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3/16/2019 1 DANÇA Aula 3: INTRODUÇÃO DA DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA I Durante os anos escolares as crianças de nosso tempo não aprendem a apreciar o movimento. Apenas sabem o quanto de sua felicidade futura depende de uma vida de movimento intenso (LABAN, 1990, p.14 ). Neste momento, compartilham-se as ideias de alguns autores que visualizam no ensinamento da dança um potencial de desenvolvimento humano que não pode ser deixado fora da escola. Em seguida, busca-se identificar a dança na escola como conteúdo da EF diante dos aspectos da cultura corporal de movimento, levando-se em consideração os documentos legais que subsidiam a área de conhecimento da Educação Física e da Arte. Segundo Marques (2001), o bailarino e coreógrafo Rudolf Laban foi o grande revolucionário da dança no contexto da educação, pois trouxe para ela referenciais corporais que a instrumentalizaram e ainda instrumentam o processo de criação menos espontaneísta e mais consciente. Seu discurso é baseado na filosofia da dança moderna do início do século, quando John Dewey difundia as ideias da Escola Nova, na Inglaterra. As propostas educacionais de Laban tinham como base a preocupação de desenvolver potencialmente as capacidades de criação e expressão do homem, permitindo um diálogo entre o conhecimento intelectual e as potencialidades criativas, através da dança. Laban utilizou amplamente o binômio “dança educativa” quando divulgou seu trabalho educacional na Inglaterra, com intuito de contrapor as ideias formais de dança na época, como o balé clássico (MARQUES, 2001). Para Laban, a dança possibilita a “expressão na riqueza das formas do movimento liberado, nos gestos, nos passos, como aqueles que o homem contemporâneo utiliza em sua vida cotidiana” (LABAN, 1990, p. 14). 3/16/2019 2 No vasto trabalho de análise do movimento, Laban cria uma nova técnica que revoluciona o mundo da dança e da educação, a chamada ‘dança livre’, que foi aplicada à dança moderna com o propósito de promover o domínio do movimento em todos os aspectos, corporal e mental. O idealizador da nova técnica enfatiza que a dança na educação é variada, já que o “impulso inato das crianças ao realizar movimentos similares aos da dança é uma forma inconsciente de descarga, que reforça suas faculdades naturais de expressão” (LABAN, 1990, p. 18). Dessa forma, cabe à escola fazer com que a criança tome consciência deste impulso, com objetivo de que ele venha a ser governado por ela. Em sua obra Dança Educativa Moderna, Laban (1990) enfatiza que, na escola, o que se fomenta na educação artística não é desenvolver o potencial criativo do aluno em execuções de danças sensacionais, mas, sim, procurar o efeito benéfico que a atividade criativa da dança tem sobre o aluno. Outra tarefa da educação, destacada na obra, é referente à preservação da espontaneidade do movimento inerente às crianças até que elas cheguem à idade adulta. Neste sentido, segundo Laban (1990, p. 18), a escola tem dois objetivos: [...] ajudar na expressão criativa das crianças, representando danças adequadas aos seus dons naturais e ao grau de seu desenvolvimento; outro é cultivar a capacidade de tomar parte na unidade superior das danças coletivas dirigidas pelo professor. Marques (2001) ressalta que ainda hoje é comum se surpreender quando a dança é associada por jovens e professores ao balé clássico, mesmo por aqueles que nunca assistiram a um espetáculo desse tipo. Portanto, faz-se necessário propor uma revalorização da educação em dança, a fim de se ampliar os conteúdos propostos em uma visão que vai além do aprendizado da técnica. Scarpato (2001) enfatiza que a dança na escola deve alijar a execução de movimentos técnicos, corretos e perfeitos, para excluir o sentido de competitividade entre os alunos. A autora sugere que se deve partir do pressuposto de que o movimento é uma forma de expressão e comunicação do aluno, cujo objetivo é de se formar opinião crítica, um cidadão ativo, participativo e responsável, capaz de se expressar em várias linguagens, entre as quais a expressividade em termos de movimento. 3/16/2019 3 Marques (2007) aponta algumas críticas no modo como os professores veem a dança; enfatiza que é muito comum se ouvir discursos de professores que desvalorizam o trabalho corporal e artístico da dança, com o pensamento de que ‘a dança é boa para relaxar’, ‘para soltar as emoções’ ou ‘conter a agressividade’; ou seja, a dança passa a ser pensada na escola como uma forma estratégica de se ‘prevenir problemas’. Destaca ainda que a escola pode, sim, utilizar a dança como prevenção, porém cabe a esta construir conhecimentos através da dança, ou seja, fornecer subsídios para a sistematização e apropriação crítica dos conteúdos específicos da área e da sociedade. É assim que a dança na escola se torna distinta de um baile de carnaval ou de um ritual catártico: o corpo que dança e o corpo na dança tornam-se forma de conhecimento sistematizado e transformador (MARQUES, 2007, p. 25). O uso da dança na escola vai muito além das vivências corporais e o objetivo de diminuir as tensões do processo intelectual excessivo. Não se pode mais significar o corpo das crianças somente como um apanhado de articulações e músculos, um esqueleto a ser treinado pela repetição. É preciso ressignificar os conteúdos escolares, com o objetivo de que estes tornem-se mais prazerosos e expressivos. A dança, conforme providencia o trabalho corporal, possibilita ao aluno o questionamento crítico, e este, por sua vez, busca entender as relações que perpassam suas experiências de vida, tornando-se mais espontâneo e expressando- se de modo mais natural. Com base nas propostas de Laban (1990) e nas prudentes ênfases de Marques (2007), verifica-se a necessidade de ampliar os conceitos de dança para a sociedade em geral, portanto que se comece na escola a quebrar paradigmas e apresentar a dança como forma de autoconhecimento e não como técnica acabada. A dança é a arte de expressar, através dos movimentos corporais ritmados, situações imaginárias ou acontecimentos reais; é uma forma de conhecimento, de comunicação e de expressão não verbal. 3/16/2019 4 Segundo Darido e Rangel (2008, p. 201-202), a dança, como um conteúdo da cultura corporal de movimento, possui diferentes objetivos, que variam de acordo com o contexto no qual está inserida. As autoras evidenciam alguns objetivos importantes para que a dança seja desenvolvida como um conteúdo da Educação Física escolar. São eles: • possibilitar a exploração da criatividade através da descoberta e da busca de novas formas de movimentação corporal; • viabilizar a educação rítmica, pela diversificação na dinâmica das ações motoras e por utilizar a música, a percussão, o canto e outros recursos como instrumentos para aumentar a motivação; • canalizar para a expressividade, por refletir sentimentos, pensamentos e emoções; • ampliar o vocabulário e o senso perceptivo; • ampliar os horizontes e formar pensamentos críticos, conduzindo a participação, compreensão, desfrute e reconstrução das atuais conjunturas das artes e também das condições de cidadania; • levar à apreciação e valorização artísticas, dando ênfase às contribuições culturais e históricas contidas nos trabalhos de dança. Alguns apontamentos são pertinentes em relação ao trato dos PCN em relação à dança; percebe-se que ora o documento trata a dança como conteúdo da cultura corporal, ora como uma atividade rítmica. Os PCN afirmam que a EF trata de um conhecimento denominado cultura corporal de movimento e incluem a dança como um dos temas a serem trabalhados, porém o documento se refere à dança na EF como “Atividades Rítmicas e Expressivas” e não como ‘dança’, como se pode observar: Aqui são incluídas as manifestações da cultura corporal que têm como características a intençãode expressão e comunicação por meio dos gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal. Trata-se, principalmente, das atividades rítmicas como a dança ou jogos musicais (BRASIL, 1998, p. 19). O texto do documento traz que, no bloco das Atividades Rítmicas e Expressivas, o professor poderá trabalhar com as manifestações da cultura corporal de movimento em conteúdos que valorizem a expressão por meio da música, ritmos e sons. (BRASIL, 1998). O trabalho sugerido seria específico, com brinquedos cantados, danças e mímicas. 3/16/2019 5 REFERÊNCIAS BARRETO, D. Dança... 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