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Marabá-PA 2015 JOÃO BATISTA CARVALHO ARAÚJO SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO PÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR TECNOLOGIAS, REDEFININDO OS CONCEITOS EM EDUCAÇÃO: Mudanças e Avanços Definidos Pelas Tecnologias Marabá-PA 2015 TECNOLOGIAS, REDEFININDO OS CONCEITOS EM EDUCAÇÃO: Mudanças e Avanços Definidos Pelas Tecnologias Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de pós- graduação em Docência do Ensino Superior. Orientador: Profa. Juliane Alves de Sousa Tutor eletrônico: Profa. Juliane Alves de Sousa JOÃO BATISTA CARVALHO ARAUJO Dedico este trabalho a minha família e a todos que me acompanharam e acreditaram na minha capacidade de chegar até aqui, mas em especial a minha amada esposa Patrícia Alves, que sempre me incentivou nas alegrias e dificuldades desta caminhada. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter permitido e abençoado minha trajetória até aqui, por ter me guiado como professor e historiador, permitindo que eu pudesse realizar um bom trabalho por todas as instituições onde atuei de forma profissional, procurando deixar sempre uma boa impressão. Agradeço ainda senhor, por minha vontade de continuar estudando e dessa forma me atualizando e capacitando ainda mais para poder enfrentar com dignidade os desafios do magistério e demais atividades por mim desenvolvidas na minha carreira profissional e pessoal. Também gostaria de abrir um parêntese e agradecer também a instituição de ensino UNOPAR, que contribuiu muito com minha carreira ao ofertar uma forma de ensino, que é o sistema EAD, acessível aos trabalhadores que não dispõem de tempo e condições de frequentar um curso superior regular, considerando a maravilhosa oportunidade de seguir em frente determinando seu próprio horário para estudar e galgar novos horizontes profissionalmente e dessa forma, tendo a oportunidade de provar o nível do seu aprendizado na concorrência do mercado e das oportunidades oferecidas. Sabemos que ainda existe muita resistência e preconceito no que se refere ao ensino EAD no Brasil, mas, até por isso mesmo e como aluno me proponho a continuar estudando mais e mais de forma que possamos provar com estatísticas o nível de capacidade do aluno EAD. E por fim deixo aqui meus agradecimentos e muito obrigado a minha família em especial esposa, Patrícia, filhos e todos que contribuíram comigo durante minha trajetória, deixando suas impressões em minha vida e em minha carreira. Epígrafe “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” Arthur Schopenhauer ARAÚJO, João Batista Carvalho. Tecnologias, Redefinindo os Conceitos em Educação: Mudanças e Avanços Definidos pelas Tecnologias. 2015. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior) – Universidade Norte do Paraná – Polo Marabá-PA, 2015. RESUMO O presente trabalho monográfico tem o objetivo de discutir as Tecnologias da Informação e Comunicação, e também, a Docência no Ensino Superior, dando ênfase no processo de educação democrática em todos os níveis e principalmente no nível superior, o que tem proporcionado avanços significativos no campo do acesso a informação e educação de qualidade, favorecendo em vários aspectos profissionais e sociais a sociedade brasileira. O tema justifica-se pela sua importância no senário global atual que tem evoluído seus meios de comunicação e tecnologia em uma velocidade impressionante, mas também possibilitando acesso fácil e imediato ao conhecimento, e ainda, a real possibilidade de refinar esse conhecimento de forma que se possam formar excelentes profissionais e intelectuais em suas áreas afins. A metodologia utilizada será pesquisas em livros, bibliotecas, sites indicados da internet e documentários. Entre os principais resultados está a contribuição historiográfica para o enriquecimento e desmitificação de uma das formas de proporcionar conhecimento e aprendizado através dos avanços tecnológicos da atualidade. Palavras-chave: Tecnologia. Comunicação. Formação. Distância. Professor. ARAÚJO, João Batista Carvalho. Technologies, Redefining the concepts in education: Transformations and Improvements Defined by Technologies. Ano de Realização. Número total de folhas. Monography (Postgraduate certificate in Teaching in higher education) – University of Northern of Paraná, Polo Marabá-PA, 2015. ABSTRACT The current monographic work aims to discuss the information and communication technologies, emphasizing in the process of democratic education at all levels and especially at the top level, which has provided significant advances in the field of access to information and quality education, fostering professional and social aspects in the Brazilian society. The theme is justified by its importance in the current globalized world; that has evolved their media and technology at an impressive speed, but also enabling easy and immediate access to knowledge, and yet, the real possibility to refine this knowledge so that they can form excellent professionals and intellectuals in their related fields. The methodology used will be research in books, libraries, internet sites listed and documentaries. Among the main results is the historiographical contribution to the enrichment and desmitificação of one of the ways to provide knowledge and learning through the technological advances of today. Key-words: Technology. Communication. Formation. Distance. Teacher. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Evolução das matrículas dos cursos de graduação presenciais e a distância no Brasil, por organização acadêmica (1995-2010) .................................. 27 Gráfico 2 – Evolução das matrículas a distância no ensino superior brasileiro (2000- 2010)............................................................................ Erro! Indicador não definido. Gráfico 3 – Percentual de pessoas que utilizaram a Internet por meio de microcomputador e somente por outros equipamentos, no período dos últimos três meses, na população de 10 anos ou mais de idae – Brasil – 2005/2013 ............ Erro! Indicador não definido. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Imagem do Archiginnasio di Bologna. ..................................................... 29 Figura 2 – Imagem da Universidade de Paris na França.. ........................................ 29 Figura 3 – Imagem do Archiginnasio di Bologna. ..................................................... 30 Figura 4 – Imagem da Universidade de Paris na França.. ........................................ 30 Figura 5 – Imagem da Universidade de Manaus. ..................................................... 31 Figura 6 – Imagem da Universidade do Paraná. ...................................................... 31 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas EAD Educação a Distância UNOPAR Universidade Norte do Paraná TIC’s Tecnologias da Informação e da Comunicação ENADE Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes EUA Estados Unidos da América LDB Lei de Diretrizes e Bases SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13 2 CAPÍTULO I ............................................................ Erro! Indicador não definido.6 2.1 Evolução Tecnológica ............................................ Erro! Indicador não definido. 2.1.1 EAD – Educação a Distância .......................................................................... 16 2.1.1.1 História da Docência no Ensino Superior ..................................................... 23 2.1.1.1.1 Docência no Ensino Superior nos Dias Atuais ........................................... 25 3 ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO .................................................................. 27 3.1 GRÁFICOS ........................................................................................................ 27 3.2 IMAGENS .............................................................. Erro! Indicador não definido. 4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 35 13 1 INTRODUÇÃO Em meio ao discurso de globalização, nas últimas décadas, de fato vimos essa real globalização ser efetivada pelos meios de comunicação. As distâncias nunca foram tão pequenas como nos dias atuais. Diante dessas informações, senti a necessidade de enfatizar, através dessa pesquisa, que o conhecimento não é monopólio de quem quer que sejam na nossa sociedade atual, em virtude das nossas conquistas democráticas e como ferramenta principal as tecnologias da informação e da comunicação, principalmente agora, podemos dizer que essas tecnologias de fato democratizaram o acesso ao conhecimento, seja nas formas de armazenar e tornar públicas as informações ou na forma de se ensinar nas instituições de ensino. Dentre os esforços de desmitificar essa nova forma de acesso à informação, esta também, à necessidade de acabar com o preconceito por parte de alguns profissionais a sociedade, órgãos de classe e instituições públicas que talvez estejam com o orgulho ferido em virtude do status quo e ainda apresentam certa rejeição e resistência ao ensino em universidades não públicas, ou ainda, em sistemas EAD. Nesse sentido tenho observado como professor de história nos meios profissionais dos municípios paraenses em que atuei, como: Marabá, Itupiranga, Parauapebas e Castanhal, esse tipo de má interpretação ou talvez rejeição. Segundo esses profissionais não é possível haver conscientização e formação de qualidade em Instituições de ensino EAD ou até mesmo em universidades não públicas, e isso, realmente caracteriza-se como um ato de ignorância e preconceito, pois acredito que o fator determinante da qualidade de qualquer profissional é o esforço e determinação em sua busca pessoal pelo conhecimento e a devida orientação de instituições capacitadas e devidamente reconhecidas para tal orientação, sem deixar de mencionar a experiência prática nas suas determinadas áreas de atuação, isso determina sua qualidade profissional e de aprendizado. Dessa forma o ensino EAD deixa essa porta em aberto para que o aluno se capacite de acordo com seus interesses. Abordaremos algumas formas de aplicação das tecnologias da informação e comunicação pelos cursos de formações superiores, considerando as transformações ocorridas nas últimas décadas e o reflexo disso na educação atual, como, suas vantagens e desvantagens no novo contexto educacional no Brasil e 14 ainda, algumas perspectivas para o futuro da educação em um contexto geral, também como seria possível ampliar ainda mais a democracia na educação. A escolha por este campo de pesquisa se justifica por se tratar de uma das maiores transformações históricas no ato de se fazer educação para as gerações atuais e posteriores, relembrando que a educação primitiva basicamente era transmitida de forma oral, posteriormente com a invenção da escrita tivemos um longo período em que as fontes de conhecimento eram basicamente inscrições em pedras, papiros, livros e manuscritos deixados pelos nossos antepassados, e considerando que, em um período relativamente pequeno de uns 40 anos, a tecnologia evoluiu de maneira exorbitante possibilitando inúmeras formas de se transmitir conhecimento, entre elas vídeos, internet, sites, arquivos etc. Utilizando-se de equipamentos modernos como Ipod, i-phone, blue-ray, Data show, computadores, Tablet’s etc., dessa forma espero que possa contribuir e enriquecer este campo de pesquisa. Diante da análise das obras encontradas, ressaltamos que se trata de uma tentativa de contribuir com a discussão desse assunto e ainda procurar lançar uma nova luz sobre a utilização das tecnologias para se fazer educação no novo contexto atual e para as gerações posteriores. Também contempla, um estudo sobre a implantação das tecnologias no processo educacional no Brasil, ou pelo menos uma leve contribuição sobre a evolução das “Tecnologias da Comunicação e da Informação”, e os efeitos ocasionados pela sua implantação, por exemplo, quando passou a ser política do estado e da educação investir em tecnologias na sociedade brasileira? E com essa política, o que mudou? Para compreender as mudanças faremos uma breve leitura de alguns atores sociais – Estado, educação e intelectuais que possibilitaram esse processo de transformação. O universo espaço-temporal referenciado nos direciona a sociedade brasileira, a partir da década de 80, com a quarta geração de computadores mais modernos como o IBM PC de 1980 e o Osborne I de 1981, quando grandes descobertas na área da tecnologia estavam sendo feitas e que possibilitariam as mais recentes mudanças no senário tecnológico e educacional atual, estendendo-se até os dias atuais com ênfase na década de 90 estendendo-se até o ano de 2015. Como essas descobertas começaram a transformar o universo educacional no Brasil, estendendo-se até o contexto atual, onde ficou quase que impensável fazer educação sem recursos tecnológicos que ajudem a estimular a mente de um 15 estudante atual que naturalmente já cresceu habituado a ser bombardeado por informações das mais diversas fontes tecnológicas e tem acesso fácil a conhecimentos que antes levariam anos para serem repassados a ele. Da década de 80 até os dias atuai, é um período um pouco extenso, é verdade, mas devido à necessidade de analisar a evolução das tecnologias da informação e da comunicação, farei um breve retrospecto ainda mais distante no espaço temporal, chegando aos primórdios dessa evolução, para que assim se possa dar ênfase na imensa dimensão das transformações na forma de se fazer educação que nossa sociedade sofreu, e assim, optou-se por não fazer um recorte menor para que pudéssemos proporcionar um prisma geral dos acontecimentos. Com efeito, este estudo se concentra na análise dos discursos atribuídos a agentes que atuaram na construção deste período - universidades, analistas, estudantes e personalidades que colaboraram para a implantação e evolução dessas tecnologias no senário mundial e especificamente nacional. Com este propósito, esta pesquisa pretende apresentar uma revisão historiográfica sobre o tema, incluindo algumas análises de bibliografias existentes que são pertinentes, contribuindo desta forma em uma nova perspectiva historiográfica do tema, e ainda como objetivo pretende transmitir uma análise ampla da evolução das tecnologias da informação e da comunicação, contemplando a democratização educacional como nunca foi possível antes na história da humanidade, fazendo com que a educação superior que é limitada pela ausência, limitações e o descaso do governo, fosse a grande contemplada nesse modelo democrático e dessa forma pudesse aplicar defato uma educação superior para as massas que não encontram em suas possibilidades de tempo, disponibilidade e condições de se manter nos cursos superiores regulares, como por exemplo, pais de famílias que trabalham e não podem adequar seus horários aos das universidades tradicionais. 16 2 CAPÍTULO 1 Desde os primórdios da civilização humana o homem procurou formas de armazenar e transmitir conhecimento e isso favoreceu muito às gerações posteriores até a atualidade, o que fez com que ele se tornasse impar e a frente das outras espécies da Terra, e com um sistema de escrita desenvolvido há cerca de 6000 anos atrás, o ser humano começou a alimentar um banco de dados gigantesco que viria a fazer com que o mesmo alcançasse um nível impressionante de informações armazenadas e esse conhecimento, faria também, com que o homem transformasse totalmente a vida e o espaço do nosso mundo, de modo que, ao se utilizar dessas informações, o mesmo aprimorou seus recursos em todas as áreas e a forma de compartilhar essas informações através das “Tecnologias da Informação e Comunicação”, refinaria muito a globalização e a democracia em diversos aspectos na sociedade mundial atual. 2.1 Evolução Tecnológica Considerando os milhares de anos que a forma de se fazer educação levou para evoluir até o nosso formato atual de escolas e universidades, passando pelas tradições orais até chegar a um sistema de conhecimento escrito, que por sua vez, foi sempre fonte de poder e dominação para uma minoria, chegando até os dias atuais e inclusive, também foi monopolizado pela Igreja durante a Idade Média, onde as primeiras universidades eram frequentadas, em suma, por membros da burguesia que pretendiam se apropriar do conhecimento produzido pela sociedade ocidental e fortalecer ainda mais o poder dessa nova classe dominadora e que futuramente viria a atingir seus objetivos chegando até os nossos dias, onde podemos dizer que o capital controla o mundo, existe ainda mais a necessidade de conscientização e expansão desse conhecimento. Em geral a Renascença e seu Humanismo serviriam de base para a grande Revolução Tecnológica seguinte até os dias atuais, revolução essa que primeiro começou na luta pela liberdade democrática de pensar e agir, nesse contexto, destacou-se a brilhante invenção da Prensa de Tipos Móvel de Johannes Gutenberg (1398-1468) que viria possibilitar a “Revolução da Imprensa” e também os principais movimentos 17 seguintes como Reforma Protestante e Revolução Científica que serviriam de pilares para a formação do modelo de sociedade atual, onde a evolução das tecnologias da comunicação e da informação permitiriam o acesso massivo ao conhecimento, revolucionando tudo o que já se pensou para a educação do futuro, e, talvez possa se dizer que esse futuro já chegou. Santos afirma que: A nova transnacionalizaçao alternativa e solidária assenta agora nas novas tecnologias de informação e de comunicação e na construção de redes nacionais e globais onde circulam novas pedagogias, novos processos de difusão de conhecimentos científicos e outros, novos compromissos sociais, locais, nacionais e globais. (SANTOS, 2005, p. 164). Dentro das inovações tecnológicas não podemos deixar de fazer um paralelo entre a prensa móvel de Gutenberg (1398-1468) e a grande invenção mais recente que possibilitaria outra grande revolução em uma gigantesca escala global, a Internet, que juntamente com os computadores, proporcionariam a chamada “Revolução da informação”, alterando os negócios, comércio, sistemas bancários e toda a comunicação global, aproximando as pessoas como nunca antes visto e apresentando infinitas outras possibilidades para o uso da mesma. Peter Drucker (2000) um dos maiores pensadores contemporâneos do mundo dos negócios afirma que: O impacto verdadeiramente revolucionário da Revolução da Informação está apenas começando a ser sentido. Mas não é a informação que vai gerar tal impacto. Nem a inteligência artificial. Nem o efeito dos computadores sobre processos decisórios, determinação de políticas ou criação de estratégias. É algo que praticamente ninguém previa, que nem mesmo era comentado 10 ou 15 anos atrás: o comércio eletrônico - ou seja, a emergência explosiva da Internet como importante (e, talvez, com o tempo, o mais importante) canal mundial de distribuição de bens, serviços e, surpreendentemente, empregos na área administrativa e gerencial. É ela que está provocando transformações profundas na economia, nos mercados e nas estruturas de indústrias inteiras; nos produtos, serviços e em seus fluxos; na segmentação, nos valores e no comportamento dos consumidores; nos mercados de trabalho e de emprego. Mas talvez seja ainda maior o impacto exercido sobre a sociedade, a política e, sobretudo, sobre a visão que temos do mundo e de nós mesmos. (DRUKER, 2000, p. 01). Mas é preciso ressaltar que, nos últimos anos a velocidade com que as tecnologias têm apresentado recursos e meios para se realizar quase todo tipo de atividades desenvolvidas pelo homem, como, medicina, engenharia, educação, transporte, informação etc. Levou-nos a um limiar que já não dá mais para 18 acompanhar e nem catalogar de forma atualizada tantas inovações tecnológicas que nos são apresentadas a cada dia, para melhorar e nos proporcionar mais praticidade em nossas rotinas diárias, o que nos faz até refletir sobre quais dessas inovações nos fazem bem ou mal, deixando-nos com a difícil missão de percebermos quando essas invenções são realmente necessárias ou não, pois são viciosas, de forma que o ser humano para de exercitar o nosso grande processador biológico que Deus nos deu, o cérebro. Como exemplo, hoje sabemos que se faltar energia em um supermercado, os caixas não terão capacidade de fechar a conta sem o uso do computador ou calculadora, pois não têm a prática de fazerem contas manuais. 2.1.1 EAD – Ensino A Distância Mesmo em um país democrático como o Brasil, a grande jornada para se atingir os objetivos de execução e aplicação dessa modalidade de ensino na educação levou vários anos, passou e ainda passa por grandes desafios, preconceitos e lutas políticas constantes até atingir o nível em que se encontra atualmente. A modalidade EAD, como havia dito anteriormente, pode ter tido seu pontapé inicial com a Prensa de Tipos Móveis de Johannes Gutenberg (1398-1468), afinal ela foi uma forma de multiplicar e espalhar o conhecimento sem o contato face-a-face, princípio do EAD, porém, oficialmente a primeira notícia que se tem dessa modalidade foi em 20 de Março de 1728 na Gazette de Boston nos EUA, onde foi anunciado as aulas por correspondência ministradas por Caleb Philips, dai por diante esse processo começa a ganhar força nos EUA e no mundo durante a Segunda Guerra Mundial. Segundo o professor Waldir Cury Taquígrafo-revisor aposentado da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro: No dia 20 de março de 1728, o jornal “Boston Gazette” publicou o anúncio do professor de taquigrafia Caleb Phillips, que, dizendo ser “professor de um Novo Método de Taquigrafia”, oferecia aulas de taquigrafia por correspondência. O fato, aparentemente sem grande importância, acabou por se transformar num fato histórico. Caleb Phillips estava sendo o primeiro a utilizar o ensino a distância. Hoje é impossível falar em EAD sem citar o nome de Caleb Phillips. Em qualquer monografia, em qualquer estudo, em qualquer pesquisa sobre “ensino a distância”, “e-learning” e “m-learning”, o nome do professor de taquigrafia Caleb Phillips é mencionado. O anúncio da Gazeta de Boston, que foi a primeira menção explícita de um ensino a distância de que se tem notícia, dizia o seguinte: “....todas as 19 pessoas neste país, desejosas de aprender esta Arte, podem, com várias lições enviadas a elas semanalmente, aprender perfeitamente, como aquelasque vivem em Boston.” (…any persons in the country desirous to learn this Art, may, by having the several lessons sent weekly to them, be as perfectly instructed as those that live in Boston.) Na época de Caleb Phillips, a taquigrafia estava em plena expansão. Ela era difundida nos grandes centros, não só dos Estados Unidos, mas também da Europa, e principalmente na Inglaterra, berço da taquigrafia da Era Moderna. (CURY, 2010, p. 01) Em seguida ganha força nas décadas de 60 e 70, impulsionado pelos avanços tecnológicos onde entram em cena os recursos audiovisuais abrindo um leque de possibilidades na educação. Dai por diante a velocidade dos avanços serão ditados simultaneamente pelos avanços tecnológicos e por isso serão relativamente rápidos. No Brasil o processo teve seu início entre 1922 e 1935, ainda em programas de rádios, e assim como no restante do mundo ganhou força com as tecnologias e a demanda por educação. Na década de 60 o Governo Federal sistematiza o EAD, que seguido por vários avanços no campo, finalmente na década de 90 a LDBE (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), especificou em seu artigo 80 a base legal para esta modalidade de ensino: Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. (Regulamento) § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. (Regulamento) § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público; (Redação dada pela Lei nº 12.603, de 2012) II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996) Essa forma de ensino tem como sua característica principal a possiblidade de utilização de TIC’s e recursos didáticos para proporcionar o ensino e a aproximação do aluno e professor, mesmo que estejam fisicamente distantes. O Decreto 5622, de Dezembro de 2005, do Ministério da Educação que regulamenta o 20 EAD no Brasil. Segundo Guarezi essa modalidade caracteriza como: Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (GUAREZI; MATOS, 2009, p.20). Dai por diante, contando com amparo legal, os esforços para ampliar e aprimorar a modalidade de ensino foram ainda maiores, alcançando altos níveis de desenvolvimento, profissionalismo e consequentemente atingindo um crescimento impressionante da procura pelos cursos ofertados por essa modalidade. Podemos dizer que o grande diferencial tecnológico que fez o EAD alcançar tanto êxito na atualidade foi a Internet, e de forma surpreendente, pois ao aliar o acesso que hoje é muito grande no Brasil ao fascínio que essa ferramenta desperta nas pessoas e ainda a flexibilidade de horários para estudar, ela possibilitou a mudança de vida de um número gigantesco de pessoas que por milhares de razões não puderam ingressar em faculdades presenciais, não deixando de ressaltar entre tais motivos, ausência do estado em atender toda a demanda da nossa sociedade, limitando vergonhosamente o número de vagas em universidades públicas, e é ai que entra a grande vantagem do sistema de ensino EAD, que viria a revolucionar o ensino superior no Brasil e quebrar inúmeros paradigmas e preconceitos dentro da nossa sociedade brasileira que naturalmente simplória, já é cheia de dogmas e preconceitos, principalmente com o “novo”. A formula não é igual para todos, mas, a possibilidade existe e está ai para ser experimentada por quem tem dúvidas, sem falar que, alunos célebres como Nelson Mandela, Nobel da Paz em 1993, frequentou por correspondência, o curso de direito da Universidade de Londres enquanto estava preso, só não se formou por não lhe permitirem realizar as provas finais. Na matéria da revista Problemas Brasileiros sobre educação a distância, Maurício Monteiro Filho afirma que: A biografia de Mandela, crivada de prêmios e, ironicamente, diplomas honorários, tornou-o também o mais célebre aluno do sistema de educação a distância (EAD) do planeta. Porém, se depender da escalada vertiginosa que essa modalidade de ensino vem apresentando no mundo todo, inclusive no Brasil, pode-se prever que muitos outros estudantes com cursos a distância no currículo venham a receber reconhecimento semelhante. A própria Universidade de Londres, na qual Mandela quase se formou, dá uma amostra disso. Entre os alunos que frequentaram suas aulas por correspondência, há outros quatro ganhadores de prêmios Nobel, nas mais variadas áreas: Frederick Gowland Hopkins, em 1929, pela descoberta do que hoje conhecemos por vitaminas, Ronald Coase, Nobel de Economia de 1991, e os laureados em literatura Wole Soyinka, em 1986, e Derek Walcott, 21 em 1992. E a lista de alunos célebres do sistema de EAD da instituição continua com H. G. Wells, originalmente formado em zoologia, mas que se notabilizou com obras fantásticas de ficção científica, como A Guerra dos Mundos. Por muito tempo, foi nesse campo que a EAD figurou no imaginário coletivo: o da fantasia. O desconhecimento sobre a prática a tornou alvo de todo tipo de preconceito e ceticismo. Entretanto, nos últimos anos, essa modalidade de ensino vem conquistando espaço e mostra que pode revolucionar até as formas tradicionais de aprendizagem. Mesmo áreas como a saúde e a defesa, que pareciam apresentar barreiras intransponíveis à adoção do sistema, hoje já contam com forte participação de cursos não presenciais e recursos virtuais como apoio ao formato tradicional. Investimentos em melhor formação dos tutores e gestores de conteúdo e apoio público por meio de regulação garantem o aumento da participação da EAD no sistema educacional brasileiro e mundial. (PROBLEMAS BRASILEIROS, 2011, p. 1) O EAD no Brasil segue e continua inovando e aprimorando em virtude das novas tecnologias as possibilidades de ofertar cursos cada vez mais cheios de recursos e aulas dinâmicas, onde as áreas que antes estavam irredutíveis em aceitar esse tipo de formação, já estão sendo ofertadas pelas instituições EAD, como matemática e saúde, tudo em virtude do sucesso do aprendizado na modalidade. Em matéria sobre mitos e verdades sobre o EAD, a Revista Nova Escola, afirma que: [MITO] A dedicação exigida é menor Não há como estudar menos se o curso é bem planejado, rico em material básico e complementar, e se professores, tutores participam de várias atividades para construir o conhecimento coletivamente. Numa pesquisa feita no ano passado com três universidades privadas de Santa Catarina, Santos constatou que os alunos a distância liam, em média, 3 mil páginas por ano só de conteúdo básico estruturado (sem contar o material complementar). O estudo feito por Dilvo Ristoff em 2006 também incluía um item sobre o tempo de estudo diário necessário para dar conta dos conteúdos propostos. A média ficou em maisde três horas por semana. Sem um professor ao lado para diariamente para dar respostas a suas dúvidas na hora, como ocorre normalmente em uma aula presencial, os alunos precisam se dedicar à pesquisa. Consultar várias fontes é essencial para que eles possam seguir adiante em suas atividades até que o tutor retome com ele o conteúdo. [MITO] Os alunos aprendem menos do que no curso presencial Com os resultados do Enade de 2006, essa ideia caiu por terra. A Pedagogia foi um dos que apresentaram melhor desempenho na modalidade a distância do que na presencial. Ou seja, os alunos aprenderam. O que importa sempre, então, é verificar se o programa tem qualidade - do mesmo modo que se dá a escolha por uma faculdade presencial. É preciso verificar se professores e tutores são qualificados, se o material didático é rico e bem produzido, se a tecnologia é usada a favor da aprendizagem, se as respostas a dúvidas são rápidas e se existe uma estrutura presencial que seja condizente com a área em questão - incluindo laboratórios específicos para cada área e bibliotecas. José Armando Valente, pesquisador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) reitera: "Se o curso é bom e o estudante é empenhado, organizado e proativo, não há como não aprender". [VERDADE] É mais difícil conseguir emprego 22 Ainda há um grande preconceito contra o EAD. Em parte, ele pode ser explicado pelo pouco tempo de existência dela na graduação. "O mercado não conhece os formados a distância e há um desconhecimento muito forte sobre a qualidade dos cursos", acredita Ymiracy de Souza Polak. A lei garante que nos certificados do Ensino Superior não venha especificado que a formação foi feita a distância. O Conselho Federal de Biologia, por exemplo, havia vetado o registro profissional de alunos graduados a distância, medida revogada pela Justiça Federal. Entretanto, numa entrevista de emprego, isso pode pesar na escolha. Até mesmo entidades oficiais declaram não concordar com a formação semipresencial. "Não achamos bom para a Educação que professores façam a primeira faculdade a distância. Para que a formação inicial tenha verdadeiramente qualidade e prepare o professor para a prática de sala de aula, ela precisa ser presencial", acredita Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e membro do Conselho Nacional de Educação. Segundo ela, o tema foi debatido nas etapas intermunicipal e estadual da Conferência Nacional de Educação, e essa foi a opinião da maioria dos integrantes. Já o presidente da Associação Brasileira dos Estudantes de EAD, Ricardo Holz, considera que o controle de qualidade dos cursos é papel do Ministério da Educação. Para ele, um dos casos mais problemáticos de discriminação foi a não aceitação de formados em EAD em concursos públicos para cargos de magistério da Prefeitura de São Paulo. "Hoje, a prefeitura paulistana é obrigada a aceitar por uma liminar do Ministério Público, pois não existe distinção legal entre os cursos presenciais e a distância", afirma Holz. Um dado curioso: em alguns países da Europa, onde a EAD têm tradição e qualidade, além de serem constantemente avaliados pelo governo, os profissionais formados dentro dessa modalidade estão entre os mais disputados. Os motivos são simples. Eles se dedicam mais aos estudos, são autônomos, sabem se organizar melhor, resolvem problemas inesperados com mais agilidade e estão em busca de oportunidades para crescer. (NOVA ESCOLA, 2000, p. 57,59). Podemos ver então que a qualidade do ensino EAD, será devidamente apreciada pela qualidade dos profissionais formados na modalidade, considerando que esses profissionais estarão se inserindo no mercado de trabalho e assim disputando de igual para igual as vagas de empregos privados e os públicos que são realizados através de concursos, e as estatísticas falarão por si, assim como os resultados positivos dos últimos exames do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), e assim, futuramente permitirão que sejam quebrados esses paradigmas e preconceitos infundados. Fazendo um paralelo, podemos talvez até dizer que estamos de certa forma, resgatando em um mundo totalmente conectado e barulhento, o remoto silêncio que auxiliou os grandes pensadores da nossa história a produzir o grande conhecimento, seguindo as tradições das mais antigas e conceituadas universidades, que produziram os maiores intelectuais e obras literárias da nossa História. Silêncio esse que também nos é necessário para analisarmos com clareza os assuntos relevantes propostos pelas Universidades, e são alcançados 23 normalmente ao entardecer da noite, onde a leitura silenciosa permite ao acadêmico refletir e expressar sua própria interpretação, afinal estudar é uma ato solitário, nenhum grupo ou pessoa pode aprender por você. Mas nem tudo são flores, como disse anteriormente existem várias barreiras a serem superadas por essa modalidade de ensino, mesmo com toda a regulamentação, sucesso de aprendizado comprovado por todos os exames e o apoio do governo, ainda existem órgãos que deveriam primar pelo desenvolvimento e incentivo aos bons resultados da educação em determinadas áreas de atuação, que estão fazendo o oposto, criando mecanismos toscos e preconceituosos para impedir o acesso de profissionais formados nessa modalidade a livre concorrência em concursos e outras vagas. 2.1.1.1 História Da Docência No Ensino Superior Em um breve rascunho do ensino superior no mundo poderíamos dizer que a docência no ensino superior teve seu ponto de partida ainda na Grécia, porém, somente na Idade Média europeia se tornaria uma instituição reconhecida com o surgimento das Universidades de Bolonha na Itália e Paris na França, que são basicamente as duas primeiras universidades criadas no século XII e surgiram a partir das escolas Catedrais. Seu objetivo era o estudo de direito, medicina e teologia, com ênfase na teleologia. A escolástica era ensinada nas universidades europeias, essa corrente filosófica precedida por Santo Agostinho e que ganhou força no século XIII, acreditava poder explicar a existência de Deus por meio da razão e tinha como método de ensino a memorização de algumas obras clássicas. Já no Brasil as primeiras universidades foram a Escola Universitária Livre de Manaus, fundada em 11 de janeiro de 1909 e a Universidade do Paraná que foi fundada oficialmente em 19 de dezembro de 1912, mas um dos principais destaques da evolução dessas instituições em sua essência é o incentivo ao intelecto humano e em sua capacidade de encontrar soluções, dessa forma valorizando o pensamento livre em seus princípios científicos que visam o refinamento intelectual do ser humano como ser pensante e em construção, que precisa resolver muitas questões existenciais. Alexandre Franco de Sá afirma que: ...Perguntando se existe vida inteligente na universidade, ela desperta a 24 questão de saber se a universidade é ainda dotada da capacidade perceptiva, da intelecção suficiente para compreender a sua situação e afirmar a partir de si mesma – auto afirmar – a sua essência. Não estará a universidade fechada sobre si? Terá ela ainda inteligência e forças suficientes para compreender a sua situação, a marginalização e a corrupção da sua essência? Ou, pelo contrário, ela está destinada a sobreviver na celebração inconsciente do seu próprio fim, semelhante àquele mortal que, pedindo a Zeus que não morresse, mas esquecendo-se do curso inevitável do envelhecimento, vê a sua morte adiada a cada instante, mas lentamente se desvanece, definhando e convertendo-se numa sombra errática entre os vivos? É urgente hoje perguntar se o desenvolvimento pretendido das universidades não ocorre justamente a partir do sacrifício da sua essência; se as universidades não estão hoje alegrementeembarcadas num processo de corrupção imanente, possibilitado pela mais manifesta carência de consciência de si e pela sua transformação em algo que elas, na sua essência, não são – processo que ganha visibilidade na alegria ingénua e na naturalidade com que as universidades se convertem seja em agências de emprego, seja em empresas lucrativas e concorrentes, seja em centros de reciclagem e de formação técnica e profissional, seja em firmas dirigidas para a prestação de serviços variados, seja num recurso de assessoria e legitimação de políticas determinadas, seja num palco de eventos sociais, culturais e eruditos mais ou menos restritos. (SÁ, 2003, p.4). Como podemos perceber na evolução da docência no ensino superior até os dias atuais, carrega em si o status de qualidade e aperfeiçoamento em desenvolver as capacidades intelectuais, porém, existe a preocupação de não transformar essas instituições em meros centros formação profissionalizante e técnica ou até recurso para legitimação de políticas e interesses diversos. Nesse sentido Mancebo afirma que: Se, por um lado, a expansão engendrada nas últimas décadas pode ser percebida como positiva por ampliar o acesso da população ao ensino superior, deve-se atentar para alguns efeitos perversos desse mesmo processo, particularmente no que tange ao perfil dos cursos e das carreiras criados pelas instituições privadas, cuja expansão se dá sob a influência direta de demandas mercadológicas, valendo-se dos interesses da burguesia desse setor em ampliar a valorização de seu capital com a venda de serviços educacionais. (Mancebo et. al., 2015) Nesse sentido pode-se dizer que o professor ganha um papel ainda mais delicado e importante, no sentido de não ser apenas um mediador de conhecimentos específicos direcionados a formações profissionalizantes, atendendo apenas as exigências de mercado e deixando de valorizar a inteligência, essência da universidade, de forma que: O professor (força de trabalho docente) é, sem dúvida, o elemento subjetivo do processo do trabalho pedagógico escolar, embora a ênfase na sua função mediadora entre o aluno e o conhecimento leve alguns a considera- lo como meio: suas atividades, especialmente a aula, nessa perspectiva, são vistas como recursos de socialização do conhecimento historicamente acumulado. (BEZERRA; NOBRE, 2010, p.4). 25 Dessa forma, no ensino superior segue o desafio de encontrarmos um equilíbrio entre o ensino dos conhecimentos profissionalizantes e os conhecimentos historicamente acumulados de forma que o professor consiga estimular o intelecto do discente como formação de pensadores ativos e não apenas “passivos do meio e do mercado de trabalho”, mas, também atendam as demandas econômicas que sustentam o sistema capital em que nos encontramos. 2.1.1.1.1 Docência No Ensino Superior Nos Dias Atuais A prática da docência no ensino superior, mesmo em meio às transformações tecnológicas e as novas demandas no contexto educacional precisa se inovar e encontrar novos métodos pedagógicos e didáticos para se reinventar de maneira produtiva, onde se possa alcançar com maior precisão os seus objetivos de ensino e aprendizagem. Penna (2009) afirma: Cabe considerar também que a maioria dos professores universitários não dispõe de preparação pedagógica. E também que, ao contrário dos que lecionam em outros níveis, muitos professores universitários exercem duas atividades: a de profissional de determinada área e a docente, com a predominância da primeira. Por essa razão, tendem a conferir menos atenção às questões de natureza didática que os professores dos demais níveis, que são os que receberam sistematicamente formação pedagógica. Alias no Ensino Superior é onde menos se verifica menor diversidade em relação às práticas didáticas. [...] A Abordagem tradicional privilegia o professor como especialista, como elemento fundamental na transmissão dos conteúdos. O aluno é considerado um receptor passivo, até que, de posse dos conhecimentos necessários torna-se capaz de ensiná-los a outros e a exercer eficientemente uma profissão. Essa abordagem denota uma visão individualista do processo educativo e do caráter cumulativo do conhecimento. O ensino é caracterizado pelo verbalismo do professor e pela memorização do aluno. Sua didática pode ser resumida em “dar a lição” e “tomar a lição”, e a avaliação consiste fundamentalmente em verificar a exatidão da reprodução do conteúdo comunicado em aula. (PENNA, 15,16). Nesse formato dá-se ênfase nas aulas expositivas e o aprendizado dá-se a partir dos erros. Considerando a resistência no meio em se reinventar para atuar nessas novas modalidades de ensino e considerando ainda que essa demanda de mercado de trabalho tem crescido exponencialmente no ensino superior atualmente e segundo as pesquisas, está concentrada nas instituições que oferecem ensino EAD, ai é que o professor precisa se reinventar mais ainda, pois nessa modalidade as aulas tem o formato de teleconferência on-line e a interação com os alunos é através de chats com suporte tecnológico, entre vários outros 26 recursos tecnológicos disponíveis para esse segmento, ou seja, para o professor que está adaptado ao formata de aulas presenciais com materiais manuscritos ou impressos, o choque ao se deparar com essa nova realidade e demanda crescente, necessita de uma grande mudança de hábitos e readaptação, considerando ainda que, mesmo as universidades tradicionais e públicas hoje já estão fomentando cursos nessa modalidade tecnológica EAD, ressaltando que quando se fala de EAD nos dias atuais, referimo-nos não mais aos telecursos, mas, aos cursos com utilização de tecnologias de informática e internet. E nesse formato, Mercado (1998, p.3) aponta que: Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são necessárias e fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem. Nesse contexto a diversidade tecnológica disponível atualmente necessita passar por um rompimento de paradigmas, porém, não como imposição ou embate com as tradições, mas como um novo meio ou complemento, onde os professores precisam se readaptar e inserir da melhor maneira esses recursos em suas atividades, afinal o objetivo é proporcionar o ensino aprendizagem não só para o mundo, mas no nosso caso, para um país de dimensões continentais que é o Brasil e isso tem sido um grande desafio, pois a educação como direito universal do ser humano precisa chegar a lugares que em pleno terceiro milênio não tem sequer comunicação telefônica, quanto mais educação. Fato é que essa problemática começou a ser sanada com as tecnologias da informação e comunicação, e para isso, necessitamos do empenho e do carinho dos educadores do ensino superior para olhar com uma nova visão desprovida de preconceitos e dogmas para as modalidades de ensinos tecnológicos, afinal os números mostram o sucesso absoluto no aprendizado dos alunos, e se você perguntar para uma pessoa que teve dificuldade de horários, localização, adaptação, enfim, qualquer motivo para cursar um curso regular e ter a possibilidade de aprender, se ele se importa como a informação chegou até ele, acredito que ele dirá que o importante foi que ele aprendeu. 27 3 ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO 3.1 GRÁFICOS Segue abaixo uma apresentação de gráficos extraídos do artigo “Políticas de expansão da educação superior no Brasil 1995-2010” de Deise Mancebo, Andréa Araujo do Vale e Tânia Barbosa Martins, onde as autoras destacam pontos positivos e negativos do exponencial crescimento das matriculas em cursos de graduação superior e presenciais: Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v20n60/1413-2478-rbedu-20-60-0031.pdfDisponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v20n60/1413-2478-rbedu-20-60-0031.pdf 28 E não podemos deixar de ressaltar o papel da Internet como o grande protagonista nesse cenário tecnológico global, realizando todo tipo de comunicações e negócios e na área da educação permitindo a distribuição em tempo real de informações o que veio a possibilitar entre várias outras inovações o aprimoramento do sistema EAD: Disponível em: http://www.ebc.com.br/tecnologia/2015/04/acesso-internet-chega-494-da-populacao- brasileira É importante observar que, a evolução do ensino superior que ocorreu nesse relativo pequeno espaço de tempo, que foram as ultimas três décadas, caminhou lado a lado com a evolução das tecnologias da informação e comunicação. 3.2 IMAGENS A IBM introduziu seu PC - Personal Computer: clock de 4.77 MHz, microprocessador Intel 8088 e usava o sistema operacional MS-DOS da Microsoft. 29 atendendo a nova demanda desse mercado. Tornando-se o computador mais vendido da história. Figura 1 – Imagem do IBM PC (1980). Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/IBM_PC_compatible Adam Osborne criou o primeiro computador portátil, o Osborne I que pesava 11 Kg, display de 5 polegadas, 64 KB de memória, um modem, e dois driver’s de disquete de 5 1/4''. Figura 2 – Imagem do Osborne I (1981). Fonte: http://oldcomputers.net/osborne.html Juntamente com a universidade de Paris na França, a universidade de Bolonha https://en.wikipedia.org/wiki/IBM_PC_compatible 30 destaca-se por ser uma das primeiras universidades criadas no século XII. Figura 3 – Imagem do Archiginnasio di Bologna, antiga sede da Universidade de Bolonha na Itália. Fonte: http://www.leme.pt/imagens/italia/bolonha/archiginnasio-di-bologna/0001.html Figura 4 – Imagem da Universidade de Paris na França. Fonte: http://www.brasilescola.com/historia/universidades-na-idade-media.htm E no Brasil, entre outras universidades que reivindicam o status de 31 primeira, podemos citar as universidades de Manaus em 1909 e a do Paraná em 1912, apesar de algumas divergências e pontos de vistas diferentes. Figura 5 – Imagem da Universidade de Manaus. Fonte: http://petcomufam.com.br/2015/01/qual-a-universidade-mais-antiga-do-brasil.html Figura 6 – Imagem da Universidade do Paraná. Fonte: http://petcomufam.com.br/2015/01/qual-a-universidade-mais-antiga-do-brasil.html 32 4 CONCLUSÃO Podemos dizer que é necessário haver um equilíbrio entre o novo e o tradicional para que ambos possam se completar mutuamente sem rivalidade e harmoniosamente, afinal são adaptações que atendem uma grande demanda, mas também não podem apagar nem substituir na história humana as tradições, às vezes simples, como por exemplo, ler um livro impresso em mãos ao invés de ler um e- book na tela do computador. Porém sabe-se que ainda há muito por vir no que diz respeito às tecnologias da informação e comunicação, e isso merece atenção especial dos profissionais da educação, ressaltando que assim como nas outras áreas do mercado de trabalho onde a mão de obra humana foi substituída por máquinas, na docência o profissional que não conseguir se reciclar de maneira correta e se readaptar as novas tendências educacionais estará sujeito a se tornar passivo em um novo contexto que necessita de profissionais ativos e dispostos a apresentar soluções para anteder uma demanda que até então estava desassistida pelo Estado e suas incapacidades de proporcionar educação para um país gigantesco que é o Brasil. E nesse cenário de diversidade demográfica e cultural muito diversificado, o sucesso das tecnologias da informação não apenas na formação superior, mas na educação em geral tem sido um sucesso e finalmente pudemos ver de fato a ação da democracia em se fazer educação, afinal a disponibilidade de vagas para os cursos superiores aumentaram exponencialmente em todas as áreas possibilitando o acesso a formação superior para inúmeras pessoas, lembrando que não se pode estagnar apenas nesse ponto, afinal, sabe-se que no Brasil existe uma disponibilidade enorme de material humano que precisa ser capacitado e politizado de forma que eles possam contribuir para atender as demandas da nossa sociedade, afinal o cenário em que nos encontramos, vergonhosamente, precisaram importar profissionais de outros países, ao invés de formar os brasileiros. Enfim, nesse contexto de demandas não atendidas, interesses próprios e uma nação desassistida, as tecnologias da informação e comunicação vieram para fazer a diferença e realmente possibilitar um sistema de ensino democrático onde os limites são definidos pelo esforço e dedicação pessoal e não podemos deixar de mencionar a necessidade de haver um equilíbrio entre o sistema tradicional e o novo para que ambos se completem em harmonia. 33 REFERÊNCIAS SANTOS, Boaventura de Sousa. A Universidade no Século XXI: Para uma Reforma Democrática e Emancipatória da Universidade. Revista Educação Sociedade e Cultura. Portugal: 2005, p.164 http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/Univ%20seculo%20XXI_EducacaoS ociedadCulturas_2005.pdf DRUCKER, Peter. O futuro já chegou. Revista Exame Digital, São Paulo: 2000, p. 01, Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/710/noticias/o- futuro-ja-chegou-m0050402 acesso em: 08 de mai. de 2015. CURY, Waldir. Caleb Phillips, Um Professor De Taquigrafia Pioneiro. Rio de Janeiro: 2010, p. 1, Disponível em: http://www.taquigrafia.emfoco.nom.br/artigos/caleb_phillips_a_pioneer_shorthand_te acher.pdf acesso em: 10 de mai. de 2015. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação. LDBE – Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf acesso em: 10 de mai. de 2015. GUAREZI, Rita de Cassia Menegal; MATOS, Marcia Maria. Educação a distância sem segredos. Curitiba: Ibpex, 2009, p. 20. FILHO, Maurício Monteiro. A Distância já Não é Problema. Revista Problemas Brasileiros, São Paulo: 2011, p. 1. Disponível em: http://www.sescsp.org.br/online/artigo/5821_A+DISTANCIA+JA+NAO+E+PROBLEM A#/tagcloud=lista acesso em: 18 de mai. de 2015. MARTINS, Ana Rita; MOÇO, Anderson. Vale a Pena Entrar Nessa?. Revista NOVA ESCOLA, São Paulo: 2000, p. 57,59. SÁ, Alexandre Franco. Heideggere A Essência Da Universidade. LUSOSOFIA - Biblioteca On-Line de Filosofia e Cultura, Covilhã: 2003, p. 4. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/sa_alexandre_heidegger_universidade.pdf acesso em: 25 de mai. de 2015. Mancebo at. al. Políticas de expansão da educação superior no Brasil 1995-2010: Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro. 2015, p.33. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v20n60/1413-2478-rbedu-20-60-0031.pdf acesso em: 25 de mai. de 2015. BEZERRA, Ada Augusta Celestino; NOBRE, Luciano Matos. A especificidade do trabalho pedagógico escolar no contexto do desenvolvimento socioeconômico. In: IV COLÓQUIO EDUCON. São Cristóvão: 2010, p. 3. Disponível em: http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunicacoes Relatos/0001.pdf acesso em: 02 de jun. de 2015. PENNA, Adriana Maria. Didática do Ensino Superior. IBE - Instituto Brasileiro de Ensino. Belo Horizonte: 2009, p.15,16. 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MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Formação Docente E Novas Tecnologias. IV Congresso RIBIE. Maceió: Edufal, 1998, p.3. Disponível em: http://www.ufrgs.br/niee/eventos/RIBIE/1998/pdf/com_pos_dem/210M.pdf acesso em: 21 de jun. de 2015. http://www.institutoibe.com.br/arquivos/tk-5110166540ad2.pdf http://www.ufrgs.br/niee/eventos/RIBIE/1998/pdf/com_pos_dem/210M.pdf
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