Buscar

História geral e do Direito- Idade Média ao Direito Ingles

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1- A Europa Medieval
A Idade Média consiste em um período histórico de quase um milênio que se inicia com a tomada do Império Romano pelos hérulos e chega ao seu fim quando os turco-otomanos conquistam a cidade de Constantinopla. Esses mil anos não foram uniformes; podemos vislumbrar pelo menos dois momentos específicos a título de estudo: a Alta Idade Média (do século V ao século IX) e a Baixa Idade Média (do século IX ao XV).
Alta Idade Média é um período de desconstrução e construção, os homens tiveram que conviver com o fim do mundo que conheciam agora tendo como elementos as culturas germânicas e a Igreja (Católica).
Esse período inicia-se com a queda de Roma e a invasão de tribos germânicas no território do Império. Algumas tribos germânicas, ao invadirem o Império Romano, formaram reinos, outras simplesmente espalharam-se pelo território. 
Os camponeses livres foram perdendo sua independência e submeteram-se à autoridade da elite que nascia formada por chefes guerreiros e grupos armados. Isso pode ser explicado pelo fato de os guerreiros terem detido a propriedade das terras e, sem a posse destas, os camponeses se viram obrigados a se submeter a eles.
Pode-se dividir a sociedade da Europa Medieval em classes sociais muito bem definidas e que tinham pouquíssimas chances de mobilidade social: o clero, a nobreza e demais povos. O clero, formado por representantes da Igreja Católica, também detentor de poder político e econômico; a nobreza, a elite detentora do poder político, militar e econômico; e os camponeses, grupo mais explorado que tirava seu sustento por meio de seu trabalho e era obrigado a pagar pesados impostos aos outros dois grupos.
Na Alta Idade Média, estabeleceu-se uma relação de poder que foi uma das grandes marcas da Idade Média: a vassalagem. Isso aconteceu porque, na Alta Idade Média, o rei era uma figura frágil e que só garantia sua posição de poder com o apoio de outros nobres/chefes militares.
Para isso surgiu essa relação de fidelidade entre rei e nobre, na qual o rei (suserano) demandava a fidelidade de seu nobre (vassalo). Em troca, o suserano fornecia uma terra e os direitos e privilégios de exploração a seu vassalo, que, por sua vez, devia auxiliá-lo na governança e fornecer suas tropas quando necessário.
O sistema produtivo combinava a propriedade coletiva e a propriedade individual e, principalmente, a guerra era primordial para a economia desses povos. A economia era basicamente agrária e de subsistência, utilizando de ferramentas rudimentares. O comércio era feito por trocas, afinal o dinheiro era escasso e havia muita dificuldade para ter equivalência monetária, algo que prejudicava os comerciantes de fecharem negócios. 
O conjunto de práticas econômicas, sociais e políticas que vigoravam na Idade Média era o Feudalismo. O feudo pertencia a um senhor feudal, que permitia que camponeses instalassem-se em suas terras e cultivassem seu solo. Em troca, estes eram obrigados a pagar impostos pesados por utilizar a terra e as instalações daquele. O camponês ficava preso à terra em que vivia, e a mobilidade social era quase inexistente.
O contrato feudo-vassálico gerava o poder do senhor sobre o vassalo, obrigação de proteção e de sustento, já o vassalo devia a seu senhor a fidelidade, o auxilium (ajuda militar e material, nem sempre de caráter pecuniário) ou com o consilium (obrigação de auxiliar ao senhor com conselhos sempre que este convocava). 
No consilium o vassalo era convocado para participar com outros vassalos do mesmo senhor da Corte (ou cúria), que era uma assembléia deliberativa presidida pelo senhor que tinha como principal atribuição julgar causas submetidas a esse Conselho.
Esse contrato compreendia duas formalidades: a homenagem e a investidura. Pela homenagem o vassalo, proprietário de terras, jurava fidelidade ao suserano, um outro proprietário, mais poderoso e que poderia proteger-lhe em caso de invasão, comprometendo-se com isso a certas obrigações. Basicamente, o vassalo deveria: prestar serviço militar periódico ao suserano, auxiliando-o militar, judiciária e financeiramente.
A investidura consistia na entrega do feudo ao vassalo pelo suserano. A investidura importava na concessão de benefícios, mera transferência de direitos dos quais o suserano era o titular. Podia-se transferir domínios, cargos, pensões em dinheiro ou mesmo outros direitos. Além disso, o suserano ficava obrigado a proteger militarmente o vassalo e os herdeiros desse, e a garantir a hereditariedade do feudo. 
Inicialmente, o contrato não poderia ser rompido, pois, com o envolvimento de uma visão religiosa profunda na Idade Média, os contratos, vistos como resultado de um juramento, eram sagrados e, portanto, eternos. Entretanto, muitas vezes o contrato era quebrado pela força ou pelos interesses de uma das partes, embora isso não fosse considerado legal.
Não obstante, o caráter de eternidade do contrato poderia ser quebrado se o vassalo devolvesse o seu feudo. A renúncia do feudo se fazia com a devolução ao senhor do objeto que servira de símbolo do recebimento do benefício no momento do contrato.
O rompimento unilateral do contrato geralmente era visto como uma sanção. Era o caso de uma das duas partes do contrato não cumprir com suas obrigações ou de uma delas ser excomungada pela Igreja, já que nenhum cristão podia ter relações com um excomungado.
A rigor, o contrato feudo-vassálico excluía a hereditariedade do usufruto do benefício, visto que este tinha caráter profundamente pessoal. Contudo, na prática, geralmente o que ocorria era que o filho do vassalo tornava-se herdeiro também de sua vassalagem, precisando apenas ir até o senhor do seu pai para fazer por si o ritual do contrato e pagar uma taxa. Se o herdeiro fosse menor, o senhor cuidava de seus interesses até sua maioridade, ou seja, até esse poder fazer seu juramento.
A jurisdição do senhor, com o passar do tempo, passou a ser exercida em conjunto ao Conselho de Vassalos, que já tratamos anteriormente. Não obstante estes conselhos, havia também, principalmente nas cidades (no fim da Idade Média), cortes que decidiam sobre questões criminais.
Compondo o Direito Medieval como um todo, podem ser vistos os Direitos romano, germânico e canônico.
Direito Germânico: povos que, em sua absoluta maioria, não utilizavam a escrita e seu direito era, consequentemente, oral e muito influenciado por esta oralidade.
O direito dos povos germânicos era basicamente consuetudinário, cada tribo tinha sua própria tradição. A organização judicial é geralmente caracterizada pelo Wergeld, de que várias leis de vários povos romano-germânicos nos dão uma medida.
A maior parte das tribos germânicas, mesmo escrevendo suas leis, não vai procurar impô-las aos romanos; o burgúndio será julgado segundo a tradição burgúndia; o visigodo, segundo sua legislação; o romano pela Lex Romana e assim por diante. Isso é chamado “Personalidade das Leis” – cada qual leva consigo, para onde quer que vá ou qualquer que seja o soberano, o estatuto jurídico de sua tribo de origem.
1. O Reino Vândalo: em 477 d.C. os Vândalos, em seu auge, já eram senhores do Norte da África (atual Tunísia e uma parte da Argélia). Uma característica interessante desse povo é que conseguiu fazer coexistir as duas sociedades, dos germânicos e dos romanos, concomitantemente. Casamentos mistos eram proibidos, e toda conversão ao catolicismo também. Conservaram também as suas leis e seus costumes, os vândalos mantiveram intacta a organização administrativa da África Romana.
2. O Reino Ostrogodo: por causa da educação do rei, Teodorico, a legislação romana foi conservada quase que na íntegra. Por causa de divergências religiosas entre os ostrogodos, que eram arianos, e os romanos, que eram cristãos, Teodorico proibiu casamentos entre eles.
3. O Reino Visigodo: Até meados do século VII, Hispano-Romanos e Visigodos têm uma dupla legislação, baseiam na Personalidade das leis, e suas legislações, ainda que escritas, tomam o mesmo caminho.
4. O Reino dos Burgúndios: Sua legislação, a Lex RomanaBurgundiorum, é considerada uma compilação de leis extremamente romanizada, principalmente no tocante às regras de direito civil e de processo.
5. O Reino dos Francos: Em termos legislativos, o período Carolíngio foi muito mais legiferante que o período anterior. Entre 744 e 884, por exemplo, podem ser contados mais de duzentos textos legislativos. Essas leis eram chamadas Edicta, Decreta ou Constitutiones ou comumente de capitulares, cujo termo vem de capitula, que quer dizer artigo. As capitulares tinham, geralmente, caráter administrativo. Existiam dois tipos de capitulares, as Capitulares eclesiásticas (organização da Igreja e de Instituições eclesiásticas) e as Capitulares Laicas.
Havia, na Monarquia Franca, tribunais ordinários que funcionavam em cada pagus (ou condado). Esses tribunais, chamados mallum, poderiam existir no condado em quantidades muito elevadas.
O Direito Canônico: é o nome dado ao Direito da Igreja Católica e é chamado canônico por causa da palavra ‘cânon’ que, em grego, significa regra. O Direito Canônico foi o responsável exclusivo, durante vários séculos, pelo domínio do direito privado, tanto para religiosos quanto para leigos.
As fontes do Direito Canônico são o ius divinum, a própria legislação canônica, os costumes e os princípios recebidos do Direito Romano.
Em 313, o Imperador Constantino permitiu às partes submeterem-se, voluntariamente, à jurisdição do bispo de sua região, dando então à decisão episcopal o mesmo valor de uma decisão de um julgamento laico. foi dado aos clérigos privilégio de foro, estes somente poderiam ser julgados, qualquer matéria que fosse, pelos tribunais da Igreja.
No período Carolíngio a Igreja acabou sendo a única a julgar quaisquer assuntos relativos aos sacramentos, incluídos aí as questões relativas ao casamento, a legitimidade dos filhos, divórcio, rapto, nulidade de casamentos etc.
Na área penal, o processo estava atrelado à queixa, à acusação. Até os séculos XII e XIII, era baseado em um tipo de prova chamado “irracional”, visto que não pode ser explicado pela razão.
No fim da Idade Média, utilizou-se largamente, nos tribunais eclesiásticos e nos leigos da mesma forma, o processo inquisitório.
O Direito Romano: foi largamente aplicado o supracitado Princípio da Personalidade das Leis, através da qual o Direito Romano continuou a ser empregado para os romanos e o Direito Germânico para as tribos invasoras.
Houve um “Renascimento” do Direito Romano, visto que, com a Formação das Monarquias Nacionais, os recém-centralizados países necessitavam de legislações escritas e organizadas e, dessa forma, a possibilidade mais plausível era apoiar-se no Direito Romano (principalmente no Corpus Iuris Civilis). Sabedores do Direito Romano eram os advogados, mas estes não eram nada bem vistos na Idade Média.
O
A Inquisição: tribunal especial para julgar e condenar os hereges, pessoas ou grupos que acreditavam em um catolicismo considerado “desviado” ou praticavam atos que, naquele período em que a superstição reinava, eram indicados como bruxaria ou feitiçaria.
O Tribunal do Santo Ofício e os Tribunais Seculares: o direito de acusar pertencia somente à parte lesada e sem que houvesse queixa era impossível instaurar o processo. O julgamento era tal qual um duelo de fato, acusador e acusado batiam-se verbalmente e reconhecia-se a razão daquele que vencesse o embate.
Não havia qualquer intenção de considerar as pessoas iguais perante a lei, a tortura não era aplicada a nobres, e penas para plebeus e nobres eram diferenciadas. O processo penal não era estipulado rigidamente, o juiz tinha poderes extremos e advogados, tanto de defesa quanto de acusação. O réu deveria se defender sozinho e era prejudicado muitas vezes pela completa confidencialidade que geralmente os processos seguiam.
As provas eram “classificadas” pelo valor atribuído a cada tipo, A prova mais utilizada era a prova testemunhal e, nesse sentido, foi cuidadosamente regulamentada, sendo distinguidas várias categorias de testemunhas. A testemunha mais válida e mais completa da Idade Média e da Idade Moderna era o próprio réu e sua confissão. Para alcançar essa tão estimada “prova”, lançava-se mão da tortura colocando o réu na situação de seu próprio juiz.
As penas eram extremamente variadas. O que não era usada era a pena de prisão, já que não existiam prédios construídos para tal fim; a prisão era utilizada como meio processual não como sanção, mas trabalhos forçados eram comuns, bem como exílio, degredo, desterro etc.
Um outro tipo de pena que não feria fisicamente o condenado era a de “morte civil”, O condenado tornava-se um morto em vida, porque todos os direitos eram suspensos. As penas de morte utilizadas eram impostas, entre outras formas, por esquartejamento, fogo, roda, forca e decaptação.
Não havia o Estado para proteger o cidadão, ou este não tinha meios para fazê-lo. Por fim, a pobreza e a ignorância eram tamanhas que não era possível à população entender outros meios de processo e de pena.
2- O Islã
O Direito Muçulmano, nascido na Idade Média, hoje é a base da vida de cerca de um quinto da humanidade, independentemente de suas nacionalidades. Isso se dá porque este é um direito que resulta da religião que professam. É portanto, um direito utilizado largamente na atualidade, visto que a religião islâmica cresce em todo mundo e é o meio de unidade de vários países.
Através de interpretações do livro sagrado dos muçulmanos, mulheres são obrigadas a ter o corpo todo coberto, não podem ter sequer identidade civil em alguns países, não têm direito algum sobre os filhos e são condenadas à morte, mesmo em casos comprovados de estupro.
O Islã surgiu na Arábia no século VII d.C., especificamente na região situada na junção da Ásia e da África, entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico. Sendo um movimento político-religioso, ele transpôs rapidamente as fronteiras da Arábia alcançando a Ásia, o Norte da África e a Europa, pela Península Ibérica.
Graças à expansão, a população islâmica manteve intenso contato com os povos que sucederam o Império Romano, como os Germânicos, deixando de herança vocabulário, hábitos alimentares, técnicas agrícolas etc.
Os beduínos, como eram chamados os árabes do deserto, tinham uma vida bastante difícil, permeada por constante ameaça de fome e guerra. Antes de o Islã surgir, as tribos viviam tentando garantir a posse dos oásis, aos vencedores o prêmio era a sobrevivência através da posse do oásis e todos os bens dos vencidos.
A população de beduínos era extremamente numerosa, a poligamia era uma prática comum e, embora produzissem tâmaras e trigos e criassem ovelhas, cabras e camelos, não era geralmente suficiente para alimentar toda a população.
Antes do Islã, eles eram politeístas, seus deuses eram representados por ídolos depositados no santuário da cidade de Meca em um templo quase “cúbico” chamado Caaba.
O Islã é uma religião monoteísta baseada no Alcorão, livro sagrado “enviado por Deus” (Allāh) através do profeta Maomé. Os seguidores do Islã, muçulmanos acreditam que Maomé foi o último de uma série de profetas enviados por Deus, que inclui Abraão, Noé, Moisés e Jesus. A maioria considera o registro histórico das ações e ensinamentos do profeta, relatadas na Sunna e no Hadiz, como meios indispensáveis para interpretar o Alcorão.
Após a morte de Mohamad muitas disputas aconteceram, no seio do mundo islâmico, no sentido de apontar ou manter sucessores para a posição de chefia (religiosa e política) que o Profeta ocupara.
Seguindo a letra do Alcorão, somente os parentes do Profeta poderiam substituí-lo, mas a tradição dizia o contrário.
Baseados nessa incoerência, surgiram duas facções rivais: os sunitas e os xiitas. Os coraixitas que haviam aderido à religião de Mohamad juntaram-se aos sunitas e passaram a disputar o poder com os parentes do Profeta.
O Direito dos Muçulmanos
O Direito dos muçulmanos é um direito intrinsecamente religioso, ou é atualmente o Direito efetivo de alguns países de religião islâmica ou é base do direito de países islâmicos.Além disso, a principal sanção compreendida nesse direito é o estado de pecado, dessa forma o direito muçulmano preocupa-se, geralmente, muito pouco com sanções nas regras que prescreve e, pelo mesmo motivo, somente é aplicável aos fiéis.
É na puberdade que o muçulmano torna-se obrigado à lei, isso porque considera-se que, a partir desse período, o indivíduo possui o uso da razão.
As fontes do direito muçulmano são quatro: o Alcorão, livro sagrado da religião muçulmana; a Suna, tradição relativa ao profeta, sua vida e suas decisões; o Idjmâ’, acordo unânime da comunidade; e o Qiyâs, que é o raciocínio por analogia.
A Suna é de extrema importância para a religião e para a legislação islâmica, é o conjunto de atos, palavras e silêncios, comportamentos do Profeta Mohamad. Cada uma das ações do Profeta constituem um hadîth.
Então, além do livro sagrado, a opinião dos doutores em (certa) unanimidade – chamado Idjmâ’ – também é considerada na formação da Sharî’a – palavra árabe para lei. o Idjmâ’ é considerado como a interpretação infalível e definitiva do Alcorão e da Suna.
O ano de 922 d.C. (300 da Hégira) é apontado pelos Muçulmanos como a data limite da possibilidade de interpretação das fontes da “Lei Revelada”, assim sendo, desde então, a doutrina é imutável. Os sábios desse período aplicaram princípios diferentes, dando origem a escolas jurídicas diversas; entre esses princípios podemos apontar a própria Idjmâ’, o interesse comum chamado istiçlâh, a interpretação pessoal (ra’y) e o qiyâs, raciocínio por analogia.
Durante a Idade Média predominou a escola dos ash’aritas, que partia do pressuposto de que o bem provinha unicamente do bel-prazer de Deus.
O Alcorão é o livro sagrado dos Muçulmanos, é tratado por eles como sendo de autoria divina, pois Mohamad teria ouvido do anjo Gabriel as palavras de Alah e transmitido para os Crentes, embora não soubesse ler nem escrever. O terceiro sucessor de Mohamad mandou organizar o livro da maneira que chegou até os dias de hoje.
Os textos foram repartidos em 114 suras ou capítulos, subdividos em versículos. A mensagem alcorânica pode ser divida, de forma simplista, em duas partes: o corpo de mensagens de Meca (82 suras) e o de Medina (28 suras). 
As mensagens de Meca são basicamente religiosas e dizem respeito ao Monoteísmo, ao bom trato de convivência entre os crentes e à obediência a Alah. Mas, quando o Profeta teve que mudar-se de Meca para Medina por causa de perseguições e nessa cidade tornou-se um líder religioso, político e militar, isto ficou refletido em suas mensagens.
Alguns Pontos do Alcorão:
a) A infalibilidade do Alcorão: Um dos dogmas mais profundos do Islamismo e, por conseguinte, de seu Livro Sagrado é a infalibilidade deste e do Profeta escolhido por Alah para difundir suas palavras;
b) Justiça e Equidade: Em um sentido geral, a sociedade muçulmana é igualitária, visto que não reconhece sacerdócio;
c) Recompensa daqueles que cumprem a Lei: Um dos pilares da fé islâmica é a recompensa espiritual dada àqueles que são fiéis à crença e à punição com o inferno para aqueles chamados infiéis;
d) Pena de Talião: Para o Alcorão a aplicação do Princípio da Pena de Talião é prevista, inclusive com exemplos;
e) Homicídio: O Princípio da Pena de Talião também deve ser aplicado quando do homicídio, entretanto está aberta a possibilidade de perdão. Quando há o perdão do homicídio, um parente da vítima deve ser indenizado.
f) Alimentos Proibidos: Na doutrina muçulmana os animais são divididos em puros e impuros. Os puros podem sê-lo por essência ou por terem sido purificados, da mesma forma os impuros, que podem ser considerados dessa forma por serem essencialmente impuros ou por não terem sido purificados;
g) Bebidas e Jogos: Bebidas e jogos são colocados no mesmo patamar de proibições que alimentos. Entretanto, no caso dos jogos, caso o crente o faça, deverá abster-se de gastar o necessário para a sua vida e de sua família, podendo gastar somente o supérfluo;
h) Usurpação e suborno: Há, no Alcorão, a previsão e a proibição de suborno a juízes, principalmente para, através deste, apropriar-se de bens alheios;
i) Peregrinação e condições: A peregrinação é considerada um grande “perdão” que, em sendo bem-feita, pode proporcionar a remissão dos pecados. Todo muçulmano adulto, livre que disponha dos recursos necessários para viagem, sem prejudicar a sobrevivência da família, tem obrigação de efetuar a peregrinação. Essa peregrinação também deve ser feita por muçulmanas, desde que sejam acompanhadas;
j) Casamento: Sendo a família a célula elementar da sociedade muçulmana, o casamento é a base de sua formação. Assim, na sociedade muçulmana estar casado é a situação considerada normal para homens e mulheres. Há uma tradição que afirma que Mohamad teria dito que “o casamento é a metade da religião”.
O casamento em si é feito em dois tempos. Primeiro se assina um contrato entre o marido e o representante legal da futura mulher (o pai ou o parente masculino mais próximo). Para a validade do contrato a mulher deve dar seu consenso, para isso o silêncio dela é o suficiente, o contrato especifica questões materiais, o dote principalmente.
Sendo assim tão importante, o casamento foi regulamentado objetivamente pelo Alcorão, sobretudo no tocante a proibições e pessoas proibidas para o casamento. Dessa forma são proibidos os casamentos com não-muçulmanos. casamento entre adúlteros é permitido, entretanto uma pessoa que não cometeu adultério não pode casar-se com uma que cometeu. Há a proibição do casamento com mulheres casadas, mas é lícito às mulheres escravas.
k) Poligamia: O Alcorão abre a possibilidade de um homem casar-se com várias mulheres. Entretanto, no Islã hoje, nos países em que a poligamia é permitida, duas condições são impostas: primeiro que o número de esposas não ultrapasse quatro e, em segundo, que o marido trate a todas com equidade, sem favorecer a nenhuma.
l) Mulheres: Sem dúvida o Alcorão foi escrito para os homens e sobre as mulheres. Elas são colocadas em uma situação nitidamente inferior ao homem, subordinadas aos homens. Em termos gerais, o casamento é considerado o único objetivo da vida de uma muçulmana; todo resto deve ser subordinado a isso. As mulheres devem manter um pudor completo, não devem exibir seu corpo, sequer devem olhar as pessoas nos olhos. Em público a mulher deve usar um véu.
m) Adultério: O adultério é considerado falta grave no Alcorão. Quando tomado o adultério feminino, a pena pode ser severíssima.
n) Divórcio: A palavra árabe que denomina divórcio significa repúdio e, mais especificamente, “mandar embora”. O homem tem primazia nesse direito e, para isso, não é necessário que ele preste contas a ninguém do seu ato, embora, com isso, possa abalar as relações entre as famílias. À mulher só cabe ter essa iniciativa se houver no contrato de casamento a explicitação desse direito e se isso for permitido pela escola jurídica predominante do lugar onde vive.
o) Testamento e Herança: O testamento é previsto no Alcorão. Está indicado na lei muçulmana que a herança deixada pode ser dividida em duas partes: a primeira e mais importante é automaticamente partilhada entre os herdeiros, a outra pode ser deixada em testamento. 
p) Viúvas: As viúvas devem ter proteção após a morte do marido, entretanto, para o Alcorão, o sustento que deve ser dado à viúva não deve ser vitalício.
q) Órfãos: O Alcorão indica preocupação com os órfãos.
r) Adoção: No caso de adoção, o adotivo permanece com o nome dos pais biológicos.
s) Moral Sexual e Celibato: A moral sexual alcorânica é rígida, inclusive para homens. A continência é de praxe antes do casamento e mesmo um homem que não tem dinheiro para casar-se deve, segundo uma tradição bem arraigada, jejuar para não perder o domínio de si.
t) Difamação e Injúria: A difamação é condenada objetivamente com a ameaça do Juízo Final.
u) Endividamento e Juros: O Alcorão, assim como o Antigo Testamento, proíbe o empréstimo a juros. A diferença entre os dois documentos é que, enquanto no Antigo Testamento a proibiçãose restringe ao empréstimo entre israelitas, no Alcorão a proibição é geral.
v) Inviolabilidade de Domicílio: O Alcorão indica como proceder no caso de entrada no domicílio dos outros. Isso é explicável porque havia a necessidade de regulamentar essa questão que era novidade para os primeiros muçulmanos, os nômades do deserto. 
w) Despojos de Guerra
As questões de guerra se relacionam diretamente com as questões dos despojos (os bens tomados do inimigo na guerra). O Alcorão contém numerosas prescrições sobre essa matéria. Os despojos serviriam para os pobres, mas sempre um quinto pertenceria ao Profeta.
x) Privilégios do Profeta: Mohamad era não somente o líder espiritual, mas também o líder político da cidade de Medina e dos Muçulmanos. Nesse sentido, aparecem no Alcorão soluções de situações que seriam exclusivas e privadas do Profeta.
3 - O Direito Inglês
O Poder na Inglaterra foi disputadíssimo durante, pelo menos, quatro séculos. De um lado, monarcas buscando a acumulação de poder, de outro, nobres e, posteriormente, burgueses, evitando tal acúmulo e acabando por formar um Estado baseado tanto no poder de uma instituição representativa, o Parlamento, quanto em documentos escritos de lei que sempre se apresentam como meios de limitar o poder do rei.
A economia do país era principalmente mercantil.
Foi um período marcado por dominações estrangeiras, quando o direito não era muito conhecido nem comum aos povos ingleses. Acabou com a invasão normanda em 1066.
Cessado o domínio romano sobre a ilha – o qual durou quatro séculos, mas não deixou muitos vestígios –, houve a invasão dos povos bárbaros, que dividiram entre si a Inglaterra.
As leis dessa época foram feitas após a conversão ao Cristianismo, mas são poucas e muito limitadas. Sua peculiaridade é serem escritas na língua local, ao invés de usarem o latim, como de praxe.
Iniciou-se com a invasão normanda (em 1066) e permaneceu até a dinastia Tudor (em 1485), sendo marcado principalmente pela formação do direito unificado da Common Law.
A conquista da Inglaterra pelos normandos não modificou imediatamente a condição da ilha, pois o rei Guilherme proclamou que o direito existente até então não seria alterado.
Todavia, aqueles povos trouxeram um poder mais centralizado, tanto que o feudalismo inglês diferiu dos demais, pois, por mais que os senhores feudais fossem fortes, o rei cuidou para que nenhum deles pudesse ser uma ameaça, colocando-se como suserano único.
Enquanto os ingleses foram governados por Guilherme I, a lei era aplicada pelos senhores feudais, em assembléias chamadas County Court ou Hundred Court. O rei apenas participava da justiça em casos especiais, como quando a paz do reino estava ameaçada.
Direito Inglês – A História e a Formação do Statute Law:
Até o século V, a Inglaterra era, em grande parte, domínio romano, entretanto não houve, como em outros lugares dominados por Roma, uma “romanização”, ou seja, não houve uma transformação da população local de maneira a tomar a cultura romana para si, dessa forma o Direito Romano pouco influenciou na formação do Direito dos povos que habitavam a Bretanha. 
Não há na Inglaterra códigos escritos como encontramos em outros países, apenas em algumas matérias especiais o Direito é apresentado de forma sistemática.
Direito anglo-saxônico ou germânico na Bretanha, como preferem alguns estudiosos, começa quando, no final do século VI d.C., a Inglaterra converte-se ao cristianismo. Embora muito mal conhecido, esse Direito foi redigido e continha uma particularidade, ao invés de ser escrito em latim como as leis dos reinos bárbaros do continente europeu, seu texto foi confeccionado em língua anglo-saxônica.
Dessa maneira, a Inglaterra foi dividida em grandes feudos, os Condados. Os condes estavam de forma direta e absoluta sob o comando feudal do rei, senhor de todos; cada feudo era administrado por um funcionário do rei, chamado xerife, que tinha autoridade sobre os senhores feudais, os comerciantes e os camponeses.
Quando Henrique II assumiu, em 1154, planejou criar um sistema jurídico que aplicasse uma lei comum para a Inglaterra toda, sem exceções. Ele sabia que não poderia mudar os costumes do local sem causar um desastre, então pensou que seria mais seguro pegar os princípios já existentes, os costumes, e fazer com que eles adquirissem novos significados.
Henrique II foi um artífice da unificação da Inglaterra e buscou através da lei ter êxito no empreendimento. Além de leis comuns a todo o reino, ele conseguiu nomear juízes para presidir os tribunais locais e submeteu os clérigos à legislação comum; estes então começaram a ser julgados em tribunais do Estado, não mais em tribunais eclesiásticos. Esses tribunais do Estado são os que farão, paulatinamente, a Common Law.
Seu filho Ricardo I, conhecido como Ricardo Coração de Leão, o sucedeu, mas não conseguiu continuar a obra de concentração de poder. Em oposição, o irmão de Ricardo, de nome João, cognominado João Sem-Terra, por não ter recebido em herança nenhum bem imóvel de seu pai, tinha ânsias de poder e tentaria, se possível e se subisse ao trono, continuar a aprofundar a obra centralizadora de Henrique II.
João sempre foi visto como um usurpador e, aliado a uma política externa desastrosa, que fez com que a Inglaterra perdesse grande parte dos feudos que possuía na França, também tornou suas relações com o papado melindrosas, por não acatar a nomeação de um bispo.
Os nobres e o clero reuniram-se e redigiram um documento intitulado Magna Charta Libertatum, que foi outorgado em 1215, pelo pressionado rei João. Esse documento tinha como objetivo principal manter o rei, João ou quem quer que fosse, longe da ânsia de arrancar poder dos nobres e, visando isso, acabou por indicar uma defesa de liberdade que não tinha sido vista até então.
A montagem da Justiça foi também uma preocupação da Magna Carta, que em vários artigos indicou quais tribunais e com qual periodicidade deviam se reunir, mais ainda, esse documento indicou uma preocupação com uma retidão na justiça, a garantia de liberdades ampliava-se até alcançar o direito de ir e vir. Esse direito de ir e vir era corroborado a uma proteção jurídica que a maioria dos autores considera ser o início da ideia de habeas corpus.
A Magna Carta acabou também por dar um grande poder ao Conselho de Nobres, também chamado de Grande Conselho ou Conselho do Reino, que existia desde a conquista Normanda. Pelo documento legal, impostos, contribuições etc. somente poderiam ser criados e cobrados com o consentimento deste conselho que a partir de 1265, passou a ser chamado de Parlamento.
Guilherme de Orange, que inaugurou a era do Parlamentarismo de fato na Inglaterra, tão bem ilustrada na frase: “o rei reina, mas não governa”.
Em 1689, foi redigido um documento que laureou esse poder do Parlamento: o Bill of Rights. Já os seus dois primeiros artigos indicam uma mudança que só será vista no resto da Europa no século seguinte; o rei não está acima da lei, portanto ninguém pode estar. O Bill of Rights também dá ao Parlamento a exclusividade no controle do exército. O Parlamento passa também a ser o único a ter poder de legislar.
Divisão do Direito Inglês:
O Direito inglês é obra das cortes reais – Cortes de Common Law e Cortes de Equity – que “o criaram de precedente em precedente, buscando em cada caso a solução que era ‘razoável’ consagrar”.
A Common Law nasce como a lei comum a todos os ingleses, em oposição aos direitos locais feudais. Seu aparecimento, a partir do século XIII, será obra exclusiva dos Tribunais Reais de Justiça, também conhecidos pelo nome do local onde inicialmente se estabelecem, Tribunais de Westminster.
Já a Equity nasceu da necessidade criada pela própria limitação da Common Law quando, após um período de grande desenvolvimento, se estagnou, não totalmente, mas a ponto de não conseguir suprir a questão mais cara para a Justiça inglesa, a questão da razoabilidade.

Outros materiais