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Você já ouviu falar sobre diáspora africana? Talvez até saiba o que venha a ser, mas cabe reforçar o contexto em que os fatos ocorreram. Utilizei o artigo da autora Keith Barbosa e o filme: Brasil uma história inconveniente, produzi este vídeo no youtube sobre a temática. O artigo da autora Keith Barbosa, aborda sobre a escravidão, mortalidade e doenças: nota para o estudo das dimensões da diáspora africana no Brasil. Sob diversos ângulos muitos autores têm enfocado os complexos universos sociais da escravidão em áreas urbanas e rurais, examinando o cotidiano, os arranjos familiares e as sociabilidades diversas nos dois lados do atlântico. Pensamos que a idéia do tráfico atlântico como propagador de doenças e epidemias, incidindo sobre padrões da mortalidade escrava deve ser matizado, considerando outras variáveis das sociabilidades e das ideologias migratórias, assim como os seus desdobramentos. Não resta dúvida que o impacto migratório forçado trouxe conseqüências conjunturais e demográficas, porém, é fundamental dar relevo aos aspectos ambientais, as condições sanitárias, os regimes de trabalho, as dietas alimentares, os vestuários, entre outros, para explicar as dinâmicas de morbidade e mortalidade numa sociedade escravista. A “história inconveniente do Brasil” é uma história inconveniente de Portugal até 1808 (invasões francesas e fuga da corte para o Brasil) e do Brasil até 1888 (abolição oficial da escravatura) e dos diversos reinos africanos (capturavam e vendiam escravos aos traficantes). Uma história inconveniente para todos (à excepção dos próprios escravos). O FILME TRAS ESTIMATIVAS GROSSEIRAS: · 40% dos escravos capturados não sobreviviam ao percurso no interior do continente africano (até ao litoral onde eram vendidos) · 15% dos escravos embarcados não sobrevivia à travessia do Atlântico · 40% de todos os escravos que sobreviviam à travessia do Atlântico eram destinados ao Brasil. · 4% e todos os escravos iam para os EUA. · Vindos de Angola, chegaram ao Brasil 10 vezes mais escravos do que os destinados aos EUA. · Chegou uma época em que a metade da população brasileira era constituída por escravos. · O Brasil teve o maior comércio de escravos. · O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888. CONTEXTO HISTÓRICO: TRÁFICO DE ESCRAVOS PARA O BRASIL: · Portugueses, brasileiros e mais tarde holandeses dominaram um comércio que envolveu a movimentação de milhares de pessoas. · O comércio de escravos estava solidamente implantado no continente Africano e existiu durante milhares de anos. Nações Africanas como os Ashanti do Gana e os Yoruba da Nigéria tinham as suas economias assentes no comércio de escravos. · Quando Catarina de Áustria (1559) autoriza o tráfico de escravos para o Brasil o comércio de escravos oriundos da África, que antes era dominado pelos Africanos, passa a ser também dominado por Europeus. · O tráfico de escravos para o Brasil não era exclusivo de comerciantes brancos europeus e brasileiros, mas era uma actividade em que os pumbeiros, que eram mestiços, negros livres e também ex-escravos e não só se dedicavam ao tráfico de escravos como controlavam o comércio costeiro — no caso de Angola, também parte do comércio interior — para além de fazerem o papel de mediadores no comércio de escravos da África Atlântica. Refira-se Francisco Félix de Sousa, alforriado aos 17 anos, foi considerado o maior traficante de escravos brasileiro. CONTEXTO HISTÓRICO: OS PRIMEIROS ESCRAVOS E A LEGALIZAÇÃO DA ESCRAVATURA: · A coroa Portuguesa autorizou a escravatura com a bênção papal, documentada nas bulas de Nicolau V, Dum e Divino Amorecommuniti, ambas de 1452, que autorizavam os portugueses a reduzirem os africanos à condição de escravos com o intuito de os cristianizar. · A regulamentação da escravatura era legislada nas ordenações manuelinas, a adopção da escravatura vinha assim tentar ultrapassar a grande falta de mão de obra, que também se verificava por toda a Europa, devido à recorrência de epidemias muitas provenientes de África e do Oriente. até a primeira metade do século XV a população portuguesa apresentou queda demográfica constante. · Diversas nações africanas tinham as suas economias dependentes do tráfico de escravos e viam o comércio de escravos com os europeus como mais uma oportunidade de negócio. · O mais antigo registro de envio de escravos africanos para o Brasil data de 1533 quando Pero de Góis, Capitão-Mor da Costa do Brasil, solicitou ao Rei a remessa de 17 negros para a sua capitania de São Tomé (Paraíba do Sul/Macaé) · Seguidamente, por Alvará de 29 de Março de 1559, D. Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo governador-geral, a importar até 120 escravos. CONTEXTO HISTÓRICO: COMO O AFRICANO SE TORNAVA ESCRAVO · Quando os portugueses chegaram a África encontraram um mercado africano de escravos largamente implementado e bastante extenso. Os africanos eram escravizados por diversos motivos antes de serem adquiridos: · prisioneiro de guerra · punição para quem fosse condenado por roubo, assassinato, feitiçaria e, às vezes, adultério · penhora, as pessoas eram penhoradas como garantia para o pagamento de dívidas. · rapto individual ou de um grupo pequeno de pessoas no ataque a pequenas vilas, · troca de um membro da comunidade por comida · como pagamento de tributo a outro chefe tribal A taxa de mortalidade dos africanos no percurso que faziam desde o local em que eram capturados até ao litoral onde eram vendidos ou embarcados estima-se em 40/%. Durante a travessia do Atlantico a taxa de mortalidade era menor e situa-se em cerca de 15%.
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