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1 TENSÕES NO SOLO DEVIDO A CARGAS EXTERNAS Prof. Maristâni Formigheri DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES • Lei de variação das modificações de tensões, em função da posição dos elementos do terreno em relação aos carregamentos aplicados. Carregamento Externo Modificações nas Tensões Peso Próprio do Solo 1 2 2 DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES • Os acréscimos de tensão ao longo da profundidade, causados por uma carga aplicada na superfície do solo não se limitam à projeção da área carregada; DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES • Os acréscimos de tensão vertical diminuem com a profundidade e com a distancia lateral em relação ao eixo do carregamento. • Uma hipótese bastante simples considera que a resultante da distribuição dos acréscimos de tensão em um plano horizontal é constante para qualquer profundidade. • A tensão vertical total em um ponto no interior da massa de solo será dada pela soma do acréscimo causado pelas cargas externas com a tensão causada pelo peso próprio do solo. 3 4 User Realce User Realce User Realce User Realce 3 DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES • Isóbaras • Bulbo de Tensões DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES • Cálculo das Tensões Verticais [Hipótese Simples, Kollbrünner (1946)] 0 30tan22 2 + = zL L v Ângulo de Espraiamento (varia com o tipo de solo) (faixa de largura 2L e comprimento infinito) Solos moles < 40o Areias 40o a 45o Argilas rijas e duras 70o Rochas > 70o (Kögler & Scheidig, 1948) 5 6 4 DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES • A hipótese simples, também chamada Método do Espraiamento, pode ser aplicada á áreas quadradas, retangulares ou circulares. • Deve-se notar que a distribuição real de tensões não é uniforme, mas sim em forma de sino. • Portanto, deve ser utilizada somente como estimativa nos seguintes casos: – Fundações ou estruturas rígidas; – Grandes profundidades; – Maciços homogêneos. APLICAÇÃO DA TEORIA DA ELASTICIDADE • Tem sido amplamente empregada; • O solo não é um material elástico, pois as deformações não são reversíveis; • O solo não é isotrópico nem homogêneo; • O comportamento do solo é não linear; • No entanto, para pequenos incrementos, pode-se considerar que as tensões e as deformações no solo são proporcionais (módulo de elasticidade único); • A prática tem demonstrado que os resultados são satisfatórios. 7 8 User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 5 SOLUÇÃO DE BOUSSINESQ • Carga Concentrada na Superfície 25 2 2 1 23 + = z rz Q v SOLUÇÃO DE NEWMARK (1933) • Carregamentos em Áreas Retangulares 0 = Iv z b n z a m nmfI = = = ),( 9 10 User Realce User Realce User Realce 6 SOLUÇÃO DE NEWMARK (1933) SOLUÇÃO DE NEWMARK • A solução fornece o acréscimo de tensão em um ponto situado sobre a vertical que passa em uma das arestas da área retangular carregada; • No entanto, pode-se utilizar a solução para qualquer outro ponto no maciço a partir da superposição dos efeitos. 11 12 User Realce User Realce User Realce 7 SOLUÇÃO DE LOVE (1929) • Carregamento Uniforme em Área Circular • A solução fornece o acréscimo de tensão em pontos sobre a vertical que passa pelo eixo da área carregada. + −= 23 20 1 1 1 z R v R z v 0 ÁBACO DOS “QUADRADINHOS” (NEWMARK) • Carregamento uniforme em área de forma qualquer. • Baseia-se na Solução de Love. • Quando a área carregada é de grande extensão (infinita), o acréscimo de tensão vertical em qualquer ponto do maciço é igual à pressão aplicada na superfície. • Pode-se dizer, então, que a tensão em um ponto é igual á somatória dos efeitos provocado por áreas parciais que cubram toda a área carregada, isto é, cada área parcial contribui com uma parcela do acréscimo de tensão. • O método consiste em dividir a área total em pequenas áreas, de tal forma que cada área contribua igualmente para o acréscimo de tensão em um ponto. 13 14 User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 8 ÁBACO DOS “QUADRADINHOS” (NEWMARK) Baseada na solução de Love. ÁBACO DOS “QUADRADINHOS”: TRAÇADO E APLICAÇÃO 1. Em papel transparente, divide-se a área total em 10 áreas circulares concêntricas, de forma que cada área, da menor para a maior, contribua com 10, 20, 30,..., 100% da pressão aplicada, respectivamente, para o acréscimo de tensão vertical em ponto situado a uma profundidade z sobre o eixo dos círculos concêntricos; 2. Desta forma, cada anel resultante contribuirá com 10% da pressão aplicada; 3. O raio R de cada círculo é dado, para cada valor de z, pela Solução de Love: 4. A escala do desenho deverá ser a mesma da planta de projeção das áreas efetivamente carregadas; 5. Cada anel é dividido em 20 setores iguais, o que produzirá um ábaco com 200 setores, cada um deles responsável por 0,5% do acréscimo de tensão no ponto situado a uma profundidade z sob o centro do ábaco.. 6. Para aplicar o ábaco, sobrepõem-se os desenhos da área efetivamente carregada e do ábaco de forma a que o ponto considerado coincida com o centro do ábaco; 7. O acréscimo de tensão vertical é dado pelo produto entre a pressão aplicada, o número de setores abrangidos e o fator de influência de cada setor. = z R fv 0 15 16 9 OUTRAS SOLUÇÕES ELÁSTICAS • Carga concentrada em profundidade: Soluções de Mindlin (1936) e Antunes Martins (1945); • Carga uniforme distribuída ao longo de uma linha horizontal de comprimento infinito: Solução de Melan (1932); • Carga uniforme distribuída em uma faixa horizontal de comprimento infinito: Solução de Carothers-Terzaghi; • Carga sob aterro com distribuição trapezoidal: Solução de Osterberg; • Carga sob aterro com distribuição triangular: Solução de Carthers; • Outras soluções: Poulos & Davis. Elastic Solutions for Soil and Rock Mechanics, John Wiley, 1974. Carregamentos Circulares. Teoria da Elasticidade. 17 18 User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 10 Carregamentos Retangulares. Teoria da Elasticidade. CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREGO DA TEORIA DA ELASTICIDADE • As tensões aplicadas não devem ser próximas à resistência ao cisalhamento do solo (FS>3); • Maciços homogêneos: módulo de deformação constante com a profundidade; 19 20 User Realce User Realce User Realce 11 DEFORMAÇÕES NO SOLO DEVIDO A CARGAS VERTICAIS RECALQUES DEVIDO A CARGAS SUPERFICIAIS • Recalques são deslocamentos verticais devido a carregamentos, medidos na superfície do terreno ou em cotas próximas à superfície; • Os casos mais corriqueiros são os recalques das edificações com fundações superficiais ou de aterros construídos sobre solos moles. • A previsão dos recalques é um dos aspectos de maior interesse para a engenharia geotécnica; 21 22 User Realce User Realce User Realce User Realce 12 RECALQUES DEVIDO A CARGAS SUPERFICIAIS • Os recalques são causados por deformações de dois tipos: – Deformações rápidas que ocorrem imediatamente após o carregamento; – Deformações lentas que se desenvolvem após a aplicação das cargas. • Deformações rápidas são observadas em solos arenosos ou argilosos não saturados; • Deformações lentas ocorrem nos solos argilosos saturados e solos orgânicos. RECALQUES DEVIDO A CARGAS SUPERFICIAIS 23 24 User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 13 RECALQUES DEVIDO A CARGAS SUPERFICIAIS RECALQUES DEVIDO A CARGAS SUPERFICIAIS • A resposta dos solos perante os carregamentos depende da sua natureza e do estado em que se encontra; • Esta resposta pode ser expressa através de parâmetros de deformabilidade. • Parâmetros de deformabilidade são obtidos a partir de: – Ensaios de laboratório; – Ensaios de campo; – Correlações empíricas.25 26 User Realce User Realce 14 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Axial – Um corpo-de-prova cilíndrico é submetido a um carregamento axial. – O corpo-de-prova pode ser previamente submetido a um confinamento, quando, então, é chamado de ensaio de compressão triaxial. – Materiais quando solicitados podem apresentar diferentes comportamentos tensão-deformação anteriores ao colapso: • Rígido; • Elástico linear ou não linear; • Elasto-plástico; ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS 27 28 User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 15 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Axial – O solo não é um material nem rígido nem elástico, mas sim elasto-plástico. – No entanto, é possível utilizar a teoria da elasticidade para representar o comportamento tensão-deformação de um solo. – Isto é feito definindo-se um módulo de deformação E e um coeficiente de Poisson , para uma certa faixa de tensões. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Axial – Comportamento típico de um solo h h =1 r r r = 1 =E 1 r−= 29 30 User Realce User Realce User Realce User Realce 16 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Axial – Valores típicos de módulos de deformação não drenados para argilas sedimentares saturadas: Consistência Módulo de elasticidade (MPa) Muito mole < 2,5 Mole 2,5 a 5 Consistência média 5 a 10 Rija 10 a 20 Muito rija 20 a 40 Dura > 40 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Axial – Valores típicos de módulos de deformação drenados para areias (tensão de confinamento de 100 kPa) – Para as areias, os módulos são função da composição granulométrica, do formato e da resistência dos grãos. Módulo de elasticidade (MPa) Descrição da areia Compacidade Fofa Compacta Areias de grãos frágeis, angulares 15 35 Areias de grãos duros, arredondados 55 100 Areia basal de São Paulo, bem graduada, pouco argilosa 10 27 31 32 User Realce User Realce User Realce 17 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Axial – O módulo de deformação do solo depende ainda da pressão confinante a que o solo está submetido. – Em uma camada de solo, o módulo de deformação varia com a profundidade. – Para os casos mais comuns, admite-se um módulo constante como representativo do comportamento da camada de solo. – Para problemas especiais, pode-se expressar o módulo de elasticidade em função do nível de tensões atuante (confinamento). ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Axial – Equação de Janbu: Onde pa é a pressão atmosférica, K e n são constantes, e c é a tensão de confinamento. n a c a p K p E = 33 34 User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 18 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Edométrica ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Edométrica 35 36 19 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Edométrica – Consiste na compressão do solo dentro de um molde que impede qualquer deformação lateral. – Simula o comportamento do solo quando ele é comprimido pela ação do peso de novas camadas que sobre ele se depositam. – É representativo de situações em que se pode admitir que o carregamento feito na superfície, ainda que em área restrita (sapatas), provoca no solo uma deformação vertical sem haver deformações laterais. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Edométrica – No ensaio, uma amostra é colocada num anel rígido ajustado entre duas pedras porosas. – Os anéis que recebem o corpo de prova têm diâmetro cerca de três vezes a altura, com o objetivo de reduzir o efeito do atrito lateral durante os carregamentos. – O carregamento é feito em etapas através de uma prensa. Para cada estágio de carga aplicada, registra- se a deformação a diversos intervalos de tempo, até que as deformações tenham praticamente cessado. 37 38 User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 20 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Ensaio de Compressão Edométrica – Cessados os recalques, um novo estágio de carga é aplicado. As carga é então elevada para o dobro do seu valor anterior. – Considerando-se a altura final do corpo-de-prova ao final de cada estágio de carga, pode-se representar a variação de altura ou os recalques em função das tensões verticais atuantes. Os índices de vazios finais de cada estágio de carregamento são calculados a partir do índice de vazios inicial do corpo de prova e da redução de altura. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Resultado típico de compressão edométrica em areia 39 40 User Realce 21 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS • Resultado típico de compressão edométrica em argila mole ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS ( ) vv mea += 01 v v d de a −= v v v d d m −= v v d d D −= Coeficiente de Compressibilidade Coeficiente de Variação Volumétrica Módulo de Compressão Volumétrica 01 e de v + −= vmD 1= Parâmetros da Compressão Edométrica: 41 42 22 ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DA DEFORMABILIDADE DOS SOLOS 43 44 23 CÁLCULO DE RECALQUES Cálculo pela Teoria da Elasticidade: ( )20 1 −= E B I o é a pressão uniformemente distribuída na superfície; E e são os parâmetros do solo já definidos; B é a largura (ou o diâmetro) da área carregada, e I é um coeficiente de forma. CÁLCULO DE RECALQUES Coeficientes de forma para o cálculo dos recalques: Flexível Tipo de Placa Rígida Centro Borda/Canto Circular 0,79 1,00 0,64 Quadrada 0,86 1,11 0,56 L/B = 2 1,17 1,52 0,75 L/B = 5 1,66 2,10 1,05 Retangular L/B = 10 2,00 2,54 1,27 45 46 24 CÁLCULO DE RECALQUES – A grande variação dos módulos de cada solo, em função do nível de tensão aplicado (não linearidade) e do nível de confinamento do solo. – Os solos são constituídos de camadas de diferentes compressibilidades. Dificuldades para a aplicação da Teoria da Elasticidade: CÁLCULO DE RECALQUES Cálculo pela compressibilidade edométrica: 47 48 25 CÁLCULO DE RECALQUES Cálculo pela compressibilidade edométrica: ( )101 1 eHH += ( )202 1 eHH += ( ) ( ) 1 2 12 1 1 e e HH + + = ( ) ( ) ( ) 1 11 21 1 1 21 1 111 11 H e e e ee H e ee H + = + − = + −−+ = O ADENSAMENTO DAS ARGILAS SATURADAS ( ) ( )12 21 loglog − − = ee CC Reta de Compressão Virgem + = 1 2 1 1 log )1( e HCC Trecho de Recompressão 49 50 26 O ADENSAMENTO DAS ARGILAS SATURADAS Tensão de Pré-Adensamento O ADENSAMENTO DAS ARGILAS SATURADAS Tensão de Pré-Adensamento ⚫ É a máxima tensão que um elemento de solo já sofreu em toda sua história. É determinada no ensaio edométrico como o ponto de mudança de gradiente na curva de adensamento. Razão de Sobre-Adensamento ⚫ É a razão entre a tensão de pré-adensamento e a tensão efetiva atuante no solo. v vmRSA = 51 52 27 O ADENSAMENTO DAS ARGILAS SATURADAS De acordo com a sua história de tensões os solos são classificados em: ⚫ Solos Normalmente Adensados • RSA = 1 ⚫ Solos Sobre-Adensados • 1 < RSA < 4 (levemente sobre-adensados) • RSA > 4 (fortemente sobre-adensados) ⚫ Solos Parcialmente Adensados • RSA < 1 O ADENSAMENTO DAS ARGILAS SATURADAS Determinação da tensão de pré-adensamento: Método de Casagrande Método PachecoSilva 53 54 28 O ADENSAMENTO DAS ARGILAS SATURADAS Cálculo do recalque em solos inicialmente sobre-adensados: + + = vm f c i vm r CC e H loglog 1 0 Cr - Índice de Recompressão Exemplo de cálculo do recalque por adensamento: ⚫ No terreno indicado será construído um aterro que transmitirá uma pressão uniforme de 40 kPa. De acordo com dados geológicos, o terreno foi sobre-adensado pelo efeito de uma camada de um metro da areia superficial, que teria sido erodida. Desta forma, sabe-se que a tensão de pré- adensamento é de 18 kPa superior à tensão efetiva existente em qualquer ponto. ⚫ Calcular o recalque por adensamento que sofrerá a camada de argila. ⚫ Índice de compressão da argila = 1,8 ⚫ Índice de recompressão da argila = 0,3. 55 56 29 Exemplo de cálculo do recalque por adensamento: Cálculo das tensões na camada de argila: Ponto na camada Tensão efetiva inicial (kPa) Tensão efetiva final (kPa) Tensão de pré- adensamento (kPa) A 54,5 94,5 72,5 B 69,5 109,5 87,5 C 84,5 124,5 102,5 Exemplo de cálculo do recalque por adensamento: 57 58
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