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AULA 06- ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA NA APRENDIZAGEM

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CONTROLE DE 
APRENDIZAGEM MOTORA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Tatiane Calve 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo desta aula é compreender como a organização da prática 
influencia o processo de aprendizagem e o desempenho de diferentes tipos de 
habilidades motoras. Para explicar como a prática é importante, serão abordados 
dois temas diretamente associados a esse processo: a retenção e a 
transferência de aprendizagem. 
Vamos discutir também a influência da prática mental no processo de 
aprendizagem motora, assim como diferentes tipos de aprendizagem e 
estratégias para estruturação da prática. 
Organização da prática na aprendizagem motora 
Para que a aprendizagem motora e a melhora do desempenho na 
execução de habilidades motoras ocorram, é necessário que haja organização 
e variabilidade de experiências prática. Margill (2000, p. 244) afirma: 
Uma característica da prática que aumenta as oportunidades de 
desempenhos futuros bem-sucedidos consiste na variabilidade das 
experiências vividas pelo aprendiz durante a prática, o que significa 
variar as características do contexto em que o aprendiz desempenha a 
habilidade, e variar as habilidades que ele está praticando. 
O tipo de prática aplicado ao aprendiz ou ao experiente depende das 
características do executante e também da tarefa que está sendo aprendida ou 
treinada. 
TEMA 1 – MEDIDAS DE RETENÇÃO E TRANSFERÊNCIA 
Como já descrito anteriormente, a medida da aprendizagem motora é feita 
pela avaliação do desempenho motor. Assim sendo, para saber se realmente 
houve tal aprendizagem, é necessário que o indivíduo passe por um período sem 
a realização da tarefa, chamado de período de retenção. 
Outra característica do processo de aprendizagem é a possibilidade de 
transferir o que já foi aprendido para a aprendizagem de uma nova habilidade 
motora, para outro membro ou, ainda, outro contexto. 
 
 
 
 
3 
1.1 Medidas de retenção 
As alterações que ocorrem no comportamento motor com a aprendizagem 
motora são inferidas a partir da avaliação de persistência e consistência do 
desempenho motor. Os testes de retenção são os mais aplicados e indicados 
para avaliação dessa aprendizagem, isto é, verificam o quanto das informações 
recebidas foi retido. 
Para que a aprendizagem motora seja mensurada a partir de testes de 
retenção, é necessário que o indivíduo realize a habilidade motora praticada 
após um período sem prática, denominado de período de retenção. 
O período de retenção é relativo e deve ser suficientemente longo para 
que o resultado da avaliação não represente somente um desempenho 
momentâneo. 
A avaliação e a inferência de que realmente houve aprendizagem motora 
ocorrem pela comparação entre um teste, realizado no primeiro dia de prática de 
uma habilidade motora (pré-teste), e outro, após o período de retenção (teste de 
retenção). Observe a Figura 1, a seguir. 
Figura 1 – Representação dos períodos de aprendizagem até o teste de retenção 
 
A figura representa os períodos que vão desde o pré-teste até o teste de 
retenção, passando pelos períodos de prática e de retenção, para que haja 
avaliação da aprendizagem motora. Se o teste de retenção revelar melhora no 
desempenho quando comparado ao pré-teste e ao pós-teste, então, é possível 
inferir que houve efetivamente aprendizagem motora. 
 
 
 
4 
1.2 Transferência 
A transferência de aprendizagem é definida como a “influência da 
experiência anterior no desempenho de uma habilidade num novo contexto ou 
na aprendizagem de uma nova habilidade” (Magill, 2000, p. 197). Ela pode ser 
positiva, negativa ou nula, e cada uma está descrita a seguir. 
 Transferência positiva – a experiência anterior facilita ou auxilia na 
aprendizagem de uma nova habilidade motora ou da mesma habilidade 
em um novo contexto. Esse tipo de transferência ocorre devido a 
semelhanças entre os componentes das habilidades desempenhadas e 
os componentes semelhantes ao desempenho em diferentes contextos. 
 Transferência negativa – a experiência anterior influencia de maneira 
negativa, prejudicando ou dificultando a aprendizagem de uma nova 
habilidade motora ou da mesma habilidade em um novo contexto. A 
transferência negativa ocorre devido à solicitação de uma resposta nova 
ocorre para um estímulo antigo. 
 Transferência nula – a experiência em uma habilidade motora não 
interfere na aprendizagem de uma nova habilidade ou da mesma 
habilidade em um novo contexto. 
O princípio da transferência é importantíssimo para o entendimento dos 
processos envolvidos na aprendizagem motora e no controle do movimento, 
como as experiências motoras anteriores dos aprendizes. 
Um dos princípios dessa transferência ocorre durante o sequenciamento 
do processo de aprendizagem, ou seja, sempre que partimos de uma habilidade 
mais simples e vamos acrescentando elementos na execução dela até que se 
torne mais complexa ou mais coordenada, experiências novas são 
acrescentadas, da maneira sequencial, às experiências prévias. 
A Taxonomia de Gentile (Figura 2) é um exemplo do sequenciamento no 
processo de aprendizagem, utilizando a sequência de habilidades motoras 
aprendidas. 
 
 
 
5 
Figura 2 – Taxonomia de Gentile 
 
Fonte: Magill, 2000. 
A transferência de aprendizagem acontece também durante a instrução 
no ensino de uma habilidade motora, como aprender a mergulhar em uma 
piscina para depois mergulhar no mar. 
Outra ocorrência e influência da transferência de aprendizagem ocorre em 
relação às condições de prática, ou seja, como as práticas são organizadas e 
aplicadas: por exemplo, treinar uma modalidade esportiva por partes e depois 
transferir essa aprendizagem para realização da modalidade de maneira integral, 
com todas as habilidades motoras que a compõem. 
1.2.1 Avaliação da transferência de aprendizagem 
A avaliação da transferência de aprendizagem nos permite identificar 
como e quanto a aprendizagem prévia de determinada habilidade motora 
interfere na aprendizagem de uma nova habilidade ou de uma mesma habilidade 
executada em um novo contexto. 
 
 
6 
O tipo de avaliação empregado para identificar a transferência de 
aprendizagem depende do tipo de transferência envolvido (Magill, 2000). 
 Avaliação de transferência de aprendizagem intertarefas – efeito da 
transferência de aprendizagem de uma habilidade motora na 
aprendizagem de uma nova tarefa. 
Grupo experimental Prática da tarefa A Desempenho da tarefa B 
Grupo controle Sem prática Desempenho da tarefa B 
 Avaliação de transferência de aprendizagem intratarefas – efeito da 
transferência de aprendizagem em diferentes condições de prática, na 
aprendizagem da mesma tarefa em diferentes contextos. 
Grupo A Condição de prática A Desempenho da tarefa C 
Grupo B Condição de prática B Desempenho da tarefa C 
O cálculo da porcentagem da transferência de aprendizagem ocorre da 
seguinte maneira: 
Transferência intertarefas 
Porcentagem de transferência = Grupo experimental - Grupo controle x 100 
 Grupo experimental + Grupo controle 
 
Transferência intratarefas 
 
Porcentagem de transferência da Prática A = CA - CB x 100 
 CA + CB 
Porcentagem de transferência da Prática B = CB - CA x 100 
 CA + CB 
1.2.2 Transferência de aprendizagem bilateral 
A transferência bilateral é caracterizada pela aprendizagem da mesma 
tarefa por diferentes membros, demonstrando que temos grande capacidade de 
aprender determinada habilidade utilizando um dos membros depois de já ter 
praticado com o membro contralateral (Magill, 2000). 
O experimento para testar a transferência bilateral ocorre da seguinte 
forma: 
 Pré-teste Prática Pós-teste 
Membro preferido X X X 
Membro não preferido X X 
 
 
7 
Uma das explicações sobre o processo de transferência bilateral está 
relacionada à primeira fase da aprendizagem, a cognitiva. Isso porque,ao 
aprender uma nova habilidade motora, o indivíduo utiliza a cognição para 
interpretar as informações recebidas e as características do movimento a ser 
realizado. Portanto, a realização da mesma tarefa com o membro não dominante 
se torna mais fácil pelo fato de o organismo já “saber” executar aquele 
movimento. 
A explicação também pode estar associada à teoria do programa motor 
generalizado, a qual explica que há características invariantes que podem ser 
utilizadas para realizar uma tarefa pelo membro não dominante, já aprendida 
pelo dominante. 
Com as informações expostas acima, podemos inferir que a identificação 
das características das habilidades motoras e dos contextos é importante para 
identificar o processo de transferência de aprendizagem, com o objetivo de 
facilitar a aprendizagem motora. 
TEMA 2 – LEI DA PRÁTICA E MOTIVAÇÃO 
A motivação tem um papel determinante no alcance das metas, seja em 
relação ao processo de aprendizagem motora, seja na prática/treinamento, seja 
na performance. 
Durante o período de prática – seja para aprendizagem de uma nova 
habilidade motora, seja para lapidação do movimento com vistas a obter melhor 
desempenho na execução de uma tarefa –, a motivação participa como um dos 
fatores para captar estímulos, interferindo na velocidade, intensidade e 
permanência na atividade. 
A motivação em praticar uma atividade também está relacionada com a 
capacidade de reter informações e facilitar o processo de aprendizagem, 
estimulando e criando expectativa a respeito da habilidade que está sendo 
aprendida e a meta a ser alcançada. 
De acordo com Souza e Oliveira Filho (2013), a motivação pode ser: 
 intrínseca – está relacionada às razões internas, proporcionando o 
desenvolvimento da autonomia da personalidade, e não se subordina a 
recompensas exteriores; na motivação interna, a meta a ser atingida é 
algo desejável; 
 
 
8 
 extrínseca – está relacionada com incentivos, reconhecimentos, 
dificuldades e problemas (tarefas muito fáceis ou muito difíceis). As 
tarefas muito simples tendem a produzir monotonia e saturação 
psicológica, e aquelas muito complexas podem provocar sensação de 
fracasso e frustração. 
Técnicos, professores e terapeutas, assim como o tipo de prática 
realizada, exercem influência direta na motivação extrínseca dos 
praticantes/pacientes; para tanto, devem conhecer as características dos 
indivíduos e as metas que desejam alcançar. 
Knijnik et al. (2001, citados por Souza; Oliveira Filho, 2013) afirmam que 
o tipo de atividade a ser desempenhada, a organização da prática e as pessoas 
(técnicos, professores ou terapeutas) envolvidas na aprendizagem ou no 
treinamento podem facilitar o processo de aprendizagem e melhorar o 
desempenho de tarefas motoras. 
Há uma tendência de pessoas com menor tempo de prática apresentarem 
maior motivação intrínseca do que outras já experientes. Para que o indivíduo 
esteja sempre motivado, é necessário que haja introdução gradativa de 
componentes (estímulos) durante o processo de aprendizagem e de 
treinamento. Confira a Figura 3, a seguir. 
Figura 3 – Nível de motivação em relação à performance motora 
 
Podemos observar na figura que quanto maior a motivação, maior é a 
performance motora, proporcionando aprendizagem mais efetiva. 
 
 
9 
Assim, a resiliência em alcançar os objetivos é um fator importantíssimo 
de motivação interna. 
TEMA 3 – PRÁTICA MENTAL 
Aprendizagem de uma habilidade motora não ocorre somente pela prática 
motriz, mas também é observada a melhora com a prática mental, caracterizada 
pelo ato de “executar essa habilidade apenas com a imaginação, sem o 
envolvimento de nenhuma ação” (Shamway-Cook; Woollacott, 2003, p. 41). Por 
sua vez, Magill (2000, p. 285) a conceitua como a “recapitulação cognitiva de 
uma habilidade física na ausência de movimentos físicos explícitos”. 
A prática mental é eficiente, pois os circuitos neurais atrelados aos 
programas motores para a realização de um movimento são desencadeados 
durante a prática realizada mentalmente (Shamway-Cook; Woollacott, 2003). 
Dois papéis muito importantes são destinados à prática mental: um deles 
está relacionado à aquisição de novas habilidades motoras (o aprendiz mentaliza 
o movimento que está tendo aprendido); o outro está associado ao desempenho 
(o indivíduo realiza os movimentos com precisão e em diferentes contextos, de 
maneira mental). 
3.1 Prática mental e aquisição de habilidades motoras 
Magill (2000) afirma que pesquisas envolvendo a prática mental tanto para 
o iniciante quanto para o experiente revelaram resultados positivos. Um exemplo 
é aquela de Hird et al., exposta na Figura 4. Ela mostra que a prática mental 
isolada, assim como a prática mental combinada com a física, trazem benefícios 
para o indivíduo. 
Figura 4 – Resultados do experimento de Hird et al. 
 
Fonte: Magill, 2000. 
 
 
10 
Em estudo relatado por Magill (2000), Singer (1986) mostra que a prática 
mental auxilia no processo de aprendizagem motora, sendo incluída em três das 
cinco fases indicadas por ele. Assim, na primeira fase da aprendizagem motora, 
o indivíduo deve se preparar física, mental e psicologicamente; na segunda, deve 
imaginar, mentalmente, a realização da ação motora (visual e cinestesicamente); 
e na terceira, deve se concentrar nas pistas relevantes para a execução da tarefa 
que está sendo aprendida. Nas duas fases posteriores, ele realiza a ação física 
e finaliza o processo de aprendizagem com a avaliação do movimento aprendido. 
Entre os benefícios da prática mental, até mesmo a potência muscular 
pode ser melhorada com a prática mental, como confirmado no estudo de Van 
Gyn et al. em 1990 (Magill, 2000). 
Com base nos estudos mostrados, podemos afirmar que a prática mental 
influencia de maneira positiva o processo de aprendizagem motora. 
3.2 Prática mental e a melhora do desempenho motor 
A influência da prática mental para o desempenho de atletas é uma das 
áreas de grande interesse da psicologia do esporte, na busca por melhorar a 
performance deles e de equipes de alto rendimento. 
Estudos realizados por Hall et al. (1990) e por Gould et al. (1980), citados 
por Magill (2000), relatam que a prática mental é um treinamento eficaz para 
melhora do desempenho de atletas de alto rendimento, em que mentalizam a 
execução do gesto motor de maneira harmônica e eficaz, além da realização das 
habilidades motoras nos mais diversificados contextos. 
Dessa forma, podemos inferir que essa prática proporciona melhora no 
desempenho de habilidades motoras devido à mentalização da realização das 
habilidades em diferentes contextos, o que pode auxiliar no desempenho em 
competições ou mesmo atletas lesionados, que podem se beneficiar da prática 
mental sem a necessidade de fazer uso do segmento lesionado. 
TEMA 4 – TIPOS DE APRENDIZAGEM 
Em aulas anteriores, vimos que o conceito de aprendizagem motora é a 
alteração na capacidade que o indivíduo tem em desempenhar uma habilidade 
motora, a qual deve ser inferida como uma alteração relativamente permanente 
 
 
11 
no comportamento motor, de acordo com a prática e/ou experiências prévias 
(Magill, 2000). 
Durante o processo de aprendizagem, quatro características gerais do 
desempenho são levadas em consideração de acordo com Magill (2000): 
 aperfeiçoamento – capacidade de melhorar e aprimorar a execução do 
movimento; 
 consistência – com o avanço da aprendizagem, o desempenho da tarefa 
fica cada vez mais consistente, com menos erros, mais estável; 
 persistência – o desempenho estável da habilidade aprendida se mantém 
por mais tempo, ou seja, se torna mais persistente; 
 adaptabilidade – após a passagem das outras fases da aprendizagem 
motora, o executante é capaz de adaptar as habilidades aprendidas a 
diferentes contextos de desempenho. 
Podemos observar que a aprendizagem está estreitamente ligada à 
memóriade longo prazo e que nos estágios iniciais desta ocorrem mudanças 
funcionais da eficiência das sinapses, e nos estágios posteriores, ocorrem 
mudanças estruturais nas sinapses (Shamway-Cook; Woollacott, 2003). 
As alterações neurais ocorrem em diversas partes do córtex cerebral, e o 
armazenamento das informações envolvem processamento paralelo e 
hierárquico do sistema nervoso central (SNC) (Shamway-Cook; Woollacott, 
2003). 
Com a plasticidade neural, o indivíduo é capaz de aprender e memorizar 
inúmeras tarefas, tanto as cognitivas quanto as motoras. No entanto, cada um 
possui características e velocidades de aprendizagem distintas, utilizando-se de 
diferentes formas de aprendizagem. 
Shamway-Cook e Woollacott (2003) afirmam que existem variadas formas 
de aprendizagem, as quais são importantes para compreender como a aquisição 
de habilidades motoras ocorre. Dessa maneira, as autoras dividem as formas de 
aprendizagem em: 
 Formas não associativas de aprendizagem – o sistema nervoso do 
aprendiz recebe e memoriza informações sobre a habilidade a ser 
aprendida. Assim, a habituação (redução na receptividade da ocorrência 
de estímulos repetitivos) e a sensibilização (receptividade a um estímulo 
nocivo) são duas formas não associativas de aprendizagem. 
 
 
12 
 Formas associativas de aprendizagem – o indivíduo se utiliza de 
informações sobre a habilidade a ser executada e as associa com outras 
associadas a tarefas já aprendidas anteriormente. 
Assim, as formas associativas de aprendizagem podem ser subdivididas 
em: 
 condicionamento clássico – é a capacidade de emparelhar dois estímulos; 
 condicionamento operante – associação de uma resposta a uma 
sequência, ou seja, aprendizagem por tentativa e erro; 
 aprendizagem processual – aprendizagem de uma habilidade motora que 
não precisa de atenção, tal como um hábito; 
 declarativa – utiliza-se de consciência, atenção e reflexão sobre a 
habilidade a ser realizada. 
Os tipos de aprendizagem dependem da tarefa e da habilidade motora a 
serem aprendidas. Além disso, independentemente dos que forem utilizados, o 
aprendiz passa por estágios até que a aprendizagem motora ocorra de maneira 
efetiva. 
TEMA 5 – ESTRATÉGIAS PARA ESTRUTURAÇÃO DA PRÁTICA 
Durante o processo de aprendizagem motora e melhora do desempenho 
na realização das habilidades motoras, o tempo de prática é fundamental. Em 
outras palavras, quanto maior o tempo de prática, melhor o desempenho na 
execução do movimento. 
As características do movimento, assim como os tipos de contexto em que 
a habilidade é realizada, sugerem que deve haver uma variabilidade de prática, 
a qual traz benefícios para o desempenho futuro das tarefas. 
Dessa maneira, para implantar a quantidade correta de variabilidade de 
práticas, é necessário que o técnico, professor ou terapeuta saiba quais são as 
características do contexto em que as habilidades serão desempenhadas e das 
habilidades motoras a ser realizadas (Magill, 2000). Segundo o autor, a 
implementação da variabilidade de prática deve levar em consideração as 
seguintes características: 
 
 
13 
 Variação dos contextos de prática – a prática de habilidades motoras é 
realizada em diferentes contextos, e as condições reguladoras são 
importantes para adequação das habilidades aprendidas a eles. 
 Variação de condições de prática para habilidades motoras abertas – para 
as habilidades motoras abertas, cada vez que a habilidade é realizada, 
ela ocorre de maneira diferente por conta da grande variabilidade dos 
contextos. 
 Variação de condições de prática para habilidades motoras fechadas – as 
condições reguladoras são estáveis e previsíveis, e a prática deve ser 
realizada nas mesmas condições do teste; as não reguladoras, por sua 
vez, devem variar durante a prática (Magill, 2000). 
5.1 Organização das práticas 
A maneira como a prática é distribuída nas sessões de treinamento 
interfere no aprendizado e na melhora do desempenho motor do executante. 
Shamway-Cook; Woollacott (2003) e Magill (2000) dividem a organização das 
práticas em: 
 prática compacta – é realizada em uma sessão, na qual o tempo de prática 
é maior que o de repouso entre as tentativas; 
 prática distribuída – é definida como sendo uma sessão em que o tempo 
de repouso entre as tentativas é igual ou maior que o de prática; 
 prática constante – não há variabilidade do contexto, velocidade ou 
característica da execução da habilidade motora; 
 prática variável – é a realização da prática de diferentes maneiras, 
alternando contextos e possibilidades de execução da habilidade motora; 
 prática aleatória – não há uma sequência determinada para todas as 
sessões de treinamento, ou seja, cada sessão é elaborada e organizada 
de maneira diferente; 
 prática em blocos – o executante executa as habilidades motoras sempre 
de mesma ordem; 
 prática pelo todo – o executante realiza as habilidades motoras utilizando 
todos os componentes exigidos na tarefa; 
 prática por partes – divide a tarefa em diferentes habilidades motoras, as 
quais são treinadas separadamente. 
 
 
14 
Na Figura 5, a seguir, é exemplificada uma semana de treinamento com 
diferentes tipos de prática. 
Figura 5 – Exemplo de uma organização de prática semanal 
 
 Fonte: Magill, 2000. 
A organização da prática é feita nas aulas de educação física, treinamento 
técnico e reabilitação física. Assim sendo, deve considerar as características do 
indivíduo, fase de treinamento e tipo de habilidade motora que está sendo 
treinada. 
NA PRÁTICA 
Nesta aula, foram exploradas as características de prática e como elas 
podem influenciar o processo de aprendizagem. Abordamos também o processo 
de transferência de aprendizagem. 
Assim sendo, indique os três principais tipos de transferência de 
aprendizagem. 
 Transferência de aprendizagem positiva – a aprendizagem de uma 
habilidade motora influencia de maneira positiva a de uma nova 
aprendizagem motora ou da mesma habilidade em um contexto diferente. 
 Transferência de aprendizagem negativa – a aprendizagem de uma 
habilidade motora influencia de maneira negativa a de uma nova 
aprendizagem motora ou da mesma habilidade em um contexto diferente. 
 Transferência de aprendizagem nula – não há influência da aprendizagem 
prévia de uma habilidade motora na de uma nova habilidade motora ou 
da mesma habilidade em um novo contexto. 
 
 
15 
FINALIZANDO 
Nesta aula, vimos como a motivação pode influenciar o processo de 
aprendizagem e desempenho motor. Foram explorados também os tipos de 
organização de prática e como eles exercem influência no processo de 
aprendizagem e no desempenho de diferentes tipos de habilidades motoras. 
Para explicar como a prática é importante no processo de ensino e 
aprendizagem motora, abordamos dois temas que estão diretamente 
associados: a retenção e a transferência de aprendizagem. 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: 
bebes, crianças e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005. 
MARGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: 
Editora Edgard Blucher, 2000. 
PELLEGRINE, A. M. A aprendizagem de habilidades motoras: o que muda com 
a prática? Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, supl. 3, p. 29-34, 2000. 
SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT, M. H. Controle motor: teorias e 
aplicações práticas. 2. ed. Barueri: Manole, 2003. 
SOUZA, A. L. C.; OLIVEIRA FILHO, R. Motivação intrínseca e extrínseca em 
crianças de 7 a 14 anos na iniciação do voleibol. Educação Física em Revista 
– EFR, v. 7, n. 2, p. 76-83, 2013.

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