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APLICAÇÃO DA LEI PENAL – LEI PENAL NO TEMPO O processo de elaboração das leis penais se dá em absoluto respeito aos procedimentos formais estabelecidos na CF. Desde o momento em que um projeto de lei é encaminhado ao congresso nacional, passa por varias fases para que se transforme em norma vigente. Concluídas as etapas do processo legislativo, com a aprovação do texto e a sanção presidencial, seguem-se a promulgação, a publicação e a entrada em vigor. Cumpridas estas exigências, terá surgido, no ordenamento jurídico, a lei penal. O direito de punir em abstrato do estado nasce com o advento da lei penal. A partir do momento em que uma lei penal entra em vigor, o estado passa a ter o direito de exigir de todas as pessoas que se abstenham de praticar o comportamento definido como criminoso. Por isso, é importante saber o exato momento em que uma lei penal começa a vigorar pois é o mesmo instante em que nasce o direito de punir em abstrato. Uma lei só entra em vigor quando se esvai seu período de vacância, ou seja, o intervalo de tempo que separa a publicação da entrada em vigor. Em alguns casos, a lei entra em vigor na data de sua publicação (desde que haja menção expressa no texto da lei). Na lei penal isso não é bom q aconteça, pois devem ser bem assimiladas. Não é possível que uma lei seja aplicada antes de sua vacância. Durante a vacância (vacatio) não há lei nova, apenas expectativa de lei. Isto porque uma lei pode ser revogada antes mesmo de entrar em vigor. CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO: o conflito acontece quando duas ou mais leis penais, que tratam do mesmo assunto de modo diferente, sucedem-se. Isto acarreta diversas questões intertemporais. Assim, é importante estabelecer qual lei deverá reger o caso concreto, se a lei vigente ao tempo de sua pratica, ou se a outra, já revogada ou que lhe é posterior. O fenômeno pelo qual uma lei se aplica a fatos ocorridos durante a sua vigência chama- se atividade. Quando uma lei for aplicada fora do seu período de vigência, chama-se extratividade. A extratividade divide-se em: retroatividade: aplicação da lei a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor. Ultra-atividade: aplicação de uma lei depois de sua revogação. De regra, a lei penal só se aplica a fatos ocorridos durante a sua vigência; enqto que a extratividade se aplica a situações excepecionais. Segundo a CF, a extratividade ocorrerá apenas se for benéfica ao réu. Assim, uma lei penal benéfica (reduz a pena do crime, por ex.)aplicar-se- á a fatos anteriores à sua entrada em vigor. Ex.: art 28 da Lei 11343/06, foi aplicada aos comportamentos anteriores à sua entrada em vigor. Novatio legis in mellius e abolitio criminis: a lei penal benéfica se divide nestas 2 especies. Ambas retroagirão. Novatio legis in mellius é a lei penal nova que, apesar de manter a incriminação, dá tratamento mais brando. Ex.: redução da pena, diminuição da quantidade da pena para progressão, autorização de benefícios. Ex.: a lei 9268/96 proibiu a conversão da pena de multa em prisão. Abolitio criminis consiste na descriminalização de condutas, ou seja, deixa de considerar crime determinado fato. (É causa extintiva da punibilidade. Isto é, o estado perde o direito de punir. Quando acontece antes do transito em julgado, ficam impedidos todos os efeitos da condenação. Quando acontece depois do transito em julgado da sentença penal, extinguirão os efeitos penais, mas não os extrapenais). Novatio legis in pejus e novatio legis incriminadora: a lei penal gravosa se divide em: novatio legis in pejus e novatio legis incriminadora. A novatio legis in pejus é a lei nova que, mantendo a incriminação, dá ao fato tratamento mais rigoroso. Ex.: aumento da pena; proibição de benefícios legais. Ex.: a lei 10763/03 passou a exigir a reparação do dano para progressão da pena aos condenados por crimes contra a administração publica. A novatio legis incriminadora é a que passa a definir o fato como ilícito. Ou seja, uma conduta penalmente atípica passa a ser crime ou contravenção. Ex.: a lei 10224/01 que criminalizou o assedio sexual – art. 216-A. Sucessão de leis: quando o mesmo fato é regido por diversas leis penais, se sucedem no tempo, regulando-o de forma distinta. Aplicação da lei penal benéfica: desde a entrada em vigor da novatio legis in mellius e abolitio criminis, elas devem ser imediatamente aplicadas. Em caso de novatio legis in mellius, o juiz competente aplicara a lei no que for cabive. Em caso de abolitio criminis, se remete os autos ao juízo competente para, depois de ouvido o MP, declare a extinção da punibilidade. Se o crime está na fese das execuções criminais, o juiz das execuções criminais a aplicará – sum. 611, STF. Crime permanente e continuado: crimes permanentes são os que o momento consumativo se prolongam no tempo, como o sequestro. Crime continuado - art. 71. Se durante a permanência ou a continuidade delitiva entrar lei nova em vigor, ainda que mais gravosa, ela se aplica a todo o evento – sum 711 STF. LEI EXCEPCIONAL E TEMPORARIA – art. 3º Lei excepecional e a elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante determinadas circunstancias excepcionais, como crise social, econômica, guerra, calamidades, etc. Temporárias são as elaboradas para incidir sobre fatos ocorridos apenas durante certo período de tempo. Estas leis são chamadas de ultrativas pela doutrina, ou seja, produzem efeitos mesmo após o termino de sua vigência. Na verdade, não se deve falar em ultra-atividade, pois com o passar da situação excepcional ou do tempo estipulado pela lei, ela continua em vigor, embora inepta a reger novas situações. Retroatividade da lei penal e lei penal em branco: a lei penal em branco é a que possui preceito primário incompleto, de modo que necessita de outra norma jurídica para se definir o seu alcance. Ex. : o art. 33 da lei de drogas não define o que são drogas, isto está no ato administrativo elaborado pela Anvisa. O complemento da norma penal em branco pode sestar em norma hierárquica diferente ou na mesma hierarquia. TEMPO DO CRIME A aplicação da lei penal no tempo é determinada pelo momento do crime. Segundo o art. 4º, o momento do crime é aquele em que o sujeito pratica a ação ou omissão, mesmo que seja outro o resultado. Esta é a teoria da atividade. LEI PENAL NO ESPAÇO Territorialidade: de acordo com o art. 5º, o brasil acolhei o pr. Da territorialidade da lei penal, isto é, a lei penal brasileira aplica-se a todos os fatos ocorridos dentro do nosso território. Há exceções, por isso o principio é o da territorialidade relativa. Por território nacional entende-se o mar territorial (12 milhas contadas da faixa litorânea media), o espaço aéreo, as embarcações e aeronaves: a) brasileiras privadas: dentro do território nacional; b) brasileira publicas: em todos os lugares, c) estrangeiras privadas: no mar territorial brasileiro. Lugar do crime: art. 6º. O CP adotou a teoria da ubiquidade ou mista, onde se considera praticado tanto no lugar da conduta quanto onde se produziu o resultado. Foro competente: é o território competente. o foro competente dependerá do local da infração, se não se souber qual é, será o foro do domicilio do reu. Vale o local do resultado. Extraterritorialidade: é o fenômeno pelo qual se aplica a lei brasileira a fatos ocorridos fora do território nacional. Há duas espécies de extraterritorialidade: - incondicionada: art. 7, I e p.1º - condicionada: art. 7, II e p. 2º e 3º. Existem princípios que inspiraram o legislador a eleger os casos em que a lei de um pais deve ser aplicada a fatos que se deram no estrangeiro: a) Principio da universalidade: se refere à gravidade do delito ou a importância do bem jurídico violado, independentemente do local em que foi praticado e da nacionalidade do agente. Ex.: cr de genocídio. Art. 7º, I, d e II, a. b) Principioreal ou da proteção ou da defesa: justifica a aplicação da lei penal brsileira sempre que no exterior se der a ofensa a um bem jurídico nacional de ordem publica. Art. 7º, I, a, b e c. c) Principio da personalidade ou nacionalidade: cada pais tem interesse em punir seus nacionais, a lei pátria se aplica aos brasileiros, em qq lugar em que o crime tenha sido praticado. O brasil acolheu tanto o pr da nacionalidade ativa (delitos praticados por brasileiros no exterior) qto a nacionalidade passiva (delitos praticados por estrangeiros contra brasileiros, fora do Brasil). Art. 7º, p. 3º. d) Principio da bandeira: leva-se em conta, para aplicação da lei brasileira, a bandeira da embarcação ou aeronave. Extradição: é a entrega de uma pessoa que cometeu o crime pelo Estado onde ela se encontra a outro Estado que a solicita. Na extradição o estrangeiro comete o crime fora do Estado que está sendo solicitado para entrega-lo. OBS: extradição é diferente de expulsão. A expulsão: ocorre qdo o estrangeiro ingressa no território brasileiro irregularmente ou pratica atos atentatórios à ordem publica, à segurança nacional, ordem politica ou nocividade aos interesses nacionais. Imunidades diplomatica: A convenção internacional de Havana e a Convenção Internacional de Viena regulam o assunto. Assim, os agentes diplomáticos, tem imunidade absoluta, ou seja, não se aplica a lei penal e processual penal brasileira aos fatos por ele cometidos em território brasileiro. À eles aplica-se a lei penal do Estado que representam. Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral – 16 ed – São Paulo: Saraiva, 2011. Capaz, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral – 21 ed – São Paulo: Saraiva, 2017. Estefam, Andre. Direito Penal Esquematizado: parte geral – 6 ed – São Paulo: Saraiva, 2017. Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral – 16 ed – São Paulo: Saraiva, 2011. Capaz, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral – 21 ed – São Paulo: Saraiva, 2017. Estefam, Andre. Direito Penal Esquematizado: parte geral – 6 ed – São Paulo: Saraiva, 2017.
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