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Trabalho CIVIL I

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Trabalho – Código Civil I 
 
 
 
Tema: 
 
Estado de Perigo 
Fraude Contra Credores 
Negócio Jurídico Nulo e Anulável 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
O presente trabalho tem o objetivo de trazer de forma simplificada o estado de 
perigo como o vício do consentimento que é. Fraude contra credores e a forma 
maliciosa do devedor que, encontrando-se em insolvência ou na iminência de se 
tornar insolvente. Negócio jurídico nulo e anulável, sua relevância, derivadas de 
ações jurídicas, firmando os temas e buscando trazer todos seus elementos 
caracterizadores e formas possíveis, além de discussões doutrinárias a respeito e 
efeitos que acarretam o seu reconhecimento. 
 
 
Estado de Perigo 
 
 
Conceito 
 
Resta configurado o estado de perigo quando uma pessoa assume obrigação 
excessivamente onerosa por se deparar com a necessidade de se salvar, ou 
salvar pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte. Caso, 
porém, vise salvar pessoa que não pertença à sua família, caberá ao juiz, no caso 
concreto, decidir se restará ou não configurado o estado de perigo. Em virtude 
dessa circunstância excepcional, o negócio jurídico praticado poderá ser 
anulado no prazo decadencial de 4 (quatro) anos. 
Art. 156, 171 II, 178 II, do CC 
Pela leitura do texto legal, entende-se que ocorre o estado de perigo quando o 
agente, diante de situação de grave perigo conhecido pela outra parte, emite 
declaração de vontade para salvar-se ou pessoa próxima, assumindo obrigação 
excessivamente onerosa. 
É, portanto, “a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar 
negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva” 
 
 
 
 
 
São exemplos trazidos pela doutrina, extraídos de Gagliano e Pamplona Filho 
(2004), Diniz (2004) e Gonçalves (2005): o indivíduo que está se afogando 
promete quantia exorbitante ao seu salvador; indivíduo abordado por assaltantes 
promete recompensa ao seu libertador; vítima de acidente de automóvel que 
assume obrigação excessivamente onerosa para que não morra no local do 
acidente; o doente, em perigo de vida, que paga honorários excessivos para o 
cirurgião atendê-lo. 
 
Efeitos do Estado de Perigo 
 
Consoante dispõe o art. 178, II do Código Civil, é anulável o negócio jurídico 
celebrado em estado de perigo no prazo de quatro anos a partir de sua celebração. 
Trata-se, indubitavelmente, de prazo decadencial. 
O Código Civil brasileiro não prevê compensação para aquela parte que prestou 
o serviço. Com efeito, a doutrina critica a rigidez da norma que enuncia a pura e 
simples anulação do negócio jurídico, sem a possibilidade de sua conservação, 
como pode ocorrer na lesão, consoante o parágrafo segundo do art. 157. De fato, 
seria muito mais recomendável a tentativa de continuidade do negócio, à luz do 
princípio da segurança jurídica e da estabilidade dos negócios. 
Alguns atribuem o rigor da lei ao fato de que a parte que não a vítima agiu com o 
dolo de aproveitamento, ou seja, agiu de má-fé ao se beneficiar do temor do 
declarante. 
Para outros, a impossibilidade de suplementar a obrigação para validar o negócio 
decorre da natureza da prestação e da contraprestação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fraude Contra Credores 
 
 
O instituto da fraude contra credores está previsto nos artigos 158 ao 165 
do Código Civil de 2002. Denomina-se fraude contra credores a atuação 
maliciosa do devedor que, encontrando-se em insolvência ou na iminência de se 
tornar insolvente, começa a dispor de seu patrimônio de modo gratuito (doação 
ou remissão de dívidas) ou oneroso (compra e venda), com objetivo de não 
responder por obrigações assumidas anteriormente à transmissão. 
O devedor utiliza-se de métodos maliciosos para se ver livre do pagamento da 
dívida perante o credor. Versa a respeito da transmissão, gratuita ou onerosa, de 
bens do devedor, que já estando insolvente ou reduzindo-se a insolvência, 
dificulta recebimento a que seus credores teriam direito. 
Em regra, deverá conter dois elementos, quais sejam: objetivo (eventus damni) 
que se refere a atuação em prejuízo aos credores, devendo o interessado 
comprovar o nexo causal entre o ato do devedor e o seu estado de insolvência e 
o elemento subjetivo (consilium fraudis) que define a manifesta intenção de 
prejudicar credores. 
O art. 158 do CC¹ prevê as hipóteses de remissão ou perdão da dívida para 
caracterizar o ato fraudulento. Nesses casos, independentemente se o devedor 
usou-se da má-fé, a remissão ou perdão serão considerados fraude contra 
credores. Em tais situações, poderá o credor ajuizar ação pauliana, num prazo 
decadencial de quatro anos da celebração do negócio jurídico. 
O art. 158, §2º, explana que nem todo credor poderá ajuizar ação para anular o 
ato fraudulento. Somente poderá fazê-lo aquele que já se caracterizava como 
credor no momento da disposição fraudulenta. 
Importante salientar que, nos negócios onerosos, não estando presentes os 
requisitos objetivo (atuação em prejuízo aos credores) e subjetivo (intenção de 
prejudicar credores), não há que se falar em anulabilidade. 
Já nos casos em que houver disposição gratuita ou remissão da dívida, não será 
necessária a presença do requisito subjetivo (consilium fraudis), bastando 
apenas o evento danoso para caracterizar o ato fraudulento. 
 
 
 
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI257730,81042-Fraude+contra+credores
O art. 159 do CC/2002² define que serão anuláveis os contratos onerosos do 
devedor insolvente, quando a insolvência for notória ou caso possa ser 
descoberta por outro contratante. Entende-se por notória a insolvência de 
conhecimento geral. Por outro lado, a segunda parte do artigo refere-se aos casos 
em que se presume que o contratante deveria saber do estado de insolvência, 
como o caso da venda de um imóvel entre irmãos. 
Caracteriza a fraude, aquele devedor insolvente que liquidar a dívida não 
vencida. Isso porque esse ato frustra a igualdade entre os credores. Nesse caso, 
o credor ajuizará ação com intuito de invalidar o pagamento efetuado pelo 
devedor. Obtendo êxito, a sentença reconhecerá a invalidade do negócio, 
condenando o credor a devolver o montante pago em proveito do acervo. 
Tratando-se de garantia real, não poderá o devedor insolvente outorgar garantias 
reais em favor de um dos credores quirografários, lesando os direitos dos demais 
credores. Se o devedor insolvente oferecer garantia real a uma dívida, vencida 
ou não, a um dos credores quirografários, os credores poderão ajuizar ação 
pauliana contra o devedor para anular a transação. Caso tal garantia seja dada 
antes da insolvência do devedor, não haverá que se falar em fraude. 
Portanto, a dilapidação do patrimônio por conta do devedor, de tal modo que não 
consiga cumprir com suas obrigações perante o credor, pode ser considerada 
fraude contra credores, pois mesmo que estes busquem meios para executar os 
seus créditos, o devedor já não terá bens para honrar a execução. Visando anular 
o ato jurídico que retirou do devedor a capacidade de saldar o débito perante o 
credor, poderá ser ajuizada a ação pauliana. 
 
Negócio Jurídico Nulo e Anulável 
 
Primeiramente temos que saber o que é negócio jurídico - é um ato lícito, no qual 
há uma composição de interesses, um regramento de condutas. É composto de 
manifestação de vontade com finalidade negocial, que em geral é criar, adquirir, 
transferir, modificar ou extinguir direitos. 
 
 
 
 
Ato nulo 
 
O ato nulo é o ato que embora reúna os elementos necessários a sua existência, 
foi praticado com violação da lei, a ordem pública, bons costumes ou com 
inobservância da forma legal. O ato nulo precisa de decisão judicial para a 
retirada da sua eficácia. Produz efeitos antes da anulação. 
De acordo com o Artigo 166 do Código Civil, o negócio jurídico é nulo quando 
celebrado: por pessoa absolutamente incapaz; for ilícito,impossível ou 
indeterminável o seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as partes, 
for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma solenidade 
que a lei considere essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar lei 
imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem 
cominar sanção. 
 
Ato anulável 
 
O ato anulável é o que tem defeito de menor gravidade. Já a invalidade é uma 
forma genérica das subespécies de: nulidade e anulabilidade. Assim, tanto o ato 
nulo como o anulável é considerado inválido. O dolo principal torna o negócio 
jurídico anulável. 
Assim, será anulável o negócio jurídico conforme disposto no 
Artigo 171 do Código Civil, além dos casos expressamente declarados na lei, por 
incapacidade relativa do agente e por vício resultante de erro, dolo, coação, 
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 
 
 
 
É nulo o negócio jurídico quando: 
I - Celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10720189/artigo-166-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10719466/artigo-171-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035419/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
III - O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - Não revestir a forma prescrita em lei; 
V - For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua 
validade; 
VI - Tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar 
sanção. 
 
Simulação: 
É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido 
for na substância e na forma. 
Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II - Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio 
jurídico simulado. 
Atos Anuláveis: 
Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - Por incapacidade relativa do agente; 
II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude 
contra credores. 
 
 
O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. 
O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade 
expressa de mantê-lo. 
Decadência: 
É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio 
jurídico, contado: 
I - No caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - No de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em 
que se realizou o negócio jurídico; 
III - No de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para 
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. 
Menor: 
O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela 
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
Proveito: 
Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, 
se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. 
Efeitos: 
Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele 
se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o 
equivalente. 
 
 
 
Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não 
o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação 
principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da 
obrigação principal. 
Instrumento Contratual: 
A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder 
provar-se por outro meio. 
Base: artigos 166 a 184 do Código Civil. 
 
Considerações Finais 
 
O direito civil constitucional vem como uma tendência de constitucionalização do direito 
privado, utilizando os princípios constitucionais para nortear as relações privadas e a 
orientar as relações entre o Estado e os particulares, de modo a conciliar os valores e 
preceitos consagrados na Constituição Federal com as regras que regem as relações 
interpessoais, os efeitos da Lei vai de acordo com cada sociedade , no caso do Brasil 
não é diferente, os direitos positivos sofrem com mutações na medida que a sociedade 
evolui, e essas garantias estão previstas na lei como forma de garantir o bem comum a 
todos de forma justa. 
 
 
 
Referencias: 
https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/185758485/ato-nulo-anulavel-e-inexistente 
Acesso em (04 de Dez de 2019) 
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/771/Estado-de-perigo 
Acesso em (04 de Dez de 2019) 
(GONÇALVES, 2005, p. 392) 
http://egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-estado-de-perigo-como-defeito-do-neg%C3%B3cio-
jur%C3%ADdico-0 Acesso em (05 de Dez 2019) 
 
https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/185758485/ato-nulo-anulavel-e-inexistente
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/771/Estado-de-perigo
http://egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-estado-de-perigo-como-defeito-do-neg%C3%B3cio-jur%C3%ADdico-0
http://egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-estado-de-perigo-como-defeito-do-neg%C3%B3cio-jur%C3%ADdico-0

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