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genero e sexualidade na escola

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GÊNERO E SEXUALIDADE NA ESCOLA 
 
GOMES, Andréa Regina de Carvalho1 - SEED PR 
 
 Grupo de Trabalho: Diversidade e Inclusão 
Agência Financiadora: Não contou com financiamento 
 
 
Resumo 
 
A sexualidade humana é uma construção social, histórica e cultural que necessita ser refletida, 
tendo em vista a imensidade de referenciais que fortalecem a naturalização dos preconceitos 
de gênero, diversidade sexual, classe e etnia. Sabe-se que a maioria das/os professoras/es 
atuantes hoje nas escolas , não teve em sua formação acadêmica a Sexualidade como 
disciplina curricular. Estou há vinte e dois anos trabalhando nas escolas públicas da Rede 
Estadual de Educação do Paraná. Desde o início de minha carreira, faço reflexões acerca do 
tema Gênero e Sexualidade na Escola, pois percebo a ausência desse tema nos currículos 
escolares desde a Educação Infantil até os Cursos de Formação de Docentes. Este relato busca 
dividir experiências e referenciais teóricos, antropológicos e educacionais para contribuir no 
desenvolvimento de uma didática pedagógica da sexualidade, considerando analiticamente as 
questões da ausência de formação acadêmica curricular referente à sexualidade, para as/as 
professores/as da educação básica e, consequentemente, a dificuldade em lidar com questões 
referentes ao tema. Entende-se que os preconceitos de gênero e sexualidade nas escolas 
produzem marcas profundas no processo de formação e aprendizagem dos /das educandos/as 
que saem dos padrões historicamente construídos e considerados “normais”, ou seja, marcas 
que reforçam o processo de preconceitos e discriminações. Busca-se uma análise aprofundada 
das formas científicas de investigação da sexualidade para minimizar o problema em questão. 
É preciso que se questione como se produziram e ainda se produzem as diferenças que 
reforçam esses preconceitos e que efeitos estas têm sobre os sujeitos. Buscam-se, então, 
subsídios científicos para efetivar a práxis transformadora, capaz de nortear a 
desnaturalização das discriminações, tendo em vista que a escola se constitui como espaço 
privilegiado para o tratamento pedagógico dessas questões. 
 
Palavras-Chave: educação, gênero, preconceitos, sexualidade. 
Introdução
 
1Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Supervisão Escolar. 
Aperfeiçoamento no Programa PDE - PR. Pedagoga do Ensino Médio e Responsável pelo tema Gênero e 
Sexualidade do Departamento da Diversidade do Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão - PR. 
20700 
 
 A escola deve respeitar a diversidade humana. Isso inclui o gênero e a diversidade 
sexual. Sabe-se que a educação não é um ato neutro, que há relação estreita entre o que cada 
um pensa e a sua prática pedagógica. Esta é amparada por uma teoria, mesmo que 
inconscientemente. A educação é sempre uma ação política, portanto o gênero e a educação 
sexual devem fazer parte do currículo escolar desde a infância. Porém, este currículo deve ser 
planejado, assumido pelas/os professoras/es de forma a discutir os conhecimentos sobre esse 
assunto, sem preconceitos e discriminações. Segundo Gagliotto (2009. p.18), 
 
[...] a sexualidade configura-se numa das dimensões humanas mais complexas por 
constituir-se de um elo entre aspectos subjetivos do ser humano (filosóficos, sociais, 
históricos, antropológicos, pedagógicos e psicológicos) e aspectos biológicos 
(genéticos, reprodutivos, identidades genitais). 
 
 Tratar pedagogicamente do gênero e sexualidade nas escolas significa inserir os 
assuntos referentes a este tema da diversidade no currículo, por meio dos conteúdos 
contemplados nas diretrizes curriculares, não havendo necessidade de se criar uma disciplina 
específica de Educação Sexual na escola. 
 
Dir-me-ão que, se há tanta gente, atualmente, a afirmar essa repressão, é porque ela é 
historicamente evidente. E que se falam com uma tal profusão e há tanto tempo, é 
porque essa repressão está profundamente firmada, possui raízes e razões sólidas, 
pesa sobre o sexo de maneira tão rigorosa, que uma única denúncia não seria capaz 
de liberar-nos; o trabalho só pode ser longo (FOUCAULT, 1988, p.15). 
 
 O foco deste trabalho é o tema sexualidade nas escolas e a reflexão da urgência de que 
seja contemplada na matriz curricular dos cursos de Formação de Docentes a disciplina de 
Sexualidade, o que pressupõe que as/os futuras/os professoras/es obtenham em sua formação 
acadêmica, “os referenciais teóricos, históricos , antropológicos e educacionais, para 
desenvolver uma didática da sexualidade” (GAGLIOTTO, 2009, p.18). 
 No cotidiano das escolas é fácil perceber a naturalização que existe com os 
preconceitos de raça, gênero e orientação sexual. É tão comum que se percebe, mesmo entre 
os/as educadores/as, atitudes diárias que reforçam esses preconceitos, seja por meio de piadas, 
comentários ou mesmo naturalização dos espaços de meninos e meninas, homens e mulheres, 
heteros, bi, trans e homossexuais. É preciso que a equipe diretiva e pedagógica de cada escola 
se dedique mais a esses assuntos, não se cale, para que atitudes de desnaturalização dos 
preconceitos se tornem hábito e não somente assunto para palestra com profissionais externos 
à escola. 
20701 
 
 Em geral, existe nos Projetos Pedagógicos das escolas a citação da existência das 
equipes multidisciplinares e dos trabalhos de enfrentamento à violência, questões de gênero e 
orientação sexual. Porém, na maioria das vezes, percebe-se que muito disso fica no papel, 
pois o pátio do colégio continua sendo espaço preferencial dos meninos. Normalmente os/as 
homossexuais e transexuais são motivos de piadas, violência e exclusão diariamente. A partir 
do momento em que as/os gestoras/es das escolas tomarem a linha de frente, no sentido de 
abordar de fato, questionar e mesmo duvidar dessas naturalizações, fica mais fácil de atingir 
educadoras/es e toda a comunidade escolar no sentido de mudar esta realidade. Percebe-se 
que a maioria das/dos educadoras/es prefere calar-se para não se incomodar. 
 Assim, por meio de reflexões e ações acerca de tais estudos, busca-se a 
desnaturalização do silêncio que cerca as questões da sexualidade humana no processo 
pedagógico escolar. 
 
Desenvolvimento 
 
 Conforme nos apresenta Gagliotto (2009, p.46), 
 
[...] a modernidade produziu uma nova síntese da Sexualidade, tendo como 
concepção predominante a perspectiva médico-higienista que se preocupou 
sobremaneira com a descrição e constituição anatômica e fisiológica dos órgãos 
sexuais, suas funções procriativas e doenças sexualmente transmissíveis. 
 
 Sabe-se que a escola foi incumbida, desde seu início, de separar os sujeitos. Já 
começou por distinguir os que nela entravam dos que a ela não tinham acesso. Dentro dela 
também foram divididos por diversos mecanismos os/as alunos/as. Conforme Louro (1997, p. 
57) “A escola que nos foi legada pela sociedade ocidental moderna começou por separar 
adultos de crianças, católicos de protestantes. Ela também se fez diferente para os ricos e para 
os pobres e ela imediatamente separou os meninos das meninas”. Com o passar do tempo, os 
sujeitos excluídos da escola foram requisitando seu espaço na mesma. Os currículos, 
organização e prédios das escolas foram sendo modificados pelos novos grupos. Surgiram 
regulamentos que serviam, na maioria das vezes, para “garantir- e também produzir- as 
diferenças entre os sujeitos” (ibid, p. 57). 
 A escola tanto pode reproduzir papéis de gênero e modelos de sexualidade que 
oprimem como pode construir relações que libertam e nas quais a dignidade humana e a 
20702 
 
igualdade de direitos poderão ser princípios norteadores. Para isso é necessário que a 
instituição escolar contribua para uma educação cidadã e libertadora que contemple a 
dimensão sexual, a diversidade, os direitos humanos e a multiculturalidade. 
 A legislação brasileira prevêa igualdade de direitos e deveres entre homens e 
mulheres e estabelece que a República Federativa deve promover o bem de todas as pessoas, 
sem preconceitos ou qualquer outra forma de discriminação. Porém percebe-se que para isso 
se efetivar na prática, é necessário que haja muita reflexão sobre gênero e sexualidade. Só 
assim essas categorias podem deixar de ser usadas para classificar, discriminar e excluir. 
Desta forma haverão novas maneiras de abordagem que desconstruam preconceitos e 
discriminações. 
 
Experiências na escola 
 
 No dia-a-dia do trabalho pedagógico na escola podemos perceber, nos últimos vinte 
anos , como a escola continua reproduzindo papéis de gênero e modelos que muitas vezes 
oprimem , por meio de preconceitos velados ou não. Muito me angustia ver educadoras/es 
contando piadas homofóbicas, machistas e sexistas na sala dos/das professores/as e a maioria 
das/dos colegas rindo ou mesmo nada fazendo, denotando assim, que o heterossexismo 
continua valendo como lei na nossa sociedade. Simplesmente não se discute sobre isso. Está 
posto como da natureza e de Deus. 
 Certa vez eu estava passando pelo corredor do colégio onde, na época, eu atuava como 
pedagoga, para chegar até uma turma onde eu precisava dar um aviso. No meio do caminho 
passei por uma turma onde pude escutar um professor solicitando a participação dos/das 
alunos/as da seguinte forma: “Vamos lá pessoal, agora me respondam essa questão só os 
machos [...]”. Eles respondiam com fervor. Depois veio outra solicitação: “Agora só as 
mulheres” [...] Parei por um instante, já prevendo o que iria acontecer, por saber da fama 
daquele professor em dar aulas “animadas”, segundo alguns alunos. Então veio a frase que eu 
imaginava que viria, embora não queria que viesse: “Agora só os boiolinhas [...]”. A turma, ou 
grande parte dela, caiu na gargalhada e a aula prosseguiu, pois naquele instante não achei 
conveniente entrar na sala e tomar qualquer atitude. Até porque eu seria, provavelmente, 
vaiada pela turma, que, infelizmente estava extasiada com aquele professor “divertido”, que 
não deixava os/as alunos/as dormirem na aula. Fui conversar com a diretora para tomarmos 
20703 
 
alguma atitude no sentido de orientar o professor a não ter mais esse tipo de comportamento. 
Ela me disse que ela mesmo tinha preconceito com homossexuais e não conseguia aceitá-los, 
mas que tentava! Só “não era fácil pois Deus fez o homem e a mulher para se relacionarem e 
assim devia ser”. Sobre o professor , ela disse para eu “dar um toque” de leve para não 
ofendê-lo! Afinal ele era um ótimo professor, os/as alunos/as gostavam muito dele! Além do 
que, ele ajudava a organizar as formaturas e também ajudou na campanha da eleição da 
diretora. 
 Eu não tinha conhecimento sobre algum/a homossexual na referida turma, mas essa, 
definitivamente, não é a questão. O problema é tão amplo que para ser resolvido, é preciso 
muita formação, muita desnaturalização de preconceitos. Podemos perceber aqui algumas 
situações que podem ser comparadas à maioria das escolas, porém, fica tudo velado, calado. 
 Conversei com aquele professor da piadinha homofóbica num dia em que ele se dirigiu 
à sala onde eu trabalhava para conversar sobre outros assuntos. Falei sobre a questão da 
conotação homofóbica da piada que eu havia escutado. Ele disse que iria cuidar mais sobre 
isso, mas que a intenção não era, de forma alguma, homofóbica. Era só mesmo para “animar” 
a aula. Pedi a ele que, se possível, participasse da oficina de Gênero e Sexualidade. Continuo 
esperando pela participação dele na oficina. 
 A primeira constatação diante da análise dessa experiência é que a gestora da escola, 
como a maioria das pessoas que ali estavam, não tinha reflexão alguma sobre questões de 
gênero e sexualidade e acreditava que estava agindo corretamente. A segunda conclusão foi 
de que o professor “show” precisava (creio que ainda precise) de uma formação pedagógica 
que vai muito além das fórmulas que ele faz os alunos decorar. A terceira conclusão foi de que 
os/as alunos/as também precisam refletir muito, sob a orientação de educadoras/es de fato 
preparados para lidar com a diversidade e com as mudanças curriculares e metodológicas 
necessárias. 
 É facilmente perceptível como estereótipos e preconceitos marcam a educação. A escola 
continua reproduzindo o que a sociedade considera como comportamentos femininos e 
masculinos. A passividade e delicadeza e a emoção são comportamentos reforçados para as 
meninas. Para os meninos são incentivados comportamentos competitivos, agressivos, de 
força física e racionalidade. Daí a importância de refletir par modificar a escola no sentido de 
transformá-la em espaço estratégico para que se confiram novos significados aos sujeitos e às 
práticas subordinadas. 
20704 
 
 A situação ocorrida me reportou a tantas outras que aconteciam diariamente, tanto em 
relação às questões de preconceitos homofóbicos quanto ao desconhecimento dos/das 
professores/as e consequentemente dos/das alunos/as sobre o que é de fato importante na 
construção dos conhecimentos. O que aquele professor ensinava de fato? Como ele ensinava? 
O que os/as alunos aprendiam? Como eram avaliados/as? O que era considerado bom para 
aqueles/as educandos/as? Qual é o/a bom/boa professor/a para a sociedade? A educação deve 
romper com os padrões de identidade ditos como normais em detrimento de outros? Como e 
quem tem poder para definir o que é normal ou não? 
 Minha angústia aumentava, porém eu percebia alguns/as alunos/as e poucos/as 
professores/as com uma visão diferente do que estava estereotipado como “correto”, 
”normal”, “natural”. E foi conversando com esses/as professores/as que me senti estimulada 
em trabalhar com meus /minhas colegas na semana pedagógica de formação de professores/as 
de 2010. Como eu havia feito um curso de Gênero e Diversidade na Escola nessa época, o 
Núcleo me convidou para ministrar oficinas sobre o tema em nosso Núcleo Regional. Então 
trabalhei com professores/as de todos os municípios de nossa região e depois fui convidada a 
trabalhar no Departamento da Diversidade de nosso Núcleo e também na coordenação do 
Ensino Médio. 
 Obviamente não é possível mudar um sistema educacional ou acabar com preconceitos 
de gênero e sexualidade de uma hora pra outra. Tampouco agir na inocência da crença de que 
sozinhos/as podemos fazer uma revolução. Porém, quando podemos dar maior abrangência 
ao nosso trabalho reflexivo junto aos/as educadores/as , é possível disseminar a importância 
na necessária mudança em nossas atitudes cotidianas, na transformação dos currículos, na 
urgência de inserir a sexualidade como tema inerente à formação das/dos educadoras/es. 
 
Refletir para mudar 
 
 As divisões de etnia, classe, sexualidade e gênero são frutos de construções históricas. 
Somente na história dessas divisões pode-se encontrar uma explicação para a lógica que rege 
as mesmas. Os gestos, movimentos e sentidos são produzidos na escola e internalizados pelos 
meninos e pelas meninas. Sempre houve a distinção dos gêneros, sempre esteve determinado 
o que é para meninos e o que é para meninas. E dentro dessa distinção vários preceitos 
machistas prejudicaram e ainda prejudicam o processo democrático de igualdade de 
20705 
 
tratamento dos gêneros. Além disso, dentro dessa lógica de gêneros sempre houve a 
heteronormatividade. Desconsidera-se ou repudiam-se todas e todos que fogem do que 
represente a orientação heterossexual. 
 A sexualidade é algo complexo o suficiente para não poder ser separada dos aspectos 
sócio-econômico-culturais nem associada a determinadas fases da vida. Ela nos acompanha a 
vida toda, desde a amamentação, brincadeiras até a velhice. Não existe padrão entre faixa 
etária e forma de vivência da sexualidade. 
 O processo de construção dos sujeitos é muito sutil. É nas práticascotidianas, nos 
pequenos gestos e palavras banalizados no dia-a-dia da escola, onde se encontra o alvo de 
atenção, pesquisa e ação, por parte dos/das educadores/as que intencionam mudar esta 
realidade. “Temos de estar atentas/os, sobretudo, para nossa linguagem, procurando perceber 
o sexismo, o racismo e o etnocentrismo que ela frequentemente carrega e institui” (LOURO, 
1997, p. 64). 
 Sabe-se que inúmeras transformações aconteceram ao longo do tempo e que, por conta 
destas, também foram se modificando as formas de comunicação entre as pessoas. “Alguns 
movimentos sociais abalaram profundamente a cultura, o saber autorizado, a ciência e a vida 
contemporâneas” (Paraná, 2009, p. 31). Os referidos grupos, que iniciaram suas atividades na 
segunda metade do século XX, são formados por mulheres e grupos considerados minorias 
pela ótica dominante: os/as homossexuais. O movimento feminista ganhou visibilidade no 
final dos anos 60 e os gays e lésbicas começaram a se manifestar, exigindo respeito e 
visibilidade por meio dos espaços de cultura, lazer e arte. Foram, então, sendo construídas as 
políticas das identidades, onde não somente as vozes de homens brancos, heterossexuais e de 
classe média seriam ouvidas. A partir de então mulheres, gays e lésbicas passam a falar de 
suas experiências amorosas, sexuais e de trabalho. Os referidos movimentos contribuíram e 
contribuem muito para o avanço significativo dos estudos nessa área. Os estudos de gênero 
passaram a tratar as questões de sexualidade nas dimensões sociais e políticas e não mais no 
campo biológico somente. 
 Compreender o Gênero como categoria ajuda a entender como a sociedade construiu o 
masculino e o feminino. As justificativas para as desigualdades não devem ser buscadas na 
biologia, mas sim na história, nas condições de acesso aos recursos e na cultura, enfim, nas 
formas de representação dos povos. 
 
20706 
 
Adotar essa perspectiva de análise para gênero e sexualidade permite entender que a 
sexualidade, assim como o que é percebido como masculino e feminino, está 
associada a contextos históricos, culturais, sociais econômicos específicos que 
participam dessa construção (LUZ; CARVALHO; CASAGRANDE, 2009, p. 37). 
 
 O espaço escolar é relevante que produz e reproduz, reafirma, desconstrói e legitima 
imagens e representações de gênero e sexualidade. 
 
 Considerações Finais 
 
 As verdades sobre sexualidade e sobre os gêneros se multiplicam e se diversificam. 
Porém, apesar de haver muitas pessoas engajadas nesse movimento de entender que “as 
formas de viver a sexualidade são produzidas, ensinadas e fabricadas ao longo da vida, 
através de muitas pedagogias escolares, familiares, culturais; através de muitas instâncias e 
práticas” (Paraná, 2009, p. 35), ainda há muito a caminhar no sentido de preparar os/as 
educadores/as para refletirem sobre a construção social dos gêneros e a orientação sexual de 
cada um/a como parte de sua natureza. Cabe, então, ressaltar sobre o papel da educação e do 
currículo escolar frente à sexualidade humana, a compreensão de infância e adolescência, a 
concepção de vida em sociedade e o entendimento de direitos humanos e de respeito às 
diferenças, especialmente neste estudo de gênero e sexualidade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
LUZ, Nanci Stancki da; CARVALHO, Marilia Gomes de; CASAGRANDE, Lindamir Salete. 
(Org.). Construindo a igualdade na diversidade: gênero e sexualidade na escola. Curitiba, 
UTFPR, 2009. 
 
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 
1988. 
 
GAGLIOTTO, Giseli Monteiro. A Educação Sexual na Escola e a Pedagogia da Infância: 
matrizes institucionais, disposições culturais, potencialidades e perspectivas emancipatórias. 
257 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de 
Campinas, Campinas, 2009. 
 
LOURO, Guacira Lopes. A construção escolar das diferenças. Petrópolis: Vozes, 1997 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cadernos Temáticos da 
Diversidade/Sexualidade. Departamento da Diversidade. Núcleo de Gênero e Diversidade 
Sexual - PR, 2009. 216p.

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