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Caderno História do Direito FBDG

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08/08/19 Marcus.seixas.souza@gmail.com
Marcus Seixas 
Ana Teresa Boulhosa História doDireito brasileiro
Aula Introdutória. 
Provas:
· 26/09
· 14/11
Bibliografia: 
· “História do Direito: Lições introdutórias” – José Reinaldo de Lima Lopes.
· “História do Direito Brasileiro” - Rui de Figueiredo Marcos. 
Civil Law: Direito Romano-Germânico. 
O Brasil e os outros países latino-americanos que fazem parte do civil law, assim o são por terem sido colonizados por países desse seguimento do direito. 
ROMA: Nascida na região do Lácio, na Itália, onde os povos falavam latim. 
Séc. I Roma se torna o maior império do Ocidente
Sécs. II-III Roma começa a batalhar com os povos germânicos
Séc. IV Os povos germânicos estavam sendo expulsos de suas terras por outros povos (Ex: Unos). Por sorte, Roma era um império que estava enfraquecido, permitindo assim que a fronteira ao longo do rio Reno ficasse mais permeável, o que possibilitou a entrada de alguns grupos germânicos em Roma. 
· A queda do império: 
· Crise de sucessão dos imperadores: Diversos imperadores romanos dependiam do exército para fazer valer sua legitimidade. Isso causou um cenário em que o exército passou a perceber sua importância e então essas legiões começaram a cobrar favores, como aumento de salários. Esses imperadores começaram a fazer muitas promessas, o que causou um grande gasto público. As divisões dentro do próprio exército ocasionaram crimes, o que fez com que o cargo de imperador de Roma fosse de alto risco. Um império tão vasto como Roma, com uma instabilidade tão grande nas representações de poder, começa a ter uma administração precária. 
· Crise de inflação: A economia na antiguidade vivia sob o sistema do metalismo (A moeda é feita de metal e este metal tem um valor comercia por si só), por isso, muitas pessoas tentavam fraudar as moedas. Isso se torna cada vez mais frequente da forma de que as pessoas presumem que todo ou quase dinheiro em circulação são falsos, então as pessoas começam a cobrar o dobro do que costumavam cobrar. 
· Os reinos germânicos vão se estabelecendo no continente europeu.
· Com as invasões germânicas, as famílias romanas passam a migrar para o campo, dando início ao fenômeno do feudalismo. 
· Direito:
· O direito germânico era consuetudinário, ou seja, era transmitido através de costumes, pois eram ágrafos. 
· No que tange a aplicação do direito, houve a aplicação do fenômeno da pessoalidade, ou seja, cada povo responderia ao direito de sua etnia. Porém, isso não durou muito, pois havia conflitos entre germânicos e romanos, o que trouxe a necessidade de unificar o direito, que passou a ser territorial. 
· Foi preciso criar um direito que conservasse aspectos românicos e germânicos. O direito romano clássico “morre”, sobrando apenas alguns resquícios e é essa sombra que se mistura com o direito germânico, originando o Direito Romano “Vulgarizado”. 
· Lenta homogeneização cultural, pois há a fusão das línguas e do direito, assim como outros aspectos culturais. A fusão religiosa também ocorreu. 
· Transformações religiosas: 
· Originalmente, Roma sempre foi muito tolerante do ponto de vista religioso. Quando invadiam outras nações, eles não impunham seus deuses e sim os abraçavam e os incorporavam ao panteão romano. 
· Quando começaram a surgir as primeiras religiões monoteístas, Roma começou a ter problemas. As religiões católica e judaica foram proibidas em Roma, sendo apenas toleradas na Judéia. 
· O imperador Constantino foi convertido a católico e passou uma lei imperial, permitindo a religião católica. 
· Posteriormente, Teodósio implementou o catolicismo como religião oficial do império. 
· Os germânicos passaram a adotar o cristianismo, como mecanismo de integração aos povos romanos. 
· Na região da província da Gália (Sul da França), estabeleceram-se os visigodos. O rei visigodo se converteu ao cristianismo ariano. Na região do reino franco (Norte da França) se converteram ao cristianismo católico e fizeram uma aliança com os visigodos que viviam na Gália, com a promessa de implementar o catolicismo, porém os francos os expulsaram e os visigodos foram para a atual região da Espanha, passando então a se converter ao catolicismo. 
476 d.C.: Marco da queda do império Romano, pois foi aí a partir daí não foram eleitos mais imperadores. 22/08/19
IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE
Séc. VI
Imperador Justiniano: Percebendo a queda do império romano do ocidente, teve 2 objetivos: Reconquistar a área tomada pelos Bárbaros e Reformar o Direito Romano.
· Reconquista do I. Romano do Ocidente: Expansionismo.
· Retomada da península itálica, que resultou em uma vitória. Alguns chamam essa ocupação de “Reino Romano”. 
· Reforma do Direito: 
Justiniano acreditava que o direito romano apresentava problemas: Inadequação para tratar de problemas atuais e quantidade significativa de disposições contraditória. 
· Ainda se usava muito as disposições do período clássico, como a lei das 12 Tábuas, que já não era mais atual. 
· Além disso, entendia-se que havia muitos julgamentos não catalogados, o que fazia com que as decisões fossem tomadas sem um alinhamento. 
· Justiniano nomeou Triboniano como encarregado de reunir uma equipe para buscar “todas” as fontes do direito romano, disposições de juristas etc. O resultado desse esforço foi o Corpus Juris Civilis. 
Essa obra foi dividida em 4 livros:
1. Institutas: Apresentar os principais conceitos.
2. Digesto: O mais importante. Reunia a opinião dos juristas.
3. Codex: Compilação das leis.
4. Novelas: Leis novas.
IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE
É preciso entender que há um hiato de quase 7 séculos entre a queda do império romano e a reinserção do Direito romano puro na Europa. 
Enquanto o IR do Ocidente passou por transformações, dando origem ao direito romano vulgarizado, o IR do Oriente desenvolvia e aplicava o Corpus. 
· Retomada do Direito Romano Puro:
· Com o processo de expansão, ou seja, a volta do império para as áreas ocupadas pelos bárbaros, alguns exemplares do Corpus foram deixados para trás e esquecidos. 
· Passados séculos, em um mosteiro, um monge encontra um desses exemplares na biblioteca e começa a estudá-lo e descobre como o direito romano daquela compilação era “avançado” ante o direito romano vulgarizado.
· Com a descoberta da obra de Justiniano, um grupo de juristas fundou uma faculdade para estudá-la. 
· Estudiosos de todas as partes da Europa vão para a Itália estudar nessas escolas e quando voltam aos seus países, trazem e divulgam esse direito romano.
· Com o tempo, surge uma comunidade internacional voltada ao estudo do Corpus.
Pequena explicação: No decorrer do período medieval, criou-se a distinção entre Ius Proprium e Ius Comune (Dir. Romano + Canônico), onde, para resolução de conflitos, aplicava-se o primeiro e se esse não obtivesse a resposta, aplicava-se o segundo. Característica do DR Vulgarizado.
· A língua científica era o latim, o que possibilitou a internacionalização do conhecimento. 
· Aos poucos os países europeus começaram a abandonar o direito vulgarizado e a adotar o Corpus. 
· Os reis legislavam pouco porque eles não eram absolutos e precisavam reunir cortes para poder aprovar leis. 
· Na medida que os reis começam a expandir seu poder, as leis locais aumentavam e o Direito Romano continua a ser usado, porém com menor influência. 
PENÍNSULA IBÉRICA
Califado de Bagdá representava a expansão dos árabes no Ocidente, que invadiram a Península e derrotaram os visigodos. 
· Retomada da Península:
· Com o intuito de derrotar esses povos, a igreja organizou as Cruzadas, que se estenderam por 700 anos. 
· Nesse contexto surgem os reinos de Aragão, Castela e Leão. 
· Um conde do Reino de Leão, libertava vilas e aldeias do domínio árabe e, em troca, recebia a fidelidade desses povoados e funda um condado Portucalense.
· Percebendo sua influência, tal conde (há divergências quanto a sua identidade) se declara Rei e a Igreja reconhece. 
· PORTUGAL:
· A Lei era pouco usada e os costumes eram a principal fonte do direito. 
· Com o passardo tempo, as leis começaram a ser mais preponderantes e baseadas no Direito Romano. 
· A lei não era publicada de forma oficial e sim gritadas, de um ponto no centro da cidade (comumente o pelourinho) e por alguns dias. Essa realidade fazia com que fosse muito difícil ter acesso às leis. 
· Para sanar esse problema, surgem, então, as ordenações do reino. São elas: 
1. Afonsinas - 1446
2. Manoelinas - 1512
3. Filipinas – 1603
São as mais importantes e vigoraram de 1603 a 1916. 
Divisão das ordenações:
I – Administração da Justiça e a Burocracia
II – Relações do Estado com a Nobreza e a Igreja
III – Processo.
IV – Direito Civil. 
V – Direito Criminal (Títulos III e VI)
BRASIL COLÔNIA
Nas ordenações Filipinas, há uma passagem que diz que é dever do rei fazer com que seus súditos tenham suas questões judiciais sejam atendidas.
Jurisdição colonial: Há uma hierarquia. 
· Justiça da Coroa: Em um primeiro momento, não havia magistrado da coroa até a vinda de Tomé de Sousa, acompanhado pelo ouvidor-geral, responsável por revisar recursos contra todos os outros ouvidores e por fiscalizar a justiça do Brasil, tendo que viajar por todo país. Extingue-se, portanto, esse cargo e cria-se a: 
· Relação do Brazil: Tribunal superior, situado na Bahia. 1609.
1. Tinha o papel de ouvir os recursos de várias capitanias. 
2. Os juízes eram chamados de desembargadores. 
· Por muito tempo, havia só essa relação, mas em 1752 surge a Relação do Rio de Janeiro. 
· Com o advento desse tribunal, a Relação do Brasil muda de nome para Relação da Bahia. 
· Casa de suplicação: Surge para substituir o papel que o rei tinha de resolver os casos. Com o tempo, surgem outras estruturas e ela passa a ocupar o topo desses tribunais. 
· Juiz de fora: É um membro da justiça da coroa e é enviado para municípios específicos. É letrado.
1. Era escolhido por não ter laços de amizade ou familiares com aqueles daquele lugar. 
2. Quando chegava, virava o presidente daquela câmara municipal, controlando-a politicamente. Dessa forma, ele passava a controlar qualquer conflito de interesse entre a coroa e os vereadores, principalmente de ordem fiscal, ou seja, tributos. Ex: Extração de ouro em Minas Gerais e o “quinto”. 
· Justiça Senhorial: Destinada aos senhores donatários.
· As capitanias eram dadas através de cartas de doação, que especificavam os limites físicos e o direito de exercer a jurisdição naquela terra, trazidas na Carta de Foral.
· Apesar de o capitão ser o titular dessa jurisdição, raramente ele exercia essa função, pelo fato de ter uma série de outras atribuições, por isso eram contratados magistrados, conhecidos como “ouvidores”.
· Os ouvidores deveriam, necessariamente, ser letrados e só poderiam ficar no cargo por 3 anos. 
· Situações em que os ouvidores serão acionados: 
1. Quando o caso acontecer fora de um município. 
2. Se o caso ocorreu dentro de um município, porém, a justiça municipal não tem jurisprudência para julgá-lo, como um caso de feitiçaria, por exemplo.
3. Quando houver um recurso contra a decisão do juiz ordinário. 
· Justiça Municipal: Nem toda vila era considerada município, já que esse era um status. Uma vila precisava ter determinadas características como expressão populacional, comercial e econômica para virar município. A vantagem de uma vila fazer essa mudança era poder ter uma câmara municipal. 
· Câmaras municipais: Instituição que tinha representatividade, ou seja, dava ao município uma voz ativa e era o local onde os principais líderes da comunidade podiam se reunir para debater melhorias e questões importantes para a sociedade. 
1. As câmaras eram custeadas pela própria população, por isso um dos pré-requisitos era a autonomia econômica. 
2. Os membros da câmara municipal eram os vereadores, por isso essa casa pode ser chamada de “Câmara de Vereança”.
3. A escolha de vereadores era feita por aqueles “homens bons”, que eram escolhidos pelo governador da capitania.
4. A eleição para vereadores era feita na eleição de pelouros. 
5. Dentre esses vereadores, eram escolhidos alguns para exercer a função de juiz ordinário. 
· Juízes ordinários:
1. Não precisavam ser baixareis, ou seja, por vezes os julgamentos eram pautados nos costumes e no sentido de justiça.
2. Tinham tempo determinado de 1 ano no cargo. 
3. Não podiam julgar casos muito complexos e sim de baixa repercussão, tal qual um aluguel não pago, por exemplo. 
IDADE MODERNA
ERA POMBALINA:
Após um terremoto que atingiu Lisboa no séc. XVIII, a necessidade de reconstruir a cidade surge e o Marquês de Pombal será importante nesse aspecto. 
No âmbito do direito, há 2 obras que se destacam: 
· A reforma do currículo do curso de direito. 
· Reforma no sistema das fontes de direito.
Ambas reformas são calcadas no ideal iluminista. 
· Reforma das fontes do direito:
Pombal entendia que a regulação das fontes do direito, no Título LXIV das ordenação Filipinas, não favorecia a Coroa como a ordenadora da sociedade. Essa realidade para Pombal era um mal. 
· Ele visava a centralização da Coroa, ou seja, produção das norma jurídicas sem a intervenção de outras fontes.
· A reforma se deu a fim da eliminar ou limitar as fontes, com a lei da Boa Razão, de 17 de agosto de 1769:
1. Estilos: Uma das queixas de Pombal era que como havia vários tribunais da coroa espalhados, cada tribunal tinha seus próprios estilos, o que fazia com que, geograficamente, o direito variasse. A partir daí, os estilos serão proibidos.
2. Costumes: Pombal também via um problema, porém esse é mais difícil de erradicar. Isso porque não seria bem visto ignorar os costumes, por traduzirem a realidade do povo, o que traduz legitimidade. Ele decide, então, dificultar seu uso e, portanto, para poder serem usados, devem cumprir com os requisitos:
a) Os costumes deveriam ter, no mínimo, 100 anos de idade. Pombal se queixava de como era muito comum que advogados ou juízes afastassem a aplicação de uma norma e alegassem, em seu lugar, a existência de um costume, visto que não havia hierarquia entre leis, estilos e costumes. Pode-se provar a veracidade por quaisquer meios possíveis. 
b) Os costumes deveriam ser conforme a Boa Razão, fazendo alusão a lei. 
3. Direito Romano: Pombal achava que o DR era mais um malefício que um benefício, por entender que esse gerava muita insegurança jurídica, visto que o Corpus era uma fonte muito velha e, de certo modo, inadequada para o momento em que se encontravam e que só era útil quando junto às interpretações dos juristas, o que não deixava claro qual caminho interpretativo seguir. A partir disso, a interpretação do DR deveria obedecer à um princípio universal, o princípio da Boa Razão. Além disso, elimina a preferência das opiniões de Bártolo e Acúrcio, pois há tempos essas doutrinas já estavam muito ultrapassadas. 
Boa Razão – Pequena explicação; Restringiu as fontes do direito. 
a) Convencionalismo X Jusnaturalismo
O convencionalismo entende que as decisões são fruto de uma convenção, enquanto o Jusnaturalismo entendia que, além das decisões, devem ser abarcados os direitos naturais, imutáveis e eternos.
b) A Boa Razão emana justamente desse direito natural. 
c) Passo em direção ao legalismo, princípio da legalidade, pois a lei passa a reger o sistema jurídico. 
A lei começa a ser a principal fonte a partir dos filtros e extinções impostas às outras fontes.
Pombal sabia que nada disso surtiria efeito se não houvesse uma mudança no ensino do direito. Era, portanto, imprescindível formar uma nova geração de bacharéis, com uma nova racionalidade, para enfrentar essa nova realidade. 
· Reforma do currículo: Pombal estava em um conflito político com os jesuítas, por diversos motivos econômicos e políticos. Os jesuítas eram os responsáveis pela educação, o que fez com que o Marquês os expulsasse do Brasil e de Portugal, confiscando seu patrimônio em prol da Coroa. Há a implementação de uma nova gestão da Universidade de Coimbra. 
· Antes da intervenção de Pombal:
1. Nem todos podiam estudar na Universidade, pois as propinas (taxas escolares) eramuito altas, além disso havia o custo de moradia e alimentação, vestes talares e de livros, que eram muito caros, apesar de já haver imprensa.
2. Para além disso, era preciso passar por um exame admissional, realizados em salões chamados de Vestíbulos (que deu origem ao nome vestibular).
3. A vida estudantil dos alunos era tranquila, apesar de ter uma grande carga avaliativa ao longo do curso. 
4. Modelo escolástico: Eram propostos problemas ou casos, onde ao decorrer da discussão em torno do proposto, seriam apresentados os conteúdos. A participação dos alunos era muito frequente (Disputationes).
· A partir da intervenção de Pombal:
Matriz racionalista.
1. Pombal decide que já não deveria mais ser estudado Direito Romano e sim o Direito Português, criando matérias como direito penal, civil, administrativo, processual...Tornando o DR uma cadeira. 
2. Além da cadeira de DR, criou uma cadeira de Direito Natural, visto que os novos juristas precisavam entender a Lei da Boa Razão. 
3. Ele acreditava que haveria a redução da insegurança jurídica, porém estava enganado, pois variava o conteúdo que o Direito Natural comportava, não havendo um consenso. 
4. Além disso, foi o responsável por criar a cadeira de História do Direito. 
5. A bibliografia disposta aos discentes, para Pombal, era muito velha. Por isso, ele determina que os professores da Faculdade redijam novos livros, com um perfil bastante diferentes dos livros anteriores. Pois, os livros do modelo anterior também eram escolásticos. Os novos, devem ser organizados de forma sistemática, tendo os alunos um livro sempre em mãos para acompanhar as aulas, o que fez com que ficassem conhecidos como manuais. 
6. Os estudantes mais antigos ficaram proibidos de passar anotações para os novos alunos, para não “contaminá-los” como o antigo modelo. 
PERÍODO JOANINO
No período, a Europa estava sob a expansão do império napoleônico e D. João VI se vê sem saída a não ser vir para o Brasil com a Corte. 
Portugal entende, diferente da Espanha, que as ordenações filipinas eram aplicáveis à colônia. 
Transformações do Brasil no Período Joanino. 
· Limitações (geográficas, ou seja, não eram para os “brasileiros” e sim para aqueles em território brasileiro) às liberdades da colônia:
· Comerciais: Conjunto de regras que criava uma espécie de monopólio, ou seja, tudo que fosse produzido no Brasil só poderia ser comercializado com a metrópole. Havia, contudo, exceções feitas somente por representantes da coroa (Ex. Gov. Geral), como por exemplo o tráfico negreiro. 
· Industriais: Não se refere necessariamente ao sentido de “fábrica” e sim, qualquer tipo de atividade manufaturada ou fabril. Desse modo, a única atividade permitida era o extrativismo (cana, café, ouro, algodão etc.). Caso os colonos quisessem ter acesso a esses bens, deveriam fazê-lo comprando da metrópole. 
· Intelectuais: Portugal sempre teve medo de que o Brasil quisesse se separar, por isso, era muito preocupado com que tipo de ideia circulava na colônia. Para controlar o que se pensava aqui, foram proibidas: 
1. A criação de instituições de ensino superior; 
2. Circulação de alguns livros (index, a lista de obras proibidas) com ideais iluministas, como por exemplo os “escritores ilustrados”; 
3. Proibição da impressão de livros no Brasil. A mera posse das peças necessárias para fazer uma impressão já era considerada um crime grave contra a coroa. 
Chegada da corte no Rio de Janeiro, 1808
O Rio não estava preparado para ser a sede da corte, pois esta exigia melhorias e confortos que a cidade não tinha, como a falta de esgotamento sanitário, iluminação precária e calçamento, por exemplo. O que implicou em severas mudanças estruturais. Esse processo, junto a superação dos limites permitiu o desenvolvimento do país. 
· Superação das limitações:
· Comerciais: Em Salvador 1808, D. João VI assina o tratado de livre comércio. 
· Intelectuais: Há a abertura da Faculdade de Medicina da Bahia, instalada no Terreiro de Jesus. No Rio, ele cria a real escola de Guerra do Rio de Janeiro. A proibição de imprimir, também acabou, pois, a imprensa régia é transferida de Lisboa para a capital do Brasil. Há a criação de empresas privadas de impressão. Além disso, a circulação de livros passa a ser permitida, porém a censura continua existindo (2 autorizações da igreja e uma da coroa). 
· Industrial: D. João VI fará um estímulo à instalação de fábricas, que se dava a partir da concessão de privilégios. A indústria que foi desenvolvida no Brasil, porém, é de menor qualidade.
VOTAÇÃO NO PERÍODO IMPERIAL
Restrições etárias, posição familiar, profissional/social, religioso e censitário. 
As eleições tinham que ser nas paróquias pois era lá que ficavam registradas as datas de nascimento. Era na assemblei paroquial se escolhiam os eleitores de províncias (Para ser votado: que tinham que ter mais de 200 mil reis, não podia ser liberto nem criminosos, ou seja, havia restrições censitárias, raciais e de vida pregressa). 
Todos eleitores podiam ser deputados, excetuando-se quem não possuísse menos de 400 mil réis, estrangeiros e católicos (critérios censitários, de origem e religiosos). 
Para ser Senador, precisava ter idade mínima de 40 anos e rendimento anual de 800 mil réis. 
CONSTITUIÇÃO DE 1824
Outorgada; D. Pedro chega a instalar uma assembleia, no ano anterior, que foi dissolvida pelo próprio monarca, quando ele percebeu que o projeto tinha questões com as quais ele não concordava. 
· Art. 1. Visa acalmar a população que temia que D. Pedro reclamasse a coroa de Portugal, subjugando o Brasil a status de colônia novamente. 
· Art. 3. Governo monárquico, hereditário, Constitucional (Limitação do poder do rei – Monarquia não absolutista) e Representativo (A nação é representada pelo Imperador, mas também é representada pelo povo, por meio de eleições). 
· Art. 4. A sucessão de da coroa pertence aos herdeiros e familiares de Dom Pedro. 
· Art. 5. A religião oficial continuará a ser a católica. Todas as outras religiões serão permitidas, contanto que professadas em espaços privados. 
· Art. 6. Critérios da cidadania brasileira. 
· Art. 10. Poderes políticos. Pele primeira vez há a separação. Introdução do poder moderador (4º poder para que os demais não criassem atritos entre si). 
· Art. 15. Atribuições da assembleia geral. A câmara dos deputados é mais rotativa, enquanto o senado é mais conservador e lento, pois seus integrantes são vitalícios. Fazer leis, interpretá-las, suspendê-las e revogá-las. 
Poder moderador: Não é um resquício do período absolutista, pois este tinha diversas restrições na própria constituição. A proposta desse poder era preservar a harmonia entre os 3 poderes, intervindo quando necessário para garantir o equilíbrio. Hoje, o poder moderador não existe mais, dando espaço a um sistema de freios e contrapesos. 
· Art. 101. O Imperador exerce o poder moderador: Nomeando os Senadores, que além de serem eleitos pelos eleitores de província, tinham que ser aprovados pelo imperador, pois o cargo era vitalício; convocando a Assembleia Geral; sancionando decretos, aprovando e suspendendo as Resoluções dos Conselhos provinciais etc. Fica claro aqui nesse artigo que o poder que sofre mais interferência é justamente aquele que representa a vontade do povo, o legislativo. O poder menos interferido é o executivo, que estava centrado na figura do Rei. 
· V – Capacidade de dissolver a Câmara dos Deputados. 
· VI – “Nomeando e demitindo livremente os Ministros de Estado”: A priori, a escolha dos ministros ser uma decisão do poder moderador não fazia muita diferença, pois os chefes do executivo e do poder moderador eram a mesma pessoa. Em 1847, o Brasil sofre uma mudança política onde é implantado o parlamentarismo. Contudo, fica conhecido como “Parlamentarismo às avessas”, pois os ministros não eram escolhidos pelo parlamento e sim pelo imperador. 
· Art. 102. Atribuições do poder executivo:
· II – “Nomear Bispos, e prover os Benefícios eclesiásticos”: O Brasil não era o único país do Séc. XIX que tinha esse tipode prática. A igreja ainda exercia muita influência sobre a vida das pessoas e diversos assuntos da igreja interessavam o Estado, como nascimentos e óbitos. 
· III – Nomear Magistrados: Não era algo que chocasse, pois sempre fora assim e havia poucos cargos, visto que não havia universidades de direito brasileiro. 
· IV – Promover os mais Empregos civis e políticos: É como se todos os cargos públicos fossem cargos de confiança. 
· XII – “Expedir os Decretos, Instruções, e Regulamentos adequados à boa execução das Leis”. Em tese, quem deveria interpretar as leis era a Assembleia geral, porém ela se recusava, pois entendia que havia assuntos mais importantes a tratar, como a atualização das leis que ainda eram muito ligadas ao direito português. Por conta disso, muitos problemas se instauraram, visto que muitos processos ficaram atrasados. O Executivo passa, então, a interpretar as leis. A justificativa dada por Nabuco de Araújo foi que para que as leis sejam bem executadas (função do executivo), elas também deveriam ser bem interpretadas. Quem tinha dúvidas em relação às leis (Consulentes), as enviava para o Ministério da Justiça, que, por sua vez, as encaminhava para o Conselho de Estado (formado por Conselheiros, ou seja, pessoas com grande trajetória de vida pública), que encaminharia um parecer com a interpretação sugerida para o Imperado, podendo concordar ou não com o entendimento. Se apreciada a interpretação, ela seria enviada ao Ministério de Justiça, que por sua vez, enviava ao consulente, que era obrigado a acatá-la. 
GC
Adendo: Originalmente, esses avisos interpretativos só eram de conhecimento ao consulente, isso, porém não era interessante, pois não tornava pública a decisão. Houve então uma adaptação do procedimento, através de um livro chamado “Coleção de Leis do Império”, ou seja, o conjunto de todas as leis aprovadas no ano. Passa-se então a publicar junto as leis, todos os avisos interpretativos do ano, para que então todas as pessoas pudessem usar a interpretação oficial sobre determinado assunto. 
Poder judicial: É um poder independente. As decisões judiciais estarão protegidas da interferência de quem quer que seja, inclusive do imperador. Sistema de júri.
· Art. 151: Poder independente. Traz o sistema de júri, que devia existir nos casos civis e criminais, apesar de que, na prática, só foi implantado nesse último. 
Breve história sobre o júri: Na Inglaterra, sempre houve um antagonismo entre a nobreza feudal e o monarca. Em momentos em que a nobreza tinha prevalência política, ela conseguia impor limitações ao poder da coroa, sendo uma delas o júri, pois os juízes ingleses eram nomeados pelo rei e quando os nobres eram julgados por esses magistrados, se queixavam que não eram julgados de maneira imparcial. Deveria haver um corpo de pares do acusado, ou seja, nobres-nobres. O papel, portanto, do juiz seria de aplicar o direito ao fato, mas quem determina qual é o fato será o júri. 
O júri foi importado para o Brasil com a ideia de “democratizar” o poder judiciário. Porém isso não ocorreu, pois os “pares” eram desiguais, sendo o júri composto somente por eleitores e muitas vezes as decisões tinham cunho político.
· Art. 158: No império já não há divisões de jurisdições, as Relações, contudo, continuam a existir, tornando-se tribunais de segunda, e última, instância. Nem todas as províncias possuíam Relações. Não existiria um tribunal superior as Relações no Brasil, entretanto, no art. 163, na capital do império deveria existir um Supremo Tribunal de Justiça (tribunal de cassação), que estaria acima dessas Relações. Não há uma antinomia na legislação, pois esse Supremo não decide em última instância, apenas cassar a decisão de uma das relações e encaminhar o processo para que seja julgado em outro lugar.
· A constituição não explicita quando serão cassados, mas sabemos que são:
1. Injustiça notória: Erro evidente de aplicação do direito ao caso. 
2. Nulidade manifesta: Decorrente de um erro procedimental no processo. 
· Art. 179: Uma espécie de “bill of rights” brasileiro, ou seja, os direitos e garantias dos cidadãos brasileiros. Os escravos não tinham esses direitos. A pena de morte continuou a existir o Brasil e não era considerada uma pena cruel. 
· I: 
· IV: Suspensão da censura prévia. 
· V: Liberdade religiosa, contanto que respeite a religião do Estado e não ofenda a moral pública. 
· VII: Resguardo e privacidade da residência. 
· Até o art. XX serão compiladas diversas garantias penais. 
· XXII: Direito a propriedade em toda sua plenitude, a menos que o Estado necessite dela para alcançar o bem público, haverá a desapropriação mediante uma indenização. É importante pois foi o inciso usado pelos defensores da escravidão para mantê-la.

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