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Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 1 AULA 06 DIREITO CLASSICO POVO ROMANO 1 - Introdução. O Direito Romano é grande div isor entre os Direitos Antigos, sagrados, consuetudinários, de conhecimento exclusivo dos anciões e sacerdotes e o Direito Ciência, completamente separado da Religião e da Moral . Os romanos no seu processo evolutivo ascendente só adquir iram a supremacia no campo do Direito, por haver criado uma ciência e uma arte do direito 1. A história do Direito Romano é uma histór ia de mais de v inte e dois séculos, do séc. VII a.C. até o séc. XV. No Ocidente, a ciência jur ídica romana teve a partir do século XII um renascimento que inf luenciou todos os sistemas romanistas de Dire ito da Europa medieval e moderna, deixando até os nossos dias uma presença marcante, sobretudo no campo do Direito Privado, pois foi neste campo que o Dire ito Romano atingiu o nível mais elevado e inf luenciou e ainda inf luencia os sistemas jur ídicos que seguiram os seus ensinamentos. 1 C f . J . D E C LA R E U I L , Rom a y l a O r ga n i z ac i ó n D e l D e r e c ho , t r a d . d e Ra m ó n G a r c i a Red ru e l l o , Ba r ce l o n a : E d . C e rv a n t es , 1 9 2 8 . Rômulo e Remo Roma, cuja fundação é de origem lendária, atribuída a Rômulo e Remo, cuja existência Moreira Alves 2 atribui à simbologia da representação dos dois grupos etruscos rivais, que disputavam o poder naquela área. Muitos histor iadores sustentam que no meado do século VI I I a.C. , os etruscos, fundaram a cidade de Roma em duas etapas: na primeira secaram os pântanos entre as colinas para o desenvolvimento da agricultura; na segunda etapa criaram a primeira organização polít ica da cidade. As fases históricas da Civi l ização Romana e de suas insti tuições correspondem a quatro etapas cronológicas inteiramente delimitadas, que são: Período de Realeza (vai das origens de Roma à queda da realeza em 510 a.C.); Período Republicano (de 510 a 27 a.C .); Período do Principado (de 27 a.C. a 285 d.C.) e Período do Dominato (de 285 d.C. a 565 d.C.) . 2 - Período de Realeza 2 cf . J O S É CA R L O S M o r e i ra A lv es . D ir e i to R om a n o, R io d e Ja n e i r o : F o re n s e , 1 9 9 9 , p . 8 . Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 2 Na fase da Realeza surgem às primeiras inst ituições pol ít ico - jurídicas das quais destacamos as seguintes: a) O Rei , seu poder era absoluto, vital íc io e irresponsável, sendo ao mesmo tempo chefe polít ico, jur ídico , rel igioso e mil itar; b) O Senado é o conselho do Rei, sendo seus membros denominados senatores . O Senado t inha posição subordinada ao Rei, e sua competência com relação a ele era consult iva, embora não fosse obrigado a seguir seu conselho; c) Os Comícios eram assembléias convocadas pelo Rei. Não se sabe como a vontade do povo era apurada nesses comícios, que aprovavam ou rejeitavam uma proposta, sem ter possibi l idade de discussão após uma decisão deste gênero. 2.1 - O Povo e sua Organização. O mundo romano era constituído por vár ias camadas sócias, cujo status pol ít ico se foi modificando com o decorrer dos tempos: os patrícios, os cl ientes, os plebeus, os peregrinos e os escravos. a) Os Patrícios eram os cidadãos romanos no gozo da plenitude dos direi tos polít icos e civis. Formavam o status patrício os Quirites , os Patres, os Patrici i , que compunham, na origem, com exclus ividade, o populus romanus; b) Os Cl ientes eram uma espécie de vassalagem, que se sujeitavam à dependência de um cives ou patronus ( jus patronatus ) , recebendo sua proteção, ou seja, era uma troca, na qual os c l ientes deviam obediência e prestação de serviços ao patronus, mas estes deviam proteção a assistência aos cl ientes. A cl ientela era composta por estrangeiros vencidos na guerra, ou ainda escravos l ibertos ; c) Os plebeus formavam um grupo a parte de Roma, eram cidadãos de cidades latinas, v iz inhas a Roma, bem como seus descendentes. Estes, a princípio, não possuíam direitos civis e polít icos. Assist ia -lhes apenas a l iberdade e o commercium. d) Os Peregrinos eram homens l ivres, mas excluídos da civitas, cidadãos de Estados independentes de Roma ou povos submetidos a Roma que não houvessem obtido a cevitas. e) Os Escravos (servi ) não eram considerados pessoa, mas coisa res muncipi . Havia escravos por nascimento, por perda dos direitos civis e os pris ioneiros de guerra. 2.2 - O Direito da Realeza Como todos os outros povos da antiguidade Roma teve seu direito inic iado pelos costumes, sendo a jurisprudência monopólio dos pontíf ices , cabendo a eles todo o conhecimento do dire ito. O historiador francês Fustel de Coulanges estudando o caráter jur ídico dessa época, ass im o apresenta: Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 3 ( . . . ) e m que a re l ig iã o é a senhora abs olu ta da v id a pr ivada e da v ida ju r íd i ca , o E stad o uma c omun ida de re l ig i osa ; o r e i , um p ont í f ice ; o magi strad o, u m sace rdote ; a le i , u ma f ór mula sagr ada; o patr i ot is m o, p iedade; o e x í l i o , exc omunhão. O h ome m vê - se sub m et id o ao E stad o pe la a lma, pe l o c orp o e pe l os b ens. É obr igat ór i o o ód io ao es trange ir o, po is a noçã o d o d i re i t o e d o de ver , da just i ça e da a fe i çã o, não u l t rap as sa os l i mi tes da c idade ( . . . ) 3 3 - O Período da República. Segundo os autores modernos, a passagem da realeza para a república não se fez de jato, por meio de revolução, mas obedeceu a processo lento, desenrolado entre 510 e 367 a.C. Por volta 501 a.C., com a Lex Valeria criou-se a magistratura da ditadura , pela qual era concedido pelo Senado, a um Patrício o poder absoluto para no prazo máximo de seis meses , restabelecer a Ordem e a Segurança em Roma. Acreditam alguns historiadores que a partir do começo do séc. IV a.C., após uma ditadura, Roma passou a ser governada por dois cônsules que são os únicos magistrados, com atribuições mil itares, administrativas e judiciárias. Assim, comandam o exército; velam pela segurança pública: procedem ao recenseamento da população; tomam medidas várias com vista ao bem público; gerem o erário; administram a just iça criminal; e exercem a jur isdição voluntár ia e contenciosa. 3 C f . F U S T E L D E C O U LA N G E S , A p u d . Je n n y M a g n a n i d e O . N o g u e i r a , A I n s t i tu iç ã o d a F a m í l i a em a C i d a d e A n t i g a – F u nd am e nt os de H i s t ór i a de D i r e i t o , O r g . po r A nt on i o C ar los W o lkm e r , Be l o H o r i z o n te : D e l R ey , 2 0 0 1 , p . 1 1 1 . 3.1 - A luta da Plebe. A plebe que não t inha acesso à magistratura e, revoltada com o arbítrio dos magistrados patr ícios, l iderada por um plebeu chamado Gaius Terenti l iussai propôsem 462 a.C. a compilação e publ icação de um código legal oficial , de modo que os plebeus pudessem conhecer a le i e não ser pegos de surpresa pela sua execução. Em 494 a.C. , a plebe não atendida em seus ple itos resolveu sair de Roma, e se dir ige ao Monte Sagrado, com o objetivo de fundar a l i uma nova cidade. Os patríc ios, em face disso, resolvem compor e a plebe retorna, após obter a criação de duas magistraturas plebéias: o tribunato da plebe e a edil idade da plebe . Seguiu-se a luta da plebe para obtenção de le is escr itas, o que acabaria com a incerteza do direito e daria mais segurança aos plebeus. Consegui ram os plebeus que uma comissão de dez membros, patrícios, fosse até a Grécia, onde estudariam as leis de Sólon, que gozavam de enorme prestíg io, v isando aproveitar o que fosse cabível para a realidade romana. Os decênviros escreveram de início dez tábuas. Não at ingiram o objetivo dos plebeus, v indo a serem escritas outras duas, completando o número correto. Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 4 O texto original das Doze Tábuas perdeu -se quando os gauleses incendiaram Roma em 390 a.C. Nenhum outro texto oficial sobreviveu, mas apenas versões não-oficiais. O que existe hoje são fragmentos e citações de outros autores, como: Cícero, Aulu Gélio, Labeo ,Gaio, etc. Fragmentos conhecidos: TÁBUA PRIMEIRA – Do chamamento do Juízo (contém 11 itens) Ex: 1- Se alguém é chamado a Juízo, compareça. 2 – Se não comparecer , aquele que o c itou tome testemunhas e o prenda. TÁBUA SEGUNDA – Dos julgamentos e dos furtos (contém 11 itens) Ex: 4 – Se o furto ocorre durante o dia o ladrão é f lagrado, que seja fustigado e entregue como escravo à vít ima. Se é es cravo, que seja fustigado e precipitado do alto da rocha Tarpéia. 11 – A coisa furtada nunca poderá ser adquir ida por usucapião. TÁBUA TERCEIRA – Dos Direitos de Crédito (contém 9 itens) Ex: 9 – Se são muitos os credores, é permitido, depois do terceiro dia de fe ira, dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quanto sejam os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem, poderão vender o devedor a um estrangeiro, além do Tibre. TÁBUA QUARTA – Do pátrio poder e do casamento (c ontém 4 itens) Ex: 1 – É permitido ao pai matar o f i lho que nasce disforme, mediante o julgamento de cinco viz inhos. 3 – Se o pai vender o f i lho 3 vezes, que esse f i lho não recais mais sobre o poder paterno. TÁBUA QUINTA – Das Heranças e Tutelas (contém 8 itens) Ex: 5 – Que as dív idas ativas e pass ivas sejam divididas entre os herdeiros , segundo o quinhão de cada um. TÁBUA SEXTA – Do Direito de Propriedade e da Posse (contém 9 itens) Ex: 6 – as terras serão adquir idas por usucapião depois de dois anos de posse, as coisas móveis , depois de um ano TÁBUA SÉTIMA – Dos Delitos (contém 18 itens) Ex: 11 – Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de Talião, salvo se houver acordo. 16 – Se alguém profere um falso testemunho, que seja precipitado da rocha Tarpéia . Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 5 TÁBUA OITAVA – Dos Direitos Prediais (contém 13 itens) Ex: 1 – À distância entre as construções vizinhas deve ser de dois pés e meio. 10 – Se caem frutos sobre o terreno vizinho, o proprietário da arvore tem o direito de colher esses frutos. TÁBUA NONA – Do Direito Público (contém 7 itens) Ex: 7 – Se alguém insuflou o inimigo contra a sua Pátr ia ou entregou um concidadão ao inimigo, que seja morto. TÁBUA DÉCIMA – Do Direito Sacro (contém 16 itens) Ex: 16 – Que o vestíbulo de um túmulo jamais possa s er adquir ido por usucapião, assim como o próprio túmulo. TÁBUA DÉCIMA PRIMEIRA – Sem títulos (contém 3 itens, muito fragmentados) Ex: 2 – Não é permitido casamento entre patr ícios e plebeus. TÁBUA DÉCIMA SEGUNDA – Também sem título (contém 4 itens) Ex: 4 J O H N G I L I S S E N , ― I n t r o d u ç ão H is tó r i c a do D i r e i to ” F u n d a çã o C a lo u s t e G u l b e n k ia n – L i s b o a , 1 9 8 6 , p 8 7 . 4 – Se um escravo comete um furto, ou causa algum dano, sabendo-o o patrono, que seja obrigado, esse patrono a entregar o escravo, como indenização, ao prejudicado. A (Lex Duodecim Tabularum) Lei das XII Tábuas, elaborada em 450 e 449 a.C . é considerado o primeiro documento legal escrito do Direito Romano, pedra angular onde se basearam praticamente todos os corpos jurídicos do Ocidente. Ela separou o Direito da Religião criando a Ciência do Direito. Ensina John Gil issen 4: No conjunto , a L e i das X I I T ábuas re ve la um está g io da e vo lução do d ir e i to púb l ico e p r ivado compa rá vel ao que é co nhec ido em Atenas pe las le ís de D rácon e de S ó lon. A so l ida r iedade fam i l ia r é abo l ida , mas a autor idade quase i l imi tada do chef e de fa mí l ia é man t ida; a igualdade ju r íd i ca é re conhec ida teo r i camen te; são p ro ib idas as guerras p r ivadas e ins t i tu ído u m p rocesso penal ; a ter ra , mes mo a das gentes , tornou -se a l iená v eí ; é r econhec ido o d ir e i t o de testa r . 3.2 - A República e sua Organização. As Magistraturas. Os Cônsules , magistratura que era exercida por dois cônsules, t itulares do poder de imperium , d ispõem do comando mil itar e do governo da cidade; presidem as assembléias, podem Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 6 propor le is e t iveram talvez no iníc io um poder de jur isdição criminal. Os Pretores , magistrados judiciais; organizam o processo e designam os juízes. Houve outros magistrados, ta is como os edis curuis , os tribunos , os questores , os censores , etc. As característ icas fundamentais das magistraturas republicanas são: a temporalidade, a colegial idade , a gratuidade e a irresponsabil idade do magistrado. As Assembléias. Eram múltiplas, sendo as mais importantes a centuriata comitia , que formava a assembléia popular mais importante durante a república e a conci l ia plebis, assembléia própria da plebe que elegia os tribunos da plebe e votava os plebiscitos. Havia ainda a curiata comitia , e a tributa comitia. Senado romano reunido na cúria O Senado (Senatus populusque Romanus – S P Q R). Na república, o Senado se torna o verdadeiro centro do governo, pois os magistrados t inham interesse em consultá -lo em seguir o seu conselho, antes de tomarem deliberações mais importantes, uma vez que, sendo o Senado órgão permanente, f icavam eles resguardados de possíveis incr iminações quando retornassem à qual idade de simples c idadãos. Graças a isso, o Senado, além de enfeixar em suas mãos a direção da pol ít ica externa de Roma, atuava nos setores da Administração Pública. 3.3 - O Direito na República. Na república, as fontes de direito são quatro: o costume , a lei e os editosmagistratos e o jus praetorium ou jus honorarium. a) - O Costume é a fonte preponderante do direito privado, graças à atividade dos jurisconsultos. Os jur istas republicanos não formularam doutrina sobre o costume como fonte de direito, o que somente foi realizado pelos jurisconsultos do principado. b) - A Lei em Roma apresenta -se sobre duas modalidades: lex rogata e lex data. A mais importante lei na república é uma lex data: a Lei das XII Tábuas , o primeiro monumento legis lativo dos romanos. c) - O Edito dos Magistrados. Os magistrados romanos t inham a faculdade de promulgar editos, dos quais os mais importantes, para a formação do direito, foram as dos magistrados com função judiciária. Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 7 Os magistrados judic iários, no direito romano, não po diam atribuir direitos a ninguém, mas, s im, conceder ou negar ações d) - jus praetorium ou jus honorarium. Era formado pelos éditos do praetor urbanus, competente para apreciar l it íg ios entre cidadãos romanos, “que a pretexto de interpretar a Le i das XI I Tábuas, a corr ig iu, a ampl iou e a s impl i f icou, tornando -a menos formal i sta e menos obscura” 5. O que resultou no jus civi le ou direito do cidadão romano, enquanto dos éditos do praetor peregrinus, competente para apreciar l it ígios entre estrangeiros e entr e estes e os romanos, nasceu um novo direito, fruto do Direito Natural e da equidade, que foi o jus gentium. 4– O Período do Princ ipado ou Alto Império. 4.1 – Antecedentes Alguns acontecimentos ocorridos durante o séc. I d.C. acabaram indicando que a república não poderia subsist ir muito tempo. Segue -se o per íodo em que se projetam dois homens: Pompeu e Jú l io César . Ambos tentavam assumir o poder supremo, mas po r métodos d iversos : Pompeu, provave lmente , pretendia a lcançar suas aspirações ga lgando o pode r com o consent imento do Senado 5 C f . P A U L O D O U R A D O d e G u s m ã o , I n t r o duç ã o ao E s t ud o d o D i r e i to , Ri o d e Ja n e i ro : F o r en s e , 2 0 0 2 , p . 2 9 8 . republicano ( instaurar -se- ia ass im o pr inc ipado em Roma); Júl io César , ao contrár io v isava ao mesmo f im a implantação da monarquia abso luta (o que mais tarde ocorrer ia no dominato ) 6” . Com tais diferenças os confl itos entre Pompeu e Júl io César eram constantes e inevitáveis. César vence Pompeu e em 44 a.C. e foi assass inado. Com a morte de César há uma sér ie de agitações, a qual surge o tr iunvirato formado por Otaviano, Marco Antônio e Lépido. Com a desistência de Lépido e a derrota de Marco Antônio por Otaviano em 13 de janeiro de 27 a.C., surge o principado . Otaviano já vinha obtendo prerrogativas que lhe preparavam caminho para a implantação do regime pessoal em Roma. Em 30 foi- lhe conferida a tribunicia potestas que reconhecia num pebl icito o dire ito de administrar a justiça. Em 29 foi confirmado pelo Senado Imperator, em 28, recebeu o t ítulo de Princeps Senatus . O principado é o per íodo histórico que vai do re inado de Augusto (Otaviano) até a morte de Diocleciano . Otaviano que, também, recebeu do Senado o t ítulo de Augusto ocupa a posição de Princeps, pois t inha o comando geral dos exércitos Romanos e com a tribunicias Protestas , 6 C f . J O S É CA R L O S M o re i ra A lv es . D ir e i to R o m a no, R io d e J a n e i ro : F o ren s e , 1 9 9 9 , p . 2 9 . Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 8 t inha a inviolabil idade pessoal e o veto às decisões dos magistrados republicanos. 4.2 – O Principado e sua Organização . O principado apresenta dupla faceta: em Roma, é ele uma monarquia mitigada, pois o príncipe é apenas o primeiro cidadão que respeita as instituições pol ít icas da repúbl ica; Nas províncias imperiais é verdadeira monarq uia absoluta, porque o pr ínc ipe tem, ai poderes discricionários. Presume- se que o principado é um regime de transição da república à monarquia absoluta, ou seja, encaminha -se para o absolutismo. O Senado. Em 18 a.C., foi reduzido o número dos senadores para que o senado funcionasse realmente. Durante o principado, o Senado manteve -se aparentemente em posição de destaque, porém sua atividade foi inspirada e or ientada pelo Imperador. No pr incipado, o Senado perde, em favor do príncipe, os poderes fundamentai s que det inha na repúbl ica. 4.3 – O Direito no Alto Império . O regime Imperial foi o grande per íodo do Direito Romano clássico e apresenta as seguintes fontes principais: o costume, a le i , os senatosconsultos , os editos dos magistrados, as const ituições imperiais e as respostas dos prudentes. a) – Costume. Alguns jur istas clássicos consideram o costume como um fato não o incluindo ass im na relação das fontes do dire ito, porém sua importância com relação a esse período é menor do que os anter iores, pois ao formar-se um costume, o pretor podia acolhê- lo em seu edito, dando - lhe o caráter de lei honorar ium. b) – Leis Comiciais As leis comicia is eram uma série de leis propostas por Augusto com base em sua potestas tr ibunicia. Depois de Augusto, no entanto, a legis lação comicial entra em decadência. Sob Tibério e Cláudio, encontramos ainda algumas leis votadas pelos comícios. Do tempo do imperados Nerva data a últ ima lei comicial . c) – Edito dos Magistrados Os editos eram as mais importantes fontes de dire ito na república, pois t inham o poder de indiretamente criar direitos por meio da e laboração de seu edito. Com o passar do tempo os pretores, na prát ica se l imitavam, a copiar os editos de seus antecessores. o reinado do imperador Adriano (séc. I I d.C.) o jur isconsulto Sálvio Jul iano foi encarregado de empreender a codif icação dos editos perpétuos do Pretor Urbano. A publicação do Edictum Perpetuum de Jul iano imobil izou a legislação pretoriana, mas por outro lado, “deu origem à f loração Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 9 enorme de comentários, sal ientando-se, entre estes os de Ulpiano e Paulo” 7. d) – Senatoconsultos (Senatus - Consultum) Senatoconsultos são medidas de ordem legis lativa que emanam do Senado, ou seja, aquilo que o Senado ordena e constitui. No início do Principado, porém os Senatoconsultos passam a ser fe itos a pedido do Prínc ipe, por inic iativa deste e o Senado aprova por subserviência, sem mesmo discut i - las. Mesmo assim, no Principado, encontra -se vários Senatus – Consultum de grande importância para o dire ito privado, como o Senatus – Consultum Tertuliano a respeito de Sucessão hereditária. e)–Constituições Imperiais Ao Príncipe jamais foi atribuída expressamente a faculdade de legis lar, mas em decorrência dos poderes que absorveu das magistraturas republicanas e da ―auctoritas principis que lhe reconhecia esse poder, as constituições imperia is se tornaramcada vez mais abundantes. Ulpiano reconhece que a Const ituição Imperial tem a mesma autoridade que a Lei. E las dist inguiam -se em quatro categorias: Edicta (Éditos) - normas gerais aplicáveis a todo o 7 C f . J . CR E T E L LA J Ú N I O R . C ur s o de D i r e i to R om a no . 1 3 ª ed . , R i o d e Ja n e i r o : F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 5 6 . 8 C f . J . CR E T E L LA J Ú N I O R . C ur s o de D i r e i to R om a no . 1 3 ª ed . , R i o d e Ja n e i r o : F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 5 8 . Império; Mandata (Mandatos)- instituições que o Príncipe transmit ia dos funcionários imperiais , pr incipalmente aos governadores e funcionários das províncias; Rescripta (Restritos) - respostas que o imperados dava, sobre questõ es judicia is, a particular idades, ou a magistrados e a juizes; Decreta (Decretos)- eram sentenças prolatadas pelo Príncipe em l it íg ios a eles submetidos em pr imeira instancia ou em grau de recurso. As constituições imperia is mais importantes para o dire ito pr ivado se apresentavam sob o t ipo de decreto ou rescripta. f)–Responsa Prudentium (Respostas dos Prudentes) São as sentenças e opiniões daqueles ( jurisconsulto) a quem era permitido f ixar o direito Antes de Augusto, os jurisconsultos, respondiam as con sultas das partes l it igantes, dos magistrados ou dos ju ízes, sem autorização do Estado. Augusto, no entanto deu as consultas força de lei, introduzido o ―jus publice respondendi ex auctoritate prudentium ou seja, o direito de responder of ic ialmente às consultas que lhes são formuladas” 8. Nessa época f lorescem, em Roma, os mais notáveis jurisconsultos da antiguidade, tendo adquirido fama os pertencentes as escolas dos Sabinianos 9 e dos Proculianos 10. 9 S A B I N I A N O S – c o n s e rv a d o r es e in s p i ra d o s n o s f i l ó s o f o s es tó ic o s – C a p i t o , S a b i n o , C á s s i o , Ja v o l en o e S á lv io J u l ia n o . 10 P R O CU LE I A N O S - i n o v a d o r es e in s p i ra d o s n o s f i l ó s o f o s a r i s t o t é l i co s – L a b eã o , P ró c u l o , C e l s o e N e rá c i o . Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 10 Dos notáveis jurisconsultos que remodelaram o Direito Romano e criaram a ciência jurídica, neste período, podemos destacar os seguintes: Gaius (Gaio), deixou mais de 500 fragmentos, cuja obra máxima, as Inst itutas, em 4 l ivros, que serviram de modelo para as Institutas de Justiniano. Gaio, também é autor das Res cottidianae sive aureae; Papinianus (Papiniano), denominado o ―príncipe dos jurisconsultos, deixou perto de 600 fragmentos, cheios de sabedoria jur ídica. ―Sempre que se verif icava empate entre opiniões de Gaio, Paulo, Ulpiano e Modestino , o parecer de Papiniano é que prevalecia, nesse verdadeiro tribunal dos mortos , invocado na chamada Lei das citações, da época dos imperadores Teodósio I I e Valent iniano I I I 11‖; Ulpianus (Ulpiano), autor da obra Regularum Libre e da cláss ica div isão do Direito em Público e Privado, é colocado logo após Papiniano por sua grande cultura, c lareza e precisão; 11 C f . J . CR E T E LLA J Ú N I O R . C ur s o de D i r e i t o Rom a no. 1 3 ª ed . , R io d e Ja n e i ro : F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 6 1 . Paulus (Paulo), autor das Sententiae, um dos remodeladores do Direito Romano pelos seus comentários dos textos legislativos e pela sua maneira de resolver as lacunas do Direito; Modestino, autor de várias obras e comentários jurídicos, últ imo dos jurisconsultos cláss icos, v iveu no século I I I d.C. 5– O Período do Dominato ou Baixo Império. 5.1 – O Dominato e sua Organização . Aos poucos, os imperadores romanos vão f irmando seu poder absoluto em Roma. Como ocorrera com o Principado que já se mostrava nos f ins da república, o mesmo aconteceu com o Dominato. O Dominato ou Baixo Império vai de Dioclec iano até a morte de Justiniano, ou seja, de 284 d.C. a 565 d.C. “O imperador já Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 11 não é mais o princeps, mas o dominus , o senhor do Império. O seu poder é absoluto e divinizado ” 12. Após a morte de Alexandre Severo, no século I I I d.C., grande crise ec lodiu no Império Romano. Durante aproximadamente 50 anos vários imperadores sucederam -se no poder. Com a posse de Diocleciano, essa c r ise terminou. O novo governante deixou de lado a polít ica usada pelos seus antecessores e até mesmo a constituição republ icana. Implantou a monarquia absoluta e deu nova organização ao império. Constantino, que o sucedeu no poder, completou essa organização. Devido ao tamanho do Império temos como conseq uência uma série de problemas polít icos, administrativos e, também, a necess idade de cr iação de s istema sólido para a sucessão dos imperadores, Diocleciano achou melhor dividir o Império Romano em Oriente e Ocidente, onde o governo seria exercido por um ―Augustus , auxil iado por um ―Caesar 13‖. No governo de Constantino os Impérios fundiram -se, outra vez, tendo a capital do mesmo sido instalada em Bizâncio, que passou a chamar-se Constant inopla. 12 C f . W I LS O N D E M O . M an ua l de H i s tór i a d o D i r e i to , F lo r ia n ó p o l i s : OA B/ S C , 2 0 0 0 , p . 7 8 - 7 9 . 13 A U G U S T U S , g o v ern a n te m a io r , o I m p e ra d o r . - C ae sar , lu g a r t en en te d o A u g u s t o e s e u s u b s t i t u t o n a t u ra l . O Cristianismo uma das mais importantes rel igiões do mundo ocidental, monoteísta, messiânica e profética, di fundiu -se por todo Império Romano, após o martír io estóico e a fé inquebrantável dos seguidores de Cristo. Em 313 d.C. Constantino assinou o Edito de Milão , permitindo a l iberdade de culto aos cristãos e em 380, o Imperador Teodósio converteu-se ao crist ianismo e por f im em 391, oficia l izou -o como religião ofic ial do Império. A Igreja organiza -se a part ir daí no quadro polít ico e administrat ivo do Império Romano . Com a morte de Teodósio I , a divisão volta acontecer, agora de modo definit ivo. O Império Romano do Ocidente f icou com Honório e o Império Romano do Oriente com Arcádio 14 O Império Romano do Ocidente, foi invadido pelos povos bárbaros em 476 e o Império do Oriente foi tomado pelos turcos otomanos comandados por Maomé II , em 1453. 5.2 – O Direito no Baixo Império . Nessa fase somente uma fonte era atuante as Constituições Imperia is até então chamadas leges , todavia, continua f i rme o costume, como fonte espontânea do direito, que se l imitava a preencher as lacunas das constituições, sendo que para o direito pr ivado, sua importância era muito pouca. Não há grandes juristas, mas sim, práticos, a decadência da 14 Os d o i s im p é r i o s m a n t i v e ra m , a p es a r d e d i v id id o s , u m a u n id a d e i d ea l , q u a n d o u m d o s im p e ra d o re s m o rr ia , a t é q u e fo s s e es co lh id o u m n o v o g o v ern a n te , o p o d er e ra d i la tad o p o r t o d o o im p é r i o . Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 12 jurisprudência é notória. As normas tornam -se conhecidas através das obras dos jurisconsultos clássicos. Ao lado das constituições imperiais ( leges) vigorava também o Direito. 15 Os imperadores tentaram, combater através das constituições imperiais, o uso abusivo Direito pelos advogados, que muitas v ezes, confundiam os juízes. Teodésio I I e Valentinano II I , através da ―lei das citações , estabeleciam que somente poderiam ser invocados em juízo, os escritos dos jurisconsultos , Gaio, Papiniano, Ulpiniano, Paulo e Modestino, desde que houvesse concordânc ia da maioria, caso contrár io o juiz seguia a orientação que lhe parecesse melhor. Antes de Justiniano, para solucionar vários problemas, foi elaborada uma sér ie de compilações, chamadas , Compilações Pré-Justinianéias , para melhor di ferenciá - las das elaboradas por ordem do imperador Just iniano. Entre essas codif icações devemos dist inguir os Códigos: Gregoriano , Hermogeniano, Teodasiano (dois primeiros elaborados por particulares, restaurando poucas informações); de grande importância e o Código Teodosiano, 15 D i re i to c o n t id o n a s o b r a s d o s j u r i s c o n s u l to s c lá s s i c o s , q u e fa z ia a p o s içã o a s leg e s . 16 R A T I F I CO U o c ó d ig o G r e g o r i a n o e o H e rm o g en ia n o , c o m p i l o u v a r i a s co n s t i tu iç õ e s im p er ia i s , a p a r t i r d e C o n s ta n t in o , p a r te d e s u a o b r a ch eg o u a t é n ó s . elaborado por ordem do Imperador Teodósio I I e tornado obrigatório no Ocidente por Valent iniano I I I , dist ingue -se por ser a primeira codificação oficial do Império Romano. 16 Antes de Justiniano temos duas Leis Romanas dos Bárbaros que merecem ser destacadas: A Lex romana Wisigothorum ou Breviário de Alarico e a: A Lex romana Borgundionum ou Lei dos Borgúndios, são compilação de leis romanas feitas pelos Bárbaros, pois e les respeitavam os costumes dos povos vencidos e por isso, organizaram os vencedores um código que ofereceram aos vencidos. 5.3 – A Figura de Justiniano . Por ironia da vida, o grande Imperador Justiniano , o homem que deu o mais a lto valor aos estudos e à s istematização do Direito Romano, não nascera em Roma, não era culto e mal sabia enunciar as pr imeiras letras 17. O Imperador fo i um homem dotado de grande conhecimento empírico, incrível capacidade de trabalho e um profundo amor ás artes, ás ciências e ao Direito, casa -se com Teodora, ambiciosa, corajosa, considerada por muitos como a alma e esteio do governo de Justiniano 18. 17 O I m p e ra d o r C o d i f i ca d o r s u ced eu o s eu t io J u s t i n o , q u e o a d o ta ra , m u d a n d o o s eu n o m e e s la v o U pr an da p a ra o d e J u t i n i an o . 18 T E O D O R A , m u lh er a r ra n c a d a d e u m a n tr o d e d eg r a d a ç ã o , e ra p re p o te n t e , a m b ic i o s a , e ex t r em a m en te co ra j o s a , co n t a - s e q u e p o r o ca s i ã o d a r ev o l ta d e N i ke ( 5 3 2 ) , J u s t i n i a n o , j u lg a n d o - s e p e rd id o , p r ep a ra - s e p a r a Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 13 Justiniano governou de 527 a 548 da era cristã. Foi o últ imo Imperador do Baixo Império e o pr imeiro dos Imperadores Bizantinos. No século VI , o estudo do direito volta a f lorescer devido as escolas do Império Romano do Oriente dentre elas, destacando-se a de Constantinopla , cujos juristas auxil iaram a Justiniano a empreender e sistematizar , reunindo em uma só obra o seu Corpus Júris . No século XII , g losadores da Escola de Bolonha, passaram a denominar a obra de Just iniano de Corpus Júris Civi l is , para dist inguir do denominado Corpus Júris Canonici 19. Após assumir o governo, Justiniano formou uma comissão de dez membros, para compilar as constituições imperiais vigentes; entre esses membros, encontrava -se Triboniano e Teófi lo grandes jur isconsultos. Sob a presidência de Triboniano a comissão deveria refundir os códigos anteriores – Gregoriano, Hermogeniano e Teodosiano e acrescentar - lhes as constituições recentes. Esse primeiro Codex (529) não chegou até nós, sendo subst ituído por outro em 534. A obra de Just iniano, ou seja, Corpus Júris C ivi l is que chegou até nos consta de quatro partes: a b a n d o n a r o G o v e rn o , m a s t o m a - s e d e b r i o s e v o l t a a o o u v i r T eo d o ra ex c la m a r : ― V ai , C é s ar , se q u e r e s f u g i r . O s n a v io s t e e sp e r am . E u f i c o . A pú r pu r a é u m a be la m o r t a lh a‖ . 1ª - Digesto (compi lação dos jura); 2ª - Institutas (manual escolar); 3ª - Código (compilação das leges); 4ª - Novelas (reunião das const ituições). Digesto , feita a compilação da leges (Codex Vetus – 529, hoje perdido ) , faltava agora compilar os juras; projeto que f icou a cargo de Triboniano que formou uma comissão de professores de direito e advogados, entre os quais se inscreviam Constantino , Teófi lo e Cratino de Constantinopla, Doroteu , Isidoro e Anatólio, da Univers idade de Berito que concluíram o trabalho em trás anos (governo calculou dez anos), era o Digetos ou Pandectas. Na Const ituição ―Deo auctore de conceptione Digestorum , de 15/12/530, Just iniano expôs seu programa referente à obra, que se diferenciava do Código, por não ter havido anteriormente trabalho do mesmo gênero. A massa da jurisprudência era enorme, foram pesquisados mais de 1500 l ivros escr itos por jur isconsultos da época clássica . Ao todo o trabalho forma um texto de 150 .000 l inhas. O Digesto teve um terço t irado das obras de Ulpiano, um sexto das de Paulo. Já em 426 a Lei das Citações t inha dado força de le i aos escritos de cinco dos jur istas da época c láss ica: Gaio, Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino . 19 A lg u n s h i s to r ia d o r es a t r ib u em a o ro m a n i s t a f ra n cê s D i o n í s io G o t o f r ed o a ex p re s s ã o C o r pu s J ú r i s C iv i l i s , q u e t e r ia s id o u s a d a em 1 5 8 3 n a e d i çã o fe i ta p o r a q u e l e eru d i t o j u r i s ta . Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 14 O Digesto continua a ser a pr incipal fonte para o estudo e aprofundamento do Direito Romano, o compreendem 50 l ivros , distribuídos em 7 partes . Os l ivros são divididos em títulos , os t ítulos em fragmentos estes em principium e parágrafos. Os fragmentos são numerados e indicam o nome do jurisconsulto que os redigiu, bem como o l ivro da obra originár ia 20. As Institutas ou Institutiones Justiniani ou Elementa formam um Manual de Direito Privado Romano, destinado ao ensino do Direito em Constantinopla. As Institutas t iveram por modelo os Comentáriosde Gaio. Obra muito mais clara e sistemática que o Digesto, foi redigida por dois professores, Doroteu e Teófi lo , sob a orientação de Triboniano . Em 533 Justiniano aprovou o texto e deu- lhe força de lei . O Novo Código ou Segundo Código tornou-se necessário, por que entre a publ icação do Codex Vetus e o Digesto , várias novas constituições foram publicadas. Esse segundo Código foi publ icado em 534, seguindo o mesmo sistema do anterior é dividido em 12 l ivros, subdivididos em títulos e estes em constituições. O Código começa por uma invocação a Cr isto, afirmando a fé de Justiniano. 20 C f . J . CR E T E LLA J Ú N I O R . C u r s o de D i r e i t o Rom an o. 1 3 ª ed . R i o d e Ja n e i ro : F o r en s e , 1 9 9 0 , p . 7 1 . Os outros Títulos do Livro I são consagrados às fontes do Direito, ao direito de asi lo a às funções públicas. O Livro I I trata do processo. Os Livros I I I a VII I trata do direito privado, o Livro IX cuida do Direito Penal e os Livros X a XII tratam de Direito Administrativo e Fiscal. As Novelas ou Autênticas são formadas por um conjunto de novas Constituições Imperiais , decretadas por Justiniano, entre 535 e 565. A maioria foi escrita em l íngua grega e contém reformas importantes, no direito hereditário e matrimonial . Elas foram registradas e conservadas nos arquivos do palácio, sendo divulgadas, mais tarde em coleção sem o cunho oficial. Entre essas coleções se dist ingue a elaborada por Jul iano, professor de Constantinopla. Essa é a mais ant iga coleção acompanhada de 125 novelas int itulada Ju l iani Novellarum Epítome, e a organizada por João de Antioquia. Merece destaque, também, o Corpus Authenticarum , tanto na versão latina como na grega, pois respeita integralmente a letra e o espírito das novelas de Justiniano. As Novelas lat inas e gregas, acresc idas de outros elementos, passaram a fazer parte do Corpus Juris com o nome de Authenticae seu Novellae Constitutiones Divi Justiniani. As Interpolações. Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 15 Ensina o mestre Moreira Alves 21: Também chamadas de Tribonian ismos. Foram cr iadas para que os iuras a as leges constantes no Corpus Iur is C ivi l is pudessem ter apl icações prát icas . Constavam de subst itu ições, supressões ou acrésc imos nos f ragmentos dos jurisconsu ltos c láss icos ou nas cons t i tu ições imperia is . Dessas interpo lações, destacamos os g losemas denominações , de modo gera l, dos erros dos copistas ou a lterações introduzidas nas obras dos jur istas c láss icos , antes de Just iniano, como o que aconteceu no Código Teodos iano. O estudo das interpolações só fo i rea lmente desenvolv ido pelos g losadores 22na Renascença , quando jur isconsu ltos da Escola Cu lta procuraram restauram o dire ito c láss ico romano, em sua forma mais pura . 6 - A Influência do Cristianismo no Direito Romano Em 313, o imperador Constantino convertido ao Cristianismo fez publicar o Édito de Milão , que inst ituía a tolerância rel ig iosa no império, benefic iando princ ipalmente os cr istãos Tornando-se, o cr ist ianismo, rel igião oficia l do Império 23. Em 391, Teodósio I of icial izou o crist ianismo nos territórios romanos e perseguiu os diss identes. 21 C f . J O S É CA R L O S M o r e i ra A lv es . D ir e i t o Ro m a no, R io d e Ja n e i ro : F o r en s e , 1 9 9 9 , p . 6 1 . 22 O S G L O S A D O R E S t in h a m co n h ec im en t o d a s in t e rp o la ç õ e s e p r o cu ra ra m u s a - la s . 23 2 8 d e o u tu b ro 3 1 2 C o n s ta n t in o v en ce M a g ên c i o n a B a t a l h a d a P o n te M í lv io , o q u e e l e m a i s ta r d e a t r ib u iu a o D eu s c r i s tã o . S eg u n d o a t ra d i çã o , n a n o i t e Saindo da sua semic landest in idade, a Igreja torna -se ass im uma inst i tu ição do Estado. A s ua organização terr itor ia l é estabelec ida de acordo -com o modelo de admin ist ração do Impér io Romano. E , a l iás , graças à Igre ja que alguns vest íg ios desta admin ist ração subsis t irão em plena Idade Média. Em cada prov ínc ia romana, hav ia um arcebispo; em cada c iv itas (que se tornará d iocese ou episcopado), um b ispo, que t inha so b a sua dependência o c lero das paróquias . A competência do b ispo era muito extensa; e le era auxi l iado, no domínio re l ig ioso, por padres e no domín io la ico (nomeadamente para a administ ração dos bens da Igreja.) por arqu id íáconos e diáconos 24. Cristograma de Constantino Autores medievais afirmaram que graças as ideias cr istãs o Direito Romano teve um grade desenvolvimento, ―principalmente no direito da famíl ia, quanto à escravidão (que não foi extinta, mas melhorou muito a vida do escravo) e aos direitos patrimoniais 25. a n t er i o r à b a ta l h a s o n h o u c o m u m a c ru z , e n e la es ta v a e s cr i t o em la t im : I h o c s i gn o v in c e s "S o b e s t e s ím b o l o v e n c e r á s ” 24 J O H N G I L I S S E N , ― I n t r od u ç ã o H i s t ó r i c a d o D i r e i t o ” F u n d a çã o C a l o u s t e G u l b e n k ia n – L i s b o a , 1 9 8 6 , p 1 3 6 25 C f . J O S É CA R LO S M o re i r a A l v es . D ir e i to R o m an o, Ri o d e Ja n e i ro : F o r en s e , 1 9 9 9 , p . 6 5 . Curso de Ciências Jurídicas e Sociais Coordenação de Direito Disciplina: História do Direito FACULDADE SÃO LUCAS Rua Alexandre Guimarães, 1927, bairro Areal 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Súm ula s d e Au la s H ISTÓRI A do DIRE ITO Au tor e s: E dva l do Lop e s de Ara újo Ta in á de Ara újo P i nto J. DECLAREUIL , Roma y la Organización Del Derecho , t rad. de Ramón Garcia Redruel lo, Barcelona: Ed. Cervantes, 1928. JOSÉ CARLOS Moreira Alves. Direito Romano, Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 8 , 29, 61 e 65. FUSTEL DE COULANGES , Apud. Jenny Magnani de O. Nogueira, A Inst ituição da Famíl ia em a Cidade Ant iga – Fundamentos de História de Dire ito, Org. por Antonio Carlos Wolkmer, Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. 111. JOHN GILISSEN , ― Introdução Histórica do Direito” Fundação Calouste Gulbenkian – L isboa,1986, p 87 e 136. PAULO DOURADO de Gusmão, Introdução ao Estudo do Direito, Rio de Janeiro: Forense, 2002, p.298. J. CRETELLA JÚNIOR . 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