Prévia do material em texto
Curso de Homeopatia MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II 3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA HOMEOPATIA Para que possamos compreender melhor e corretamente os quatro princípios básicos em que se fundamenta a Doutrina Homeopática devemos falar um pouco sobre a Energia Vital. A Energia Vital é a energia responsável pela manutenção da vida nos seres vivos; é a energia que se desprende do corpo físico quando ocorre a morte. Essa energia não é perceptível aos nossos sentidos e no Homem é a parte integrante de um composto substancial que inclui o corpo físico, a mente e o espírito. Quando sua Energia Vital vibra harmonicamente, encontra-se em perfeito estado de saúde, ou seja, não se observam sinais e sintomas, tanto nos planos físico, emocional ou mental. Isso significa que ele está apto a se realizar como Ser Humano porque pode usufruir livremente da inteligência para dirigir sua vontade e manter-se em estado de saúde. Quando a Energia Vital se desequilibra, começa a aparecer um conjunto de reações, muitas vezes imperceptível se não estivermos atentos. Inicialmente ao nível da imaginação, com sonhos desagradáveis ou sensações desconfortáveis, a seguir, sintomas ao nível emotivo-efetivo como, por exemplo, fobias, inseguranças, ciúmes, desconfianças, tristezas indefinidas, etc, e posteriormente surgem os sintomas físicos. Por que a Energia Vital se desequilibra? Conflitos internos, ações incorretas, estão no cerne desse desequilíbrio, isto é, o emprego inadequado da vontade, das escolhas como Ser Humano. Nos animais e nas plantas as doenças ocorrem principalmente devido às alterações no meio ambiente provocadas, em geral, pelo próprio Homem. 4 PRINCÍPIOS BASICOS DA HOMEOPATIA 4.1 LEI DOS SEMELHANTES 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Hahnemann retomou ao princípio da semelhança de Hipócrates quando realizou a primeira experiência com quinino em si mesmo e sentiu que havia encontrado a reposta à sua procura por uma arte de curar lógica e realmente eficaz e curativa. Realizou suas experiências com metodologia científica, obtendo resultados que podem ser reproduzidos quantas vezes se desejar e sempre semelhantes. Para melhor compreensão da diferença entre o princípio dos semelhantes e o princípio dos contrários vamos usar uma imagem criada pelo eminente médico Dr. H. A Roberts em seu livro “Os Princípios e a Arte da Cura pela Homeopatia”: Imaginemos um trem (enfermidade) correndo a uma determinada velocidade; para controlá-lo podemos enviar um trem em sentido contrário (medicamento alopático) ou um trem no mesmo sentido (medicamento homeopático), mas em uma velocidade maior e que após o encontro, imprime na Energia Vital um padrão vibratório semelhante e mais forte que o preexistente. As substâncias da natureza têm a potencialidade de curar os mesmos sintomas que são capazes de produzir. Exemplificando de uma maneira bem simplista: se uma pessoa ingerir doses tóxicas de uma substância chamada Arsenicum álbum, irá apresentar sintomas como dores gástricas, vômitos e diarreia: se, por outro lado, dermos essa mesma substância, preparada homeopaticamente, a um enfermo que apresenta dores gástricas, vômitos e diarreia com características semelhantes àquelas causadas pelo medicamento em questão, obteremos como resultado a cura desses sintomas. 4.2 EXPERIMENTAÇÃO NO HOMEM SÃO O princípio é que as experiências com medicamentos devem ser realizadas em homens sãos, para que então possam ser usados em homens enfermos. Por que em homens são e não em animais? A doença se manifesta não só por sinais objetivos observáveis pelos sentidos, mas também por sintomas e sensações subjetivas. Não seria possível registrar completa e fielmente as sensações subjetivas de cães ou gatos, pois estes não poderiam comunicá-las durante as experimentações. Não existem dois seres 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores humanos exatamente iguais na saúde ou na doença, cada um tem sua individualidade, sua impressão digital. Poder-se-iam os animais assemelhar-se aos seres humanos mais do que os próprios seres humanos entre si? Para tratamento dos animais ou das plantas usamos os resultados das experimentações nos seres humanos, por analogia de sintomas, até que sejam realizadas experimentações específicas para cada espécie. As experimentações são realizadas pela administração de uma determinada substância a um grupo de indivíduos, considerados saudáveis após passarem por exames clínicos e laboratoriais, chamados experimentadores, e que não sabem que substâncias estão experimentando. Em cada experimentação os sintomas físicos, mentais, emocionais, as sensações e alterações do modo de ser e estar, de reagir e interagir com o meio, que vão sendo cuidadosamente anotados e posteriormente classificados e analisados, dando origem ao que chamamos de PATOGENESIA. Muitos medicamentos foram experimentados e reexperimentados várias vezes e por muitos autores. Outros medicamentos foram menos estudados e necessitam de novos testes para ampliar nosso conhecimento e seu campo de atuação. É a esses conjuntos de sintomas, isto é, às Patogenesias, que o médico homeopata recorre a fim de encontrar o medicamento mais semelhante a cada caso, o medicamento Simillimum. Diante do exposto, é fácil mudar o conceito de que “se o medicamento homeopático não faz bem, mal não faz”. Como vimos, o medicamento homeopático pode potencialmente provocar os mesmos sintomas que são capazes de curar. 4.3 MEDICAMENTO ÚNICO Hahnemann recomendava o uso de apenas um medicamento de cada vez, o medicamento que contivesse o maior número de sintomas que o paciente apresenta. Durante o tratamento buscamos individualizar ao máximo cada paciente, sendo o “grande ideal” do médico homeopata encontrar o Simillimum do seu paciente. Como já foi dito anteriormente, na maior parte das vezes nem sempre é possível identificá-lo na primeira consulta. Geralmente, o que conseguimos é, nas primeiras consultas, prescrever medicamentos similares àquele que o paciente necessita, isto é, um medicamento que 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores cobre parcialmente os sintomas que o paciente apresenta, mesmo porque também o conhecemos apenas parcialmente no início do tratamento. A recomendação de medicamento único se refere a cada prescrição. Queremos deixar bem claro que o médico homeopata nunca estará fazendo experiências nos seus pacientes e sim progressivamente ajustando a medicação mais adequada. Enquanto restarem sintomas o médico homeopata não estará contente e estará buscando um medicamento que realmente cure todos os sintomas do seu paciente. Na primeira consulta conseguimos obter uma caricatura do paciente e nas demais, vamos progressivamente acertando os detalhes mais finos da pintura; o objetivo é chegar o mais próximo possível de uma fotografia. Existem divergências, como em todos os setores do conhecimento humano, entre as várias escolas homeopáticas em todo mundo. Todas têm suasrazões e ponderações. Temos basicamente três tendências: a UNICISTA, que usa apenas um medicamento por vez, a PLURALISTA, que usa mais de um medicamento por vez, e a ALTERNISTA, que intercala dois ou mais medicamentos em horários preestabelecidos. 4.4 DOSES MÍNIMAS E DINAMIZADAS No início de suas experiências Hahnemann usava medicamentos diluídos, porém ainda contendo matéria. Com o tempo foi percebendo que essas diluições ainda eram suficientemente fortes para causarem, às vezes, sérias agravações. Devido a essas reações indesejáveis, passou a diluir cada vez mais os medicamentos, percebendo que obtinha melhores resultados quando eram também agitados de maneira ritimada, o que chamou de sucussão. Foi assim que chegou às doses infinitesimais (extremamente diluídas) e dinamizadas. A técnica de sucussão (agitação ritimada) utilizada por Hahnemann lhe foi ensinada por um amigo alquimista, que disse tal procedimento “retirar a alma das substâncias”. Observou que à medida que a massa ia sendo diluída, mais energia as substâncias pareciam desprender. Não era a quantidade de substância que importava, ao contrário, quanto menor a quantidade presente e quanto mais agitada era a diluição, maior o 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores potencial de energia que atua sobre a Energia Vital. A dose diminuta prescrita pelo homeopata não é mera diluição ou atenuação da droga forte. Ela é o que se chama potência, isto é, algo que possui poder. As doses mínimas e dinamizadas, que sempre foram e continuam sendo inseparáveis da prática homeopática, têm sido com certeza o maior obstáculo à aceitação e adoção desse método terapêutico com maior amplitude pelos médicos em geral. Por lidarmos com sintomas subjetivos e com um tipo de energia extremamente sutil, as pesquisas devem ser realizadas dentro de um novo paradigma, com outros instrumentos de análise dos resultados. 5 SEMIOLOGIA MÉDICA HOMEOPÁTICA Semiologia: estudo de sinais e sintomas. Sintomas Homeopáticos: a) Conceitos: Segundo Hahnemann, os sintomas são: Uma manifestação anômala na maneira de sentir e de operar da parte do organismo acessível aos sentidos do observador e do médico, produzidos pela desarmonia da força vital que provoca as desagradáveis sensações que experimenta o organismo e o impele a reações anormais que conhecemos com o nome de enfermidade. Para Carrol Dunham, sintomas “são tudo o que distingue o homem diante de si mesmo, quando não está doente”. Os sintomas não são outra coisa que a expressão da perturbação da força vital. Os sintomas são distintos graus das características anímicas do estado psíquico normal. b) Classificação dos sintomas homeopáticos: 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores b.1 - Segundo quem sente ou percebe os sintomas, seja o paciente ou o observador. {Objetivos/Subjetivos} b.2 - Segundo a localização que apresentem nas diversas esferas orgânicas. {Mentais/Gerais/Locais} b.3 - Segundo a maior ou menor frequência com que habitualmente se apresentam na população enferma. {Comuns/Patognomônicos/Característicos/Peculiares/Raros} Sintomas subjetivos: são sofridos ou percebidos somente pelo enfermo sem que o observador possa ter conhecimento deles, a menos que o próprio paciente o manifeste. A este grupo correspondem numerosos sintomas mentais, tais como temores, penas, ilusões, etc, e todas as manifestações dolorosas com suas sensações respectivas. Sintomas objetivos: quando podem ser apreciados pelo observador ou o médico, tais como alterações no aspecto, forma ou volume de algum setor orgânico, transtornos nos movimentos, nos sons normais de certos órgãos (coração, pulmão), alterações nas excreções normais, secreções patológicas, etc, assim como alterações detectadas através de exames laboratoriais (sangue, urina, fezes, etc). Incluem também nesse grupo os processos inflamatórios e neoplásicos. Naturalmente, muitos desses fenômenos objetivos podem e são observados pelo próprio paciente. Quanto à localização: Sintomas mentais: quando suas manifestações consistem em transtornos psíquicos da afetividade, do juízo, da inteligência, ilusões, alucinações, etc. Sintomas gerais: manifestações que devem ser referidas à totalidade do organismo e são a expressão de uma perturbação geral como: o cansaço, a debilidade, a 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores insônia ou sonolência, alterações da transpiração, da temperatura, o apetite, os desejos sexuais, os desejos e aversões. São as expressões do estado geral do paciente frente a distintas circunstâncias. Pergunta: “como se sente”. Sintomas locais: quando os transtornos envolvem somente um setor da economia, um aparelho ou um órgão sem repercussão no estado geral, tais como dores, inflamações, tumores, etc. Segundo sua Frequência: Sintomas Comuns: quando se apresentam em grande quantidade de pacientes e de enfermidades e são também produzidos por grande quantidade de medicamentos nas experimentações patogênicas, na esfera mental, geral ou local. Ex: irritabilidade, insônia, déficit memória, a tristeza, a cefaleia, o cansaço, a febre, a falta de apetite, etc. Sintomas patognomônicos: quando são fundamentais para diagnóstico fisiopatológico, o qual não pode ser formulado até que se achem presentes Ex: hiperglicemia nos diabetes, o exantema morbiliforme no sarampo. Sintomas característicos: quando ao sintoma comum se agrega uma modalidade reacional de agravação ou melhoria. Esta modalidade singulariza e circunscreve o sintoma, de maneira tal que já não são muitos os sujeitos que apresentam, nem são tantos os remédios. Ex: cefaleia que se agrava pelo movimento e por tossir e que se alivia pela pressão externa. Sintomas peculiares: quando possuem alguma modalidade ainda menos frequente que as anteriores e provocadas patogeneticamente por uns poucos medicamentos. Ex: cefaleia quando tem fome (antes de comer). Sintomas raros: quando escassos indivíduos e pouquíssimos remédios ou um só os produz. Ex: alegria durante as tormentas (tempestades). 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 6 MODALIDADES 6.1 SIGNIFICADO E INTERPRETAÇÃO Constitui modalidade de um sintoma, a condição de agravação ou de melhora do mesmo, sendo tanto mais importante quanto mais nítido e intensamente influenciar determinada manifestação, portanto representa um fenômeno dinâmico determinado pelo genótipo, atuando sobre o modo reacional do organismo frente a determinadas circunstâncias. Reflete diferentes tendências individuais em manifestar sintomas, síndromes e estados mórbidos, que se deixam favorecer ou prejudicar frente aos diferentes fatores. 6.2 SÍNTESES DAS MODALIDADES PRINCIPAIS As modalidades que qualificam os sintomas comportam variantes do ritmo, horário e periodicidade; do modo de aparecimento e de desaparecimento; de relação com atividades e atos fisiológicos de natureza alimentar, de relação com eliminações; de posição, movimentos; de condições metereológicas e de fatores psíquicos, acrescidos ainda por circunstâncias excepcionais e raras. Modalidades de Exclusão Incluem modalidades relacionadas à menstruação, à sensibilidade ao frio e ao calor, bem como ao estado reacional de estenicidade e astenicidade. Modalidades Horárias Obedecem a ritmos biológicos e dependem de processos fisiológicosrelacionados ao repouso, ao metabolismo e ao catabolismo. Modalidades de Periodicidade 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Geralmente se refere à dor, às eliminações, às erupções e à febre, indicando intervalos de horas, dias, semanas, meses ou anos, sendo dificilmente detectada no decurso das experimentações. Modalidades de Aparecimento e Desaparecimento de Sintomas O modo de instalação e desaparecimento de sintomas isolados ou de um quadro mórbido, lento ou súbito, representa aspecto definido frequente em numerosas patogenesias. São principais variantes desta natureza: a) Aparecimento e desaparecimento lento; b) Aparecimento lento e desaparecimento brusco; c) Aparecimento e desaparecimento brusco; d) Aparecimento brusco e desaparecimento lento; e) Instalação progressiva. Modalidades Relacionadas a Funções Normais Inumeráveis variantes modalizadoras estão relacionadas a atividades fisiológicas no sentido de aparecimento, agravação ou melhora de sintomas. Costuma-se dizer que “tal” doença piora por “tal” condição fisiológica e vice-versa. Modalidades de Natureza Alimentar A ingestão alimentar oferece variantes como: a) Intolerância – como expressão de incapacidade digestiva ou de hipersensibilidade, relacionada ao metabolismo. b) Fator de agravação ou melhora – modalizando condições já presentes. c) Causalidade – despertando condições até então ausentes. d) Aversão e desejo – por determinados alimentos como expressão do terreno individual. Modalidades de Secreções e Excreções Constituem situações importantes de modalidade: a) Variações da urina – odor, aspecto, sedimento. 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores b) Tipos de hemorragia – ativa, passiva, de sangue escuro. c) Variações da saliva – espessa, aderente, fétida. d) Transpiração – fétida, pegajosa, oleosa, localizada. e) Variantes de evacuação intestinal – diarreica, sanguinolenta, esverdeada, de odor cadavérico. Modalidades de Posição A atitude preferencial do doente, além de lhe proporcionar alívio, contribui como sinal raro por si mesmo e confere hierarquia a outras manifestações pouco importantes. Exemplos: • Deitado sobre lado direito. • Deitado sobre lado esquerdo. • Deitado sobre a parte dolorosa. • Deitado sobre superfície dura. Modalidades de Movimentos O movimento proporciona agravação ou melhora em variantes ilimitadas: • Rápido. • Contínuo. • Lento. • Brusco. • Viajando. Modalidades Metereológicas Referem-se às estações do ano, ao grau de umidade, à temperatura, à tempestade, ao tempo nublado, vento, sol, mar e montanhas. Modalidades raras A anamnese considera todas as informações do doente, mesmo àquelas sem relação aparente ao diagnóstico, na certeza de que, quanto mais bizarras, mais estranhas ou absurdas forem, melhor personalizado se tornará o apanho do caso clínico. 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 7 TOMADA DO CASO 7.1 SIGNIFICADO Proceder ao apanhado do caso significa escutar, interrogar, observar e examinar determinados doentes, procurando obter a mais perfeita totalidade dos sinais e sintomas capazes de refletir a imagem do seu estado mórbido personalizado. 7.2 DIFICULDADES NO APANHO DO CASO Três fatores interferem no apanho do caso, dificultando a correlação patogenética. 1. Doente – quando preocupado com o diagnóstico, o paciente insiste nas queixas patológicas, ocultando sintomas que julga alheios à doença. 2. Médico – para prescrever, o homeopata necessita conhecer número razoável de patogenesia, a fim de enquadrar o paciente na personalidade de uma delas. 3. Deficiência da matéria médica – a droga que melhor se adaptaria a determinado doente talvez ainda não tenha sido experimentada, sendo ignorada a sua patogenesia. 7.3 TOTALIDADE DE SINTOMAS A totalidade dos sintomas, decisiva para identificação patogenética, abarca sinais e sintomas mentais, gerais, locais e patognomônicos, tanto no aspecto comum como peculiar de cada um, todos eles valorizados através de qualificações e modalidades marcantes e sem explicação, que traduzem o modo racional de cada doente, permitindo caracterizá-lo dentro da doença. 7.4 SÍNDROME MÍNIMA DE VALOR MÁXIMO Essa expressão designa o conjunto de manifestações dotadas de características marcantes e raras, suficientes para individualizar um medicamento. No cômputo da totalidade clínica, caberá ao médico selecionar aqueles sintomas bizarros, estranhos, peculiares e sem explicação, não integram o diagnóstico nosológico, mas pertencem de modo exclusivo ao doente. 8 INTOXICAÇÃO Na homeopatia moderna, casos de intoxicação são raros ou praticamente não ocorrem. Hahnemann observou que doses subtóxicas exerciam ação predominante na melhora do doente, dando origem às doses mínimas seguidas de diluição e dinamização. 8.1 ORIGEM DAS DOSES MÍNIMAS Dentro do raciocínio da semelhança adota-se a aplicação clínica das drogas em doses reduzidas, embora em nível ponderável, sobrevindo curas sempre que a correlação de semelhança era obedecida. Hahnemann procedeu à redução das doses em uma técnica de diluição em água e álcool, em escala centesimal progressiva, tendo o cuidado de homogeneizar cada diluição pelo procedimento das sucussões; receoso de tal conduta viesse a prejudicar o efeito terapêutico, surpreendeu-se ao constatar que as diluições não apenas conservavam, mas adquiriam maior potencial curativo. Este fato motivou a descoberta do poder farmacodinâmico em substâncias até então consideradas inertes e possibilitou a elaboração de patogenesias com substâncias tóxicas. 8.2 DILUIÇÃO E DINAMIZAÇÃO As doses mínimas ou infinitesimais se vinculam à lei da semelhança. O fato das diluições sucussionadas adquirirem poder dinâmico crescente faz com que os termos diluição, potência e dinamização passassem a ser indistintamente empregadas sob o 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ponto de vista prático, pois não se admite em Homeopatia uma diluição que não esteja sistematicamente complementada por sucussões, numa técnica padronizada, sendo a escala centesimal a única de exatidão matemática válida para trabalhos científicos. 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A descoberta do poder farmacodinâmico das doses mínimas tornou as doses ponderáveis desnecessárias e contraindicadas, portanto, o termo intoxicação está afastado da homeopatia moderna. 9 PATOGENESIA Ao conjunto de manifestações apresentadas pelo indivíduo sadio e sensível, durante a experimentação de uma droga, foi dado o nome de patogenesia. A reunião dos quadros experimentais devidamente catalogadas ou patogenesias passou a constituir a Matéria Médica Homeopática. A experimentação com a China officinalis proporcionou a primeira patogenesia. Sintoma patogenético e qualquer manifestação observada pelo experimento no homem sadio. Além dos sintomas patogênicos propriamente ditos, induzidos no indivíduo sadio por determinada substância em doses diversas, porém não tóxicas, foram também incorporadas à Matéria Médica os efeitos registrados nas intoxicações acidentais bem como aqueles sintomas e sinais curados na clínica durante a utilização de determinada droga. Englobando o tema patogenesia podemos citar asagravações homeopáticas. 9.1 CONCEITO DE AGRAVAÇÃO “É o aumento de todos os sintomas importantes da doença que seguem à administração do remédio específico, agravação esta tanto mais aparente quanto maior a similitude ao remédio escolhido”. Inicialmente, foram reconhecidos dois tipos de agravação: a) Agravação homeopática ou medicamentosa b) Agravação patogenética. 40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 9.2 AGRAVAÇÃO COMO RESSONÂNCIA PATOGENÉTICA No prosseguimento clínico distinguiu Hahnemann dois tipos de agravação – a homeopática e a patogenética – a primeira expressando sintomas inicialmente presentes no doente e a segunda revelando sintomas novos inerentes à patogenesia da droga empregada. O indivíduo sob experimentação somente desenvolverá sintoma se for sensível à droga testada, a qual despertará uma condição até então latente que se manifestará como sinal profético daquilo que, infalivelmente, iria acontecer no futuro desse experimentador. Assim interpretada, a agravação patogenética é também a homeopática, como soma resultante da doença medicinal ou experimental, com a sintomatologia potencial ainda subclínica. Das duas reações de defesa despertadas no organismo – uma pela doença natural e outra pelo medicamento – advém a resultante comum, mais potente e mais eficaz que persistirá depois de dissipada a presença energética do Simillimum* responsável pela defesa adicional. Esta resultante, suficiente para o reequilíbrio, eventualmente se torna mais do que suficiente, ocasionando transitório tumulto clínico. *Simillimum: Medicamento cujos sintomas patogenéticos ou de experimentação no homem sadio coincidem com a totalidade sintomática de determinado quadro mórbido. Representa o remédio adequado do doente. 10 A ANAMNESE HOMEOPÁTICA ANAMNESE: do grego. Anámnesis, “o relato dos padecimentos feitos pelo doente à cordialidade inquisidora do médico” (MIGUEL TORGA, Diário, ex p. 55-56). “Informação acerca do princípio e evolução de uma doença até à primeira observação do médico” (A.B.H.F.). O médico deve ter: boa vontade; boa disposição; compreensão; respeito à liberdade do enfermo para expressar-se e paciência. “O enfermo é o único que tem a chave do medicamento”. 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores “O médico deve ser um cúmplice, um companheiro”. “Resgatamos o encontro humano que os aparatos tecnológicos afastaram”. Atitude do médico = neutralidade com cumplicidade. Fazer sentir ao paciente o interesse do médico. “O 1º ato do médico é dar a mão”. Analisar todas as características para proporcionar uma boa relação médico- paciente. 1) O olhar: — detalhes da atitude: se acercar do paciente; — atitude receptiva: intenção envolvente; — envolver o paciente em uma atmosfera de proteção = olhar abraçador; — com o olhar: estou disposto a escutar-lhe, vou ser discreto e compreensivo, necessito que me fale = olhar inquisitivo. 2) O silêncio e a pausa: — o silêncio do médico outorga o passaporte para o paciente poder falar; — tempo para pensar – rebobinar o K-7 de sua vida e ligar de novo; — permite ao paciente desenvolver seus pensamentos para oferecer ao seu médico. 3) A Palavra: ama, fere e mata. — O tom da voz; — A linguagem deve ser acessível ao paciente; — A linguagem deve ser pessoal. 4) A escritura: Escrever com os mesmos termos do paciente, frouxamente, não deixando de observar as expressões do paciente. “O momento de escrever como de perguntar é ditado pelo paciente”. Como um jogo de xadrez: 1ª jogada = em que posso ajudar. Aguardar a jogada do paciente e seguir estimulando até o xeque-mate = história 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores biopatográfica. O que o médico deve fazer: 1) Deixar o paciente falar livremente; 2) Escrever cada sintoma ou grupo de sintomas; 3) Os sintomas devem ser escritos na linguagem do paciente; 4) Circunscrever-se a um grupo de sintomas até esgotar tudo; 5) As perguntas devem ser: gerais, amplas, indiretas e vagas. O que o médico não deve fazer: 1) Interromper o relato do paciente; 2) Insistir em perguntas que não consegue resposta; 3) Formular perguntas: dirigidas – alternantes – sim ou não *sintomas de determinado medicamento. A FICHA CLÍNICA: 1) Identificação; 2) Queixas e duração – ouvir, anotar e detalhar ao máximo; 3) Interrogatório sobre diversos aparelhos; 4) Antecedentes pessoas e familiares; 5) Alimentação: Apetite? Desejos e aversões? Sabor? Temperatura; 6) Sede: Como é? Horário? Desejos e aversões? 7) Transpiração como é? Onde é mais? Odor? Mancha? 8) Meteorológicos: Calor? Frio? Sol? Chuva? Campo? Praia? Vento? 9) Períodos: nas 24 horas do dia: menos ou mais disposição? 10) Sono/sonhos: como é? Posição? O que faz durante? Sonha? Repetem? 11) Medos – temores: quais? 12) Mentais – como é sua maneira de ser? Choro? Consolo? Emoções? Sofrimentos? Afeto? Carinho? Ciúmes? Feliz? Morte? 13) Biopatogrófico: fato(s) que marcaram o paciente profundamente? 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 14) Exame físico: biotipo – face, pele e anexos – atitudes, etc. “Verificar tudo para ver se tem os sintomas mentais e a totalidade dos sintomas característicos com os de algum remédio. O exame individual de um caso de doença requer, da parte do clínico, isenção de preconceitos, sentidos apurados, atenção ao observar e fidelidade em anotar o caso de doença.” HAHNEMANN ------------------FIM DO MÓDULO II------------------ Modalidades Metereológicas Modalidades raras