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Gerenciamento de trafego e transporte urbano

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ITPAC - INSTITUTO TOCANTINENSE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS
FAPAC - FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS
ENGENHARIA CIVIL
YARA BEZERRA SILVA
GERENCIAMENTO DE TRAFEGO E TRANSPORTE URBANO 
	
PORTO NACIONAL-TO
2020
GERENCIAMENTO DE TRAFEGO E TRANSPORTE URBANO
Trabalho apresentado à disciplina de Gerenciamento de Trafego Urbano, como requisito de avaliação para obter aprovação parcial, sob a supervisão da professora Ana Paula Ribeiro.
PORTO NACIONAL-TO
2020
	É chamada de lei complementar um tipo de lei cuja finalidade é regulamentar norma prevista na Constituição Federal. Assim, só é preciso elaborar uma lei complementar quando a Constituição prevê que esse tipo de lei é necessária para regulamentar uma certa matéria.
A lei complementar serve também para fixar normas para a cooperação entre a união, os estados, o Distrito Federal e os municípios, conforme a constituição. Neste trabalho será discutida as leis complementares nº 06/2006 (Dispõe sobre o uso e a ocupação do solo nas Macrozonas Urbanas do Município de Porto Nacional e dá outras providências.) e a Lei complementar nº 07/2006 (Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano do Município de Porto Nacional.).
A Lei complementar n°06/2006 tem como uso geral a disposição sobre o uso e a ocupação do solo nas Macrozonas Urbanas do Município de Porto Nacional com o objetivo de: 
I - promover a implementação das diretrizes de desenvolvimento sustentável e de ordenamento territorial urbano, em especial as relativas à função social da propriedade urbana, constantes do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município de Porto Nacional; 
II - promover a distribuição das atividades no território urbano; 
III - promover a otimização dos equipamentos urbanos e comunitários, existentes ou projetados;
IV - proteger o patrimônio cultural e ambiental.
A cidade compreende seu espaço territorial, incluindo neste os seus habitantes. Como descrito na Constituição Federal que aquelas cidades que possuírem mais de 20 mil habitantes deverão instituir um Plano Diretor. Em outras palavras, sua principal finalidade é orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbano, rural e industrial na oferta dos serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida para a população. 
O princípio do uso e ocupação do solo é um abrangente e de natureza complexa, pois envolve vários interesses, com alteração do comportamento socioeconômico, técnico, administrativo e jurídico. Cada variável inserida explícita ou implicitamente, motiva o estabelecimento de mudanças no conjunto ambiental. Como descrito no artigo 16 da lei.
Art.16 A ocupação do solo fica condicionada à observância dos seguintes índices urbanísticos:
 I - taxa de ocupação máxima do lote;
 II - coeficiente de aproveitamento básico do lote;
 III - recuos mínimos;
 IV - número máximo de pavimentos;
 V - taxa de permeabilidade do lote;
 VI - fecho divisório do lote. 
Não obstante, sinteticamente, pode-se dizer que o termo “uso e ocupação do solo” é definido em função das normas relativas à densificação, regime de atividades, dispositivos de controle das edificações e parcelamento do solo, que configuram o regime urbanístico.
Desta forma, o que pode ou não ser construído e o tamanho das construções (uso e ocupação) nos terrenos dos municípios são definidos pela relação entre o tamanho do terreno e a quantidade de pessoas; pelas atividades (comércio, moradias, serviços, indústrias), bem como pelo tipo dos prédios e tamanho dos lotes, dentre outros.
O uso e ocupação do solo tem por principais finalidades: a) Organizar o território potencializando as aptidões, as compatibilidades, as contiguidades, as complementariedades, de atividades urbanas e rurais; b) Controlar a densidade populacional e a ocupação do solo pelas construções; c) Otimizar os deslocamentos e melhorar a mobilidade urbana e rural; d) Evitar as incompatibilidades entre funções urbanas e rurais; e) Eliminar possibilidades de desastres ambientais; f) Preservar o meio-ambiente e a qualidade de vida rural e urbana.
Um bom parcelamento do solo urbano busca interagir coerentemente como conjunto ambiental a que pertence envolvendo:
 A proximidade com outros tipos de atividades (comercial, centro urbano, tipo de indústria, lazer, etc.);
 O uso dos recursos naturais, atentando para a qualidade do ar, corpos d’água, vegetação e geomorfologia do terreno, entre outros.
Tratando-se especificamente do zoneamento urbano ou municipal, há que se destacar que os municípios não somente possuem áreas inseridas na malha urbana, mas também no perímetro rural, as quais também precisam de planejamento quanto aos seus usos e formas de ocupação. Por sua vez, o Zoneamento é uma ferramenta de fundamental importância no planejamento de uma cidade, garantindo o seu desenvolvimento ordenado. Nele, o território municipal é dividido em partes (chamadas zonas) onde se definem, para cada uma delas, normas de uso e ocupação do solo. Isso nada mais é do que definir regras que determinam o que pode ser feito na cidade, de que forma e onde. Em outras palavras, a legislação definirá, para cada zona em que se divida o território do município, os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo, que incluirão, obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os coeficientes máximos de aproveitamento.
O Parcelamento do Solo para Fins Urbanos 
A atividade de parcelamento do solo urbano é regulada, em todo o território nacional, pela Lei Nacional n. 6766/79 também conhecida como Lei Lehmann. Os parcelamentos em área rurais são regidos fundamentalmente pela instrução normativa 17-B do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)1. Esta dispõe sobre o parcelamento do solo de imóveis rurais tanto para fins urbanos quanto para fins agrícolas. O produto final tanto de desmembramentos quanto de loteamentos é o lote, definido como terreno cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo Plano Diretor, e Lei Municipais regulamentadoras deste, servido de infraestrutura básica.
O parcelamento do solo para fins urbanos só é admitido em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica definidas pelo Plano Diretor ou aprovadas Lei Municipal em consonância com o Plano Diretor. O parcelamento do solo, com finalidades urbanas, fora do perímetro urbano deve ter anuência prévia do INCRA e só poderá ser aprovado se a área for (i) de expansão urbana ou de urbanização específica definidas pelo Plano Diretor ou por Leis Municipais regulamentadoras deste, (ii) oficialmente declarada como zona de turismo ou caracterizada como estância hidromineral ou balneária, (iii) tenha, comprovadamente, perdido suas características produtivas, tornando antieconômico seu aproveitamento agrícola. Esta comprovação deve ser feita através de laudo assinado por técnico habilitado apresentado pelo proprietário ou pela Municipalidade, cabendo ao INCRA a averiguação de sua veracidade (SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro, 7ª edição. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 326).
Uso e Ocupação do Solo nas Macrozonas Urbanas do Município de Porto Nacional, bem como aos seguintes requisitos:
 I - as áreas destinadas a uso público ou a uso comum dos condôminos devem ser diretamente proporcionais à densidade de ocupação, bem como, nos termos das normas específicas, assegurar a acessibilidade de pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade;
 II - as novas vias de circulação devem articular-se com o sistema viário adjacente, existente ou projetado, harmonizar-se com a topografia local e garantir o acesso público aos corpos d’água e demais áreas de uso comum do povo;
 III - os equipamentos urbanos e o sistema viário devem ser implantados pelo empreendedor;
 IV - no loteamento ou desmembramento não poderá resultar terreno encravado, sem saída direta para via de circulação ou logradouro público. 
São estabelecidas por lei basicamente duas modalidades de parcelamento dosolo, o loteamento definido como “a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação e ampliação das vias existentes” (Lei 6766/79, art. 2°, §1°) e o desmembramento que consiste na “subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes” (Lei 6766/79, art. 2°, §2°).
Cabe ressaltar ainda, a possibilidade da publicação dos processos de licenciamento de parcelamento do solo, na íntegra, nos Portais de Transparência. Tal publicação é justificada, por serem estas informações de interesse público e imprescindíveis para um efetivo controle social da gestão do território urbano estando amparada pelo princípio da gestão democrática das cidades contemplado no Estatuto da Cidade. Entre as informações que devem ser publicadas destacamos a densidade habitacional prevista, localização e metragem da área destinada à implantação de equipamentos urbanos, comunitários e áreas verdes, uso predominante do solo e geração de tráfego e demanda de transporte público. Essas iniciativas permitem avançar no que tange a gestão democrática das cidades e a garantia do cumprimento da função social da cidade e da propriedade.
Porém mesmo configurando-se, sob o ponto de vista legal, apenas como propriedade comum de coisa, essa forma de ocupação do solo apresenta uma série de impactos no espaço urbano. Entre estes podemos citar a ausência da obrigatoriedade de doação de áreas públicas e a localização das mesmas (se dentro ou fora do perímetro com acesso controlado), a descontinuidade do tecido urbano com interrupções do sistema viário impossibilitando, por vezes, o prolongamento ou ligação de vias existentes. O projeto de Lei 3.057 conhecido como Lei de Responsabilidade Territorial e que tem por objetivo substituir a atual lei de parcelamento, cria uma série de regramentos acerca desses aspectos, porém o projeto ainda tramita na Câmara dos Deputados sem previsão para sua aprovação. Alguns Municípios regulamentaram essa modalidade de ocupação do espaço urbano em suas Leis de Parcelamento do Solo Urbano definindo critérios como: locais em que podem ser implantados, dimensão máxima e critérios de contiguidade, critérios de manutenção da infraestrutura e requisitos para assegurar integração do sistema viário, mobilidade e acesso a bens de uso comum do povo.

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