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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO DANIEL ALVES DE SOUZA ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA SÃO PAULO – SP 2020 1. Introdução. De início, visto a importância em diferenciar os institutos correspondentes a natureza jurídica dos excludentes de ilicitude, no qual é de grande valia para os estudos acadêmicos dos cursos de Direito e na aplicação de fato nos casos concretos, vamos apresentar neste trabalho, de forma clara e objetiva, os conceitos, requisitos, características e previsão legal do Estado de Necessidade e da Legítima Defesa. Para tanto, faz-se necessário um engajamento teórico para compreensão e também na exposição de exemplos dos casos concretos já consumados e julgados pelo Sistema Judiciário Brasileiro. 2. Desenvolvimento. ESTADO DE NECESSIDADE O Estado de Necessidade é um instituto que faz parte do Código Penal, e entende- se por sua natureza jurídica como um excludente de ilicitude. Está previsto no CP, Art. 24. onde diz: Considera-se em Estado de Necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Para que fique claro e seja compreendido, veremos os requisitos previstos neste Art. de forma a entender cada um. A) Perigo Atual: Para que seja feita a proteção de bem jurídico próprio ou de terceiros, é preciso que o indivíduo esteja em situação de perigo atual, ou seja, precisa estar acontecendo. B) Perigo não causado de forma voluntária pelo agente: Ou seja, o agente que causou a situação real de perigo não poderá ser beneficiário. C) Salvar direito próprio ou alheio: Entende-se que o ato cometido pelo agente deve ser para assegurar bem jurídico próprio ou de terceiros. D) Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo: Conforme previsto no §1º deste mesmo Art. Não poderá alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. Vide art. 13, §2º do CP. E) Perigo inevitável: Caso o agente tenha uma segunda opção que não seja sacrificar o bem jurídico em detrimento de outro, ele deve optar pela segunda opção. Caso contrário, o agente não será beneficiado pelo estado de necessidade. F) Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado: Ou seja, o bem jurídico sacrificado tem que ser de igual ou de menor valor do bem preservado. Ex: sacrificar um patrimônio em detrimento de uma vida. Não podendo ser ao contrário, sacrificar uma vida em detrimento de um patrimônio. G) Conhecimento do fato justificante: A doutrina exige para todos os casos enquadrados no estado de necessidade, o elemento subjetivo. Portanto, o agente precisa saber que está cometendo um ato pelo estado de necessidade, agindo nesta condição. Veja um exemplo real em uma reportagem exposta no site do Superior Tribunal Militar. “Tribunal descarta tese de estado de necessidade ao julgar homem que recebeu pensão de forma irregular. “ “Superior Tribunal Militar (STM) manteve, por unanimidade, a condenação de um homem que recebeu indevidamente pensão do Exército Brasileiro. Após a morte de sua mãe, que era a real pensionista de um sargento, o filho continuou a receber o benefício durante cerca de três meses. A defesa do acusado entrou com recurso de apelação no STM e pediu a absolvição alegando “estado de necessidade” – praticar um fato delituoso para salvaguardar um direito diante de perigo iminente – ou “inexigibilidade de conduta diversa”. Alternativamente, pleiteou a atipicidade da conduta, ou seja, que o fato não constituía crime em razão da ausência de dolo (intenção). O Ministério Público Militar (MPM) sustentou que a inexigibilidade de conduta diversa, seja como causa de excludente de culpabilidade, seja como elemento integrativo do estado de necessidade não se justifica no caso em questão, “pela ausência de perigo certo e iminente”.” (reportagem completa nas referências) Assim, percebe-se na prática como mostra a matéria em questão, que a falta dos requisitos expressos na lei, interfere diretamente no resultado da ação. LEGÍTIMA DEFESA A legítima defesa está prevista no Art. 25 do Código Penal e diz: Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Vamos entender melhor cada um desses requisitos. A) Injusta agressão: Todo comportamento humano, ação ou omissão, quem tem por finalidade de atingir um bem jurídico. Toda ação contrária ao direito já se configura como injusta agressão, e não depende de capacidade do agente. B) Atual ou eminente: É necessário que a agressão esteja acontecendo ou que o agente preveja a eminência da agressão. C) Uso moderado dos meios necessários: Ou seja, o agente precisa repelir a agressão de forma moderada e proporcional, usando o meio menos lesivo, podendo responder pelo excesso. D) Direito seu ou de outrem: O agente pode agir em legítima defesa em detrimento de bem jurídico seu ou de terceiros. E) Elemento subjetivo: A doutrina prever o elemento subjetivo para o a efetivação da legítima defesa, ou seja, o agente precisa ter ciente de que estar agindo nesta condição. Desta forma, conforme reportagem publicada pela Folha de São Paulo, a legítima defesa ocorre quando, para defender um bem jurídico, a pessoa faz algo que, em circunstâncias diversas, seria considerado crime. Por exemplo, quando alguém, para se proteger, atira em um elemento que o ameaçava com uma arma. Se você atira em alguém em uma situação normal, você cometeu um crime (homicídio), mas se você atira em um criminoso que apontava uma arma contra você, não há o crime, pois você estava protegendo um bem jurídico (sua vida) que estava no mesmo (ou maior) nível do que o bem jurídico ofendido (a vida do outro). “Essa relação entre os bens jurídicos protegido e ofendido é importante. Você não pode alegar legítima defesa se você mata para proteger seu patrimônio durante um furto. Neste caso, o bem jurídico protegido (seu patrimônio) é menos importante que o bem jurídico ofendido (a vida do criminoso). Neste exemplo, se o bandido não colocou sua vida em perigo, não há legítima defesa, pois, há uma desproporcionalidade negativa entre o que você ofende (tirar a vida de alguém) e o que você pretende proteger (seu patrimônio).” 3. CONCLUSÃO Portanto, podemos identificar de forma clara e didática os conceitos, características e requisitos necessários para a aplicação dos institutos, estado de necessidade e legítima defesa. A escolha deste tema reflete a importância do entendimento para os estudos acadêmicos e para que haja a aplicação da lei de forma correta. Assim, podemos garantir o princípio da legalidade e ampla defesa, aplicando os excludentes de ilicitude quando se faz necessário. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS. http://direito.folha.uol.com.br/blog/legtima-defesa https://www.stm.jus.br/informacao/agencia-de-noticias/item/7589-tribunal-descarta- tese-de-estado-de-necessidade-ao-julgar-homem-que-recebeu-pensao-de-forma- irregular https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2018930/qual-a-diferenca-entre-legitima-defesa- e-estado-de-necessidade-daniel-leao-de-almeida https://www.youtube.com/watch?v=wrxgMs6ZOlM&list=PLZvSkVqe_ub5Sm8Xowm RRYhSCBW3tQZGT&index=8 http://direito.folha.uol.com.br/blog/legtima-defesa https://www.stm.jus.br/informacao/agencia-de-noticias/item/7589-tribunal-descarta-tese-de-estado-de-necessidade-ao-julgar-homem-que-recebeu-pensao-de-forma-irregular https://www.stm.jus.br/informacao/agencia-de-noticias/item/7589-tribunal-descarta-tese-de-estado-de-necessidade-ao-julgar-homem-que-recebeu-pensao-de-forma-irregularhttps://www.stm.jus.br/informacao/agencia-de-noticias/item/7589-tribunal-descarta-tese-de-estado-de-necessidade-ao-julgar-homem-que-recebeu-pensao-de-forma-irregular https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2018930/qual-a-diferenca-entre-legitima-defesa-e-estado-de-necessidade-daniel-leao-de-almeida https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2018930/qual-a-diferenca-entre-legitima-defesa-e-estado-de-necessidade-daniel-leao-de-almeida https://www.youtube.com/watch?v=wrxgMs6ZOlM&list=PLZvSkVqe_ub5Sm8XowmRRYhSCBW3tQZGT&index=8 https://www.youtube.com/watch?v=wrxgMs6ZOlM&list=PLZvSkVqe_ub5Sm8XowmRRYhSCBW3tQZGT&index=8 Veja um exemplo real em uma reportagem exposta no site do Superior Tribunal Militar. “Tribunal descarta tese de estado de necessidade ao julgar homem que recebeu pensão de forma irregular. “
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