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Isabela Zumblick DIARRÉIA Manifestação clínica comum, decorrente da alteração na absorção, secreção ou motilidade intestinal; Pode ser definida com base no número de evacuações (>3x/dia), no peso das fezes (>200g/dia); na prática clínica a diarreia é definida como aumento do número de evacuações associado à diminuição da consistência das fezes; Causas (geralmente mais de um): Inflamação da mucosa Formação de gradiente osmótico Causas iatrogênicas Má-absorção de nutrientes Alteração da motilidade (ansiedade, corrida) CONDUTA DIETOTERÁPICA NA DIARREIA Fibra solúvel = retarda o trânsito intestinal (absorve água, forma gel) = ajuda a controlar a diarreia; Iniciar com amidos facilmente absorvidos (arroz, batata, cereais simples) e seguir com alimentos proteicos; Lactose e muita sacarose (CHO que fazem fermentação) = agravar a diarreia Avaliar a restrição de gordura (TCM e ômega seriam boas opções) Se for persistente e decorrente de doença infecciosa, imunodeficiência ou inflamatória, pode ser necessário suplementação de vitaminas, minerais, proteínas e lipídios (por via enteral ou parenteral) Dieta branda (cozidos e evitando fibra insolúvel) Aumentar consumo hídrico Evitar condimentos, industrializados, muita gordura como oleaginosas CONSTIPAÇÃO INTESTINAL Estase do intestino grosso - redução da frequência das evacuações, fezes duras e pequeno volume; Etiologia: - erros dietéticos (alergias, muita fibra com pouca água) - uso abusivo de laxantes (lesa os nervos de contração do intestino = pessoa fica dependente), medicação obstipante, antiácidos, analgésicos, suplementos de ferro, - depressão - falta de reposta à vontade de evacuar - diminuição do poder expulsivo - disbiose intestinal Sintomas: sensação de esvaziamento incompleto, distensão e desconforto abdominal, flatulência, anorexia, cefaléia, tenesmo (dor ao evacuar). CONDUTA DIETOTERÁPICA NA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 1.Identificar a causa 2. Aumentar o consumo de fibras (>30g/dia): - Aumento do volume fecal - Estímulo mecânico no peristaltismo intestinal - Aumento da frequência das evacuações - Cuidar com o excesso = diminui absorção de minerais e forma meteorismo FIBRAS INSOLÚVEIS FIBRAS SOLÚVEIS Celulose (cascas) Lignina (linhaça, girassol, hortaliças) Hemicelulose (farelo de trigo) * Retenção de água. Pectina (polpa de frutas) Gomas e mucilagens Hemicelulose (farelo de aveia) * Reduz absorção de glicose e colesterol. Conteúdo de fibras: Baixo teor: 0–12g; Médio teor:13–30g; Alto teor:>30g. ORIENTAÇÕES: Substituir cereais refinados pelos integrais; farelo de trigo; frutas, verduras, legumes crus 3. Horários regulares das refeições: fracionamento aumentado e volume diminuído 4. Aumentar o consumo de líquidos - Adultos: 1ml/Kcal (35 a 40ml/kg) - Crianças: 1,5ml/Kcal 5. Prática de atividade física 6. Regularidade no ato de defecar 7. Aumentar o consumo de potássio: a deficiência pode reduzir o tônus da musculatura do intestino INTOLERÂNCIA A LACTOSE Redução da produção enzimática de LACTASE nos enterócitos Sinais: Cólicas, flatulência, náuseas, vômitos, distensão abdominal e diarreias. Testes bioquímicos: Teste da lactose e teste dietético (retirada e reintrodução) Causa PRIMÁRIA (idiopática) ou SECUNDÁRIA (doenças intestinais que levam a perda das vilosidades) TESTE: Coleta de sangue em jejum Ingestão 50mL de lactose; Depois faz mais 3 exames de glicose = se aumentar menos de 20 mg ou ainda diminuir, é considerado positivo (intolerante). Lactose é carboidrato = lactase quebra em glicose e galactose = aumenta significativamente (mais de 20mg) a glicose no sangue/glicemia; Se não aumenta a glicemia é intolerância; CONDUTA DIETOTERÁPICA NA INTOLERÂNCIA A LACTOSE Retirar leite e derivados (ou) utilizar produtos baixa lactose, produtos de ovelha, soja; CUIDADO! Muitas vezes, pela constante agressão da lactose na mucosa, o paciente desenvolve também alergia à proteínas da alimentação (leite/ glúten/ soja/ milho/ oleaginosas…) ALERGIAS ALIMENTARES Resposta do sistema imunológico a uma determinada proteína contida no alimento; OBS.: na INTOLERÂNCIA alimentar não há participação do sistema imunológico; Comuns: leite de vaca, soja, amendoim, glúten, ovo, peixe e frutos do mar; Fatores de risco: Predisposição genética Sensibilização precoce ao alérgeno: antes dos primeiros 3 anos de vida, TGI não é maduro; Disbiose-> hiperpermeabilidade intestinal Classificação: - Imediata (mediada pela imunoglobulina IgE): teve contato com o alimento imediatamente tem-se o aumento exacerbado da IgE e seus sintomas como vômitos, diarreia, dermatites, urticária, entre outras até o fechamento da glote o que impossibilita a respiração; - Tardia (mediada pela imunoglobulina IgG) - Mistas Tratamento: não existe cura; exclusão dos alimentos e utilização de antialérgicos para os sintomas; DOENÇA CELÍACA Patologia causada pela inabilidade da mucosa entérica em digerir peptídeo do glúten contido no trigo, centeio, cevada, malte e aveia; Interação com moléculas do sistema imune desencadeia uma resposta inflamatória contra a mucosa intestinal e uma resposta imune sistêmica generalizada = atrofia das vilosidades, má-absorção, desnutrição e possíveis doenças malignas. FORMA CLÁSSICA Crianças: diarreia crônica, vômitos, irritabilidade, falta de apetite, déficit de crescimento, distensão abdominal, diminuição do tecido celular subcutâneo e atrofia da musculatura glútea; Adultos: diarreia crônica ou intermitente, falta de apetite e perda abrupta de peso FORMA NÃO CLÁSSICA (manifestações digestivas ausentes ou em segundo plano) Crianças: baixa estatura, anemia, artralgia ou artrite, constipação intestinal, hipoplasia do esmalte dentário, osteoporose e senilidade; Adultos: infertilidade, abortos de repetição, depressão, osteoporose e polineuropatia FORMA ASSINTOMÁTICA (ocorre fundamentalmente nos parentes de primeiro grau de celíacos) CONDUTA DIETOTERÁPICA NA DOENÇA CELÍACA Alimentação glúten free; cuidado com o alimento de preparação– contaminação pelo ar Leitura de todos os rótulos Reposição de nutrientes, conforme exames e sintomas carenciais (anemias, osteoporose) Nutrição dos enterócitos (TCM, glutamina, zinco, ácido fólico) Imunomodulação (w-3) Fracionamento: aumentado Volume: diminuído Consistência branda, fibras só soluveis DOENÇA INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS (DIIs) COLITE ULCERATIVA: parte contínua da mucosa do cólon; causa desconhecida, prováveis componentes psicossomáticos, ambientais, dietéticos e bacterianos; Sintomas: diarreia com muco e sangue e as vezes pus, dor abdominal, desnutrição por anorexia e restrição pela dor, febre e hipoalbuminemia, anemia (deficiência de Fe, ácido fólico e vit.B12), anorexia por perda de Zn (que estimula apetite) DOENÇA DE CROHN: Mais comum no íleo terminal, porém, podendo atingir qualquer parte do TGI (característica segmentar) Sintomas iniciais: dores abdominais episódicas e pós-prandial periumbilical, febre baixa e diarreia Sintomas posteriores: dores abdominais no quadrante inferior direito, ↓peso por diarreia, que se alterna com constipação intestinal, gases, anorexia, fadiga, anemia por deficiência de ácido fólico, menor absorção de vitaminas lipossolúveis CONDUTA DIETOTERÁPICA NAS DIIS VET Harris Benedict x FA x 1,75 (considerando o hipermetabolismodas DIIs) 30 a 40 Kcal/Kg/dia PTN 1,0 a 1,5 g/kg de peso ideal (até 2g/kg em desnutridos) LIP 20 a 25% *Hipolipídica (20% VCT) – gordura intensifica contrações da musculatura lisa intestinal Observar carência de sais biliares x diarreia x esteatorreia. CHO (Fase Aguda) Sem leite e derivados Sem mono e dissacarídeos (sacarose) Rica em fibras solúveis (AGCC) e pobre em fibrasinsolúveis CHO (Fase Remissão) Reintrodução gradual de fibras insolúveis Anti fermentativa Evitar alimentos que podem formar gases: brócolis, couve-flor, couve, repolho, nabo, cebola crua, pimentão verde, rabanete, pepino, batata-doce, grãos (remolho!), bebidas gasosas, doces; Via de administração Fase aguda – pode ser necessário TNE ou TNP Fase de Remissão – oral Glutamina Importante fonte de energia para células de rápida proliferação (como os enterócitos) Até 30g/dia 5g Arginina + Glutamina Ativadores de células polimorfonucleares e células T (melhoram a resposta imunológica) Ômega-3 Contribui na redução da resposta inflamatória (3 a 5g / dia) Observar aceitação devido ao funcionamento intestinal / digestão de lipídeos. TCM? SÍNDROME DO INTESTINO CURTO (SIC) Sintomas clínicos decorrentes de extensa ressecção intestinal: diarreia, esteatorreia, distúrbios hidroeletrolíticos e desnutrição associada a má absorção; Causas Crianças: origem intra-uterina, enterocolite necrosante, volvo secundário a má absorção; Adultos: obstrução vascular do int. delgado, doença de Crohn, câncer, trauma abdominal; CONDUTA DIETOTERÁPICA NA SIC VET Harris Benedict x FI x 1,8 (considerando o hipermetabolismodas DIIs) 40 a 60 Kcal/Kg/dia (Hipercalórica) PTN 1,5 a 2 g/kg (hiperproteica) LIP Normolipídica Hipolipídica (20%) na presença de esteatorreia: suplementar com TCM (máx.1CS de 15ml 4x/dia) CHO Normoglicídica Dependendo da parte retirada: restringir lactose e sacarose Fibras Diminuída no começo Fracionamento Aumentado Volume Diminuído Líquidos 1 a 2l/dia Via de administração NE: Quando o VET não é aceito VO Preferir infusão contínua (25ml/h a125ml/h) NP: 1°fase + glutamina Quando intestino <60cm, quando a NE for insuficiente ou quando houver vômitos intratáveis, diarreia refratária e obstrução intestinal; Recomendações Evitar café, alimentos laxativos (sorbitol,manitol) Ingerir alimentos sólidos separados dos líquidos DOENÇA DIVERTICULAR Herniações da parede do TGI, encontrados em todo o tubo digestivo, sendo mais comum no cólon; Etiologia: - Aumento da pressão intra-abdominal (as vezes por dieta pobre em fibras) - Constipação - Hipotonicidade da musculatura intestinal (envelhecimento causa isso) CONDUTA DIETOTERÁPICA NA DOENÇA DIVERTICULAR Objetivo: Aumentar o volume fecal, diminuição da pressão intraluminal e constipação intestinal Dieta pobre em resíduos Líquida Zero Avaliar dieta hiperprotéica e hipopurínica HEMORRÓIDA Dilatações de varizes no esfíncter anal, que podem levar a dor intensa e/ou sangramento Objetivo da dietoterapia: evitar constipação intestinal Conduta dietoterápica = idem constipaçãointestinal CIRURGIAS DE RESSECÇÕES DE ÍLEO O íleo distal é o local de absorção de B12 e líquidos ingeridos e secretados no TGI. O íleo também reabsorve sais biliares; sua ressecção causa menor pool de sais biliares, menor formação de micelas e consequente digestão e absorção prejudicada de lipídeos e vitaminas lipossolúveis (A, E, D principalmente). As gorduras mal digeridas formam associações com minerais divalentes (cálcio, magnésio, zinco), resultando na má-absorção destes. Absorção de oxalatos é aumentada – maior risco de litíase renal. CIRURGIAS DO INTESTINO GROSSO 1.Ileostomia = retirada do intestino após o íleo (cólon e reto) 2.Colostomia = retirada do intestino após o cólon (reto e ânus) Etiologia: câncer de intestino, trauma, colite ulcerativa Complicações: diarreia, desidratação, desconforto físico e social (odor e flatulência) CONDUTA DIETOTERÁPICA NAS CIRURGIAS DE INTESTINO GROSSO Recuperar o estado nutricional e conforto Regularizar a quantidade e consistência das fezes Reduzir a formação de gases e odor A evolução pós-cirúrgica depende da parte que foi retirada, da doença de base = tratamento individualizado; 1º) Pós-cirúrgico imediato: Dieta baixa em resíduos; EXCLUIR: Leite e queijos gordurosos, leguminosas (substituir pelo caldo), folhosos crus, cereais integrais, doces concentrados, temperos, frituras 2º) Após o período imediato: Adequar a dieta conforme as tolerâncias do paciente EVITAR: alimentos hiperfermentativos, comidas com odor forte; Aumentar o consumo de água, sal e potássio Suplementar com vit.B12 e vit.C, se necessário Mastigar bem os alimentos fibrosos FÍSTULAS DIGESTIVAS Comunicação anormal entre o trato digestivo e o exterior (externa) ou entre dois órgãos internos (interna) Etiologia: a deiscência de anastomoses digestivas é a mais frequente (80%), ocorrendo habitualmente entre o 4º e 10º dia da operação. Outras causas incluem doença de Crohn, radioterapia, perfurações inadvertidas em ato operatório, trauma;
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