que existe é o individual (empresário 
individual). 
 
Sugestão de livros: 
Conquistadores: Como Portugal Forjou o Primeiro Império Global - Roger 
Crowley - Editora: Crítica – Grupo Planeta; 
A terceira onda: A morte do industrialismo e o surgimento de uma nova 
civilização. Alvin Toffler. Editora Record 
 
Sugestão de Filmes (todos disponíveis no you tube): 
1942 – a conquista do paraíso - Direção: Ripley Scott 
O Mercador de Veneza - Direção: Michael Radford 
Mauá o imperador e o rei - Direção: Sergio Rezende 
Série do canal History: Os gigantes que construíram a Améric 
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Sugestão de filmes: 
 
 
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Perguntas feitas em sala de aula acerca do elemento de empresa: 
 
 
1. Escritório de Advocacia exerce atividade empresária ou atividade simples? 
As sociedades de advogados são uniprofissionais e, por isso, devem ser consideradas 
sociedades simples, não empresárias. Vejam artigo 15 do Estatuto da OAB: Art. 15. Os 
advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de 
advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta 
Lei e no regulamento geral. 
 
No REsp 1.227.240 o STJ afirma: Escritórios de advocacia não são sociedades 
empresárias: No entendimento do Ministro Salomão da 4ª turma do STJ, escritórios de 
advocacia são “sociedades simples”. Ou seja, são sociedades que exploram atividade 
econômica, objetivam lucro, mas não exploram atividades empresariais. São voltadas 
para questões intelectuais e costumam ser formadas por profissionais de um mesmo 
ofício. Em outras palavras, se destinam à prestação de serviços de advocacia, e não 
unicamente ao lucro. E no caso das sociedades de advogados, o principal objetivo é 
prestar serviços de advocacia. Até porque, afirma Salomão, o Estatuto da Ordem proíbe 
que bancas de advogados exerçam atividades ou adotem práticas mercantis. “A 
sociedade simples deve se limitar ao exercício da atividade específica para a qual foi 
criada, relacionada à habilidade técnica e intelectual dos sócios, não podendo exercer 
serviços estranhos àquele mister, sob pena de configurar o elemento de empresa, capaz 
de transformá-la em empresária.” 
 
Na obra direito empresarial esquematizado André Luiz Santa Cruz Ramos faz uma longa 
análise acerca dos escritórios de advocacia e sua natureza. 
 
2. Clube de Futebol? Clube de futebol é associação civil (desportiva) sem fins lucrativos, 
porém a legislação brasileira entendeu que a transformação dos clubes de desporto em 
sociedades empresárias é uma faculdade. A Lei Pelé (Lei nº 9615/98) veio com a 
finalidade de transformar os clubes desportivos do modelo associativo para o modelo de 
sociedade empresária. Porém, em decorrência de uma influência de caráter social, pela 
qual afirmava que o clube de desporto pertencia a sua torcida, razão pela qual jamais 
poderia se tornar uma sociedade empresária, o legislador optou pela manutenção do 
modelo associativo. Posteriormente, editou-se a Medida Provisória nº 39 com o mesmo 
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objetivo da lei Pelé: tornar obrigatório a transformação dos clubes em sociedades 
empresárias, porém essa medida provisória foi rejeitada pelo Congresso Nacional. Já a 
Medida Provisória nº 79, que foi convertida na Lei nº 10.672/03, tornou essa 
transformação uma faculdade, tendo em vista a autonomia interna conferida pelo art. 217 
da Constituição da República. Porém, muito se discute que assumir a feição empresa 
tiraria os privilégios dos clubes vem impedindo que se efetive essa mudança. Obs.: para 
quem gosta de futebol seria um ótimo tema para o trabalho de conclusão de curso. 
 
3. Rede Globo: Aos apaixonados pelas artes cênicas, jornalismo, música e etc, não 
fiquem tristes, mas olha a razão social da Rede Globo: Globo Comunicacao e 
Participacoes S/A e vocês já aprenderam que, por força da lei, parágrafo único do artigo 
982 do Código Civil, toda S.A, independente do seu objeto, é atividade empresa. 
 
4. Franquia da Mega mate: Toda franquia da mega mate é empresa, pois a razão social 
é comércio de alimentos (ou seja, não há como dizer tratar-se de atividade intelectual de 
natureza artística, científica ou literária). Cuidado... existem franquias de atividade 
simples também, imaginem uma franquia de um cursinho, atividade intelectual 
(ensino). Não é a existência de franquias que vai determinar se é simples ou empresária, 
lembrem-se da teoria da empresa: é a atividade desempenhada simples: (intelectual de 
natureza artística, científica ou literária) ou empresária. 
 
5. Romero Britto: atividade simples de natureza artística, o que ele faz é licenciar o uso 
de sua arte. Mesmo que ele conte com um zilhão de funcionários trabalhando para ele 
(leiam novamente o parágrafo único do artigo 966) a atividade desempenhada é simples. 
 
6. Me perguntaram qual a vantagem de ser empresa ou de ser simples? 
Sinceramente não acho que a questão seja “vantagem”, enquanto simples (atividade 
eintectual) pagarei impostos diversos dos exigidos pelas empresas, não terei uma 
fiscalização forte no meu pé (imagina Romero Britto querendo se unir ao Vik Muniz por 
exemplo, se a atividade desempenhada por eles fosse empresária certamente o CADE 
iria dizer que tal união não pode pois geraria monopólio...). Na verdade a ótica é tratar 
cada um dentro da sua especificidade: empresa há o direito empresarial, não é empresa 
há o direito civil. 
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HISTÓRIA DO COMÉRCIO 
 
 
Precisar o período em que as atividades comerciais foram inventadas é um tipo de 
tarefa praticamente impossível de ser cumprida. Contudo, podemos realizar uma breve 
projeção sobre como as primeiras trocas comerciais apareceram no cotidiano de certas 
civilizações. Inicialmente, devemos imaginar que nas primeiras comunidades cada 
indivíduo ou chefe familiar detinha um tipo especifico de habilidade de trabalho. 
 
Para que a produtividade desse trabalhador se ampliasse, era necessário que ele 
gastasse um número maior de tempo na realização de suas atividades. Desse modo, 
garantiria o sustento de sua família com a coleta ou produção necessária para certo 
intervalo de tempo. Apesar de ser uma solução eficiente, esses trabalhadores não teriam 
condições suficientes para dedicar seu tempo à realização de outras atividades que 
também integravam seu universo de necessidades essenciais. 
 
Dessa forma, um trabalhador poderia recorrer aos produtos de um outro para que 
então pudesse satisfazer as suas necessidades. Por exemplo, um pescador poderia 
trocar parte de sua mercadoria com um agricultor que tivesse batatas disponíveis para a 
troca. Assim, as primeiras atividades comerciais se baseavam em trocas naturais em que 
as partes estipulavam livremente a quantidade e os produtos que poderiam envolver as 
suas negociações. 
 
 
 
Com o passar do tempo, vemos que essas trocas comerciais se tornaram cada 
vez mais complexas e envolviam uma gama cada vez maior de produtores. Em algumas 
situações, o produto de troca oferecido por um trabalhador não era aquele que atendia às 
demandas de outro. Além disso, a comercialização de determinadas mercadorias de 
grande porte e de difícil transporte poderia tornar as trocas diretas muito complicadas 
para as partes envolvidas. 
 
Foi daí então que as primeiras moedas apareceram como um meio de dinamizar 
as atividades comerciais entre os povos. Além de serem aceitas como meio de troca, as 
moedas deveriam ser de fácil transporte, possuir valores fracionados, ter grande 
durabilidade e não deveriam ser feitas de um material mais importantepara outro tipo de 
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atividade. Naturalmente, todas essas qualidades para uma moeda foram definidas por um 
longo processo, até que as ligas de metal fossem empregadas como forma de 
pagamento. 
 
Desde os primórdios das atividades comerciais, a quantidade de trabalho 
empregada para a fabricação de uma riqueza ou mercadoria era um pressuposto 
fundamental para que o preço dela fosse determinado. Assim sendo, a dificuldade de 
produção de uma riqueza ou a raridade da mesma seriam fatores essenciais que 
indicariam o seu preço elevado. Em contrapartida, outra mercadoria de fácil obtenção ou 
de fabricação simples teria uma valoração bem menor. 
 
Progressivamente, vemos que o desenvolvimento do comércio estipulou uma 
valoração não limitada ao custo natural da mercadoria. Transporte, impostos, salários e 
outros gastos foram incorporados paulatinamente ao processo de fabricação de tais 
riquezas. Foi dessa forma que a atividade comercial passou a ganhar ainda mais 
complexidade entre seus envolvidos. No mundo atual, vemos que a compreensão das 
atividades comerciais abarca um universo cada vez maior de fatores e variantes. 
 
Por Rainer Sousa - Mestre em História - Equipe Brasil Escola

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