Buscar

AULA 7 - DIREITO E HISTORIOGRAFIA, RAÍZES GRECO-ROMANAS E OS GLOSADORES - ALUNOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA AMAZÔNIA
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
PROFESSOR: RAFAEL MARQUES COHEN
	
· DIREITO E HISTORIOGRAFIA: DIREITO ANTIGO E MEDIEVAL;
· RAÍZES GRECO-ROMANAS, BÁRBARAS E CANÔNICAS DO DIREITO MODERNO;
· AS LEIS, TRADIÇÃO ESCOLÁSTICA E OS GLOSADORES.
A HISTÓRIA DO DIREITO
Dentre as diferentes fases históricas da humanidade, aquela que talvez mais dúvidas suscite é o período medieval. Falar em medievo remete-nos sempre a um período de obscuridade, sendo tratado como “idade de trevas”. Não obstante, a era medieval pode ser considerada imprescindível para compreendermos o significado da formação do direito moderno, do Estado moderno, e de toda a organização social e política, a que chamaremos modernidade, bem como seus desmembramentos posteriores na contemporaneidade.
Todo esse período que passaremos a analisar é fruto da crise do Império Romano, de um processo de perda de efetividade, que culminará com as conhecidas invasões bárbaras. Os primórdios dos ordenamentos jurídicos europeus organizam-se sobre as bases das sociedades romano-germânicas da alta Idade Média (WIEACKER, 1967).
A Idade Média é constituída por dois grandes períodos: a alta idade média, que se estende dos séculos V a IX, é marcada pelos direito romano e germânico, bem como pela formação e desenvolvimento do direito canônico; e a baixa, dos séculos IX a XV, pelo direito feudal e pelo renascimento do direito romano nas universidades. Podemos, pois, vislumbrar esse momento histórico embasado na vigência de quatro grandes ordenamentos jurídicos: um direito de povos germânicos; o direito oriundo da organização eclesiástica, chamado de direito canônico; o direito feudal; e um processo de sobrevivência e renascimento do direito romano.
Com a crise do Império Romano, e a sua queda, as nações conseguintes optaram por continuar usufruindo do ordenamento jurídico da sociedade romano-germânica, mais tarde dando origem ao direito canônico. A idade das trevas ou idade da escuridão, como a idade média também era conhecida, teve como portadora principal do direito, a igreja católica, pois foi nesse período em que exerceu seu maior poder de Estado assumindo papel de gestora e regulamentadora, aplicando leis e sansões, sendo o papa, a principal figura detentora do direito humano, tornando a igreja uma instituição política e jurídica, desvirtuando-se de seu real objetivo. 
A igreja tendo como base a bíblia sagrada tornou a moralidade do direito uma reflexão bíblica religiosa, fazendo com que a igreja assumisse muitas tarefas públicas, sociais e morais, tendo que a igreja era a força espiritual de longe mais importante da época. Com a nova ideia de propriedade privada, o direito se torna ferramenta inerente à propriedade, com a posse de terras e bens, abrir mão só era possível para benefício próprio, que na grande maioria estava ligada à igreja e o tribunal da Santa Inquisição, conseguindo seu perdão e sua salvação com “passagem” direta para o céu. O direito também se via na face feudal, aplicado pelo senhor feudal no seu feudo, sendo a igreja católica arquiteta deste modelo de sociedade, moldando-a de forma a ficar no topo da pirâmide social, sendo a única classe letrada, onde a clerezia, os eruditos, chamados de “doutores da Igreja”, é que detinham do poder sobre os senhores e os servos que vinham logo abaixo na hierarquia. 
A Igreja logo se tornou um lugar de saber inquestionável, para onde as pessoas deveriam se dirigir para o que deveriam fazer para alcançar a salvação eterna, pois o resto da sociedade não tinha acesso às palavras de Deus contidas na Bíblia, a qual era em latim, língua pouco conhecida pelo povo, sendo uma jogada de ouro, visto que, tinha a sociedade em suas mãos, fazendo a santa inquisição ser mais conhecida, procurada e temida do que qualquer outra forma de julgamento. 
O período conhecido como Medieval inicia-se com a crise do Império Romano causada pela invasão dos povos germânicos, também conhecidos como bárbaros, ao Império Romano. Ocasionando assim a dispersão de todo um império, o qual era conhecido por possuir um território extenso fruto de um processo de unificação que começou com o General Júlio César. Os bárbaros ao contrário dos romanos eram ligados a terra e sua organização social se dava em razão do patriarcalismo, vale ressaltar que por mais que os germânicos tenham invadido os territórios romanos eles não impuseram seus direitos vigentes sobre os povos dominados, mas absorveram valores e instituições romanas, contribuindo assim com a sobrevivência do direito romano. De acordo com Wieacker, não houve repudia pelas tradições romanas, tanto que os germânicos adotaram a escrita latina, a língua romana, civilização material, os restos da cultura, tardo-clássica e, além disso, optaram pela crença católica ao invés da ariana. Em relação ao direito conservaram o seu por mais tempo, aplicando a concepção germânica de que o direito não é um comando arbitrário, mas uma condição de vida inatacável. Vale salientar que as concepções de direito público romano reforçavam a autoridade dos direitos germânicos. Nota-se, pois como se deu a construção jurídica e do medievo sob a influência e contribuição desses povos.
Além do direito germânico, há o direito canônico, este que por sua vez faz referência, principalmente, a Igreja Católica. Pelo simples fato de ser o único direito escrito por boa parte da Idade Média e, também, por dominar exclusivamente certos ramos do direito privado através dos séculos, mesmo para os laicos, entre outras razões; fez com que o direito canônico fosse de extrema importância para o período medieval. Vale ressaltar que o direito canônico estabelece regras de competência na pessoa e na matéria, especialmente entre os séculos X e XIV, com Reforma Gregoriana ocorreu um processo de centralização e autonomização da Igreja, com isso o pontífice recebe o poder de nomear bispos, o que ocasionará a organização de um poder político que será a origem do estado moderno. A Igreja Católica possuía um poder em suas mãos capaz de ditar o “futuro” dos homens, ao qual denominava Tribunal da Inquisição, este surgiu sob o dever de julgar e condenar aqueles aos quais eram determinados como hereges, nele a parte lesada era quem possuía o direito de acusar, além de que tudo era feito de forma secreta e era usado a prova testemunhal, sem contar que a confissão era o mais importante, sendo muita das vezes conquistada por meio de torturas. Os juízes eram livres para aplicar as mais variadas penas e de interpretarem a lei. O direito canônico e a supremacia do poder da igreja foi perdendo força a partir do século XVI com o surgimento das Reformas e da transformação do Estado em laico processo este que ocorreu em praticamente toda a Europa. 
Em meados do século X a Europa passa por um processo de mudança política e social culminando com o surgimento do feudalismo, sendo este um conjunto de instituições em que os principais são: o Soberano e o vassalo. Este se submete a um senhor oferecendo-lhe mão de obra e aquele em troca protege o seu súdito e o financia. Tendo em vista o desaparecimento das leis, cada território vive sob sua própria jurisdição e responsabilidade jurídica. O direito romano teve seu renascimento com a criação das universidades medievais e o desenvolvimento dos Estados Nacionais. 
Os juristas da Idade Média consideravam o direito romano como uma totalidade, isto é, uma razão objetiva e universal. Após o desenvolvimento das artes liberais e mecânicas formou-se as universidades medievais, estas que se iniciaram na Idade Média formando, primeiramente, profissionais nas áreas de direito, teologia e medicina e encontravam-se até meados do século XI sob o direcionamento da Igreja. O estudo do direito era dividido em cânones e civil. O ressurgimento do direito romano começa por volta do século XII, que nos séculos seguintes se relacionará a todo um movimento do desenvolvimento comercial, da literatura e do renascimento do pensamento filosófico. Nos séculos XII eXIII houve algumas transformações nos sistemas jurídicos, que foram importantes para a formação das metodologias jurídicas atuais. Nesses mesmos séculos existiu uma escola jurídica conhecida como Escola dos Glosadores, originária da Bolonha, eles baseavam-se nos textos romanos e para eles tais textos eram instrumentos de razão, autoridade e verdade. No entanto, por volta do século XIII à influência das glosas cai devido ao surgimento de outra escola de estudo romanista na França fruta de críticas à escola da Bolonha. 
De acordo com Raquel Kritsch desde o século XI um novo sistema de pode estava sendo gestado na Europa e esse sistema se desenvolveria até consolidar-se no que vem a ser conhecido como Estado Moderno. Ainda segundo Kritsch em razão das disputas entre o papado e o império foi formado o pensamento político e jurídico entre os séculos XII e XIV, impulsionando os defensores dos dois poderes a buscarem novas armas em campos variados do saber. 
AS LEIS, TRADIÇÃO ESCOLÁSTICA E OS GLOSADORES
Após a fundação das escolas dos Glosadores em Bolonha (Itália), pelo monge Irnério com objetivo de reorganizar as normas para poder aplicá-las, o Direito Romano foi descoberto para estudos. 
A partir de então, os juristas começaram a estudar os antigos textos legais romanos e a ensiná-los. Os estudiosos do Corpo de Direito Civil, chamados glosadores, anotavam comentários entre as linhas dos livros (glosas interlineares) ou nas margens (glosas marginais). O centro destes esforços era a cidade de Bolonha, cuja faculdade de direito veio a se tornar uma das primeiras universidades da Europa. 
Nos séculos XII e XIII, foi fundada a escola dos pós-glosadores que realizavam comentários sobre CORPOS IURIS CIVILIS, fazendo com que o direito romano pudesse ser utilizado como base para o direito moderno. 
Os estudantes de direito romano em Bolonha (e, posteriormente, em muitos outros lugares) descobriram que muitas regras de direito romano aplicavam-se melhor às transações econômicas complexas do que as normas costumeiras então em voga na Europa. Dessa forma, o direito romano, ou pelo menos algumas de suas regras, foi aos poucos reintroduzido na prática jurídica, séculos após a queda do Império Romano do Ocidente. Este processo era apoiado pelos reis e príncipes, que mantinham juristas como conselheiros e funcionários da corte, e que buscavam beneficiar-se de regras como a PRINCEPS LEGIBUS SOLUTUS EST ("o príncipe está desobrigado de todas as leis"). 
Nos dias atuais, o direito romano não é aplicado em nenhuma jurisdição, embora os sistemas jurídicos de alguns países como a África do Sul e São Marinho, ainda sejam baseados no antigo JUS COMMUNE. Muitas regras derivadas do direito romano ainda se aplicam às ordens jurídicas de diversos países, que o incorporaram de um modo mais sistemático e expresso em suas línguas nacionais. 
Por este motivo, o estudo do direito romano ainda é considerado indispensável à correta compreensão dos sistemas jurídicos de hoje. Com frequência, o direito romano é uma disciplina obrigatória para os estudantes de direito nos países que adotam o sistema jurídico romano-germânico.
O direito romano é uma legislação que não mais vigora. A última nação na qual vigorou foi à Alemanha, até 1º de janeiro de 1900, sob o título de Direito das Pandectas, parte principal da legislação alemã. Nesse dia, entrou em vigor o código civil alemão. No entanto, o ensino do direito romano, figura nos cursos de direito de algumas faculdades de muitos países civilizados, embora suas legislações não apresentem pontos de semelhança com as leis romanas. A razão desse fato consiste em que nenhuma outra legislação se equipara ao direito romano, como instrumento de educação jurídica, pois ele é o mais adequado para fazer compreender o fenômeno do direito e para formar hábitos de raciocínio, necessários ao estudo de qualquer parte da ciência jurídica, o que se pode verificar de várias maneiras. 
O estudo do direito romano coloca, sob as nossas vistas o exemplar de um direito que, em qualquer época em que se considere, representa uma perfeição relativa, pela sua conveniência ou adaptação ao estado da sociedade. Nos períodos mais remotos de sua vida, o direito romano corresponde a condições sociais muito diferentes das atuais, e assim seu estudo ou contemplação pode impressionar o nosso espírito, provocando aquelas atividades que pressupõe uma afinidade maior ou menor, entre o passado e o presente. 
O DIREITO ROMANO APÓS A QUEDA DE ROMA
NO ORIENTE 
Quando o centro do império foi transferido para o Oriente grego no século IV, muitos conceitos jurídicos de origem grega apareceram na legislação oficial romana. A influência é visível até mesmo no estatuto pessoal e no direito de família, áreas do direito que tradicionalmente evoluem mais devagar. Por exemplo, Constantino introduziu restrições ao antigo conceito romano de patria potestas, ao aceitar que pessoas in potestate pudessem ter direitos de propriedade. Seus sucessores foram além, até que Justiniano I finalmente decretou que uma criança in potestate passaria a ser dona de tudo que adquirisse, exceto quando adquirisse algo de seu pai. No século seguinte, os imperadores Basílio I e Leão VI, o Sábio providenciaram uma tradução combinada do Código e do Digesto de Justiniano para o grego, a chamada Basílicas. 
NO OCIDENTE 
No ocidente, a autoridade de Justiniano I chegava apenas a certas partes das penínsulas Itálica e Ibérica. Os reis germânicos promulgaram códigos legais, alguns dos quais sofreram a influência dos códigos romanos orientais. Em muitos casos, os cidadãos romanos continuaram a ser regidos pelas leis romanas, enquanto que os membros das diversas tribos germânicas eram regidos por seus respectivos códigos. O Código e as Institutas eram conhecidos da Europa Ocidental (embora com pouca influência no início da Idade Média), mas o Digesto foi ignorado por muitos séculos. 
É impossível apontar o momento exato da gênese do sistema jurídico romano. O primeiro texto legal, cujo conteúdo chegou até os dias de hoje com algum detalhe, é a Lei das Doze Tábuas, que data de meados do séc V a.C. Segundo os historiadores romanos, o tribuno da plebe C. Terentílio Arsa propôs que o direito fosse escrito de modo a evitar que fosse aplicado indiscriminadamente pelos magistrados patrícios. Após oito anos de lutas, os plebeus teriam convencido os patrícios a enviar uma delegação a Atenas para copiar as Leis de Sólon. Ademais, várias delegações foram enviadas a outras cidades da Grécia com propósitos semelhantes. Em 451 a.C., dez cidadãos romanos teriam sido selecionados para registrar as leis (decemviri legibus scribundis). Durante o período em que trabalharam, receberam o poder político supremo (imperium), enquanto que o poder dos magistrados foi cerceado. Em 450 a.C., os decênviros inscreveram as leis em dez tábuas (tabulae), mas seu trabalho foi considerado insuficiente pelos plebeus. Um segundo decenvirato teria então acrescentado duas tábuas, em 449 a.C. A Lei das Doze Tábuas foi em seguida aprovada em assembleia. 
Nas tábuas existiam leis relacionadas com o chamamento a juízo, julgamentos e furtos, direitos de crédito, delitos etc. Estas leis eram consideradas muito cruéis, pois tinham como direito tirar a vida de outra pessoa, por exemplo, na Tábua Segunda "Se o furto ocorre durante o dia e o ladrão é flagrado, que seja fustigado e entregue como escravo à vítima. Se é escravo, que seja fustigado e precipitado do alto da rocha Tarpeia". 
Tábua quarta, "O pai terá sobre os filhos nascidos de casamento legítimo o direito de vida e de morte e o poder de vendê-los". É lícito notar que o pai era o sacerdote da casa, tendo com ele o poder de vida e de morte sobre o filho, outro fato importante na época também, era quando um filho nascia com algum problema físico, "É permitido ao pai matar o filho que nasce disforme, mediante o julgamento de cinco vizinhos". Os filhos eram pertencentes aos seus pais, a relação não era apenas de afeto, mas também de propriedade. Ficaevidente o medo por encantamentos ou bruxarias, Tábua Sétima, "Aquele que fez encantamentos contra a colheita de outrem, ou a colheu furtivamente à noite antes de amadurecer ou a cortou depois de madura, será sacrificado a Ceres" Na Tábua Sétima pode-se ler também, "Se um quadrúpede causa qualquer dano, que seu proprietário indenize o valor desse dano ou abandone o animal ao prejudicado". 
Além das Leis das Doze Tábuas, também são conhecidas dos primórdios do direito romano, a Lei Canuleia (445 a.C., que permitia o casamento - ius connubii - entre patrícios e plebeus), as Leis Licínias Sêxtias (367 a.C.), que restringiam a posse de terras públicas - ager publicus - e exigiam que um dos cônsules fosse plebeu), a Lei Ogúlnia (300 a.C., que autorizava os plebeus a ocupar cargos sacerdotais) e a Lex Hortensia (287 a.C., pela qual as decisões das assembleias plebeias passavam a valer para todo o povo). 
Outra lei importante do período republicano é a Lei Aquília, de 286 a.C., que regulava a responsabilidade civil. Entretanto, a maior contribuição de Roma à cultura jurídica europeia não foi a promulgação de leis bem redigidas, mas o surgimento de uma classe de juristas profissionais e de uma ciência do direito, por meio de um processo gradual de aplicação dos métodos da filosofia grega ao direito - um tema que os gregos jamais haviam tratado como ciência. 
O Período Clássico se deu nos primeiros 250 anos da era cristã foram o período no qual o direito e a ciência jurídica romanos atingiram o mais alto grau de desenvolvimento de sua civilização. A época costuma ser chamada de período clássico do direito romano, que alcançou um caráter único dado pelas realizações literárias e práticas dos juristas romanos. 
Segundo Wolkmer "O direito de então apresenta um caráter essencialmente laico e individualista, cuja interpretação de suas fontes, cada vez mais de natureza legislativa do que consuetudinária, compete a um corpo de profissionais especializados os juris consultores". 
O principal ponto para as inovações nesse período foi devido ao trabalho realizado pelos pretores, o trabalho dos pretores não era como o do juiz atualmente, os pretores não colhiam provas, eles procuravam entender as duas partes e decidir como o processo seria julgado, a partir daí entrava o iudex que com base nas informações dadas pelo pretor, iria julgar a causa. 
O Período Pós Clássico inicia-se aproximadamente no século III, passa a ser elaborado quase que exclusivamente pelo estado, nesse período surge o processo extraordinário, que se assemelha com o processo moderno, em que o autor mostrava os fatos ao magistrado que nomeava um funcionário para acompanhar o autor durante a denúncia, o processo caminhava diante desse mesmo magistrado, sem a necessidade de um juiz popular. 
Em meados do século III, a situação política e econômica do Império Romano havia se deteriorado, dificultando as condições para o desenvolvimento do direito. O sistema político do principado, que preservara algumas características da constituição da república, transformou-se na monarquia absoluta do dominato. 
Outro período que vigorou foi o Justiniano, que governou o Império Romano do Oriente e tinha como principal objetivo aplicar uma ampla reforma legislativa. Por isso em 528 nomeou uma comissão para realizar um compilado das constituições imperiais até então vigentes, tendo em 534 lançado a versão final deste compilado, chamado de Codex. 
Justiniano nomeou uma comissão, com o intuito de reunir as obras dos jurisconsultos mais importantes, compilar as mesmas, harmonizar as controvérsias existentes entre elas e as atualizar para os princípios do direito atual. Esse compilado ficou conhecido como Digesto, é composto de 50 livros em que foram selecionados trechos de cerca de 2000 livros. 
A Tradição Escolástica ou Filosofia Escolástica é um método ocidental de pensamento crítico e de aprendizagem, com origem nas escolas monásticas cristãs que concilia a fé cristã com um sistema de pensamento racional, especialmente o da filosofia grega (razão aristotélica e platônica). Colocando ênfase na dialética para ampliar o conhecimento por inferência e resolver contradições. 
Escolástica foi o método crítico dominante no ensino nas universidades medievais europeias no período dos séculos IX ao XVI, que surgiu da necessidade de responder às exigências da fé. É mais um método de aprendizagem do que uma teologia. A obra-prima de Tomás de Aquino, denominado SUMMA THEOLOGICA, é, frequentemente, vista como exemplo maior da escolástica. 
Um trabalho importante na tradição escolar tem sido realizado desde a época de Tomás de Aquino, por exemplo, por Francisco Suárez e Luis de Molina e também entre pensadores luteranos e reformados. O legado histórico do escolasticismo não reside em descobertas científicas específicas, mas em lançar as bases para o desenvolvimento das ciências naturais. 
A Tradição Escolástica foi um período de intensa produção filosófica e de valorização do conhecimento científico e da junção entre fé e razão. Tomás de Aquino, o principal filósofo escolástico, ficou conhecido por lutar contra as heresias (o pecado e a contrariedade aos dogmas da Igreja Católica) por meio do conhecimento intelectual e das ciências. 
O período escolástico sofreu grande influência dos árabes, que migraram para o território da península hispânica por volta do século VII, a partir da expansão árabe, tendo ocupado também parte da península ibérica. Os árabes levaram consigo as traduções das obras aristotélicas. Averróis, um importante filósofo árabe do século XII, descreveu comentários acerca da obra aristotélica que, sem dúvida, influenciaram os filósofos cristãos do período tomista. Para a escolástica, algumas fontes eram fundamentais no aprofundamento de sua reflexão, por exemplo, os filósofos antigos, a Bíblia e os Padres da Igreja, autores dos primeiros séculos cristãos que tinham sobre si a autoridade de fé e de santidade. 
	
Os Glosadores eram os estudiosos das escolas jurídicas dos séculos XI e XII. Eles foram a primeira corrente de juristas modernos posteriores ao término da vigência do direito romano antigo. Surgiram no século XII com Irnério, monge italiano, que inaugurou na Europa o ensino do direito justinianeu, em Bolonha. Os mais destacados glosadores foram Acúrsio, autor da Magna Glosa que reuniu noventa e seis mil glosas, e Azo, autor da Summa Codicis, que se tornou clássico da interpretação do direito romano. Eles estudaram o direito romano com base no Digesta, o Codex de Justiniano, o Authenticum e seu manual de direito, as Instituições Iustiniani , compilados juntos no Corpus Iuris Civilis. O trabalho deles transformou os textos antigos herdados em uma tradição viva do direito romano medieval. 
Os Glosadores conduziram estudos detalhados de texto que resultaram em coleções de explicações. Por seu trabalho, eles usaram um método de estudo desconhecido pelos próprios romanos, insistindo que as contradições no material jurídico eram apenas aparentes. Eles tentaram harmonizar as fontes na convicção de que, para todas as questões jurídicas, existe apenas uma regra vinculativa. Assim, abordaram essas fontes legais de maneira dialética, característica do escolasticismo medieval. Às vezes, eles precisavam inventar novos conceitos não encontrados no direito romano, como meia-prova. Em outras disciplinas medievais, por exemplo, teologia e filosofia, também foram feitos glossários nos principais textos oficiais. 
No idioma grego, a palavra GLOSSA significa "língua" ou "idioma". Originalmente, a palavra era usada para denotar uma explicação de uma palavra desconhecida, mas seu escopo gradualmente se expandiu para o sentido mais geral de "comentário". Os glosadores costumavam escrever nas margens dos textos antigos GLOSA MARGINALIS ou entre as linhas (GLOSA INTERLINEARIS - brilhos interlineares). Mais tarde, eles foram reunidos em grandes coleções, primeira copiadas como livros separados, mas também rapidamente escritas nas margens dos textos legais. 
A maioriados glossários antigos é acessível apenas em manuscritos medievais: existem edições modernas de apenas alguns manuscritos. As principais coleções de microfilmes de manuscritos legais são encontradas no Instituto Max Planck de História Jurídica Européia em Frankfurt am Main, nas universidades de Munique, Würzburg, Milão, Leyden e Berkeley. 
Outro conjunto de Leis que ganhou destaque na história foi o chamado Código de Hamurabi, uma compilação de 282 leis da antiga Babilônia (atual Iraque), composto por volta de 1772 a.C. Hamurabi é o sexto rei da Babilônia.
O Código de Hamurabi é visto como a mais fiel origem do Direito. É a legislação mais antiga de que se tem conhecimento, e o seu trecho mais conhecido é a chamada lei de talião. Ele é pequeno, tendo em seu original três mil e seiscentas linhas, sendo essas linhas ordenadas em duzentos e oitenta e dois artigos, sendo que de alguns deles não há conhecimento completo de sua redação.
A lei (ou pena) de talião é o ponto principal e fundamental para o Código de Hamurabi. A despeito do que muitos pensam talião não é um nome próprio. O termo vem do latim talionis, que significa “como tal”, “idêntico”. Daí tem a pena que se baseia na justa reciprocidade do crime e da pena, frequentemente simbolizada pela expressão “olho por olho, dente por dente”. 
Ela se faz presente na maior parte dos duzentos e oitenta e dois artigos do código. Muitos delitos acabam tendo com sanção punitiva o talião, ou às vezes a pena de morte. Apesar de parecer chocante a condenação à pena de morte, esta era uma condenação bastante usual, pelo menos na legislação.
O original do Código de Hamurabi foi escrito/gravado em um bloco, e parte desses artigos foram apagados quando o bloco foi levado para Susa, confiscado depois de uma guerra. Com isso, alguns artigos ficaram com a sua compreensão comprometida. Alguns dos artigos apagados são conhecidos pela existência de cópias. O bloco original em que foi escrito o Código encontra-se atualmente no museu do Louvre, em Paris.
Na verdade, como o Código de Hamurabi é a única legislação daquele povo, ele não deveria receber tal nomenclatura, tendo em vista que não se apresenta da maneira de um código, noção que foi concebida após o Código Civil Napoleônico. Vale lembrar que o este código é uma legislação que está composta por vários fragmentos, sendo alguns civis, outros penais, alguns referentes ao direito do trabalho, etc.
QUESTIONÁRIO
1 – Explique o que aconteceu na história do direito com a crise do Império Romano.
2 – Explique o que foi e como se deu o Período Medieval.
3 – Explique qual foi o direito que prevaleceu no Período Medieval, além do germânico.
4 – Na modernidade, o Direito Romano é aplicado? Explique.
5 – Qual a última nação que adotou o Direito Romano? Explique.
6 – Qual foi o texto legal que chegou até os dias atuais de forma detalhada? Explique.
7 – Explique como se deu o Período Clássico.
8 – Explique como se deu o Período Pós-Clássico.
9 – Explique o Período Justiniano.
10 – Explique a filosofia escolástica.
11 – Quem foi o principal filósofo escolástico? Explique.
12 – Quem foram os Glosadores? Explique.
13 – Explique o significado de Glosadores.
14 – O que foi o Código de Hamurabi?
15 – Apresente e explique o trecho mais conhecido do Código de Hamurabi.
 
8

Outros materiais