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DIREITO CLASSICO ROMANO

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Curso de Ciências Jurídicas e Sociais 
 Coordenação de Direito 
 Disciplina: História do Direito 
 
FACULDADE SÃO LUCAS 
Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 
 
 
1 
 
AULA 06 
 
DIREITO CLASSICO 
POVO ROMANO 
 
1 - Introdução. 
 
O Direito Romano é grande div isor entre os Direitos Antigos, 
sagrados, consuetudinários, de conhecimento exclusivo dos 
anciões e sacerdotes e o Direito Ciência, completamente 
separado da Religião e da Moral . 
 
Os romanos no seu processo evolutivo ascendente só 
adquir iram a supremacia no campo do Direito, por haver 
criado uma ciência e uma arte do direito 1. 
 
A história do Direito Romano é uma histór ia de mais de v inte 
e dois séculos, do séc. VII a.C. até o séc. XV. 
 
No Ocidente, a ciência jur ídica romana teve a partir do século 
XII um renascimento que inf luenciou todos os sistemas 
romanistas de Dire ito da Europa medieval e moderna, 
deixando até os nossos dias uma presença marcante, 
sobretudo no campo do Direito Privado, pois foi neste campo 
que o Dire ito Romano atingiu o nível mais elevado e 
inf luenciou e ainda inf luencia os sistemas jur ídicos que 
seguiram os seus ensinamentos. 
 
1 C f . J . D E C LA R E U I L , Rom a y l a O r ga n i z ac i ó n D e l D e r e c ho , t r a d . d e Ra m ó n G a r c i a 
Red ru e l l o , Ba r ce l o n a : E d . C e rv a n t es , 1 9 2 8 . 
 
 
Rômulo e Remo 
 
Roma, cuja fundação é de origem lendária, 
atribuída a Rômulo e Remo, cuja existência 
Moreira Alves 2 atribui à simbologia da 
representação dos dois grupos etruscos rivais, que 
disputavam o poder naquela área. 
 
Muitos histor iadores sustentam que no meado do século VI I I 
a.C. , os etruscos, fundaram a cidade de Roma em duas etapas: 
na primeira secaram os pântanos entre as colinas para o 
desenvolvimento da agricultura; na segunda etapa criaram a 
primeira organização polít ica da cidade. 
 
As fases históricas da Civi l ização Romana e de suas 
insti tuições correspondem a quatro etapas cronológicas 
inteiramente delimitadas, que são: 
 
Período de Realeza (vai das origens de Roma à queda da 
realeza em 510 a.C.); 
Período Republicano (de 510 a 27 a.C .); 
Período do Principado (de 27 a.C. a 285 d.C.) 
e Período do Dominato (de 285 d.C. a 565 d.C.) . 
 
2 - Período de Realeza 
 
2 cf . J O S É CA R L O S M o r e i ra A lv es . D ir e i to R om a n o, R io d e Ja n e i r o : F o re n s e , 1 9 9 9 , 
p . 8 . 
 Curso de Ciências Jurídicas e Sociais 
 Coordenação de Direito 
 Disciplina: História do Direito 
 
FACULDADE SÃO LUCAS 
Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 
 
 
2 
Na fase da Realeza surgem às primeiras inst ituições pol ít ico -
jurídicas das quais destacamos as seguintes: 
 
a) O Rei , seu poder era absoluto, vital íc io e irresponsável, 
sendo ao mesmo tempo chefe polít ico, jur ídico , rel igioso e 
mil itar; 
 
b) O Senado é o conselho do Rei, sendo seus membros 
denominados senatores . O Senado t inha posição subordinada 
ao Rei, e sua competência com relação a ele era consult iva, 
embora não fosse obrigado a seguir seu conselho; 
 
c) Os Comícios eram assembléias convocadas pelo Rei. Não se 
sabe como a vontade do povo era apurada nesses comícios, 
que aprovavam ou rejeitavam uma proposta, sem ter 
possibi l idade de discussão após uma decisão deste gênero. 
 
2.1 - O Povo e sua Organização. 
 
O mundo romano era constituído por vár ias camadas sócias, 
cujo status pol ít ico se foi modificando com o decorrer dos 
tempos: os patrícios, os cl ientes, os plebeus, os peregrinos e 
os escravos. 
 
a) Os Patrícios eram os cidadãos romanos no gozo da 
plenitude dos direi tos polít icos e civis. Formavam o status 
patrício os Quirites , os Patres, os Patrici i , que compunham, 
na origem, com exclus ividade, o populus romanus; 
 
b) Os Cl ientes eram uma espécie de vassalagem, que se 
sujeitavam à dependência de um cives ou patronus ( jus 
patronatus ) , recebendo sua proteção, ou seja, era uma troca, 
na qual os c l ientes deviam obediência e prestação de serviços 
ao patronus, mas estes deviam proteção a assistência aos 
cl ientes. A cl ientela era composta por estrangeiros vencidos 
na guerra, ou ainda escravos l ibertos ; 
 
c) Os plebeus formavam um grupo a parte de Roma, eram 
cidadãos de cidades latinas, v iz inhas a Roma, bem como seus 
descendentes. Estes, a princípio, não possuíam direitos civis 
e polít icos. Assist ia -lhes apenas a l iberdade e o commercium. 
 
d) Os Peregrinos eram homens l ivres, mas excluídos da 
civitas, cidadãos de Estados independentes de Roma ou povos 
submetidos a Roma que não houvessem obtido a cevitas. 
 
e) Os Escravos (servi ) não eram considerados pessoa, mas 
coisa res muncipi . Havia escravos por nascimento, por perda 
dos direitos civis e os pris ioneiros de guerra. 
 
2.2 - O Direito da Realeza 
 
Como todos os outros povos da antiguidade Roma teve seu 
direito inic iado pelos costumes, sendo a jurisprudência 
monopólio dos pontíf ices , cabendo a eles todo o 
conhecimento do dire ito. 
 
O historiador francês Fustel de Coulanges estudando o 
caráter jur ídico dessa época, ass im o apresenta: 
 Curso de Ciências Jurídicas e Sociais 
 Coordenação de Direito 
 Disciplina: História do Direito 
 
FACULDADE SÃO LUCAS 
Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 
 
 
3 
( . . . ) e m que a re l ig iã o é a senhora abs olu ta da v id a pr ivada e da v ida 
ju r íd i ca , o E stad o uma c omun ida de re l ig i osa ; o r e i , um p ont í f ice ; o 
magi strad o, u m sace rdote ; a le i , u ma f ór mula sagr ada; o patr i ot is m o, 
p iedade; o e x í l i o , exc omunhão. O h ome m vê - se sub m et id o ao E stad o pe la 
a lma, pe l o c orp o e pe l os b ens. É obr igat ór i o o ód io ao es trange ir o, po is 
a noçã o d o d i re i t o e d o de ver , da just i ça e da a fe i çã o, não u l t rap as sa os 
l i mi tes da c idade ( . . . ) 3 
 
3 - O Período da República. 
 
Segundo os autores modernos, a passagem da realeza para a 
república não se fez de jato, por meio de revolução, mas 
obedeceu a processo lento, desenrolado entre 510 e 367 a.C. 
 
Por volta 501 a.C., com a Lex Valeria criou-se a magistratura 
da ditadura , pela qual era concedido pelo Senado, a um 
Patrício o poder absoluto para no prazo máximo de seis 
meses , restabelecer a Ordem e a Segurança em Roma. 
 
Acreditam alguns historiadores que a partir do começo do 
séc. IV a.C., após uma ditadura, Roma passou a ser governada 
por dois cônsules que são os únicos magistrados, com 
atribuições mil itares, administrativas e judiciárias. Assim, 
comandam o exército; velam pela segurança pública: 
procedem ao recenseamento da população; tomam medidas 
várias com vista ao bem público; gerem o erário; administram 
a just iça criminal; e exercem a jur isdição voluntár ia e 
contenciosa. 
 
3 C f . F U S T E L D E C O U LA N G E S , A p u d . Je n n y M a g n a n i d e O . N o g u e i r a , A I n s t i tu iç ã o 
d a F a m í l i a em a C i d a d e A n t i g a – F u nd am e nt os de H i s t ór i a de D i r e i t o , O r g . po r 
A nt on i o C ar los W o lkm e r , Be l o H o r i z o n te : D e l R ey , 2 0 0 1 , p . 1 1 1 . 
 
3.1 - A luta da Plebe. 
 
A plebe que não t inha acesso à magistratura e, revoltada com 
o arbítrio dos magistrados patr ícios, l iderada por um plebeu 
chamado Gaius Terenti l iussai propôsem 462 a.C. a 
compilação e publ icação de um código legal oficial , de modo 
que os plebeus pudessem conhecer a le i e não ser pegos de 
surpresa pela sua execução. 
 
Em 494 a.C. , a plebe não atendida em seus ple itos resolveu 
sair de Roma, e se dir ige ao Monte Sagrado, com o objetivo 
de fundar a l i uma nova cidade. Os patríc ios, em face disso, 
resolvem compor e a plebe retorna, após obter a criação de 
duas magistraturas plebéias: o tribunato da plebe e a 
edil idade da plebe . 
 
Seguiu-se a luta da plebe para obtenção de le is escr itas, o que 
acabaria com a incerteza do direito e daria mais segurança 
aos plebeus. Consegui ram os plebeus que uma comissão de 
dez membros, patrícios, fosse até a Grécia, onde estudariam 
as leis de Sólon, que gozavam de enorme prestíg io, v isando 
aproveitar o que fosse cabível para a realidade romana. 
 
Os decênviros escreveram de início dez tábuas. Não at ingiram 
o objetivo dos plebeus, v indo a serem escritas outras duas, 
completando o número correto. 
 
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4 
 
O texto original das Doze Tábuas perdeu -se quando os 
gauleses incendiaram Roma em 390 a.C. Nenhum outro texto 
oficial sobreviveu, mas apenas versões não-oficiais. 
 
O que existe hoje são fragmentos e citações de outros 
autores, como: Cícero, Aulu Gélio, Labeo ,Gaio, etc. 
 
Fragmentos conhecidos: 
 
TÁBUA PRIMEIRA – Do chamamento do Juízo (contém 11 
itens) 
Ex: 
1- Se alguém é chamado a Juízo, compareça. 
2 – Se não comparecer , aquele que o c itou tome testemunhas 
e o prenda. 
 
TÁBUA SEGUNDA – Dos julgamentos e dos furtos (contém 11 
itens) 
Ex: 
4 – Se o furto ocorre durante o dia o ladrão é f lagrado, que 
seja fustigado e entregue como escravo à vít ima. Se é es cravo, 
que seja fustigado e precipitado do alto da rocha Tarpéia. 
11 – A coisa furtada nunca poderá ser adquir ida por 
usucapião. 
 
TÁBUA TERCEIRA – Dos Direitos de Crédito (contém 9 itens) 
Ex: 
9 – Se são muitos os credores, é permitido, depois do terceiro 
dia de fe ira, dividir o corpo do devedor em tantos pedaços 
quanto sejam os credores, não importando cortar mais ou 
menos; se os credores preferirem, poderão vender o devedor 
a um estrangeiro, além do Tibre. 
 
TÁBUA QUARTA – Do pátrio poder e do casamento (c ontém 4 
itens) 
Ex: 
1 – É permitido ao pai matar o f i lho que nasce disforme, 
mediante o julgamento de cinco viz inhos. 
3 – Se o pai vender o f i lho 3 vezes, que esse f i lho não recais 
mais sobre o poder paterno. 
 
TÁBUA QUINTA – Das Heranças e Tutelas (contém 8 itens) 
Ex: 
5 – Que as dív idas ativas e pass ivas sejam divididas entre os 
herdeiros , segundo o quinhão de cada um. 
 
TÁBUA SEXTA – Do Direito de Propriedade e da Posse (contém 
9 itens) 
Ex: 
6 – as terras serão adquir idas por usucapião depois de dois 
anos de posse, as coisas móveis , depois de um ano 
 
TÁBUA SÉTIMA – Dos Delitos (contém 18 itens) 
Ex: 
11 – Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de Talião, 
salvo se houver acordo. 
16 – Se alguém profere um falso testemunho, que seja 
precipitado da rocha Tarpéia . 
 
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5 
 
TÁBUA OITAVA – Dos Direitos Prediais (contém 13 itens) 
Ex: 
1 – À distância entre as construções vizinhas deve ser de dois 
pés e meio. 
10 – Se caem frutos sobre o terreno vizinho, o proprietário da 
arvore tem o direito de colher esses frutos. 
 
TÁBUA NONA – Do Direito Público (contém 7 itens) 
Ex: 
7 – Se alguém insuflou o inimigo contra a sua Pátr ia ou 
entregou um concidadão ao inimigo, que seja morto. 
 
TÁBUA DÉCIMA – Do Direito Sacro (contém 16 itens) 
Ex: 
16 – Que o vestíbulo de um túmulo jamais possa s er adquir ido 
por usucapião, assim como o próprio túmulo. 
 
TÁBUA DÉCIMA PRIMEIRA – Sem títulos (contém 3 itens, 
muito fragmentados) 
Ex: 
2 – Não é permitido casamento entre patr ícios e plebeus. 
 
TÁBUA DÉCIMA SEGUNDA – Também sem título (contém 4 
itens) 
Ex: 
 
4 J O H N G I L I S S E N , ― I n t r o d u ç ão H is tó r i c a do D i r e i to ” F u n d a çã o C a lo u s t e 
G u l b e n k ia n – L i s b o a , 1 9 8 6 , p 8 7 . 
4 – Se um escravo comete um furto, ou causa algum dano, 
sabendo-o o patrono, que seja obrigado, esse patrono a 
entregar o escravo, como indenização, ao prejudicado. 
 
A (Lex Duodecim Tabularum) Lei das XII Tábuas, elaborada em 
450 e 449 a.C . é considerado o primeiro documento legal 
escrito do Direito Romano, pedra angular onde se basearam 
praticamente todos os corpos jurídicos do Ocidente. 
 
Ela separou o Direito da Religião criando a Ciência do 
Direito. 
 
Ensina John Gil issen 4: 
 
No conjunto , a L e i das X I I T ábuas re ve la um está g io da e vo lução do 
d ir e i to púb l ico e p r ivado compa rá vel ao que é co nhec ido em Atenas 
pe las le ís de D rácon e de S ó lon. A so l ida r iedade fam i l ia r é abo l ida , mas 
a autor idade quase i l imi tada do chef e de fa mí l ia é man t ida; a 
igualdade ju r íd i ca é re conhec ida teo r i camen te; são p ro ib idas as 
guerras p r ivadas e ins t i tu ído u m p rocesso penal ; a ter ra , mes mo a das 
gentes , tornou -se a l iená v eí ; é r econhec ido o d ir e i t o de testa r . 
 
3.2 - A República e sua Organização. 
 
As Magistraturas. 
 
Os Cônsules , magistratura que era exercida por dois cônsules, 
t itulares do poder de imperium , d ispõem do comando mil itar 
e do governo da cidade; presidem as assembléias, podem 
 
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propor le is e t iveram talvez no iníc io um poder de jur isdição 
criminal. 
 
Os Pretores , magistrados judiciais; organizam o processo e 
designam os juízes. Houve outros magistrados, ta is como os 
edis curuis , os tribunos , os questores , os censores , etc. 
 
As característ icas fundamentais das magistraturas 
republicanas são: a temporalidade, a colegial idade , a 
gratuidade e a irresponsabil idade do magistrado. 
 
As Assembléias. 
 
Eram múltiplas, sendo as mais importantes a 
centuriata comitia , que formava a assembléia 
popular mais importante durante a república e a 
conci l ia plebis, assembléia própria da plebe que 
elegia os tribunos da plebe e votava os 
plebiscitos. Havia ainda a curiata comitia , e a 
tributa comitia. 
 
 
Senado romano reunido na cúria 
O Senado (Senatus populusque 
Romanus – S P Q R). 
 
Na república, o Senado se torna o 
verdadeiro centro do governo, pois os magistrados t inham 
interesse em consultá -lo em seguir o seu conselho, antes de 
tomarem deliberações mais importantes, uma vez que, sendo 
o Senado órgão permanente, f icavam eles resguardados de 
possíveis incr iminações quando retornassem à qual idade de 
simples c idadãos. 
Graças a isso, o Senado, além de enfeixar em suas mãos a 
direção da pol ít ica externa de Roma, atuava nos setores da 
Administração Pública. 
 
3.3 - O Direito na República. 
 
Na república, as fontes de direito são quatro: o costume , a lei 
e os editosmagistratos e o jus praetorium ou jus 
honorarium. 
 
a) - O Costume é a fonte preponderante do direito privado, 
graças à atividade dos jurisconsultos. Os jur istas republicanos 
não formularam doutrina sobre o costume como fonte de 
direito, o que somente foi realizado pelos jurisconsultos do 
principado. 
 
b) - A Lei em Roma apresenta -se sobre duas modalidades: lex 
rogata e lex data. A mais importante lei na república é uma 
lex data: a Lei das XII Tábuas , o primeiro monumento 
legis lativo dos romanos. 
 
c) - O Edito dos Magistrados. Os magistrados romanos t inham 
a faculdade de promulgar editos, dos quais os mais 
importantes, para a formação do direito, foram as dos 
magistrados com função judiciária. 
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7 
Os magistrados judic iários, no direito romano, não po diam 
atribuir direitos a ninguém, mas, s im, conceder ou negar 
ações 
 
d) - jus praetorium ou jus honorarium. Era formado pelos 
éditos do praetor urbanus, competente para apreciar l it íg ios 
entre cidadãos romanos, “que a pretexto de interpretar a Le i das 
XI I Tábuas, a corr ig iu, a ampl iou e a s impl i f icou, tornando -a menos 
formal i sta e menos obscura” 5. 
 
O que resultou no jus civi le ou direito do cidadão romano, 
enquanto dos éditos do praetor peregrinus, competente para 
apreciar l it ígios entre estrangeiros e entr e estes e os 
romanos, nasceu um novo direito, fruto do Direito Natural e 
da equidade, que foi o jus gentium. 
 
4– O Período do Princ ipado ou Alto Império. 
 
4.1 – Antecedentes 
 
Alguns acontecimentos ocorridos durante o séc. I d.C. 
acabaram indicando que a república não poderia subsist ir 
muito tempo. 
 
Segue -se o per íodo em que se projetam dois homens: Pompeu e 
Jú l io César . Ambos tentavam assumir o poder supremo, mas po r 
métodos d iversos : Pompeu, provave lmente , pretendia a lcançar 
suas aspirações ga lgando o pode r com o consent imento do Senado 
 
5 C f . P A U L O D O U R A D O d e G u s m ã o , I n t r o duç ã o ao E s t ud o d o D i r e i to , Ri o d e 
Ja n e i ro : F o r en s e , 2 0 0 2 , p . 2 9 8 . 
republicano ( instaurar -se- ia ass im o pr inc ipado em Roma); Júl io 
César , ao contrár io v isava ao mesmo f im a implantação da 
monarquia abso luta (o que mais tarde ocorrer ia no dominato ) 6” . 
 
Com tais diferenças os confl itos entre Pompeu e Júl io César 
eram constantes e inevitáveis. César vence Pompeu e em 44 
a.C. e foi assass inado. 
 
Com a morte de César há uma sér ie de agitações, a qual surge 
o tr iunvirato formado por Otaviano, Marco Antônio e Lépido. 
 
Com a desistência de Lépido e a derrota de Marco Antônio por 
Otaviano em 13 de janeiro de 27 a.C., surge o principado . 
 
Otaviano já vinha obtendo prerrogativas que lhe preparavam 
caminho para a implantação do regime pessoal em Roma. Em 
30 foi- lhe conferida a tribunicia potestas que reconhecia num 
pebl icito o dire ito de administrar a justiça. Em 29 foi 
confirmado pelo Senado Imperator, em 28, recebeu o t ítulo 
de Princeps Senatus . 
 
O principado é o per íodo histórico que vai do re inado de 
Augusto (Otaviano) até a morte de Diocleciano . 
 
Otaviano que, também, recebeu do Senado o t ítulo de 
Augusto ocupa a posição de Princeps, pois t inha o comando 
geral dos exércitos Romanos e com a tribunicias Protestas , 
6 C f . J O S É CA R L O S M o re i ra A lv es . D ir e i to R o m a no, R io d e J a n e i ro : F o ren s e , 
1 9 9 9 , p . 2 9 . 
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t inha a inviolabil idade pessoal e o veto às decisões dos 
magistrados republicanos. 
 
4.2 – O Principado e sua Organização . 
 
O principado apresenta dupla faceta: em Roma, é ele uma 
monarquia mitigada, pois o príncipe é apenas o primeiro 
cidadão que respeita as instituições pol ít icas da repúbl ica; 
 
Nas províncias imperiais é verdadeira monarq uia absoluta, 
porque o pr ínc ipe tem, ai poderes discricionários. Presume-
se que o principado é um regime de transição da república à 
monarquia absoluta, ou seja, encaminha -se para o 
absolutismo. 
 
O Senado. Em 18 a.C., foi reduzido o número dos senadores 
para que o senado funcionasse realmente. Durante o 
principado, o Senado manteve -se aparentemente em posição 
de destaque, porém sua atividade foi inspirada e or ientada 
pelo Imperador. No pr incipado, o Senado perde, em favor do 
príncipe, os poderes fundamentai s que det inha na repúbl ica. 
 
4.3 – O Direito no Alto Império . 
 
O regime Imperial foi o grande per íodo do Direito Romano 
clássico e apresenta as seguintes fontes principais: o 
costume, a le i , os senatosconsultos , os editos dos 
magistrados, as const ituições imperiais e as respostas dos 
prudentes. 
 
a) – Costume. 
Alguns jur istas clássicos consideram o costume como um fato 
não o incluindo ass im na relação das fontes do dire ito, porém 
sua importância com relação a esse período é menor do que 
os anter iores, pois ao formar-se um costume, o pretor podia 
acolhê- lo em seu edito, dando - lhe o caráter de lei 
honorar ium. 
 
b) – Leis Comiciais 
As leis comicia is eram uma série de leis propostas por 
Augusto com base em sua potestas tr ibunicia. Depois de 
Augusto, no entanto, a legis lação comicial entra em 
decadência. Sob Tibério e Cláudio, encontramos ainda 
algumas leis votadas pelos comícios. Do tempo do imperados 
Nerva data a últ ima lei comicial . 
 
c) – Edito dos Magistrados 
Os editos eram as mais importantes fontes de dire ito na 
república, pois t inham o poder de indiretamente criar direitos 
por meio da e laboração de seu edito. Com o passar do tempo 
os pretores, na prát ica se l imitavam, a copiar os editos de 
seus antecessores. 
 
o reinado do imperador Adriano (séc. I I d.C.) o jur isconsulto 
Sálvio Jul iano foi encarregado de empreender a codif icação 
dos editos perpétuos do Pretor Urbano. A publicação do 
Edictum Perpetuum de Jul iano imobil izou a legislação 
pretoriana, mas por outro lado, “deu origem à f loração 
 Curso de Ciências Jurídicas e Sociais 
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9 
enorme de comentários, sal ientando-se, entre estes os de 
Ulpiano e Paulo” 7. 
 
d) – Senatoconsultos (Senatus - Consultum) 
Senatoconsultos são medidas de ordem legis lativa que 
emanam do Senado, ou seja, aquilo que o Senado ordena e 
constitui. No início do Principado, porém os Senatoconsultos 
passam a ser fe itos a pedido do Prínc ipe, por inic iativa deste 
e o Senado aprova por subserviência, sem mesmo discut i - las. 
 
Mesmo assim, no Principado, encontra -se vários Senatus – 
Consultum de grande importância para o dire ito privado, 
como o Senatus – Consultum Tertuliano a respeito de 
Sucessão hereditária. 
 
e)–Constituições Imperiais 
Ao Príncipe jamais foi atribuída expressamente a faculdade 
de legis lar, mas em decorrência dos poderes que absorveu das 
magistraturas republicanas e da ―auctoritas principis que 
lhe reconhecia esse poder, as constituições imperia is se 
tornaramcada vez mais abundantes. 
 
Ulpiano reconhece que a Const ituição Imperial tem a mesma 
autoridade que a Lei. E las dist inguiam -se em quatro 
categorias: Edicta (Éditos) - normas gerais aplicáveis a todo o 
 
7 C f . J . CR E T E L LA J Ú N I O R . C ur s o de D i r e i to R om a no . 1 3 ª ed . , R i o d e Ja n e i r o : 
F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 5 6 . 
8 C f . J . CR E T E L LA J Ú N I O R . C ur s o de D i r e i to R om a no . 1 3 ª ed . , R i o d e Ja n e i r o : 
F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 5 8 . 
Império; Mandata (Mandatos)- instituições que o Príncipe 
transmit ia dos funcionários imperiais , pr incipalmente aos 
governadores e funcionários das províncias; Rescripta 
(Restritos) - respostas que o imperados dava, sobre questõ es 
judicia is, a particular idades, ou a magistrados e a juizes; 
Decreta (Decretos)- eram sentenças prolatadas pelo Príncipe 
em l it íg ios a eles submetidos em pr imeira instancia ou em 
grau de recurso. As constituições imperia is mais importantes 
para o dire ito pr ivado se apresentavam sob o t ipo de decreto 
ou rescripta. 
 
f)–Responsa Prudentium (Respostas dos Prudentes) 
São as sentenças e opiniões daqueles ( jurisconsulto) a quem 
era permitido f ixar o direito Antes de Augusto, os 
jurisconsultos, respondiam as con sultas das partes l it igantes, 
dos magistrados ou dos ju ízes, sem autorização do Estado. 
Augusto, no entanto deu as consultas força de lei, introduzido 
o ―jus publice respondendi ex auctoritate prudentium ou 
seja, o direito de responder of ic ialmente às consultas que lhes 
são formuladas” 8. 
 
Nessa época f lorescem, em Roma, os mais notáveis 
jurisconsultos da antiguidade, tendo adquirido fama os 
pertencentes as escolas dos Sabinianos 9 e dos Proculianos 10. 
 
9 S A B I N I A N O S – c o n s e rv a d o r es e in s p i ra d o s n o s f i l ó s o f o s es tó ic o s – C a p i t o , 
S a b i n o , C á s s i o , Ja v o l en o e 
S á lv io J u l ia n o . 
10 P R O CU LE I A N O S - i n o v a d o r es e in s p i ra d o s n o s f i l ó s o f o s a r i s t o t é l i co s – L a b eã o , 
P ró c u l o , C e l s o e N e rá c i o . 
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10 
Dos notáveis jurisconsultos que remodelaram o Direito 
Romano e criaram a ciência jurídica, neste período, podemos 
destacar os seguintes: 
 
Gaius (Gaio), deixou mais de 500 fragmentos, cuja 
obra máxima, as Inst itutas, em 4 l ivros, que 
serviram de modelo para as Institutas de 
Justiniano. Gaio, também é autor das Res 
cottidianae sive aureae; 
 
 
Papinianus (Papiniano), denominado o 
―príncipe dos jurisconsultos, deixou perto de 
600 fragmentos, cheios de sabedoria jur ídica. 
―Sempre que se verif icava empate entre 
opiniões de Gaio, Paulo, Ulpiano e Modestino , o 
parecer de Papiniano é que prevalecia, nesse 
verdadeiro tribunal dos mortos , invocado na 
chamada Lei das citações, da época dos imperadores Teodósio 
I I e Valent iniano I I I 11‖; 
 
Ulpianus (Ulpiano), autor da obra Regularum 
Libre e da cláss ica div isão do Direito em Público 
e Privado, é colocado logo após Papiniano por 
sua grande cultura, c lareza e precisão; 
 
 
 
 
11 C f . J . CR E T E LLA J Ú N I O R . C ur s o de D i r e i t o Rom a no. 1 3 ª ed . , R io d e Ja n e i ro : 
F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 6 1 . 
Paulus (Paulo), autor das Sententiae, um dos 
remodeladores do Direito Romano pelos seus 
comentários dos textos legislativos e pela sua 
maneira de resolver as lacunas do Direito; 
 
 
 
Modestino, autor de várias obras e comentários 
jurídicos, últ imo dos jurisconsultos cláss icos, 
v iveu no século I I I d.C. 
 
 
 
 
 
5– O Período do Dominato ou Baixo Império. 
 
5.1 – O Dominato e sua Organização . 
 
Aos poucos, os imperadores romanos vão f irmando seu poder 
absoluto em Roma. Como ocorrera com o Principado que já se 
mostrava nos f ins da república, o mesmo aconteceu com o 
Dominato. 
 
O Dominato ou Baixo Império vai de Dioclec iano até a morte 
de Justiniano, ou seja, de 284 d.C. a 565 d.C. “O imperador já 
 
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11 
não é mais o princeps, mas o dominus , o senhor do Império. 
O seu poder é absoluto e divinizado ” 12. 
 
Após a morte de Alexandre Severo, no século I I I d.C., grande 
crise ec lodiu no Império Romano. Durante aproximadamente 
50 anos vários imperadores sucederam -se no poder. 
 
Com a posse de Diocleciano, essa c r ise terminou. O novo 
governante deixou de lado a polít ica usada pelos seus 
antecessores e até mesmo a constituição republ icana. 
Implantou a monarquia absoluta e deu nova organização ao 
império. Constantino, que o sucedeu no poder, completou 
essa organização. 
 
Devido ao tamanho do Império temos como conseq uência 
uma série de problemas polít icos, administrativos e, também, 
a necess idade de cr iação de s istema sólido para a sucessão 
dos imperadores, Diocleciano achou melhor dividir o Império 
Romano em Oriente e Ocidente, onde o governo seria 
exercido por um ―Augustus , auxil iado por um ―Caesar 13‖. 
 
No governo de Constantino os Impérios fundiram -se, outra 
vez, tendo a capital do mesmo sido instalada em Bizâncio, que 
passou a chamar-se Constant inopla. 
 
 
12 C f . W I LS O N D E M O . M an ua l de H i s tór i a d o D i r e i to , F lo r ia n ó p o l i s : OA B/ S C , 
2 0 0 0 , p . 7 8 - 7 9 . 
13 A U G U S T U S , g o v ern a n te m a io r , o I m p e ra d o r . - C ae sar , lu g a r t en en te d o 
A u g u s t o e s e u s u b s t i t u t o n a t u ra l . 
O Cristianismo uma das mais importantes rel igiões do mundo 
ocidental, monoteísta, messiânica e profética, di fundiu -se 
por todo Império Romano, após o martír io estóico e a fé 
inquebrantável dos seguidores de Cristo. Em 313 d.C. 
Constantino assinou o Edito de Milão , permitindo a l iberdade 
de culto aos cristãos e em 380, o Imperador Teodósio 
converteu-se ao crist ianismo e por f im em 391, oficia l izou -o 
como religião ofic ial do Império. A Igreja organiza -se a part ir 
daí no quadro polít ico e administrat ivo do Império Romano . 
 
Com a morte de Teodósio I , a divisão volta acontecer, agora 
de modo definit ivo. O Império Romano do Ocidente f icou com 
Honório e o Império Romano do Oriente com Arcádio 14 
 
O Império Romano do Ocidente, foi invadido pelos povos 
bárbaros em 476 e o Império do Oriente foi tomado pelos 
turcos otomanos comandados por Maomé II , em 1453. 
 
5.2 – O Direito no Baixo Império . 
 
Nessa fase somente uma fonte era atuante as Constituições 
Imperia is até então chamadas leges , todavia, continua f i rme 
o costume, como fonte espontânea do direito, que se l imitava 
a preencher as lacunas das constituições, sendo que para o 
direito pr ivado, sua importância era muito pouca. Não há 
grandes juristas, mas sim, práticos, a decadência da 
14 Os d o i s im p é r i o s m a n t i v e ra m , a p es a r d e d i v id id o s , u m a u n id a d e i d ea l , q u a n d o 
u m d o s im p e ra d o re s m o rr ia , a t é q u e fo s s e es co lh id o u m n o v o g o v ern a n te , o 
p o d er e ra d i la tad o p o r t o d o o im p é r i o . 
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12 
jurisprudência é notória. As normas tornam -se conhecidas 
através das obras dos jurisconsultos clássicos. 
 
Ao lado das constituições imperiais ( leges) vigorava também 
o Direito. 15 Os imperadores tentaram, combater através das 
constituições imperiais, o uso abusivo Direito pelos 
advogados, que muitas v ezes, confundiam os juízes. 
 
Teodésio I I e Valentinano II I , através da ―lei das citações , 
estabeleciam que somente poderiam ser invocados em juízo, 
os escritos dos jurisconsultos , Gaio, Papiniano, Ulpiniano, 
Paulo e Modestino, desde que houvesse concordânc ia da 
maioria, caso contrár io o juiz seguia a orientação que lhe 
parecesse melhor. 
 
Antes de Justiniano, para solucionar vários problemas, foi 
elaborada uma sér ie de compilações, chamadas , Compilações 
Pré-Justinianéias , para melhor di ferenciá - las das elaboradas 
por ordem do imperador Just iniano. 
 
Entre essas codif icações devemos dist inguir os Códigos: 
Gregoriano , Hermogeniano, Teodasiano (dois primeiros 
elaborados por particulares, restaurando poucas 
informações); de grande importância e o Código Teodosiano, 
 
15 D i re i to c o n t id o n a s o b r a s d o s j u r i s c o n s u l to s c lá s s i c o s , q u e fa z ia a p o s içã o a s 
leg e s . 
16 R A T I F I CO U o c ó d ig o G r e g o r i a n o e o H e rm o g en ia n o , c o m p i l o u v a r i a s 
co n s t i tu iç õ e s im p er ia i s , a p a r t i r d e C o n s ta n t in o , p a r te d e s u a o b r a ch eg o u a t é 
n ó s . 
elaborado por ordem do Imperador Teodósio I I e tornado 
obrigatório no Ocidente por Valent iniano I I I , dist ingue -se por 
ser a primeira codificação oficial do Império Romano. 16 
Antes de Justiniano temos duas Leis Romanas dos Bárbaros 
que merecem ser destacadas: A Lex romana Wisigothorum ou 
Breviário de Alarico e a: A Lex romana Borgundionum ou Lei 
dos Borgúndios, são compilação de leis romanas feitas pelos 
Bárbaros, pois e les respeitavam os costumes dos povos 
vencidos e por isso, organizaram os vencedores um código 
que ofereceram aos vencidos. 
 
5.3 – A Figura de Justiniano . 
 
Por ironia da vida, o grande Imperador Justiniano , o homem 
que deu o mais a lto valor aos estudos e à s istematização do 
Direito Romano, não nascera em Roma, não era culto e mal 
sabia enunciar as pr imeiras letras 17. 
 
O Imperador fo i um homem dotado de grande conhecimento 
empírico, incrível capacidade de trabalho e um profundo 
amor ás artes, ás ciências e ao Direito, casa -se com Teodora, 
ambiciosa, corajosa, considerada por muitos como a alma e 
esteio do governo de Justiniano 18. 
 
17 O I m p e ra d o r C o d i f i ca d o r s u ced eu o s eu t io J u s t i n o , q u e o a d o ta ra , m u d a n d o 
o s eu n o m e e s la v o U pr an da p a ra o d e J u t i n i an o . 
18 T E O D O R A , m u lh er a r ra n c a d a d e u m a n tr o d e d eg r a d a ç ã o , e ra p re p o te n t e , 
a m b ic i o s a , e ex t r em a m en te 
co ra j o s a , co n t a - s e q u e p o r o ca s i ã o d a r ev o l ta d e N i ke ( 5 3 2 ) , J u s t i n i a n o , 
j u lg a n d o - s e p e rd id o , p r ep a ra - s e p a r a 
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13 
Justiniano governou de 527 a 548 da era cristã. Foi o últ imo 
Imperador do Baixo Império e o pr imeiro dos Imperadores 
Bizantinos. 
 
No século VI , o estudo do direito volta a f lorescer devido as 
escolas do Império Romano do Oriente dentre elas, 
destacando-se a de Constantinopla , cujos juristas auxil iaram 
a Justiniano a empreender e sistematizar , reunindo em uma 
só obra o seu Corpus Júris . 
 
No século XII , g losadores da Escola de Bolonha, passaram a 
denominar a obra de Just iniano de Corpus Júris Civi l is , para 
dist inguir do denominado Corpus Júris Canonici 19. 
 
Após assumir o governo, Justiniano formou uma comissão de 
dez membros, para compilar as constituições imperiais 
vigentes; entre esses membros, encontrava -se Triboniano e 
Teófi lo grandes jur isconsultos. Sob a presidência de 
Triboniano a comissão deveria refundir os códigos anteriores 
– Gregoriano, Hermogeniano e Teodosiano e acrescentar -
lhes as constituições recentes. Esse primeiro Codex (529) não 
chegou até nós, sendo subst ituído por outro em 534. 
 
A obra de Just iniano, ou seja, Corpus Júris C ivi l is que chegou 
até nos consta de quatro partes: 
 
 
a b a n d o n a r o G o v e rn o , m a s t o m a - s e d e b r i o s e v o l t a a o o u v i r T eo d o ra ex c la m a r : 
― V ai , C é s ar , se q u e r e s 
f u g i r . O s n a v io s t e e sp e r am . E u f i c o . A pú r pu r a é u m a be la m o r t a lh a‖ . 
1ª - Digesto (compi lação dos jura); 
2ª - Institutas (manual escolar); 
3ª - Código (compilação das leges); 
4ª - Novelas (reunião das const ituições). 
 
Digesto , feita a compilação da leges (Codex Vetus – 529, hoje 
perdido ) , faltava agora compilar os juras; projeto que f icou a 
cargo de Triboniano que formou uma comissão de professores 
de direito e advogados, entre os quais se inscreviam 
Constantino , Teófi lo e Cratino de Constantinopla, Doroteu , 
Isidoro e Anatólio, da Univers idade de Berito que concluíram 
o trabalho em trás anos (governo calculou dez anos), era o 
Digetos ou Pandectas. 
 
Na Const ituição ―Deo auctore de conceptione Digestorum , 
de 15/12/530, Just iniano expôs seu programa referente à 
obra, que se diferenciava do Código, por não ter havido 
anteriormente trabalho do mesmo gênero. A massa da 
jurisprudência era enorme, foram pesquisados mais de 1500 
l ivros escr itos por jur isconsultos da época clássica . 
 
Ao todo o trabalho forma um texto de 150 .000 l inhas. O 
Digesto teve um terço t irado das obras de Ulpiano, um sexto 
das de Paulo. Já em 426 a Lei das Citações t inha dado força 
de le i aos escritos de cinco dos jur istas da época c láss ica: 
Gaio, Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino . 
19 A lg u n s h i s to r ia d o r es a t r ib u em a o ro m a n i s t a f ra n cê s D i o n í s io G o t o f r ed o a 
ex p re s s ã o C o r pu s J ú r i s C iv i l i s , q u e t e r ia s id o u s a d a em 1 5 8 3 n a e d i çã o fe i ta p o r 
a q u e l e eru d i t o j u r i s ta . 
 
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14 
 
O Digesto continua a ser a pr incipal fonte para o estudo e 
aprofundamento do Direito Romano, o compreendem 50 
l ivros , distribuídos em 7 partes . Os l ivros são divididos em 
títulos , os t ítulos em fragmentos estes em principium e 
parágrafos. Os fragmentos são numerados e indicam o nome 
do jurisconsulto que os redigiu, bem como o l ivro da obra 
originár ia 20. 
 
As Institutas ou Institutiones Justiniani ou Elementa formam 
um Manual de Direito Privado Romano, destinado ao ensino 
do Direito em Constantinopla. 
 
As Institutas t iveram por modelo os Comentáriosde Gaio. 
Obra muito mais clara e sistemática que o Digesto, foi 
redigida por dois professores, Doroteu e Teófi lo , sob a 
orientação de Triboniano . Em 533 Justiniano aprovou o texto 
e deu- lhe força de lei . 
 
O Novo Código ou Segundo Código tornou-se necessário, por 
que entre a publ icação do Codex Vetus e o Digesto , várias 
novas constituições foram publicadas. Esse segundo Código 
foi publ icado em 534, seguindo o mesmo sistema do anterior 
é dividido em 12 l ivros, subdivididos em títulos e estes em 
constituições. 
 
O Código começa por uma invocação a Cr isto, afirmando a fé 
de Justiniano. 
 
20 C f . J . CR E T E LLA J Ú N I O R . C u r s o de D i r e i t o Rom an o. 1 3 ª ed . R i o d e Ja n e i ro : 
F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 7 1 . 
Os outros Títulos do Livro I são consagrados às fontes do 
Direito, ao direito de asi lo a às funções públicas. O Livro I I 
trata do processo. Os Livros I I I a VII I trata do direito privado, 
o Livro IX cuida do Direito Penal e os Livros X a XII tratam de 
Direito Administrativo e Fiscal. 
 
As Novelas ou Autênticas são formadas por um conjunto de 
novas Constituições Imperiais , decretadas por Justiniano, 
entre 535 e 565. A maioria foi escrita em l íngua grega e 
contém reformas importantes, no direito hereditário e 
matrimonial . 
 
Elas foram registradas e conservadas nos arquivos do palácio, 
sendo divulgadas, mais tarde em coleção sem o cunho oficial. 
Entre essas coleções se dist ingue a elaborada por Jul iano, 
professor de Constantinopla. Essa é a mais ant iga coleção 
acompanhada de 125 novelas int itulada Ju l iani Novellarum 
Epítome, e a organizada por João de Antioquia. 
 
Merece destaque, também, o Corpus Authenticarum , tanto na 
versão latina como na grega, pois respeita integralmente a 
letra e o espírito das novelas de Justiniano. 
 
As Novelas lat inas e gregas, acresc idas de outros elementos, 
passaram a fazer parte do Corpus Juris com o nome de 
Authenticae seu Novellae Constitutiones Divi Justiniani. 
 
As Interpolações. 
 
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15 
Ensina o mestre Moreira Alves 21: 
 
Também chamadas de Tribonian ismos. Foram cr iadas para que os 
iuras a as leges constantes no Corpus Iur is C ivi l is pudessem ter 
apl icações prát icas . Constavam de subst itu ições, supressões ou 
acrésc imos nos f ragmentos dos jurisconsu ltos c láss icos ou nas 
cons t i tu ições imperia is . 
Dessas interpo lações, destacamos os g losemas denominações , de 
modo gera l, dos erros dos copistas ou a lterações introduzidas nas 
obras dos jur istas c láss icos , antes de Just iniano, como o que 
aconteceu no Código Teodos iano. O estudo das interpolações só 
fo i rea lmente desenvolv ido pelos g losadores 22na Renascença , 
quando jur isconsu ltos da Escola Cu lta procuraram restauram o 
dire ito c láss ico romano, em sua forma mais pura . 
 
6 - A Influência do Cristianismo no Direito Romano 
 
Em 313, o imperador Constantino convertido ao Cristianismo 
fez publicar o Édito de Milão , que inst ituía a tolerância 
rel ig iosa no império, benefic iando princ ipalmente os cr istãos 
Tornando-se, o cr ist ianismo, rel igião oficia l do Império 23. 
 
Em 391, Teodósio I of icial izou o crist ianismo nos territórios 
romanos e perseguiu os diss identes. 
 
 
21 C f . J O S É CA R L O S M o r e i ra A lv es . D ir e i t o Ro m a no, R io d e Ja n e i ro : F o r en s e , 
1 9 9 9 , p . 6 1 . 
22 O S G L O S A D O R E S t in h a m co n h ec im en t o d a s in t e rp o la ç õ e s e p r o cu ra ra m u s a -
la s . 
23 2 8 d e o u tu b ro 3 1 2 C o n s ta n t in o v en ce M a g ên c i o n a B a t a l h a d a P o n te M í lv io , 
o q u e e l e m a i s ta r d e a t r ib u iu a o D eu s c r i s tã o . S eg u n d o a t ra d i çã o , n a n o i t e 
Saindo da sua semic landest in idade, a Igreja torna -se ass im uma 
inst i tu ição do Estado. A s ua organização terr itor ia l é 
estabelec ida de acordo -com o modelo de admin ist ração do 
Impér io Romano. E , a l iás , graças à Igre ja que alguns vest íg ios 
desta admin ist ração subsis t irão em plena Idade Média. Em cada 
prov ínc ia romana, hav ia um arcebispo; em cada c iv itas (que se 
tornará d iocese ou episcopado), um b ispo, que t inha so b a sua 
dependência o c lero das paróquias . A competência do b ispo era 
muito extensa; e le era auxi l iado, no domínio re l ig ioso, por padres 
e no domín io la ico (nomeadamente para a administ ração dos bens 
da Igreja.) por arqu id íáconos e diáconos 24. 
 
 
 
Cristograma de Constantino 
 
Autores medievais afirmaram que graças as 
ideias cr istãs o Direito Romano teve um grade 
desenvolvimento, ―principalmente no direito 
da famíl ia, quanto à escravidão (que não foi 
extinta, mas melhorou muito a vida do escravo) e aos direitos 
patrimoniais 25. 
 
 
 
a n t er i o r à b a ta l h a s o n h o u c o m u m a c ru z , e n e la es ta v a e s cr i t o em la t im : I h o c 
s i gn o v in c e s "S o b e s t e s ím b o l o v e n c e r á s ” 
24 J O H N G I L I S S E N , ― I n t r od u ç ã o H i s t ó r i c a d o D i r e i t o ” F u n d a çã o C a l o u s t e 
G u l b e n k ia n – L i s b o a , 1 9 8 6 , p 1 3 6 
25 C f . J O S É CA R LO S M o re i r a A l v es . D ir e i to R o m an o, Ri o d e Ja n e i ro : F o r en s e , 
1 9 9 9 , p . 6 5 . 
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16 
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Ta in á de Ara újo P i nto 
 
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