Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
pág. 1 PARASITOLOGIA AULA CONTEÚDO PÁGINA 1 Apresentação da disciplina. Conceitos gerais 02 2 Interação parasita- hospedeiro 06 3 Principais grupos de parasitas do homem 08 4 Tricomoníase 12 5 Giardíase 18 6 Amebíase 23 7 Doença de Chagas 28 8 Leishmanioses 37 9 Malária 45 10 Toxoplasmose 53 11 Teníase 59 12 Cisticercose 65 13 Esquistossomose 68 14 Ancilostomose 77 15 Larva migrans cutânea 87 16 Estrongiloidíase 90 17 Ascaridíase 97 18 Tricuríase 103 19 Enterobíase 109 20 Filariose linfática 114 pág. 2 AULA 1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA / CONCEITOS GERAIS / NOMENCLATURA CIENTÍFICA OBJETIVOS DESTA AULA Mostrar ao aluno a importância da Parasitologia no contexto curricular, bem como definir os principais conceitos utilizados ao longo das aulas e a forma correta de grafar os nomes dos agentes parasitários, com base na nomenclatura científica. 1- APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Parasitologia é uma ciência que tem por objetivo estudar a morfologia e biologia dos parasitas como fundamento para o conhecimento da patologia, do diagnóstico, da terapêutica, da epidemiologia e da profilaxia das doenças parasitárias. 2- CONCEITOS GERAIS Parasita - é todo ser que de um modo permanente, periódico ou ocasional vive em outro organismo, nele se nutrindo e determinando, de modo variável, algum dano. Quanto ao número de hospedeiros que um parasita necessita para se desenvolver, o mesmo pode ser classificado em: Parasita monoxênico - necessita de apenas um hospedeiro para completar seu desenvolvimento. Parasita heteroxênico - necessita de mais de um hospedeiro para completar o seu desenvolvimento. Quanto ao número de espécies de hospedeiros que um parasita exige para se desenvolver, este pode ser classificado em: Parasita estenoxênico - só pode parasitar uma ou poucas espécies muito próximas de hospedeiros. Parasita eurixênico - pode parasitar uma grande variedade de hospedeiros, indistintamente. Hospedeiro - é um ser que alberga o parasita. Representa o meio ecológico onde vive o parasita. pág. 3 Dependendo do estágio de desenvolvimento do parasita que o hospedeiro irá abrigar (jovem ou adulto), este recebe as seguintes classificações: Hospedeiro definitivo - é o ser onde se desenvolvem e vivem as fases adultas do parasita, ou as fases de atividade sexual do parasita. Hospedeiro intermediário - é o ser onde crescem e se diferenciam as fases larvárias ou assexuadas do parasita. Parasitismo - é toda relação ecológica desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes, em que se observa, além da associação íntima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variável. Parasitose - é uma doença que tem por agente etiológico um parasita. Agente etiológico - é o agente causador ou responsável pela origem da doença. Pode ser um vírus, uma bactéria, um fungo, um parasita. Em nossa disciplina, consideraremos apenas os parasitas como agentes etiológicos das enfermidades que serão abordadas. Vetor - é um artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasita entre dois hospedeiros. Se nesse vetor não ocorrer a multiplicação do parasita, ele é classificado como vetor mecânico. Neste caso, o vetor atua simplesmente como agente transportador do parasita, já que irá carrear o parasita externamente ao seu corpo. Se nesse vetor ocorrer a multiplicação ou a realização de parte do ciclo evolutivo do parasita, ele é classificado como vetor biológico. Fômite - é todo objeto, utensílio ou ser inanimado que pode veicular o parasita entre hospedeiros. Reservatório - ser vivo (ser humano, animal ou vegetal) ou substrato (como o solo) em que um parasita pode viver e se reproduzir, e a partir de onde pode ser veiculado para um hospedeiro. Não sofre com o parasitismo. Atua como um depósito / fonte natural do parasita. Zoonose - qualquer doença ou infecção que é naturalmente transmitida entre animais vertebrados e o homem. Infecção - penetração e desenvolvimento, ou multiplicação, de um agente infeccioso no homem ou animal. pág. 4 Infestação - é o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou vestes, ou, ainda, em uma determinada área ou local. Habitat - é o ecossistema, local ou sítio anatômico onde determinada espécie ou população vive. Profilaxia - é o conjunto de medidas que visam à prevenção, erradicação ou controle de doenças ou fatos prejudiciais aos seres vivos. Essas medidas são baseadas na epidemiologia de cada doença. Ciclo evolutivo (ciclo biológico) de um parasita - é a descrição sequencial dos eventos marcantes da interação entre o parasita e seu hospedeiro. Seu conhecimento é necessário não só para a compreensão da biologia e da patogenia de cada parasitose, como para o estudo e a seleção de métodos de diagnóstico, prevenção e controle de doenças parasitárias. Formas evolutivas de um parasita – corresponde aos diferentes estágios de desenvolvimento de um parasita. Período de incubação - é o período decorrente entre o tempo de infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas clínicos. Fase aguda de uma doença - período pós-infecção onde os sintomas clínicos da doença são mais exuberantes. Fase crônica de uma doença - fase que segue a fase aguda; caracteriza-se pela diminuição da sintomatologia clínica, existindo um equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o agente infeccioso. 3- NOMENCLATURA CIENTÍFICA Devido à enorme variedade de seres vivos existentes, se faz necessário o estabelecimento de uma nomenclatura científica, sujeita a regras precisas e capaz de assegurar distinção clara entre uma espécie e outra. Desde o tempo de Linneu (Suécia, 1707-1778), adotou-se a norma de designar cada espécie de ser vivo com dois nomes (nomenclatura binomial): o primeiro indicando o gênero e o segundo, a espécie a qual está inserido um ser vivo. pág. 5 Para isso, empregam-se palavras latinas. O nome do gênero é sempre escrito com inicial maiúscula e o da espécie com inicial minúscula, devendo ambos ser grifados ou escritos em itálico, para distingui-los dos nomes comuns existentes. Ex: Giardia lamblia. BIBLIOGRAFIA 1- Moraes, R.G.; Leite, I.C.; Goulart, E.G. Parasitologia e Micologia Humana. 4a. ed. Cultura Médica. Rio de Janeiro. 2000. 2- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 3- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. pág. 6 AULA 2 INTERAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno a interdependência dos organismos e seus diferentes tipos de relação. 1- INTRODUÇÃO Os seres vivos, na natureza, apresentam grande inter-relacionamento. O parasitismo surgiu quando na evolução destas associações um organismo menor se sentiu beneficiado, quer pela proteção, quer pela obtenção de alimento e, consequentemente, com o decorrer de milhares de anos, várias adaptações ocorreram, tornando o invasor (parasita) mais e mais dependente do outro ser vivo (hospedeiro). Para que se estabeleça uma doença parasitária, são necessárias as participações de fatores inerentes ao parasita e fatores inerentes ao hospedeiro, uma vez que a doença parasitária é um acidente que ocorre em consequência de um desequilíbrio entre hospedeiro e parasita. De modo geral, há uma tendência de haver um equilíbrio entre a ação do parasita e a capacidade de resistência do hospedeiro. Os fatores inerentes ao parasita são, por exemplo, o número de exemplares presentes, seu grau de virulência, sua localização no organismo, suas dimensões. Os fatores inerentes ao hospedeiro estão representados, por exemplo, por sua idade, estado nutricional e imunológico, doenças intercorrentes, usos e costumes, etc.2- AÇÕES DOS PARASITAS SOBRE O HOSPEDEIRO A ação patogênica dos parasitas sobre o hospedeiro é muito variável, podendo ser assim representada: a) Ação espoliadora Ocorre quando o parasita absorve nutrientes ou mesmo o sangue do hospedeiro. b) Ação tóxica pág. 7 Decorre da produção de enzimas ou metabólitos pelo parasita que podem lesar o hospedeiro. c) Ação mecânica Esta ação parasitária ora se manifesta pela compressão de órgãos, ora por obstrução de condutos, impedindo o fluxo de alimento, bile ou absorção alimentar. d) Ação traumática É a ação parasitária que provoca, nos tecidos do hospedeiro, qualquer solução de continuidade. É provocada, principalmente, por formas larvárias de helmintos. e) Ação irritativa Deve-se à presença constante do parasita que, sem produzir lesões traumáticas, irrita o local parasitado. 3-BIBLIOGRAFIA 1-Moraes, R.G.; Leite, I.C.; Goulart, E.G. Parasitologia e Micologia Humana. 4a. ed. Cultura Médica. Rio de Janeiro. 2000. 2-Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 3-Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. pág. 8 AULA 3 PRINCIPAIS GRUPOS DE PARASITAS DO HOMEM OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno os principais grupos de parasitas do homem. 1- INTRODUÇÃO Os seres vivos podem ser classificados em cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia. No reino Protista, sub-reino Protozoa, estão inseridos os protozoários, que correspondem a organismos unicelulares eucariontes, muitos dos quais apresentando vida parasitária. Três dos sete filos em que se dividem os protozoários são de interesse médico: Sarcomastigophora, Apicomplexa e Ciliophora. No reino Animalia, sub-reino Metazoa, estão inseridos os metazoários, que correspondem a organismos pluricelulares eucariontes. Dentre os numerosos filos deste sub-reino, merecem atenção: Platyhelminthes, Nematoda, Mollusca e Arthropoda, pois nos dois primeiros encontram-se muitos parasitas humanos e nos dois últimos principalmente espécies responsáveis pela transmissão de parasitoses. 2- PROTOZOÁRIOS FILO SARCOMASTIGOPHORA Principais características: Protozoários que se locomovem por meio de flagelos, de cílios ou pseudópodes; Possuem um ou mais núcleos, porém sempre de um só tipo; A reprodução é geralmente assexuada. Subfilos em que se encontram parasitas humanos: Mastigophora: protozoários flagelados, que se multiplicam assexuadamente por divisão binária. Ex: Trypanosoma cruzi, Leishmania spp, Giardia lamblia e Trichomonas vaginalis. Sarcodina: onde estão inseridas as amebas, protozoários que se movem por meio de pseudópodes ou mediante fluxo de citoplasma, sem formação de pseudópodes evidentes. Ex: Entamoeba histolytica. pág. 9 FILO APICOMPLEXA Principais características: As formas evolutivas com poder infectante trazem na extremidade anterior um complexo de organelas destinadas à penetração nas células de seus hospedeiros, o complexo apical ou conóide; Apresentam reprodução assexuada e sexuada, com produção de oocistos (ou esporocistos) que dão origem a formas infectantes denominadas esporozoítos. Espécies de interesse médico: Isospora belli, Sarcocystis hominis, Cryptosporidium spp, Toxoplasma gondii e Plasmodium spp. FILO CILIOPHORA Principais características: Protozoários com dois tipos de núcleo: macronúcleo e micronúcleo; Possuem cílios simples ou organelas compostas que estão tipicamente presentes em pelo menos alguma fase do ciclo evolutivo. A maioria das espécies é de vida livre, isto é, não exercem o parasitismo. Espécie parasita do homem: Balantidium coli. http://www.infoescola.com/files/2009/10/estrutura-apicomplexa-esporozoario.jpg pág. 10 3- METAZOÁRIOS FILO PLATYHELMINTHES Principais características: São vermes de morfologia achatada; Possuem o corpo segmentado ou não-segmentado e órgãos de fixação denominados ventosas; A maioria é hermafrodita e conta com aparelhos reprodutores bastante complexos. Algumas espécies de interesse médico: Schistosoma mansoni, Taenia solium e Taenia saginata. FILO NEMATHELMINTHES Principais características: São vermes de morfologia cilíndrica; Possuem o corpo não-segmentado; Os sexos, na maioria das vezes, são separados. Algumas espécies de interesse médico: Strongyloides stercoralis, Ancilostoma duodenale, Necator americanus, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Enterobius vermicularis e Wuchereria bancrofti. FILO ARTHROPODA Principais características: Invertebrados que possuem exoesqueleto quitinoso protetor e apêndices articulados, pareados bilateralmente; A cabeça possui estruturas adaptadas para as funções sensorial e mastigadora ou perfuradora. Principais espécies representantes: Estão inseridas na classe Insecta (ex: triatomíneo, flebotomíneo, anofelino, culicídeo) e Arachnida (ex: ácaros e carrapatos). FILO MOLLUSCA Principal característica: Possuem o corpo dividido em: (a) cabeça, nem sempre diferenciada; (b) vísceras que se concentram formando uma massa visceral, recoberta pelo manto e geralmente contida em uma concha calcária; (c) pé musculoso. pág. 11 Classe de interesse médico: Classe Gastropoda onde está inserido o molusco vetor da esquistossomose mansônica, o planorbídeo. BIBLIOGRAFIA 1- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 2- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 3-www.infoescola.com- site visualizado em 23/11/2009. pág. 12 AULA 4 TRICOMONÍASE OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à infecção pelo Trichomonas vaginalis. 2-AGENTE ETIOLÓGICO Trichomonas vaginalis (T. vaginalis) é o agente etiológico da tricomoníase, a doença sexualmente transmissível (DST) não-viral mais comum no mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou em 170 milhões os casos de tricomoníase no mundo anualmente em pessoas entre 15 e 49 anos, com a maioria (92%) ocorrendo em mulheres. Esse protozoário flagelado atinge o parasitismo com sucesso em um ambiente hostil através de vários mecanismos pelos quais estabelece sua patogenicidade e também por sua capacidade de evadir a resposta imune do hospedeiro. O parasita foi descrito pela primeira vez em 1836, por Donné, que a isolou de uma paciente com vaginite. Em 1894, Marchand e, independentemente, Miura (1894) e Dock (1896), observaram este flagelado na uretrite de um homem. Trata-se de um parasita monoxênico, cujo hospedeiro definitivo está representado pelo homem ou pela mulher. Vaginite: processo inflamatório agudo ou crônico da vagina. Pode ser de natureza microbiana (ex: gonococos) ou parasitária (ex: Trichomonas vaginalis). Os sintomas associados a esse quadro são: sensação de ardor, dores locais, prurido intenso e leucorréia (aumento da secreção normal da mucosa vaginal, caracterizado por abundante corrimento de cor esbranquiçada). Uretrite: inflamação da uretra. 2-HABITAT O T. vaginalis habita o trato geniturinário do homem e da mulher, onde produz a infecção e, usualmente, não sobrevive fora do sistema urogenital. pág. 13 Na mulher, o T. vaginalis infecta principalmente o epitélio escamoso do trato genital. No homem, o agente pode infectar o prepúcio, a uretra e a próstata. 3-FORMAS EVOLUTIVAS O T. vaginalis só ocorre na forma de trofozoítos. A célula é tipicamente elipsóide, piriforme ou oval, quando observada em preparações fixadas e coradas. Possui quatro flagelos anteriores, desiguais em tamanho, e uma membrana ondulante que se adere ao corpo pela costa. O núcleo é elipsóide, próximo à extremidadeanterior. Possui tamanho e forma variáveis, medindo, em média, 10 e 7 µm de comprimento e largura, respectivamente. Os flagelos e a membrana ondulante conferem ao parasita uma motilidade característica. Os trofozoítos se reproduzem por divisão binária longitudinal. 4- TRANSMISSÃO O T. vaginalis é transmitido através da relação sexual e pode sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio do homem sadio após o coito com mulher infectada. pág. 14 Transmissão não-sexual teoricamente pode ocorrer em casos de duchas contaminadas, espéculos ou assentos de vasos sanitários, segundo alguns autores. O parasita, na forma de trofozoítos, é suscetível à dessecação e às altas temperaturas, mas pode viver fora de seu habitat por algumas horas, sob altas condições de umidade (3 horas na urina coletada e 6 horas no sêmen ejaculado). Na recém-nascida, a tricomoníase pode ocorrer durante a passagem pelo canal do parto, em consequência da infecção materna, uma vez que na ocasião do parto, o epitélio escamoso da vagina da recém- nascida sofre ação de estrógenos maternos e pode permitir a colonização do parasita. 5- CICLO EVOLUTIVO CICLO EVOLUTIVO DO T. VAGINALIS Parasitologia – Prof. Júnior O ciclo tem início a partir do ato sexual praticado sem os devidos cuidados, envolvendo um dos parceiros infectados com os trofozoítos. Estes, serão transmitidos pelas secreções genitais e irão colonizar o trato genital baixo, na mulher, ou a uretra e a próstata no homem, onde irão se reproduzir por divisão binária longitudinal, dando continuidade ao ciclo do parasita na natureza. 6- PERÍODO DE INCUBAÇÃO Varia de 4-28 dias em cerca de 50% dos indivíduos infectados. pág. 15 7- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Na mulher A tricomoníase apresenta grande variabilidade de manifestações patológicas, desde a apresentação assintomática até um estado de grave inflamação (vaginite). Mulheres com vaginite aguda causada por T. vaginalis frequentemente têm corrimento cujo aspecto clássico se caracteriza por secreção amarela, abundante, espumosa e mucopurulenta. Há também odor vaginal anormal e prurido vulvar. A dor abdominal também é um achado freqüente. Vaginite provocada por T.vaginalis pág. 16 Aspecto do corrimento observado na vaginite por T.vaginalis No homem A tricomoníase em homens pode ser classificada em três grupos: estado assintomático; estado agudo, caracterizado por uretrite purulenta abundante; e doença assintomática leve, clinicamente indistinguível de outras causas de uretrite. No estado sintomático há escasso corrimento, disúria, prurido, ulceração peniana e sensação de queimação imediatamente após a relação sexual. 8- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico da tricomoníase não pode ser baseado apenas na apresentação clínica. A investigação laboratorial é necessária e essencial para o diagnóstico, uma vez que leva ao tratamento apropriado e facilita o controle da propagação da infecção. O diagnóstico laboratorial é feito com amostras vaginal e cervical, sêmen, urina, esfregaços uretrais, secreção prostática e material subprepucial, os quais serão submetidos ao exame direto a fresco e preparações coradas. O método de cultura é o padrão-ouro para o diagnóstico. 9- TRATAMENTO Os fármacos mais utilizados contra as infecções pelo T. vaginalis são metronidazol, tinidazol, ornidazol, nimorazol, carnidazol, secnidazol e flunidazol. 10- PROFILAXIA pág. 17 Preconizam-se estratégias de prevenção às DSTs, tais como: a) prática de sexo seguro, a qual inclui a escolha sexual mais adequada para reduzir o risco de contaminação e uso de preservativos, abstinência de contatos sexuais com pessoas infectadas, b) tratamento imediato e eficaz, tanto para os casos sintomáticos como para os assintomáticos, ou seja, tratamento do casal, mesmo que a doença tenha sido diagnosticada em apenas um dos cônjuges. BIBLIOGRAFIA 1- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 2- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 3- www.antonini.med.br - site visualizado em 23/11/2009. 4- www.biof.ufrj.br/proto/gltrofozoito.jpg - site visualizado em 23/11/2009. 5- www.dpd.cdc.gov/dpdx - site visualizado em 23/11/2009. 6- WWW.jornallivre.com.br - site visualizado em 23/11/2009. http://www.antonini.med.br/ http://www.biof.ufrj.br/proto/gltrofozoito.jpg http://www.dpd.cdc.gov/dpdx http://www.jornallivre.com.br/ pág. 18 AULA 5 GIARDÍASE OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à infecção pela Giardia lamblia. 1-AGENTE ETIOLÓGICO A Giardia lamblia (Anton van Leeuwenhoek, 1681) é o protozoário intestinal responsável pela giardíase, amplamente distribuída pelo mundo, sendo mais comum em crianças. Na maioria dos estados do Brasil sua prevalência supera os 20% entre os pré-escolares e escolares. Também denominada Giardia duodenalis e Giardia intestinalis, é um parasita monoxênico, cujo hospedeiro definitivo é o homem. 2-HABITAT Localiza-se principalmente no intestino delgado (duodeno e jejuno), mas pode ser encontrada em outros segmentos do intestino. 3-FORMAS EVOLUTIVAS A Giardia lamblia alterna-se sob duas formas: cistos e trofozoítos. Os cistos, excretados nas fezes, correspondem à forma infecciosa e resistente às adversidades do meio ambiente (sobrevivem na superfície da água por aproximadamente dois meses), podendo ser ingeridos através de água ou alimentos contaminados. No duodeno transformam- se em trofozoítos, onde se multiplicam (divisão binária longitudinal) e se fixam à mucosa (através do disco suctorial), ou podem ficar livres na luz proximal do intestino delgado, sendo, então, eliminados pelas fezes . Tanto os cistos como os trofozoítos podem ser encontrados nas fezes de um indivíduo infectado. Cistos estão presentes em fezes não- diarréicas e trofozoítos em fezes diarréicas. pág. 19 pág. 20 Disco Suctorial Núcleo Axóstilo Flagelo (Adaptado de WWW.saaemachado.mg.gov.br) 4-TRANSMISSÃO A Giardia lamblia é transmitida ao homem pela ingestão de água e alimentos contaminados com material fecal contendo os cistos do parasita. A transmissão direta, de pessoa-a-pessoa, ocorre pela transferência dos cistos presentes nas fezes de um indivíduo infectado, através do mecanismo mão-boca. Também é possível a transmissão dos cistos por fômites e por vetores mecânicos. 5-CICLO EVOLUTIVO Representação Esquemática da Morfologia de Trofozoíto de Giardia lamblia pág. 21 A infecção tem início quando um indivíduo ingere água ou alimentos contaminados com cistos (1,2). No intestino delgado (3), os cistos se transformam em trofozoítos, através de um mecanismo conhecido como desencistamento (cada cisto produz dois trofozoítos). Os trofozoítos se multiplicam por divisão binária longitudinal e permanecem aderidos à mucosa, ou podem ficar livres na luz proximal do intestino delgado, sendo, então, eliminados pelas fezes. Os trofozoítos se transformam em cistos durante o trânsito do bolo fecal em direção ao cólon (4), se o indivíduo não estiver com iarreic. Os cistos, no meio ambiente (5), irão contaminar água e alimentos, dando continuidade ao ciclo do parasita. Em caso de crises iarreicas, o trofozoíto é eliminado tal qual ele é (5), sem ter tido tempo para se transformar em cisto, visto que em fezes líquidas, o trânsito do bolo fecal é rápido. No entanto, no meio ambiente, esse trofozoíto não sobrevive mais do que trinta minutos, por ser uma forma extremamente sensível às condições desfavoráveis do meio ambiente. 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO Varia de 5 a 6 dias. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O espectro de manifestações variadesde quadros assintomáticos a diarréia grave e má absorção de vitaminas (A, D, E, K, B12), e gorduras. Os sintomas agudos estão caracterizados por dores abdominais, náuseas, vômitos, flatulência, diarréias transitórias e tenesmos. Nas infecções crônicas, observam-se a diarréia persistente, com evidência de má absorção, esteatorréia e perda de peso. 8-DIAGNÓSTICO LABORATORIAL É obtido pela demonstração do flagelado nas fezes – exame parasitológico de fezes (EPF) ou no líquido duodenal. Nas fezes diarréicas e no líquido duodenal, o parasita é visto na forma de trofozoítos. Nas fezes não-diarréicas são vistos os cistos. 9-TRATAMENTO Para o tratamento da giardíase, a droga de escolha é o metronidazol. pág. 22 10- PROFILAXIA Recomenda-se higiene pessoal, proteção dos alimentos contra moscas, baratas e formigas, lavar e descontaminar alimentos crus, tratamento e fervura da água, tratamento dos doentes e saneamento básico. BIBLIOGRAFIA 1- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 2- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 3-www.biof.ufrj.br/proto/gltrofozoito.jpg - site visualizado em 23/11/2009. 4- WWW.fcfrp.usp.br - site visualizado em 23/11/2009. 5- WWW.saaemachado.mg.gov.br - site visualizado em 23/11/2009. http://www.biof.ufrj.br/proto/gltrofozoito.jpg http://www.fcfrp.usp.br/ http://www.saaemachado.mg.gov.br/ pág. 23 AULA 6 AMEBÍASE OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à infecção pela Entamoeba histolytica (E. histolytica). 1-AGENTE ETIOLÓGICO O protozoário E. histolytica (Schaudinn, 1903) é o agente etiológico da amebíase. Trata-se de um parasita monoxênico, tendo o homem como o seu hospedeiro definitivo. Pesquisas na década de 80 comprovaram a existência de duas espécies distintas, porém morfologicamente idênticas: E. histolytica, patogênica e invasiva, predomina nas regiões de clima tropical e é responsável por 10% dos 500 milhões de pessoas infectadas por ameba no mundo; e Entamoeba dispar (Brumpt, 1925), de baixa virulência e não-invasiva, responsável por 90% dos casos de amebíase no mundo, principalmente as formas assintomáticas e a colite não-disentérica. 2-HABITAT A E. histolytica, na forma de trofozoítos, normalmente vive na luz do intestino grosso, podendo, ocasionalmente, penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, pulmões, rins e, mais raramente, no cérebro. 3-FORMAS EVOLUTIVAS O ciclo vital da E. histolytica inclui as seguintes formas evolutivas: os metacistos (formas pequenas, uninucleadas, que se originam a partir dos cistos e crescem na luz intestinal), os trofozoítos, os pré-cistos (formas que se originam a partir de trofozoítos presentes no bolo fecal, que diminuem de tamanho, deixam de emitir pseudópodes e reduzem sua atividade, para posteriormente formarem os cistos) e os cistos. Os trofozoítos são as formas que se multiplicam por divisão binária longitudinal e originam os cistos, formas de resistência (sobrevivem no meio ambiente por dias a semanas), dotadas de poder infectante, observadas em fezes não-diarréicas. Os trofozoítos aparecem somente pág. 24 em fezes diarréicas e não sobrevivem às condições adversas do meio ambiente. pág. 25 4-TRANSMISSÃO Ocorre pela ingestão de cistos, presentes em água e alimentos contaminados. É possível, também, a transmissão a partir de vetores mecânicos e mãos. 5-CICLO EVOLUTIVO O ciclo evolutivo da E. histolytica ocorre pela ingestão de cistos presentes em água ou alimentos contaminados. O desencistamento se pág. 26 dá no intestino delgado, com a liberação dos trofozoítos. Estes, migram para o intestino grosso e se multiplicam por fissão binária, produzindo cistos, que serão liberados pelas fezes não diarréicas. No meio ambiente, os cistos podem permanecer viáveis por dias a semanas, sendo os responsáveis pela transmissão. Os trofozoítos também podem aparecer em fezes diarréicas, mas são rapidamente inviabilizados pelas condições desfavoráveis que encontram no meio ambiente. Em muitos casos (infecções não-invasivas), os trofozoítos podem permanecer confinados na luz intestinal de indivíduos assintomáticos, sendo eliminados pelas fezes na forma de cistos. Em alguns pacientes, os trofozoítos invadem a mucosa intestinal (secretam enzimas capazes de romper tecido íntegro), podendo causar lesões intestinais importantes, caracterizando a amebíase intestinal. Podem, também, transpassar a mucosa e, pela corrente sanguínea, serem levados a outros tecidos como fígado, pulmões e sistema nervoso central. Este quadro caracteriza a amebíase extra-intestinal. 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO Varia consideravelmente, em função da quantidade de material infectante ingerido pelo paciente e das condições de seu aparelho digestivo, tendo sido registrados casos com sete dias, até os de 70, 80 e 95 dias. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 7.1 Amebíase intestinal invasiva Apresenta-se sob quatro formas clínicas de evolução aguda: a) Disenteria amebiana ou diarréia sanguinolenta (90% dos casos) – é acompanhada de cólicas e tenesmos, com 3 a 5 evacuações diárias. b) Colite fulminante – caracterizada por 30 ou mais evacuações diárias, com cólicas e tenesmos. c) Apendicite amebiana – com os mesmos sinais e sintomas da apendicite bacteriana, distinguindo-se pela presença de sangue em evacuações diarréicas. d) Ameboma do cólon – lesões pseudotumorais, resultantes de necrose, infiltração e edema da mucosa e submucosa do cólon. pág. 27 7.2 Amebíase extra-intestinal Ocorre quando outros órgãos são secundariamente infectados pela E. histolytica. a) Fígado – é atingido por disseminação sistêmica das formas invasivas, causando o abscesso amebiano no fígado, ou necrose amebiana de fígado. b) Pulmões – as lesões pulmonares também apresentam aspecto necrótico e podem ser múltiplas. c) Cérebro – acometido em casos raros e graves, podendo, também, apresentar focos necróticos. d) Pele – acometida eventualmente, principalmente na região perianal. 8-DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial da amebíase intestinal tradicionalmente se baseia no encontro de elementos parasitários (cistos ou trofozoítos) em amostras de fezes examinadas ao microscópio. 9-TRATAMENTO 9.1 Amebíase intestinal invasiva Derivados imidazólicos: metronidazol, tinidazol, ornidazol e nimorazol. 9.2. Amebíase extra-intestinal Metronidazol 10-PROFILAXIA Está intimamente ligada à medidas de engenharia e educação sanitárias, tais como: exame freqüente de manipuladores de alimentos para a detecção e tratamento de algum possível portador assintomático, proteger os alimentos de moscas, baratas e formigas, lavar bem e descontaminar alimentos crus e tratar os doentes. BIBLIOGRAFIA 1- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 2- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 3- www.dpd.cdc.gov/dpdx - site visualizado em 23/11/2009. 4- WWW.iped.com.br - site visualizado em 23/11/2009. http://www.dpd.cdc.gov/dpdx http://www.iped.com.br/ pág. 28 AULA 7 DOENÇA DE CHAGAS OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à infecção pelo Trypanosoma cruzi. 1-AGENTE ETIOLÓGICO A doença de Chagas, ou tripanossomíase americana, é uma parasitose sistêmica, causada por um protozoário flagelado da família Trypanosomatidae, o qual foi descrito por Carlos Chagas, em 1909, como Trypanosoma cruzi (T. cruzi). O T. cruzi é um parasita heteroxênico que circula entre o homem, animais silvestres e domésticos, os quais representam seus hospedeiros definitivos, e insetos triatomíneos,que cumprem o papel de seus hospedeiros intermediários e vetores biológicos. Essa enfermidade, que se caracteriza por ser uma zoonose, afeta cerca de 17 milhões de indivíduos, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde. No Brasil, estimam-se em cerca de 6 milhões de pessoas infectadas, com uma população de risco em torno de 20 milhões de habitantes. Os animais silvestres detectados com infecção natural pelo T. cruzi representam um número considerável. Podemos encontrar espécies de marsupiais (gambá), desdentados (tatus), quirópteros (morcegos), roedores, leporídeos, carnívoros e primatas. Os marsupiais parecem ser os reservatórios mais importantes. Os mamíferos domésticos com tripanossomíase ocorrem como conseqüência de algumas espécies de triatomíneos ao habitat humano. Esses mamíferos estão representados principalmente pelos cães e gatos. Os triatomíneos são insetos hemípteros grandes, medindo de 1 a 4 cm de comprimento. As espécies de importância epidemiológica são pág. 29 hematófagas e estão representadas pelo Triatoma, Panstrongylus e Rhodnius. Esses insetos têm hábitos noturnos. Durante o dia, mantêm- se escondidos e, à noite, saem para se alimentar. Durante o ato de se alimentarem, ou ao término do repasto sanguíneo, costumam defecar sobre a pele do indivíduo. Esse fato é crítico para a transmissão da doença de Chagas ao homem, visto que as formas infectantes do T. cruzi (tripomastigotas metacíclicos) são eliminadas exclusivamente pelas fezes do inseto. Em zonas rurais, existem espécies de triatomíneos que se adaptaram a certos tipos de casas existentes, como as casas de taipa, cobertas de palha.Popularmente, o triatomíneo recebe o nome de “barbeiro”. Triatomíneo Casa de taipa pág. 30 2-HABITAT O T. cruzi pode tanto estar presente no sangue periférico do homem,como também, no interior de células de diversos tecidos. 3-FORMAS EVOLUTIVAS No sangue dos hospedeiros vertebrados, o T. cruzi se apresenta sob a forma tripomastigota e, nos tecidos, como amastigotas. Nos invertebrados (insetos vetores), ocorre um ciclo com a transformação dos tripomastigotas sangüíneos em epimastigotas, que depois se diferenciam em tripomastigotas metacíclicos, que são as formas infectantes acumuladas nas fezes do inseto. Os tripomastigotas são formas flageladas, bastante ágeis, que nadam no sangue de hospedeiros vertebrados. Medem em média 20 µm de comprimento por 2 µm de largura. Não se reproduzem no sangue e são altamente infectantes para os triatomíneos. Formas tripomastigotas no sangue Os amastigotas são formas intracelulares desprovidas de flagelos, ovóides, que medem apenas 4 µm no maior diâmetro. Fisiologicamente, a característica mais importante dos amastigotas é sua capacidade de multiplicação. Mediante divisão binária simples, que se repete a cada 12 horas, o amastigota produz um número crescente de elementos filhos semelhantes, que, pouco a pouco, vão consumindo o citoplasma da célula parasitada, até sofrerem nova transformação: agora no sentido pág. 31 amastigota tripomastigota, algumas horas antes de romperem a célula hospedeira. Formas amastigotas no tecido Os epimastigotas são formas flageladas presentes no intestino do hemíptero e se originam a partir dos tripomastigotas ingeridos com o sangue. Multiplicam-se ativamente por divisão binária longitudinal. Epimastigotas no intestino do triatomíneo Os tripomastigotas metacíclicos se originam a partir de transformações sofridas pelos epimastigotas, no reto do triatomíneo. Recebem esta denominação por serem as formas finais do ciclo no inseto. Medem cerca de 17 µm de comprimento, sendo finos e muito ativos. Eles são expulsos com as dejeções do triatomíneo, eventualmente durante um repasto sanguíneo. Só conseguem evoluir se penetrarem em um hospedeiro vertebrado. Isso é possível, pois possuem capacidade invasiva para atravessar as mucosas ou a conjuntiva e para penetrar nas células dos vertebrados, transformando-se, de novo, em amastigotas. pág. 32 4-TRANSMISSÃO A via de transmissão natural ou primária é a vetorial, que se dá através das fezes dos triatomíneos contendo as formas tripomastigotas metacíclicos. A transmissão transfusional ganhou grande importância em virtude da migração de indivíduos infectados para áreas urbanas com ineficiente sistema de controle das transfusões de sangue. Transmissão congênita ocorre, mas muito dos conceptos têm morte prematura. Nos últimos anos, tem ganhado importância a transmissão pela via oral, envolvendo a ingestão de alimentos como o açaí e o caldo de cana, processados sem as devidas condições de higiene, juntamente com triatomíneos contaminados. 5-CICLO EVOLUTIVO Ciclo Evolutivo do T. cruzi Com a penetração de tripomastigotas metacíclicos na pele ou mucosas do hospedeiro vertebrado, estes conseguem invadir uma grande variedade de células, onde irão se diferenciar em amastigotas. Os amastigotas, no interior da célula infectada, irão novamente se diferenciar em tripomastigotas, os quais rompem as células parasitadas, chegam ao sangue podendo ser ingeridos por outro triatomíneo, ou vão parasitar células vizinhas. 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO pág. 33 De 5 a 14 dias após a picada do vetor, quando existe sintomatologia. Por transfusão, o período é mais longo, de 30 a 40 dias. As formas crônicas se manifestam mais de dez anos após a infecção inicial. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A doença de Chagas Doença se manifesta sob várias formas: aguda, indeterminada e crônica. Fase aguda: quando aparente, é caracterizada por uma miocardite, na maioria das vezes só traduzível eletrocardiograficamente. As manifestações gerais são de febre (pouco elevada), mal-estar geral, cefaléia, astenia, edema, hipertrofia de linfonodos, hepato- esplenomegalia, meningoencefalite (rara). Pode apresentar sinal de porta de entrada aparente: Sinal de Romaña ou Chagoma de Inoculação. Passada a fase aguda aparente ou inaparente, o indivíduo permanece na forma indeterminada: infecção assintomática, que pode nunca se evidenciar clinicamente ou se manifestar anos ou décadas mais tarde da infecção inicial. Astenia: enfraquecimento geral do organismo, causado por vários fatores. Hepatoesplenomegalia: termo genérico que indica aumento do volume do fígado e do baço. Sinal de Romaña: edema bipalpebral unilateral, resultante de resposta inflamatória local devido à penetração de tripomastigotas metacíclicos na conjuntiva e adjacências. Perdura por algumas semanas. Sinal de romaña As Formas crônicas com expressão clínica podem ser: pág. 34 a) Cardíaca - que é a mais importante forma de limitação ao doente chagásico e a principal causa de morte. Pode apresentar-se sem sintomatologia, mas com alterações eletrocardiográficas, ou ainda como síndrome de insuficiência cardíaca progressiva, insuficiência cardíaca fulminante, ou com arritmias graves e morte súbita. Seus sinais e sintomas são: palpitação, dispnéia, edema, dor precordial, dispnéia paroxística noturna, tosse, tonturas, desmaios, acidentes embólicos, extrassistolias, desdobramento de segunda bulha, sopro sistólico, dentre outros. O Rx de tórax revela cardiomegalia. (A) Cardiomegalia chagásica (B) Coração sadio b) Digestiva - alterações ao longo do trato digestivo, ocasionadas por lesões dos plexos nervosos (destruição neuronal simpática), com conseqüentes alterações da motilidade e morfologia, sendo o megaesôfago e o megacólon as manifestações mais comuns. No megaesôfago, observa-se disfagia (sintoma mais freqüente e dominante), regurgitação, epigastralgia ou dor retroesternal, odinofagia, soluço, ptialismo, emagrecimento (podendo chegar a caquexia), hipertrofia das parótidas. No megacólon: constipação intestinal (instalação lenta e insidiosa),meteorismo, distensão abdominal, fecaloma. As alterações radiológicas são importantes no diagnóstico da forma digestiva; pág. 35 Megaesôfago e megacólon Disfagia: dificuldade na deglutição. Epigastralgia: dor na região epigástrica. Odinofagia: dor à deglutição. Ptialismo: excesso de salivação. Caquexia: estado de desnutrição profunda e progressiva Meteorismo: formação anormal de gases no intestino. Fecaloma: massa compacta de matéria fecal, de consistência dura, que se forma nos casos de prisão de ventre prolongada. b) Forma mista – quando o paciente associa a forma cardíaca com a digestiva, podendo apresentar mais de um mega; d) Formas nervosas e de outros megas - são aventadas, mas não parecem ser manifestações importantes da doença; e) Forma congênita - os sinais clínicos são a hepatomegalia e esplenomegalia, presentes em todos os casos, icterícia, equimoses e convulsões decorrentes da hipoglicemia. Não há relato de ocorrência de febre. Equimose: infiltração de sangue extravasado no tecido subcutâneo pág. 36 8-DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Além do diagnóstico clínico-epidemiológico, o diagnóstico laboratorial envolve exames específicos, os quais podem ser parasitológicos, para identificação do T. cruzi no sangue periférico: pelo método de Strout, exame a fresco, gota espessa, esfregaço corado, creme leucocitário, xenodiagnóstico; ou sorológicos, para a detecção de anticorpos específicos anti-T. cruzi: hemaglutinação indireta, imunofluorescência, ELISA. 9-TRATAMENTO Depende das formas da doença: se for congênita ou aguda (transmissão vetorial ou por transfusão), o tratamento específico e efetivo pode ser feito com o benzonidazol. Nos demais casos, o tratamento é sintomático. 10-PROFILAXIA Melhoria ou substituição das habitações que propiciam a domiciliação dos triatomíneos, controle químico do vetor (uso regular e sistemático de inseticidas de poder residual intra e peridomiciliar), fiscalização do controle da qualidade do sangue transfundido, o que é feito pela triagem sorológica dos doadores e correta higienização e/ou pasteurização de alimentos como o açaí e o caldo de cana. BIBLIOGRAFIA 1- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 2- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 3- www.cienciaviva.org.br - site visualizado em 23/11/2009. 4-www.dpd.cdc.gov/dpdx - site visualizado em 23/11/2009. 5- WWW.parasitologia.com - site visualizado em 23/11/2009. 6- WWW.pathmicro.med.sc.edu/parasitology - site visualizado em 23/11/2009. 7- WWW.relampa.org.br - site visualizado em 23/11/2009. 8- www.vetmed.ucdavis.edu - site visualizado em 23/11/2009. http://www.cienciaviva.org.br/ http://www.dpd.cdc.gov/dpdx http://www.parasitologia.com/ http://www.pathmicro.med.sc.edu/parasitology http://www.relampa.org.br/ http://www.vetmed.ucdavis.edu/ pág. 37 AULA 8 LEISHMANIOSES OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à infecção pelas Leishmania spp. 1-AGENTES ETIOLÓGICOS As leishmanioses compreendem um grupo de enfermidades zoonóticas causadas por espécies diferentes de um mesmo gênero, o gênero Leishmania. Esse gênero de protozoários pertence à família Trypanosomatidae, a mesma do T. cruzi, causador da doença de Chagas. Especialistas distinguem cerca de 18 espécies de leishmania em função do tipo de lesão que causam e de algumas características imunológicas e moleculares. Esses parasitas heteroxênicos têm como reservatórios certos animais silvestres e domésticos e, em certas circunstâncias, o homem, os quais representam os hospedeiros definitivos. Os hospedeiros intermediários e vetores biológicos são as fêmeas de flebotomíneos, insetos pequenos, dípteros pertencentes aos gêneros Lutzomyia e Phlebotomus. Os principais reservatórios silvestres das leishmanias estão representados pelo gambá, bicho preguiça, rato do mato e raposa. O principal reservatório doméstico das leishmanias é o cão. O cão é o principal reservatório urbano de leishmanias pág. 38 Os flebotomíneos são insetos pequenos, de 2 a 3 mm de comprimento e de hábitos noturnos. Somente a fêmea é hematófaga. Possuem um corpo bastante piloso, cor de palha ou castanho-clara, razão pela qual são popularmante chamados de “mosquito-palha”. Fêmea do flebotomíneo, ingurgitada 2-HABITAT Seja qual for a espécie de leishmania, elas vivem e se proliferam em macrófagos e monócitos de vários tecidos, no chamado sistema mononuclear fagocitário (SMF). 3-FORMAS EVOLUTIVAS No hospedeiro invertebrado, em seu aparelho digestivo, ocorrem as formas promastigotas. Em vertebrados, no interior de macrófagos, são encontradas as formas amastigotas. As formas promastigotas são alongadas e dotadas de flagelos. Alcançam dimensões entre 14 e 20µm de comprimento. Multiplicam-se por divisão binária longitudinal. Formas promastigotas pág. 39 No interior de macrófagos, os amastigotas são pequenos, com morfologia levemente achatada. Não possuem flagelo e se reproduzem por divisão binária simples. Formas amastigotas 4-TRANSMISSÃO As leishmanias são transmitidas entre animais silvestres e domésticos, ou de animais silvestres e domésticos para o homem por meio da picada do flebotomíneo fêmea, o qual irá inocular as formas promastigotas ao se alimentar . 5-CICLO EVOLUTIVO Quando o vetor pica um reservatório infectado, ingere junto com o sangue as formas amastigotas. Estes, irão se transformar em promastigotas no intestino médio do inseto, onde se multiplicam rapidamente por fissão binária longitudinal e logo migram para a probóscide do flebotomíneo, localizando-se ao redor da válvula esofagiana. Da probóscide, os promastigotas são inoculados em outro animal ou no homem, quando o inseto se alimentar de novo. pág. 40 Ciclo Evolutivo das Leishmania spp 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO Varia de acordo com a apresentação clínica: na Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), o período de incubação da doença no homem é, em média, de 2 meses, podendo apresentar períodos mais curtos (duas semanas) e mais longos (2 anos); na Leishmaniose Visceral (LV), o período de incubação é de 3 a 18 meses. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 7.1 LTA A LTA, também conhecida como leishmaniose mucocutânea, úlcera de Bauru e ferida braba, produz um amplo espectro de lesões, as quais incluem: a) Forma cutânea, definida pela presença de lesões únicas ou múltiplas, exclusivamente na pele, que se iniciam no ponto de inoculação dos promastigotas, através da picada do vetor. Está associada à Leishmania braziliensis, Leishmania guyanensis, pág. 41 Leishmania amazonensis e Leishmania alisoni. Na maioria das vezes, a doença apresenta-se como uma lesão ulcerada única, caracterizada por ulcerações com bordas elevadas, enduradas e fundo granuloso, com ou sem exsudação. Em geral, essas lesões são indolores. A forma cutânea pode ter decurso abortivo ou assumir caráter tórpido, para terminar em regressão espontânea. Na maioria dos casos, a infecção progride e, após um período de latência clínica de vários meses de duração, surgem as lesões cutâneas e/ou mucosas conseqüentes à disseminação hematogênica e/ou linfática do parasita. Lesão de pele típica da forma cutânea de LTA b) Forma cutaneomucosa, também denominada espúndia, é condição de difícil tratamento e prognóstico reservado quanto à possibilidade de cura. Na maioria dos casos, ocorre em um intervalo de tempo variável após a instalação da lesão cutânea inicial. Os fatores que contribuem para que a doença inicialmente cutânea evolua para essa forma tardia não são totalmente conhecidos, mas sabe-se que a demora na cicatrização da lesão primária e tratamento inicial inadequado podem estar associados. O acometimento mucoso podesurgir com a lesão cutânea ainda em atividade, ou anos após a sua cicatrização. Na quase totalidade dos casos, a forma mucosa acomete a mucosa nasal, com importante comprometimento do septo, seguindo-se em ordem de freqüência o envolvimento da mucosa oral. Em ambos os casos, o risco de deformidades permanentes é considerável. A forma cutâneomucosa está associada à Leishmania braziliensis. pág. 42 Forma cutâneo mucosa em estágio avançado c) Forma cutânea difusa, uma forma rara, relaciona-se a uma deficiência imunológica do paciente (comprometimento da imunidade celular, levando-o a um estado anérgico frente à infecção estabelecida). Caracteriza-se por lesões papulosas ou nodulares, deformantes e muito graves, que via de regra não cicatrizam e se distribuem amplamente na superfície corporal, simulando quadro de hanseníase virchowiana. Evolui mal por não responder adequadamente à terapêutica. Esta forma clínica, no Brasil, é provocada pela Leishmania amazonensis e resulta de metástases do parasita de um sítio para outro através de vasos linfáticos ou migração de macrófagos parasitados. pág. 43 Forma cutânea difusa de LTA 7.2 LV Também conhecida como calazar, caracteriza-se pelo parasitismo intenso e disseminado das células do SMF, maciça hepatoesplenomegalia e imunossupressão. É causada pela Leishmania chagasi. Acomete crianças da faixa etária de 1 a 4 anos, sendo considerada uma doença espectral, cujas apresentações clínicas variam de formas assintomáticas até o quadro clássico da doença, caracterizado pela presença de febre, anemia, manifestações hemorrágicas, linfadenopatia, perda de peso, taquicardia e, menos frequentemente, tosse seca e diarréia. Os sinais e sintomas de desnutrição se desenvolvem com a progressão da doença, incluindo edema periférico, queda de cabelos e alterações de pele e unhas. 8-DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Para a LTA, procede-se à pesquisa do parasita a partir de material obtido por raspagem das lesões. Para a LV, a pesquisa do parasita é feita em material obtido por aspirado de medula óssea. pág. 44 9-TRATAMENTO O tratamento da LTA e da LV é feito com antimoniais pentavalentes. 10-PROFILAXIA Tratamento de todos os casos humanos, eliminação dos cães infectados, uma vez que os mesmos não respondem ao tratamento com os antimoniais pentavalentes, e combate ao vetor. BIBLIOGRAFIA 1- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 2- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 3- www.cdc.gov – site visualizado em 23/11/2009 4- www.ensp.fiocruz.br - site visualizado em 23/11/2009 5- www.parasitoliga.com- site visualizado em 23/11/2009 6- www.praticahospitalar.com.br- site visualizado em 23/11/2009 http://www.cdc.gov/ http://www.parasitoliga.com-/ http://www.praticahospitalar.com.br-/ pág. 45 AULA 9 MALÁRIA OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à malária. 1-AGENTES ETIOLÓGICOS A malária é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por protozoários do gênero Plasmodium. Existem quatro espécies de plasmódios que parasitam o homem: Plasmodium falciparum (P.falciparum), Plasmodium vivax (P.vivax), Plasmodium ovale (P. ovale) e Plasmodium malariae (P. malariae). Os plasmódios têm como único hospedeiro vertebrado o homem (que representa seu hospedeiro intermediário) e como hospedeiros invertebrados, que atuam como vetores biológicos e hospedeiros definitivos do parasita, as fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. Somente as fêmeas do Anopheles são hematófagas e transmitem o parasita normalmente ao crepúsculo e à noite. São pequenos dípteros, medindo, em geral, menos de 1cm de comprimento. Possuem o corpo delgado e longas pernas, que lhe valeram em algumas regiões o nome de “pernilongos”. No Brasil, são conhecidos também por carapanã, muriçoca, mosquito-prego, ou simplesmente mosquito. pág. 46 Fêmea de Anopheles, exercendo o repasto sanguíneo sobre um hospedeiro A malária é uma enfermidade aguda, caracterizada por febre com padrão paroxístico, isto é, em forma de acessos, e intermitente. Em todo o mundo, a malária continua a ser um dos mais relevantes problemas de saúde pública e em nosso país também persiste como uma das principais questões, em especial na região Amazônica, que registra cerca de 90% dos casos e onde a transmissão da doença está diretamente relacionada às condições ambientais e socioculturais. Essa enfermidade, conhecida há séculos, é também conhecida como febre palustre, impaludismo, maleita e sezão. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que seu impacto sobre as populações humanas continua aumentando: ocorre em mais de 90 países, pondo em risco cerca de 40% da população mundial – estima-se que ocorram de 300 a 500 milhões de novos casos, com média de um milhão de mortes por ano. Representa, ainda, risco elevado para viajantes e migrantes, com casos importados em áreas não-endêmicas. 2-HABITAT Os plasmódios, no homem, cumprem uma etapa de seu desenvolvimento no fígado (hepatócitos), onde se reproduzem pág. 47 assexuadamente por esquizogonia, e, posteriormente, invadem as hemácias, dando início a um novo ciclo de reprodução esquizogônica. O ciclo de reprodução dos plasmódios nos hepatócitos é conhecido como ciclo pré-eritrocítico.Dura de 6 a 16 dias, dependendo da espécie de Plasmodium. A passagem do parasita pelo fígado não é patogênica e não determina sintomas. Esquizogonia: tipo de reprodução assexuada em que ocorre a divisão múltipla intracelular do núcleo; precede a divisão do citoplasma. O ciclo de reprodução dos plasmódios nas hemácias é chamado de ciclo eritrocítico. Repete-se a intervalos regulares e característicos para cada espécie de Plasmodium: 36 a 48 hs para P. falciparum, 48 horas para P. vivax e P. ovale ou 72 horas para P. malariae. Apenas o ciclo eritrocítico é responsável pelas manifestações clínicas e patologia da malária, uma vez que a periodicidade com que o mesmo se repete se relaciona diretamente com o ritmo das crises febris observado em cada forma de malária. 3-FORMAS EVOLUTIVAS a) No hospedeiro invertebrado: Esporozoítos – formas com poder infectante para o homem. Estão presentes nas glândulas salivares do inseto vetor e surgem após um processo de reprodução sexuada denominado esporogonia. Esporogonia: tipo de reprodução sexuada em que, após a fusão dos gametas e formação do zigoto, ocorre uma meiose seguida de mitose. b) No homem: Ciclo pré-eritrocítico Esquizontes tissulares – resultam da maturação de esporozoítos que penetraram nos hepstócitos. Merozoítos – são formas evolutivas que se originam a partir de esquizontes tissulares que se segmentam, ao final do ciclo pré- eritrocítico, sendo liberados na corrente sanguínea, onde irão invadir hemácias e darem início ao ciclo eritrocítico. Hipnozoítos – são estágios de desenvolvimento que também se originam a partir de esquizontes tissulares, ocorrendo, apenas, nas pág. 48 infecções por P.vivax e P.ovale, sendo os responsáveis pelos quadros de recaídas. Correspondem a estágios dormentes do parasita, que entram em atividade tardiamente. Ciclo eritrocítico Trofozoítos – alimentam-se de hemoglobina que, após ser metabolizada por essas formas evolutivas, converte-se em hemozoína ou pigmento malárico, o qual se acumula no citoplasma do eritrócito e será liberado no plasma ao término do ciclo eritrocítico, com a ruptura das hemácias. Posteriormente, o pigmento malárico é fagocitado por macrófagos do fígado, do baço e de outros órgãos. Esquizontes – apresentam as mesmas características dos trofozoítos, sendo originados a partir da diferenciação de trofozoítos. Merozoítos - apresentamas mesmas características dos merozoítos pré-eritrocíticos. Gametócitos – são formas sexuadas que ocorrem depois de algumas gerações de merozoítos. São necessários para completar o ciclo de vida do parasita no vetor. Apresentam, portanto, poder infectante para a fêmea do anofelino e serão os responsáveis pela formação do esporozoítos. As formas eritrocíticas dos plamódios têm várias implicações na prática clínica: de um lado, são as responsáveis por um variado e complexo espectro de sintomas e, por outro lado, sua presença nas hemácias permite o reconhecimento da espécie infectante e grau de gravidade da infecção. pág. 49 Formas eritrocíticas das diferentes espécies de Plasmodium 4-TRANSMISSÃO A transmissão natural da malária ao homem se dá quando fêmeas do anofelino, parasitadas com esporozoítos em suas glândulas salivares, inoculam essas formas infectantes durante o repasto sanguíneo. 5-CICLO EVOLUTIVO pág. 50 Ciclo Evolutivo dos plasmódios A fêmea do Anopheles, através da picada, inocula esporozoítos de plasmódios que por via sanguínea chegam ao fígado e penetram nos hepatócitos, iniciando o ciclo esquizogônico. Ali, amadurecem até esquizontes tissulares. Estes, se dividem e produzem uma grande quantidade de merozoítos, que são liberados na corrente sanguínea, onde invadirão hemácias; alguns esquizontes tissulares se transformam em hipnozoítos, no caso de P.vivax e P. ovale e serão os responsáveis pelas recaídas. A duração do ciclo pré-eritrocítico é de 6 a 15 dias, aproximadamente, dependendo da espécie. Na hemácia, os parasitas se transformam em trofozoítos e esquizontes, os quais produzirão uma maior quantidade de merozoítos que irão invadir novas hemácias. Este processo se repete várias vezes, até que seja inibido pela resposta imune do hospedeiro, ou por quimioterapia específica. Alguns parasitas, nas hemácias, se convertem em gametócitos. A fêmea do Anopheles pág. 51 adquire os gametócitos ao exercer o repasto sanguíneo sobre um indivíduo infectado. A partir dos gametócitos, o parasita irá passar por transformações no inseto, até que se formem os esporozoítos, os quais irão se concentrar em suas glândulas salivares para reinfectar um indivíduo suscetível e, assim, dar continuidade ao ciclo do parasita. 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO Varia de acordo com a espécie de plasmódio, sendo de 8 a 12 dias para P.falciparum, 13 a 17 para P.vivax e 28 a 30 dias para P. malariae. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Uma fase sintomática inicial, caracterizada por mal-estar, cefaléia, cansaço e mialgia geralmente precede a clássica febre da malária. O paroxismo febril na malária coincide com a ruptura das hemácias ao final da esquizogonia e é geralmente acompanhado de calafrio e sudorese. Esta fase dura de 15 minutos a 1 hora, sendo seguida por uma fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir 41°C ou mais. Após um período de duas a seis horas, ocorre defervescência da febre e o paciente apresenta sudorese profusa e fraqueza intensa. Depois de algumas horas, os sintomas desaparecem e o paciente se sente melhor, permanecendo um período afebril que varia de acordo com a espécie de plasmódio. Em geral, os acessos maláricos são acompanhados de intensa debilidade física, náuseas e vômitos. A anemia que se instala é decorrente da hemólise. A infecção por P. falciparum pode cursar com complicações como hemólise maciça, urina sanguinolenta, falência renal e danos cerebrais que podem ser fatais. 8-DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Demonstração das formas eritrocíticas no sangue periférico. 9-TRATAMENTO Cloroquina, quinino, pirimetamina, sulfadiazina, tetraciclina. 10-PROFILAXIA Combate ao vetor, uso de repelentes, telar portas e janelas, dormir com mosquiteiros, tratar os doentes. pág. 52 BIBLIOGRAFIA 1- Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 2- Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 3- www.cdc.gov – site visualizado em 24/11/2009. 4- WWW.cives.ufrj.br - site visualizado em 24/11/2009 5- WWW.portal.saude.gov.br - site visualizado em 24/11/2009. 6- www.rincondelvago.com - site visualizado em 24/11/2009. http://www.cdc.gov/ http://www.cives.ufrj.br/ http://www.portal.saude.gov.br/ http://www.rincondelvago.com/ pág. 53 AULA 10 TOXOPLASMOSE OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à toxoplasmose. 1-AGENTE ETIOLÓGICO A toxoplasmose é uma zoonose causada pelo Toxoplasma gondii (Splendore, 1908), um protozoário intracelular obrigatório, de distribuição universal, que infecta o homem e outros animais (mamíferos e aves), seus hospedeiros intermediários. Os felinos são os hospedeiros definitivos, sendo os gatos domésticos os de maior importância. 2-HABITAT O Toxoplasma gondii (T.gondii) se multiplica em qualquer célula nucleada do hospedeiro vertebrado. 3-FORMAS EVOLUTIVAS Esse parasita existe na natureza sob três formas evolutivas: os taquizoítos, os cistos teciduais e os oocistos. pág. 54 Taquizoítos são as formas móveis, de rápida multiplicação, que ocorrem na fase aguda da infecção dos hospedeiros intermediários. São também chamados de formas proliferativas ou trofozoítos, podendo ser observados em várias células, líquidos orgânicos e excreções. Os bradizoítos, também chamados de cistozoítos ou cistos teciduais, são formas de multiplicação lenta ou de repouso dentro do cisto e se desenvolvem durante a infecção crônica no hospedeiro intermediário. São encontrados em vários tecidos (musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina). A parede do cisto é resistente e elástica, isolando os bradizoítos da ação dos mecanismos imunológicos do hospedeiro. pág. 55 Oocisto de T. gondii Os oocistos são produzidos nas células intestinais de gatos domésticos não imunes. São formas extremamente resistentes às condições do meio ambiente, sendo eliminadas nas fezes do gato.Só se tornam infectantes após vários dias no meio ambiente (2 a 5 dias). 4-TRANSMISSÃO O homem adquire a infecção pelo T. gondii por quatro vias: a) Ingestão de oocistos do solo, areias, latas de lixo e em qualquer lugar que os gatos defecam em torno das casas e jardins, disseminando-se através de vetores mecânicos, água ou alimentos. b) Ingestão de cistos teciduais presentes em carnes cruas ou mal cozidas, especialmente do porco e carneiro. c) Infecção transplacentária ou congênita, decorrente de uma infecção toxoplásmica durante a gravidez. d) Ingestão de taquizoítos presentes no leite, saliva, esperma e perdigotos. Ocasionalmente a infecção se dá por transfusão sanguínea, acidentes de laboratório e transplantes de órgãos. 5-CICLO EVOLUTIVO pág. 56 Os gatos se contaminam com o parasita por serem animais carnívoros. Portanto, ao ingerirem carnes de animais contendo cistos teciduais do T. gondii, entram em contato com o parasita. A infecção humana ocorre após a ingestão de cistos teciduais contidos em carnes cruas ou malpassadas, ou de oocistos maduros presentes em alimentos ou água contaminada com fezes de gato, bem como pela passagem transplacentária do parasita do organismo da mãe, com infecção aguda, para o feto. 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO Consiste de 10 a 23 dias quando a infecção provém da ingestão de carne mal cozida; de 5 a 20 dias em uma infecção associada a gatos. pág. 57 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS a) Infecção Aguda em Indivíduos Imunocompetentes: Geralmente cursa de forma assintomática; Alguns indivíduos (10 a 20%) podem desenvolver linfadenopatia cervical e/ou sintomas semelhantes a um resfriado comum, que, no entanto, apresentam um curso benigno e auto-limitado; Toxoplasmose ocular, caracterizadapela retinocoroidite (lesões na retina), que pode resultar na perda parcial ou total da visão. b) Infecção Oportunista em pacientes Imunocomprometidos Provoca doença fulminante e resulta da recrudescência da infecção crônica e disseminação desta. Neste caso, o parasita apresenta uma predileção pelo sistema nervoso central, ambiente no qual se reativa, sendo a apresentação clínica mais comum a encefalite difusa. c) Toxoplasmose congênita Resulta da infecção primária aguda adquirida pela mulher, durante a gravidez. Pode produzir aborto espontâneo ou crianças apresentando malformações. 8- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Pode ser feito pela demonstração do parasita em exsudatos, no sangue e no líquor, ou pela detecção, no sangue, de anticorpos específicos contra o parasita. 9-TRATAMENTO É feito pela associação de sulfonamidas com pirimetamina. 10-PROFILAXIA Cocção adequada das carnes, lavar as mãos após manipular terra, areia e depois do contato com gatos, lavar e descontaminar alimentos crus, ferver o leite, filtrar e ferver a água, alimentar os gatos com ração, tratar os gatos que estão eliminando oocistos, tratar os indivíduos doentes. BIBLIOGRAFIA pág. 58 1- Leventhal, R.; Cheadle, R. Parasitologia Médica. Texto e Atlas. 4a. ed. – São Paulo. Editorial Premier, 2000. 2-Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 3-Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 4-www.biof.ufrj.br/proto/gltrofozoito.jpg - site visualizado em 23/11/2009. 5-www.cdc.gov – site visualizado em 24/11/2009. 6-www.novaarka.com.br/toxoplasmose.htm- site visualizado em 26/11/2009. 7- www.cve.saude.sp.gov.br - site visualizado em 29/11/2009. http://www.biof.ufrj.br/proto/gltrofozoito.jpg http://www.cdc.gov/ http://www.novaarka.com.br/toxoplasmose.htm pág. 59 AULA 11 TENÍASE OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à teníase. 1-AGENTES ETIOLÓGICOS A teníase é uma enfermidade provocada por duas espécies diferentes de cestódeos: a Taenia solium (T.solium) e a Taenia saginata (T.saginata). São parasitas heteroxênicos, tendo o homem como hospedeiro definitivo e o porco e o boi como hospedeiros intermediários, respectivamente da T.solium e T. saginata. As tênias adultas Os vermes adultos de T.solium e T.saginata, popularmente conhecidos como “solitárias”, apresentam, como características mais relevantes: pág. 60 a) Grande comprimento: a T.solium mede habitualmente 1,5 a 4 metros e a T. saginata 4 a 12 metros; b) Morfologia achatada e corpo segmentado; c) Cor geralmente branca; d) Corpo diferenciado em três regiões: escólex, destinado à fixação do verme na mucosa intestinal, apresenta quatro ventosas e é diferente em cada espécie de tênia, uma vez que somente a T. solium apresenta uma dupla coroa de acúleos inseridos em um rostro situado entre as ventosas; colo, que corresponde à porção mais delgada do corpo, logo em seguida ao escólex e representa a principal zona de crescimento do verme, uma vez que origina as proglotes jovens; estróbilo, que corresponde ao corpo do helminto, formado pela união de anéis ou proglotes. Cada proglote isoladamente constitui uma unidade reprodutora, hermafrodita. De acordo com o grau de maturação, as proglotes podem ser imaturas ou jovens, localizadas bem próximas ao escólex, as maduras, que se seguem às proglotes jovens e podem efetuar a cópula, e as grávidas, situadas mais longe do escólex, possuem o tubo uterino cheio de ovos. As proglotes grávidas costumam desprender-se espontaneamente do estróbilo, uma a uma ou em grupos, fenômeno esse denominado apólise. À medida que proglotes grávidas se destacam do corpo da tênia, novas proglotes serão produzidas pelo colo, de modo que a apólise não diminui o tamanho total do verme. Pelas proglotes grávidas é possível diferenciarmos as espécies de tênia, visto que os ovos são morfologicamente idênticos, quando observados ao microscópio. pág. 61 Proglote grávida de T. solium Proglote grávida de T. saginata pág. 62 Ovo de Taenia spp 2-HABITAT As tênias adultas vivem no intestino delgado humano. 3-FORMAS EVOLUTIVAS Verme adulto – no intestino delgado do homem; Ovos – eliminados pelas fezes ou passivamente, estão contidos nas proglotes grávidas, que, ao se romperem, os liberam para o meio ambiente . São as formas com poder infectante para o porco e para o boi. Dentro dos mesmos encontra-se um embrião, denominado oncosfera ou hexacanto, que dará origem à larva; Larvas – são chamadas de cisticerco ou “canjiquinha” e estão presentes nos tecidos do porco ou do boi. Apresentam poder infectante para o homem. Cisticerco na carne bovina pág. 63 4-TRANSMISSÃO O homem se infecta ao ingerir carnes suínas ou bovinas, consumidas cruas ou malpassadas e contaminadas com as respectivas larvas cisticercos. 5-CICLO EVOLUTIVO Ciclo evolutivo das tênias O ciclo evolutivo desses agentes parasitários se inicia quando o homem parasitado pelo verme adulto elimina com as fezes as proglotes grávidas que, no meio exterior, libertam os ovos. Esses ovos serão ingeridos pelo porco e pelo boi e, no intestino desses animais, liberam a forma embrionária contida dentro deles, denominada de oncosfera. A oncosfera invade a parede intestinal e migra para os músculos estriados desses hospedeiros, onde evolui para cisticerco. A infecção no homem se dá pela ingestão das carnes desses animais, consumidas cruas ou malpassadas, contendo as formas larvárias. 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO O período de incubação gira em torno de três meses. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS pág. 64 Os sintomas da teníase são variáveis de indivíduo para indivíduo e, no mesmo paciente, em diferentes ocasiões. De forma geral, podem ocorrer dor abdominal, náuseas, vômitos, diarréia intercalada com períodos de constipação, alterações do apetite, ora com sensação de fome, ora anorexia. 8-DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial é feito pela identificação de ovos ou proglotes nas fezes de um indivíduo parasitado. 9-TRATAMENTO As drogas mais recomendadas para o tratamento da teníase são a niclosamida e o praziquantel. 10-PROFILAXIA Saneamento básico, cocção adequada de carnes suínas e bovinas, tratamento dos doentes, cuidadosa inspeção de frigoríficos e abatedouros. BIBLIOGRAFIA 1- Leventhal, R.; Cheadle, R. Parasitologia Médica. Texto e Atlas. 4a. ed. – São Paulo. Editorial Premier, 2000. 2-Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 3-Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 4- WWW.blogger.com – site visualizado em 29/11/2009. 5-www.cdc.gov – site visualizado em 29/11/2009. 6-WWW.forum.unesp.br – site visualizado em 29/11/2009. 7- www.portalsaofrancisco.com.br – site visualizado em 29/11/2009. http://www.blogger.com/ http://www.cdc.gov/ http://www.forum.unesp.br/ http://www.portalsaofrancisco.com.br/ pág. 65 AULA 12 CISTICERCOSE HUMANA OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à cisticercose humana. 1-AGENTE ETIOLÓGICO A cisticercose humana é uma enfermidade produzida pela fase larvária da Taenia solium (T.solium) no homem. 2-HABITAT No caso da cisticercose humana, as larvas cisticercos podem ser encontradas no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho, mas é no sistema nervoso central que irá provocar uma importante reação hospedeiro-parasita com ativação dos mecanismos de defesa e desenvolvimento de resposta inflamatória, assumindo o caráter de doença grave, por suas manifestações, suas seqüelas ou pela alta mortalidade. 3-FORMAS EVOLUTIVAS Na cisticercosehumana, as formas evolutivas encontradas no indivíduo parasitado são as larvas cisticercos, adquiridas pela ingestão acidental de ovos de T. solium, que nesse caso, têm poder infectante para o homem, seu hospedeiro intermediário. 4-TRANSMISSÃO O homem pode entrar em contato com os ovos de T. solium através de três mecanismos: a) Heteroinfecção: quando ingere água ou alimentos contaminados com os ovos de T. solium de um portador de teníase por esse agente parasitário. b) Autoinfecção externa: quando ingere os ovos da sua própria tênia, presentes nas mãos, devido a maus hábitos higiênicos, principalmente a falta de lavar as mãos após a toalete anal. Nesse caso, o indivíduo já é portador de teníase e se contamina ao levar as mãos à boca, ou ao manipular um alimento. pág. 66 c) Autoinfecção interna: ocorre durante vômitos ou retroperistaltismo do intestino, que poderão fazer com que algumas proglotes grávidas ou ovos do portador de teníase cheguem ao estômago e aí sofrer a ação dos sucos digestivos, liberando a oncosfera. Esta, ao penetrar na mucosa intestinal, sofre disseminação hematogênica, alojando-se em diferentes tecidos dos vários órgãos do organismo. 5-CICLO EVOLUTIVO 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO O período de incubação da cisticercose pode variar de 1 a 35 dias, mas geralmente, o quadro clínico manifesta-se entre 2 a 5 anos pós-infecção. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Há um polimorfismo clínico, pois as manifestações são inespecíficas e variam de acordo com o local de infecção, com o número e características das lesões e com a intensidade da resposta imune do hospedeiro frente ao cisitcerco. No entanto, os sintomas de maior relevância ocorrem no sistema nervoso central, quadro conhecido como pág. 67 neurocisticercose, caracterizada por crises convulsivas, distúrbios mentais, cefaléias persistentes, náuseas, vômitos, tonturas e outros. 8-DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial da cisticercose humana pode ser feito pela detecção de anticorpos específicos contra a T. solium no líquido cefalorraquidiano, embora o diagnóstico de certeza seja feito por exames de imagem, capazes de demonstrar a localização dos cisticercos nos tecidos envolvidos. 9-TRATAMENTO Neurocirurgia, em casos de um pequeno número de larvas com localização favorável, ou com quimioterapia, feita com praziquantel ou albendazol. 10-PROFILAXIA Envolve essencialmente a prevenção e controle das teníases, devendo- se acrescentar a higiene pessoal, a filtragem e fervura da água e a descontaminação de frutas e verduras. BIBLIOGRAFIA 1- Leventhal, R.; Cheadle, R. Parasitologia Médica. Texto e Atlas. 4a. ed. – São Paulo. Editorial Premier, 2000. 2-Neves, D.P. et al. Parasitologia Humana. 10a. ed. – São Paulo. Atheneu, 2000. 3-Rey, L. Bases da Parasitologia Médica. 2a. ed. – Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 4- WWW.asumas.com.br – site visualizado em 29/11/2009. 5- www.cdc.gov – site visualizado em 29/11/2009. 6- WWW.cve.saude.sp.gov.br – site visualizado em 29/11/2009. http://www.asumas.com.br/ http://www.cdc.gov/ http://www.cve.saude.sp.gov.br/ pág. 68 AULA 13 ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA OBJETIVO DESTA AULA Mostrar ao aluno aspectos relevantes relacionados à infecção pelo Schistosoma mansoni. 1-AGENTE ETIOLÓGICO A esquistossomose mansônica ou intestinal, também conhecida como “barriga d’água”, mal de Pirajá da Silva, doença dos caramujos, xistose ou bilharziose, tem, por agente etiológico, o Schistosoma mansoni (S. mansoni), um helminto trematódeo. Trata-se de um parasita heteroxênico, que tem por hospedeiro definitivo o homem e, por hospedeiro intermediário, algumas espécies de moluscos de água doce, pertencentes à família Planorbidae, gênero Biomphalaria. Biomphalaria sp, vetor biológico do S. mansoni 2-HABITAT O parasita, em seu estágio adulto, vive no sistema porta do homem, ou seja, localiza-se nas vênulas mesentéricas inferior e superior, no plexo hemorroidário e mesmo na porção intra-hepática da veia porta. 3-FORMAS EVOLUTIVAS a) No hospedeiro definitivo (homem) Vermes adultos – machos e fêmeas. pág. 69 Os machos de S. mansoni medem cerca de 1cm e sua cor é branca, apresentando um tegumento (revestimento externo do verme) recoberto de minúsculas projeções denominadas tubérculos. Em seu corpo, existe uma estrutura denominada canal ginecóforo, que corresponde a dobras das laterais do corpo no sentido longitudinal e se destina a albergar a fêmea e fecundá-la. As fêmeas do verme são mais delgadas e maiores do que os machos (medem cerca de 1,5cm). Possuem cor escura, devido ao ceco com sangue digerido e tegumento liso. Vivem dentro do canal ginecóforo dos machos. Vermes adultos de S. mansoni: a fêmea reside dentro do canal ginecóforo do macho; na imagem à direita, detalhes do tegumento do macho, com os tubérculos. Ovos - são as formas que apresentam poder infectante para o planorbídeo, pois são eliminados pelas fezes de um indivíduo parasitado. Os ovos do S. mansoni medem cerca de 150µm de comprimento por 60 de largura e possuem uma forma característica, com uma espícula lateral próxima à extremidade posterior. Têm, em seu interior, um embrião formado, denominado miracídio. No meio exterior, os ovos mantêm-se vivos 2 a 5 dias na massa fecal sólida, mas em fezes pág. 70 líquidas sobrevivem apenas um dia. No meio externo, a libertação do miracídio só se dá quando o ovo atinge a água, a qual irá promover choque osmótico no mesmo e liberação do embrião. Ovo de S. mansoni Esquistossômulos – são as únicas formas larvárias que ocorrem no homem. Estes, se originam a partir de cercárias que penetraram pela pele e, no sistema porta do homem irão completar seu desenvolvimento, evoluindo para verme adulto. b) No hospedeiro intermediário (planorbídeo) Miracídios Os miracídios são formas larvárias, dotadas de numerosos cílios, que se originam da eclosão do ovo em contato com a água. Medem 160 por 60 µm. Possuem capacidade natante, mas sua sobrevivência no ambiente aquático está limitada a um dia. Os miracídios, livres na água, se dirigem para os planorbídeos e, entrando em contato com as partes moles do molusco, nele penetram ativamente, graças à secreção de substâncias histolíticas por glândulas de penetração presentes na larva. pág. 71 Miracídio Cercárias – se originam por sucessivas transformações do miracídio nas vísceras do planorbídeo. Apresentam poder infectante para o homem. As cercárias, uma vez formadas nos espaços interviscerais do molusco, rompem o seu tegumento e são libertadas para o meio aquático. Possuem um comprimento total de 50µm e uma cauda bifurcada, que proporciona a sua locomoção na água. O corpo apresenta glândulas que secretam substâncias capazes de romper tecido íntegro. A libertação das cercárias é sensivelmente influenciada pela luz solar e pela temperatura da água. Desta forma, elas aparecem na água de forma intermitente, surgindo por volta das 9 horas da manhã e alcançando sua densidade máxima por volta das 11 horas, para diminuir depois, e desaparecerem quase completamente entre as 16 e as 17 horas. Estimuladas por substâncias lipídicas da superfície dérmica, as cercárias penetram na pele do hospedeiro definitivo graças à ação lítica dos produtos de suas glândulas (proteases). O processo de penetração das cercárias na pele se dá em aproximadamente 15 minutos, sendo a cauda abandonada no exterior. pág. 72 Cercária 4-TRANSMISSÃO Penetração ativa das cercárias na pele e mucosas, em contato com coleções de água doce contaminadas. 5-CICLO EVOLUTIVO pág. 73 Ciclo evolutivo do S. mansoni 6-PERÍODO DE INCUBAÇÃO Em média, duas a seis semanas após a infecção. 7-MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A esquistossomose mansônica
Compartilhar