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1) Noção A responsabilidade internacional representa o instituto jurídico por meio do qual o Estado ao qual se faça imputada a prática de ato ilícito, frente a regras de direito internacional público, vê-se obrigado à reparação devida em favor do Estado em face do qual o ato ilícito tenha sido levado a cabo. 2) Elementos necessários Para que a responsabilidade internacional do Estado possa vir a ser caracterizada, necessário que reste demonstrada a existência concomitante dos seguintes elementos: a) ato ilícito; b) imputabilidade; c) prejuízo ou dano. Quanto ao denominado ato ilícito, necessário frisar-se que a ilicitude do ato há que ser demonstrada frente a regras de direito internacional público, não aos olhos de normas internas do Estado que alegue a lesão. Especificamente à imputabilidade, nos mesmos moldes com que se verifica quando da análise da prática de ato ilícito levado a cabo no ambiente interno e diante de normas próprias do Estado, no âmbito internacional, há que se demonstrar, efetivamente, que o ato pratica assim fez-se realizar por sujeito determinado reconhecido como tal pelo direito internacional público. Logo, apenas os Estados e, eventualmente, os organismos internacionais estariam aptos à prática destes atos. Com relação ao elemento efetivo prejuízo ou dano, requisito essencial à responsabilização internacional de um Estado, cabe ressaltar a necessidade de sua verificação em face de sujeito de direito internacional público, já que, acaso levado a termo o prejuízo em face de particular ou empresa, o instituto a ser suscitado outro será. 3) Causas excludentes de responsabilidade Não há responsabilidade quando houver: - Legítima defesa – se configura quando o ato perde o caráter ilícito, transformando-se no exercício de um direito reconhecido, por exemplo a retorsão; - Estado de necessidade - apesar de o ato ser lícito em si mesmo, não pode acarretar as conseqüências naturais dos atos ilícitos, por exemplo, as represálias; - Culpa exclusiva da vítima. 4) Consequências jurídicas da responsabilidade do Estado Obrigação de reparar o dano causado. Restabelecimento do “status quo ante” ou indenização (dano emergente e lucro cessante). 5) Formas mais comuns de reparação A restituição, a indenização, a satisfação, a apresentação de desculpas, a manifestação de pesar, a saudação à bandeira do Estado ofendido. A destituição do autor ou autores da ofensa. 6) Casos de responsabilidade objetiva Não havendo tratado será considerada só a responsabilidade subjetiva. São exemplos de responsabilidade objetiva: a Convenção por danos nucleares - Convenção de Viena; a Convenção civil por danos derivados de poluição marinha por óleo (poluição) - Convenção de Bruxelas e; a Convenção por danos causados por objetos espaciais - Convenção de Londres/ Moscou/ Washington. 7) Proteção diplomática - noção Como bem destaca Francisco Rezek (Direito Internacional Público, curso elementar, 10ª edição, Saraiva, páginas 275 e 276), “... o estudo da proteção diplomática tem merecido destaque desde quando, em função do interesse das antigas potências coloniais, a análise estatística revelou que nas mais das vezes o Estado reclamante – ou, se assim se pode dizer sem especial incômodo, o Estado vítima do ilícito internacional imputável a outra soberania – não pretendia ver-se ressarcido por dano causado diretamente à sua dignidade ou ao seu patrimônio, mas por alegada afronta ao patrimônio privado de um nacional seu – em geral um investidor do hemisfério norte, seduzido pela rentabilidade dos investimentos no hemisfério sul”. Os Estados acreditados têm poder discricionário quanto à aceitação de chefes de missão diplomática, podendo deixar de conceder o agrément. 8) Proteção diplomática - objetivo Prosseguindo, valendo-nos dos ensinamentos do ilustre jurista, relativamente à proteção diplomática, “... seu objetivo é o particular – indivíduo ou empresa – que, no exterior, seja vítima de um procedimento estatal arbitrário, e que, em desigualdade de condições frente ao governo estrangeiro responsável pelo ilícito que lhe causou dano, pede ao seu Estado de origem que lhe tome as dores, fazendo da reclamação uma autêntica demanda entre personalidades de direito internacional público”. 9) A forma de dação da proteção diplomática – o endosso A proteção diplomática que pode vir a ser conferida por um Estado a um seu cidadão tecnicamente leva a denominação de endosso. A busca do endosso, muito embora represente direito do particular ou da empresa frente a seu Estado patrial, não representa, em outra mão de direção, efetivo direito de obtê-la, como se ato vinculado do Estado o fosse. Portanto, ao Estado suscitado cabe a análise das condições para, acaso perceba e entenda plausível e necessário, concedê-lo, já que, diante de sua concessão, passará a litigar na esfera internacional como se ele Estado fosse o lesado. Para que o Estado venha a conceder o endosso, é necessária a prova de recolhimento do valor exigido por lei, mediante apresentação de guia anexada ao requerimento. 10) As condições para o endosso São de duas ordens distintas as condições necessárias para que o Estado venha a conceder o endosso: a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo. Fontes bibliográficas: Abaixo indicamos as referências bibliográficas que poderão ser consultadas com o intuito de aprofundamento dos estudos. 1) ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento e; CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 2) REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 3) MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 15. ed. rev. e ampl. São Paulo: Renovar, 2004. 2 vol. Exercício 1: Considerando as assertivas abaixo: I – Em matéria de proteção diplomática, para que se possa buscar o denominado endosso, necessário que o solicitante seja nacional do Estado ao qual se solicita; PORQUE II – em não sendo o particular nacional do Estado ao qual se solicita o endosso, somente poderá ser invocada a denominada responsabilidade internacional do Estado.. É correto afirmar que: A) As duas afirmações estão erradas; B) As duas afirmações estão corretas e a segunda é fundamento da primeira; C) As duas afirmações estão corretas, mas a segunda não justifica a primeira; D) Somente a primeira afirmação é correta; E) Somente a segunda afirmação é correta. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D) Comentários: D) A proteção diplomática que pode vir a ser conferida por um Estado a um seu cidadão tecnicamente leva a denominação de endosso. A busca do endosso, muito embora represente direito do particular ou da empresa frente a seu Estado patrial, não representa, em outra mão de direção, efetivo direito de obtê-la, com o se ato vinculado do Estado o fosse. Portanto, ao Estado suscitado cabe a análise das condições para, a caso perceba e entenda plausível e necessário, concede -lo, já que, diante de sua concessão, passará a litigar na esfera internacional como se ele Estado fosse o lesado. São de duas ordens distinta as condições necessárias para que o Estado venha a conceder o endosso: a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo. Exercício 2: Considerando as assertivas abaixo: I – No que toca à proteção diplomática, o esgotamento dos recursos internos perante o Estado em face do qual se atribui a lesão é elemento essencial; PORQUE II – a proteção diplomática também é cabível em face do próprio Estado do qual seja o particular Nacional. É correto afirmar que: A) As duas afirmações estão erradas. B) As duas afirmações estão corretas e a segunda é fundamento da primeira; C) As duas afirmações estão corretas, mas a segundanão justifica a primeira; D) Somente a primeira afirmação é correta; E) Somente a segunda afirmação é correta. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D) Comentários: D) : Porque a proteção diplomática que pode vir a ser conferida por um Estado por meio de seu cidadão, tecnicamente leva a denominação de endosso, é de condição necessária para que o Estado venha a conceder o endosso, o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo. Exercício 3: Considerando as assertivas abaixo: I - o objeto da proteção diplomática é o particular - indivíduo ou empresa - que, no exterior, seja vítima de um procedimento estatal arbitrário e que, em desiguladade de condições frente ao governo estrangeiro responsável pelo ilícito que lhe causou dano, pede ao seu Estado de origem que lhe tome as dores, fazendo da reclamação uma autêntica demanda entre personalidade de direito internacional público; II - se a lesão for efetivada em face de Estado ou organismo internacional o instituto a incidir será a denominada responsabilidade indireta do Estado. É correto afirmar que: A) As duas afirmações estão erradas. B) As duas afirmações estão corretas e a segunda é o fundamento da primeira; C) As duas afirmações estão corretas, mas a segunda não justifica a primeira; D) Somente a primeira afirmação é correta; E) Somente a segunda afirmação é correta. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A) Comentários: A) : Ambas estão erradas, pois o particular, vítima de um ato ilícito que lhe causou dano por governo estrangeiro poderá pedir a proteção diplomática ao seu Estado de origem. Porém, se não temos um particular, haverá então responsabilidade internacional do Estado. Exercício 4: São formas de reparação do dano como decorrência da responsabilidade internacional do Estado: A) A garantia de não repetição, a restituição e a persecução penal obrigatória; B) A restituição,a indenização e a satisfação; C) A cessão da violação continuada, a satisfação e a persecução penal obrigatória; D) A persecução penal obrigatória, a indenização e a garantia de não repetição; E) Apenas a garantia de não repetição. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B) Comentários: B) Porque a restituição tem o intuito de sanar as implicações do ato danoso: a indenização tem por objetivo reparar financeiramente: e a satisfação é a forma de reparação de cunho moral. Exercício 5: A doutrina e a prática internacionais têm geralmente admitido que, em certos casos, devido a circunstâncias especiais, a responsabilidade internacional do Estado desaparece. Não seria o caso da opção indicada na alternativa: A) Aqueles em que o ato perde o caráter ilícito, transformando-se no exercício de um direito direito reconhecido; B) Aqueles em que o ato determinante da responsabilidade, apesar de ilícito em si mesmo, não pode acarretar as consequências naturais dos fatos ilícitos; C) Aqueles em que o decurso do tempo extingue a responsabilidade; D) Aqueles que representam a consequência direta do comportamento inconveniente e censurável do indivíduo lesado; E) Aqueles praticados de forma reiterada ainda que representem baixo potencial lesivo. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: E) Porque uma das condições necessárias do Estado é o fato de esgotarem-se os recursos internos arguido na prática do ato lesivo, ainda que de baixo potencial, não desaparecendo neste caso a responsabilidade internacional do Estado. Exercício 6: São elementos necessários para que haja a responsabilidade internacional do Estado o ato ilícito, a imputabilidade e o dano. Sobre esses elementos, assinale a opção correta. A) Apenas uma ação pode confi gurar um ato ilícito internacional. Uma omissão não pode dar ensejo à responsabilidade internacional do Estado; B) Para fins de responsabilidade internacional, o dano tem de ser necessariamente material, ou seja, precisa ter expressão econômica; C) Para fins de responsabilidade internacional, o ato deve ser ilicito sob o ponto de vista do direito internacional, nao importando o direito interno do Estado que o pratica; D) No Brasil, um ato ilícito internacional promovido por uma unidade federada não pode ser imputado ao Estado federal e, portanto, não pode dar ensejo à responsabilidade internacional do país; E) Atos dos Poderes Judiciário e Legislativo não podem ser imputados ao Estado para fi ns de responsabilidade internacional. Apenas atos do Poder Executivo podem ensejar a responsabilidade internacional do Estado. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C) Comentários: B) Para que a responsabilidade internacional do Estado possa vir a ser caracterizada, necessário que reste demonstrada a existência concomitante dos seguintes elementos: a) ato ilícito; b) imputabilidade; c) prejuízo ou dano. Quanto ao denominado ato ilícito necessário frisar -se que a ilicitude do ato há que ser demonstrada frente a regras de direito internacional público, não aos olhos de normas internas do Estado que alegue a lesão. B) Para que a responsabilidade internacional do Estado possa vir a ser caracterizada, necessário que reste demonstrada a existência concomitante dos seguintes elementos: a) ato ilícito; b) imputabilidade; c) prejuízo ou dano. Quanto ao denominado ato ilícito necessário frisar -se que a ilicitude do ato há que ser demonstrada frente a regras de direito internacional público, não aos olhos de normas internas do Estado que alegue a lesão. C) Para que a responsabilidade internacional do Estado possa vir a ser caracterizada, necessário que reste demonstrada a existência concomitante dos seguintes elementos: a) ato ilícito; b) imputabilidade; c) prejuízo ou dano. Quanto ao denominado ato ilícito necessário frisar -se que a ilicitude do ato há que ser demonstrada frente a regras de direito internacional público, não aos olhos de normas internas do Estado que alegue a lesão. Exercício 7: É elemento do ato internacionalmente ilícito, segundo os artigos da Comissão de Direito Internacional sobre Responsabilidade Internacional dos Estados: A) A culpa; B) A atribuição; C) A obrigação; D) O dano; E) O dolo. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B) Comentários: B) A atribuição é elemento do ato internacionalmente ilícito, segundo os artigos da Comissão de Direito Internacional sobre Responsabilidade Internacional dos Estados Exercício 8: As missões diplomáticas e as chancelarias são importantes órgãos das relações entre os Estados soberanos. Acerca de agentes diplomáticos, é correto afirmar que: A) São designados pelo Estado de envio ou Estado acreditado; B) Possuem imunidades perante a jurisdição local, já que podem ser retirados a qualquer tempo por ato unilateral do Estado acreditado; C) Não podem figurar em processos criminais como réus nas jurisdições locais, embora sejam obrigados a fazê-lo como testemunha; D) Os Estados acreditados têm poder discricionário quanto à aceitação de chefes de missão diplomática, podendo deixar de conceder o agrément; E) Núncios apostólicos são agentes diplomáticos atípicos, pois, como sacerdotes, não possuem imunidades previstas na Convenção de Viena de 1961 sobre relações diplomáticas. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D) Comentários: D) Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, 1961 Artigo 4 1. O Estado acreditante deverá certificar-se de que a pessoa que pretende nomear como Chefe da Missão perante o Estado acreditado obteve o Agrément do referido Estado. 2. O Estado acreditado não está obrigado a dar ao Estado acreditante as razões da negação do " agrément ". Exercício 9: Assinale a alternativa incorreta. A) A proteção diplomática que pode ser conferida pelo Estado a seu cidadão é chamada tecnicamente de endosso. B) A busca do endosso, muito embora represente direito do particular ou da empresa frente a seu Estado patrial, não representa efetivo direito de obtê-la, como se ato vinculado do Estado fosse. C) A concessão deendosso depende de análise, pelo Estado suscitado, das condições para, acaso perceba e entenda plausível e necessário, concedê-lo, já que, diante de sua concessão, passará a litigar na esfera internacional como se ele Estado fosse o lesado. D) São de duas ordens distintas as condições necessárias para que o Estado venha a conceder o endosso: a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo. E) Para que o Estado venha a conceder o endosso, é necessária a prova de recolhimento do valor exigido por lei, mediante apresentação de guia anexada ao requerimento. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: C) Art. 4º - Decreto 55.929/65. C) Art. 4º - Decreto 55.929/65. B) ao Estado suscitado cabe a análise das condições para, acaso perceba e entenda plausível e necessário, concedê-lo, já que, diante de sua concessão, passará a litigar na esfera internacional como se ele Estado fosse o lesado. A) a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo.a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo. D) a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo.a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo. E) a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo.a) a nacionalidade do solicitante; b) o esgotamento dos recursos internos perante o Estado arguido na prática do ato lesivo.
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