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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - DIREITO DO CONSUMIDOR

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DIREITO
CAMILA CAROLINA DE ARAÚJO LOPES
20162101584
DIREITO DO CONSUMIDOR
RIO DE JANEIRO/RJ
 ABRIL/2020
CAMILA CAROLINA DE ARAÚJO LOPES
20162101584
Sanções administrativa a luz do CDC art.55 ao 60
Trabalho apresentado ao Curso de direito da universidade Veiga de Almeida, para obtenção de complemento de nota da A1 da disciplina Direito do consumidor, Profº. Marcos Cesar de Souza lima.
 
 
 RIO DE JANEIRO/RJ
 ABRIL/2020
A existência do Código de Defesa do Consumidor, em vigor há quase três décadas, é objeto de loas e panegíricos constantes, que louvam sua base principiológica e preocupação em equilibrar a tumultuada relação entre o consumidor e o fornecedor.
O CDC confiou à Administração Pública a atribuição de impor sanções administrativas aos fornecedores de produtos e serviços, com o propósito de garantir o cumprimento dos direitos assegurados aos consumidores (arts. 55-60 do CDC). Trata-se de um instrumento, importante, para a execução da política de defesa do consumidor.
Art. 55
 A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e controlarão a produção, industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-estar do consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.
§ 2º (Vetado).
§ 3º Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o mercado de consumo manterão comissões permanentes para elaboração, revisão e atualização das normas referidas no § 1º, sendo obrigatória a participação dos consumidores e fornecedores.
§ 4º Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos fornecedores para que, sob pena de desobediência, prestem informações sobre questões de interesse do consumidor, resguardado o segredo industrial.
Em análise ao art. 55 da lei em comento observa-se que o seu caput, em atenção a disciplina jurídica estabelecida no art. 24, §1º da Constituição Federal, determina que a União, os Estados-membros e o Distrito Federal editem, nos seus respectivos territórios e em caráter concorrente, normas jurídicas capazes de disciplinar as relações de produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços. Ademais, tal dispositivo, endereçado aos legisladores de todos os níveis de governo, tem caráter introdutório, na medida em que os demais dispositivos que tratam das sanções administrativas são, a bem da verdade.
Assim é que os parágrafos do referido artigo (§§1º, 3º e 4º, eis que o §2º fora vetado) traçam normas relacionadas a fiscalização e controle do fornecimento de bens ou serviços, atribuindo-lhes o poder-dever de editar normas ordinárias de consumo ou regulamentares de fiscalização e controle, em suas respectivas áreas de atuação, caso julguem necessárias ao cumprimento deste mister, entretanto, tais normas deverão passar pelo crivo dos órgãos públicos encarregados da fiscalização e controle dos atos de fornecimento, de maneira que estes órgãos deverão instituir e manter comissões permanentes com o fito de elaborar, revisar e atualizar estas normas. 
“CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. LEI ESTADUAL QUE DISPÕE SOBRE ATENDIMENTO EM TEMPO RAZOÁVEL NAS AGÊNCIAS BANCÁRIAS. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE. RELAÇÃO DE CONSUMO. COMPETÊNCIA CONCORRENTE. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO.
1. A Constituição Federal atribui competência à União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar (art. 24) sobre produção e consumo (inciso V) e sobre responsabilidade por dano ao consumidor (inciso VIII), estabelecendo em seu parágrafo 2º que “a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados”, observando mais no parágrafo 4º que “a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”. (STJ - RMS 20277, Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, j., 18/09/2007) (destaquei)
Acerca da competência concorrente, preleciona José Afonso da Silva:
O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades componentes do Estado federal é o da 'predominância do interesse', segundo o qual à União caberão aquelas matérias e questões de 'predominante interesse geral, nacional', ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de 'predominante interesse regional', e aos Municípios concernem os 'assuntos de interesse local', tendo a Constituição vigente desprezado o velho conceito do peculiar interesse local que não lograra conceituação satisfatória em um século de vigência. ¹
 
Art 56
As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V - proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
XII - imposição de contrapropaganda.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.
Assim, observem a seguinte ementa sobre o tema: Ementa: 
DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROCON. APLICAÇÃO DE MULTA NO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE DA INFRAÇÃO.1. O procedimento administrativo pelo qual se impõe multa, no exercício do Poder de Polícia, em decorrência da infringência a norma de defesa do consumidor deve obediência ao princípio da legalidade. É descabida, assim, a aplicação de sanção administrativa à conduta que não está prevista como infração. Recurso ordinário provido. 
Observa-se que o art. 18, parágrafo terceiro, do Decreto n. 2181/97 determina que as sanções previstas nos incisos III a XI do art. 18 (similares aos incisos III a XI do art. 56 do CDC) sujeitam-se à posterior confirmação pelo órgão normativo ou regulador da atividade. Em outras palavras, os órgãos de defesa do consumidor somente possuem autonomia para aplicação das sanções de penas de multa, apreensão de produto e imposição de contrapropaganda. Nesse sentido, constata-se que tal regulamentação acabou por restringir grande parte da efetividade de tais órgãos.
 É cediço que a sanção administrativa é consectário do Poder de Polícia regulado por normas administrativas. A lição de Celso Antônio Bandeira de Mello assenta, verbis:
 
Evidentemente, a razão pela qual a lei qualifica certos comportamentos como infrações administrativas, e prevê sanções para quem nela incorra, é a de desestimular a prática daquelas condutas censuradas ou constranger ao cumprimento das obrigações. Assim, o objetivo da composição das figuras infracionais e da correlata penalização é intimidar eventuais infratores, para que não pratiquem os comportamentos proibidos ou para induzir os administrados a atuarem na conformidade de regra que lhes demanda comportamento positivo. Logo, quando uma sanção é previstae ao depois aplicada, o que se pretende com isto é tanto despertar em quem a sofreu um estímulo para que não reincida, quanto cumprir uma função exemplar para a sociedade. ²
 
Art. 57
A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de 1993)
Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703, de 1993)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284 DO STF. ACÓRDÃO FUNDADO NA PROVA DOS AUTOS. REVISÃO. SÚMULA 7⁄STJ.
1. A deficiência da fundamentação do recurso inviabiliza a exata compreensão da controvérsia, atraindo, portanto, a incidência Súmula 284 do STF: 'Inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência da fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia'.
2. Na via especial, não cabe a análise de tese recursal que demande a incursão na seara fático-probatória dos autos. Incidência da orientação fixada pela Súmula 7 do STJ.
3. Agravo regimental a que se nega provimento" (STJ, AgRg no REsp 1.438.243⁄RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe de 30⁄06⁄2015).
A penalidade mais comum imposta pelos órgãos de Proteção e Defesa do Consumidor é a pena de multa que, nos termos do art. 57 CDC, tem como critérios estabelecidos para a graduação: a) gravidade da infração; b) vantagem auferida; e c) condição econômica do fornecedor. O valor apurado, quando se tratar de penalidade imposta pela União deverá ser revertido ao Fundo criado pela Lei n.7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública), destinado à reconstituição dos bens lesados. Quando a penalidade for imposta pelo Município ou pelo Estado, deverá ser revertida para os respectivos fundos. Por sua vez, o art. 31 do Decreto. 2181/87 determina, que, na falta de fundos municipais, os recursos reverterão em favor dos Estados e, na falta desses, em prol do fundo federal. Assim, o dispositivo distingue as infrações ou danos de âmbito nacional daqueles de âmbito estadual ou municipal. De acordo com o art. 55 do referido decreto, não sendo recolhido o valor da multa em 30 dias, será o débito inscrito em dívida ativa do órgão que houver aplicado a sanção, para subsequente cobrança executiva.
Art. 58
As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do produto e revogação da concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela administração, mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados vícios de quantidade ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço.
Pode-se observar a aplicação de algumas dessas penas através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, entre outros, que efetuou a seguinte operação: 
Operação Argus Mar II apreende embarcações de grande porte no litoral norte do Espírito Santo. Vitória (10/07/2012) - Quatro embarcações de grande porte foram apreendidas na tarde desta terça-feira, por agentes ambientais federais do Ibama. Quase duas toneladas de camarão, de diversas espécies, foram apreendidas. O total de multas aplicadas foi de R$ 62 mil. Segundo os agentes ambientais federais, as embarcações não estavam dentro da legislação ambiental vigente, pois as redes de pesca utilizadas por elas não continham o dispositivo de escape para as tartarugas, denominado de TED. “Muitos moradores denunciaram o local onde estas embarcações estavam atuando pois a mortandade de tartarugas aumentou muito no últimos dias nesta região”, explicou o Coordenador da Operação José Ronaldo Pinheiro Costa. Todas as quatro embarcações foram apreendidas. O pescado apreendido será doado para instituições de caridade cadastradas no Ibama. A operação Argus Mar II tem o apoio da Secretaria de Meio Ambiente de Aracruz. Mais ações fiscalizatórias irão ocorrer em todo o litoral capixaba combatendo a pesca predatória.
 Outra ação que referenda o emprego das referidas medidas apresenta-se a seguir:
 IBAMA impede o esquentamento de 850 m3 de madeira ilegal no oeste do Pará. Belém (23/07/2012) - O Ibama apreendeu na semana passada duas balsas carregadas com cerca de 850 m3 de madeira em tora (o equivalente a 45 caminhões cheios) no rio Curuatinga, no oeste do Pará. As embarcações, cujo destino final era uma grande madeireira de Belém, foram interceptadas de helicóptero antes da carga receber documentos fraudados que permitiriam que a madeira chegasse ao mercado como se fosse legal. Além de perder as balsas, os responsáveis pelo transporte irregular foram multados em R$ 255 mil. "O produto florestal receberia guias fraudadas, vindas de um plano de manejo que integra o esquema ilegal de 'esquentamento' de madeira na região, tão logo alcançasse o rio Amazonas", explica o analista ambiental Vinicius Costa, que coordenou a ação. Segundo ele, as toras foram extraídas sem autorização das florestas às margens do Curuatinga, onde não existem planos de manejo em execução que produzam madeira legal. Os agentes do Ibama flagraram as balsas a 60 km do rio Amazonas, quando fiscalizavam seus afluentes, na região do rio Curuá-una. Um dos objetivos era verificar a movimentação de balsas suspeitas e os portos de estocagem de madeira clandestina nas margens dos rios. Com o apoio da Policia Militar, as embarcações apreendidas foram escoltadas até Santarém. Toda a madeira será doada à Defesa Civil, após a conclusão dos processos junto ao Ibama, e serão utilizadas em projetos que beneficiem as vítimas das enchentes no oeste do estado.
Nesse sentido, não é necessário o fim do processo administrativo para a aplicação dessas sanções, visto que o parágrafo único do art. 56 do CDC autoriza referida aplicação por medida cautelar, antecedente ou incidente de processo administrativo. Importância disso: imagine-se, numa situação hipotética, que existam fundadas suspeitas de que determinado remédio tenha causado danos à saúde dos consumidores. Se fosse exigido um processo administrativo prévio para, por exemplo, apreender o produto ou impedir a sua comercialização, diversos danos poderiam ser causados aos consumidores nesse período, caso restasse confirmada a nocividade do remédio.
Art. 59
As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária da atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de maior gravidade previstas neste código e na legislação de consumo.
§ 1º A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de serviço público, quando violar obrigação legal ou contratual.
§ 2º A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade.
§ 3º Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, não haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença.
"APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. PROCON. APLICAÇÃO DE MULTA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE DA INFRAÇÃO. ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA QUE EXTRAPOLOU OS LIMITES DO PODER DE POLÍCIA. RECURSO DESPROVIDO.
No procedimento administrativo instaurado pelo PROCON é necessário que a penalidade imposta esteja em consonância com as diretrizes que regem o exercício do poder de polícia da Administração, notadamente o princípio da legalidade.
No caso, a bem da verdade, atuou o órgãoadministrativo como intermediador da controvérsia existente entre o reclamante e a reclamada, ora apelada, fazendo as vezes do Poder Judiciário, como substituto deste, aplicando sanção que extrapola o mero exercício do poder de polícia e que não encontra amparo legal.
'Somente através da jurisdição, cujo exercício compete privativamente ao Poder Judiciário, é que se pode obrigar uma das partes se submeter à decisão que atende o reclamo de outra. A solução de litígios por imposição de uma decisão, repita-se, é prerrogativa da jurisdição (Agravo de Instrumento n. 2004.000083-9, de Chapecó, Relator: Des. Luiz Cézar Medeiros)'" (AC n. 2006.028323-1, Des. Ricardo Roesler).
No que se refere ao exercício do poder de polícia, ensina Hely Lopes Meirelles:
O que se requer é a legalidade da sanção e a sua proporcionalidade à infração cometida ou ao dano que a atividade causa à coletividade ou ao próprio Estado. As sanções do poder de polícia são aplicáveis aos atos ou condutas individuais que, embora não constituam crime, sejam inconvenientes ou nocivos à coletividade, como previstas na norma legal (Direito Municipal Brasileiro, 10 ed., Malheiros, p. 359). 3
Art. 60
A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator.
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.
§ 2º (Vetado)
§ 3º (Vetado).
0023530-44.2011.8.19.0066 - APELACAO - 1a Ementa - DES. ANTONIO ILOIZIO B. BASTOS - Julgamento: 18/02/2013 - DECIMA SEGUNDA CAMARA CIVEL -APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. OBTENÇÃO DE DIPLOMA DE CURSO DIVERSO DO CONTRATADO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO. 1. Cuida-se de ação indenizatória fundada em propaganda enganosa que levou o autor a inscrever-se em curso oferecido pela instituição educacional ré, mas não reconhecido pelo MEC. 2. Estudante que se matriculou para o curso de "Instrumentador Industrial", dedicando parte de seu tempo na expectativa de obter o diploma no curso contratado, além da inserção neste seguimento do mercado de trabalho e, ao final, se vê com diploma no curso de "Técnico de Eletrônica". 3. Cabia à instituição de ensino comprovar que forneceu ao consumidor, antes de sua matrícula, todas as informações, completas e verazes, quanto ao curso que oferecia. 4. Restou evidenciada a frustração e sofrimentos experimentados pelo apelado, de forma a autorizar a pretensão indenizatória. Precedentes jurisprudenciais. 5. Verba indenizatória que se revela razoável e proporcional às circunstâncias fáticas, não perecendo reparos. 6. Recurso a que se nega seguimento, na forma do art. 557, caput, do CPC. (grifo nosso).
Desse modo, no âmbito das relações consumeristas, em alguns casos não é preciso a configuração da conduta ilícita para que haja a obrigação de reparar. Portanto, se uma conduta lícita ocasionar dano ao consumidor será passível de punição, como decorrência do sistema principiológico do microssistema do CDC13. Para ilustrar o acima mencionado, observe-se uma publicidade proveniente de uma conduta lícita que venha causar danos aos consumidores. Seu criador responderá civilmente pelos danos concretos e potenciais, nos moldes dos artigos 4º e 6º do CDC. Aqui não cabem as sanções administrativas, pois não houve antijuridicidade.
CONCLUSÃO
 Isto Posto, verificou-se a influência do Direito Administrativo nas sanções administrativas do Código de Defesa do Consumidor, tendo destaque ao princípio da supremacia do interesse público e para o poder de polícia, buscando a proteção da coletividade e, no caso, do consumidor.
Nota-se que as sanções administrativas do CDC possuem o intuito imediato de reprimir o infrator fornecedor do serviço, que, na maioria das vezes, constitui uma pessoa jurídica, embora o art. 3º da Lei n. 8.078/90 também tenha previsto pessoa física como fornecedor. No entanto, eventual multa, suspensão de atividade ou contrapropaganda pode prevenir futuros danos. Foi possível verificar que, no CDC, o dano, ainda que abstrato, atrelado ao nexo causal com a conduta do agente enseja o dever de indenizar. Para a incidência das sanções previstas nos seus art. 55 ao 60 do referido Código, é preciso violar suas regras, o que se materializa no ato ilícito. Além disso, quando o art. 1º do ordenamento em questão menciona que as normas nele previstas são de ordem pública e interesse social, em última análise, significa dizer que toda infração a ele será apenada administrativamente, demonstrando a importância das regras norteadoras das relações de consumo.
Referências:
[1] SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional, 23ª edição, São Paulo: Malheiros, 2004, p. 476. 
[2] MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 22.ª Edição, Malheiros, São Paulo, 2007, págs. 814⁄815. 
[3] MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro, 10 ed., Malheiros, p. 359.

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