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tutela coletiva artigo

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2017	-	03	-	03
Revista	de	Processo
2015
REPRO	VOL.	246	(AGOSTO	2015)
TÉCNICAS	ADEQUADAS	À	LITIGIOSIDADE	COLETIVA	E	REPETITIVA
Técnicas	Adequadas	à	Litigiosidade	Coletiva	e	Repetitiva
1.	Suspensão	ope	judicis	das	ações	individuais:	comentário	ao
acórdão	do	REsp	1.353.801/RS
Ope	Judicis	suspension	of	individual	lawsuits:	comments	to
the	Special	Appeal	1.353.801/RS
ANA	CRISTINA	DE	MELO	SILVEIRA
Especialista	em	Direito	Processual	Civil	pela	PUC-SP.	Mestranda	em	Proteção	dos	Direitos	Fundamentais	pela
Universidade	de	Itaúna.	Advogada.	acmelo.melo@gmail.com
LUIZ	MANOEL	GOMES	JUNIOR
Doutor	e	Mestre	em	Direito	pela	PUC/SP.	Professor	nos	Programas	de	Mestrado	em	Direito	da	Universidade	de
Itaúna	(UIT-MG),	da	Universidade	Paranaense	(Unipar-PR),	dos	cursos	de	Pósgraduação	da	PUC/SP	(Cogeae)	e	da
Escola	Fundação	Superior	do	Ministério	Público	do	Mato	Grosso	(FESMP-MT).	Advogado.
luizm@luizmconsultoria.com.br
Sumário:
Introdução
1.	Síntese	da	decisão	comentada:	delimitação	do	tema
2.	Principais	fundamentos	do	acórdão
3.	Considerações	acerca	do	procedimento	das	ações	para	tutela	de	direitos	ou	interesses	individuais
homogêneos
4.	Suspensão	da	ação	individual	como	procedimento	facultado	ao	demandante	individual
5.	Argumentos	pela	possibilidade	de	imposição	da	suspensão	das	ações	individuais
6.	Insustentabilidade	do	entendimento	do	STJ	diante	do	atual	regramento	da	relação	entre	ações
individuais	e	coletivas
Considerações	finais
Referências	bibliográficas
Área	do	Direito:	Processual
Resumo:
O	 presente	 trabalho	 objetiva	 trazer	 algumas	 reflexões	 sobre	 a	 decisão	 prolatada	 no	 REsp	 1.353.801/RS.
Procura-se	mostrar	 que	 a	 decisão	 violou	 o	 direito	 fundamental	 ao	 acesso	 à	 Justiça,	 ao	 devido	 processo
legal	legislativo	e	judicial.	Apesar	de	se	reconhecer	a	necessidade	de	se	buscar	a	redução	da	quantidade	de
processos	 que	 acabam	 por	 impactar	 negativamente	 o	 próprio	 funcionamento	 do	 Poder	 Judiciário,	 é
preciso	buscar	soluções	que	respeitem	os	direitos	fundamentais	previstos	na	Constituição	de	1988.
Abstract:
This	paper	aims	to	bring	some	thoughts	on	the	decision	held	in	Special	Appeal	n.	1.353.801/RS.	It	tries	to
show	 that	 the	 decision	 violated	 the	 fundamental	 right	 of	 access	 to	 justice,	 the	 due	 process	 of	 law	 in
legislative	 and	 judiciary	 branch.	 Despite	 recognizing	 the	 need	 to	 reduce	 the	 number	 of	 claims	 that
negatively	 impact	 the	 judiciary,	 it	 is	 necessary	 to	 find	 solutions	 that	 respect	 the	 fundamental	 rights
provided	for	in	the	1988	Constitution.
Palavra	Chave:	Ações	coletivas	-	Acesso	à	Justiça	-	Poder	Judiciário	-	Direito	fundamentais.
Keywords:	Class	actions	-	Access	to	the	justice	-	Judiciary	Power	-	Fundamental	Rights.
Recebido	em:	20.04.2015
Aprovado	em:	28.07.2015
Introdução
As	 relações	 entre	 ações	 individuais	 e	 coletivas	 têm	 sido	 debatidas	 frequentemente	 na	 doutrina	 e	 na
jurisprudência.	Recentemente,	o	STJ	 reiterou	o	entendimento	pela	possibilidade	de	 suspensão	das	ações
individuais	concomitantes	a	ações	coletivas	semelhantes.	A	Lei	de	Recursos	Repetitivos	(Lei	11.672/2008),
foi	um	dos	fundamentos	adotados	pelo	tribunal	na	decisão.
É	preciso	analisar	a	coerência	de	tal	entendimento	diante	do	atual	sistema	processual	coletivo.	Para	tanto,
o	 presente	 trabalho	 traz,	 inicialmente,	 breve	 síntese	 do	 acordão	 comentado	 e	 seus	 principais
fundamentos.	Em	seguida,	são	apresentadas	algumas	considerações	acerca	do	procedimento	para	a	tutela
jurisdicional	 dos	 direitos	 individuais	 homogêneos	 por	 meio	 das	 ações	 individuais	 e	 coletivas.
Sucessivamente,	são	apontados	argumentos	doutrinários	sobre	a	possibilidade	de	suspensão	ex	officio	das
ações	 individuais.	 Por	 fim,	 são	 trazidos	 argumentos	 visam	 demonstrar	 a	 insustentabilidade	 do
entendimento	adotado	pelo	STJ	na	decisão	analisada.
1.	Síntese	da	decisão	comentada:	delimitação	do	tema
A	decisão	em	análise	foi	prolatada	pela	1.ª	Seção	do	STJ,	pelo	procedimento	instituído	pela	Lei	de	Recursos
Repetitivos,	Lei	11.672/2008,	nos	autos	do	REsp	1.353.801/RS,	cujo	julgamento	foi	realizado	em	14.08.2013,
sob	a	relatoria	do	Min.	Mauro	Campbell	Marques.
Trata-se	 de	 recurso	 interposto	 em	 face	 de	 decisão	 do	 TJRS	 que,	 em	 sede	 de	 agravo	 de	 instrumento,
manteve	 decisão	 que	 determinou	 a	 suspensão	 da	 ação	 individual	 ajuizada	 pela	 recorrente	 até	 o
julgamento	 de	 ação	 civil	 pública	 intentada	 pelo	 Ministério	 Público	 que	 também	 objetivava	 a
implementação	do	piso	salarial	profissional	do	magistério	público	de	educação	física.
A	Seção	decidiu,	por	unanimidade,	que,	ajuizada	ação	coletiva	atinente	à	macro	lide	geradora	de	processos
multitudinários,	devem	ser	suspensas	as	ações	individuais	até	o	julgamento	daquela	ação.	A	tese	delineou
e	 reiterou 1	 o	 entendimento	 de	 que	 a	 suspensão	 das	 ações	 individuais	 tem	 como	 objetivo	 a
homogeneização	 das	 decisões	 judiciais	 semelhantes,	 buscando	 garantir	 a	 realização	 da	 igualdade,	 da
segurança	jurídica	e	o	tratamento	isonômico	de	uma	mesma	classe	ou	grupo	de	indivíduos.
O	 presente	 comentário	 analisará	 a	 inviabilidade	 legal	 da	 suspensão	 das	 ações	 individuais	 no	 atual
regramento	 da	 tutela	 coletiva,	 procurando	 demonstrar	 as	 consequências	 nos	 direitos	 processuais	 e
fundamentais	dos	jurisdicionados	com	a	adoção	da	tese	adotada	pelo	STJ.
2.	Principais	fundamentos	do	acórdão
O	 acórdão	 em	 análise	 sustenta	 o	 entendimento	 de	 que	 as	 ações	 individuais	 devem	 ser	 suspensas,
independentemente	da	opção	do	 jurisdicionado	 individual,	devido	à	necessidade	de	viabilizar	a	própria
prestação	jurisdicional.
Inicialmente,	a	1.ª	Seção	constata	que	as	ações	individuais	formam	uma	“macro	lide	multitudinária”,	cujo
andamento	individual,	repetindo	o	julgamento	da	mesma	questão	em	milhares	de	ações	individuais,	leva
ao	verdadeiro	estrangulamento	dos	órgãos	 jurisdicionais,	em	prejuízo	da	 totalidade	dos	 jurisdicionados,
entre	os	quais	os	próprios	litigantes	do	caso.
Argumenta	 que	 a	 Lei	 de	 Recursos	 Repetitivos	 foi	 um	 passo	 firme	 e	 decidido	 no	 sentido	 de	 enxugar	 a
multidão	de	processos	 em	poucos	 autos,	 pelos	 quais	 se	 julga	 a	mesma	 lide	 em	 todos	 contidos.	Assim,	 a
determinação	da	suspensão	das	ações	 individuais	e	do	agrupamento	da	macro	 lide,	cumpre	a	prestação
jurisdicional	sem	verdadeira	inundação	dos	Órgãos	Judiciários	pela	massa	de	processos	individuais.
O	 acórdão,	 então,	 afirma	 que	 as	 normas	 processuais	 infraconstitucionais	 devem	 ser	 interpretadas
teleologicamente,	 tendo	 em	 vista	 não	 só	 a	 realização	 dos	 direitos	 dos	 consumidores,	 mas	 também	 a
própria	viabilização	da	atividade	judiciária.
Nessa	esteira,	a	suspensão	do	processo	individual	até	o	julgamento	da	ação	coletiva	mostra-se	como	meio
para	viabilizar	a	própria	prestação	jurisdicional.
O	 tribunal	 afirma	 que	 a	 interpretação	 aplicada	 preserva	 a	 faculdade	 de	 o	 autor	 individual	 acionar	 o
Judiciário,	não	fulminando	o	processo	individual	pela	litispendência.
Esclarece	que	a	suspensão	da	ação	individual	poderá	se	dar	desde	o	início.	No	caso	de	insucesso	da	ação
coletiva,	o	processo	individual	poderá	ser	julgado	de	plano,	sendo	extinto	por	sentença	liminar	de	mérito,
nos	termos	do	art.	285-A	do	CPC.	Mas	se	julgada	procedente	a	ação	coletiva,	a	ação	individual	deverá	ser
convertida	em	cumprimento	de	sentença.
Aduz,	 ainda,	 que	 eventuais	 incidentes	 referentes	 às	 peculiaridades	de	 cada	 ação	 individual	 restarão	no
aguardo	 da	 movimentação	 do	 processo	 individual	 no	 futuro.	 Caso	 não	 houverem	 sido	 julgados	 antes,
posteriormente,	serão	julgados	no	próprio	bojo	da	defesa	na	execução	de	sentença	coletiva.	Por	meio	dessa
reserva	de	questões	incidentais,	afirma	que	não	haverá	nenhum	prejuízo	para	as	partes.
Diante	dessa	interpretação	teleológica,	a	1.ª	Seção	do	STJ	conclui	que	há,	ao	mesmo	tempo,	preservação	do
acesso	ao	tribunal	pelos	autores	individuais	e,	por	outro	lado,	a	viabilizaçãodo	próprio	sistema	Judiciário
ante	as	demandas	multitudinárias	de	macro	lides.
Embora	 seja	 plausível	 o	 argumento	 de	 que	 é	 necessário	 conter	 as	 demandas	multitudinárias,	 o	 que	 é,
inclusive,	 um	dos	 escopos	 da	 tutela	 coletiva,	 a	 solução	 encontrada	 pelo	 tribunal	 não	 encontra	 respaldo
legal	e	viola	direitos	e	garantias	fundamentais	estabelecidos	Constituição	da	República	de	1988.
3.	Considerações	acerca	do	procedimento	das	ações	para	tutela	de	direitos	ou	interesses
individuais	homogêneos
A	 partir	 de	 um	 grande	 movimento	 no	 esforço	 de	 melhorar	 o	 acesso	 à	 Justiça,	 reconheceu-se	 que	 em
algumas	hipóteses	a	concepção	tradicional	do	processo	civil	não	atribuía	proteção	a	interesses	de	caráter
coletivo,	 desenvolvendo-se	 institutos	 processuais	 adequados	 para	 a	 efetivação	 de	 tais	 direitos	 e
interesses. 2– 3
Era	 preciso	 possibilitar	 a	 tutela	 jurisdicional	 em	 situações	 nas	 quais	 não	 se	 pode	 identificar	 um	 titular
individual	ou	em	causas	de	valor	individual	menos	significantes,	mas	que	reunidas	representam	vultuosas
quantias.	 O	 direito	 processual	 coletivo	 desenvolve-se,	 então,	 como	 um	 instrumento	 de	 acesso	 à	 Justiça,
possibilitando	ainda	economia	processual	e	judicial.	Permite	a	redução	do	número	de	demandas	ajuizadas
com	pretensões	similares	originadas	de	fatos	comuns.	Acaba,	assim,	evitando	decisões	contraditórias	em
prol	da	isonomia	dos	jurisdicionados. 4
O	 direito	 brasileiro,	 em	 resposta	 às	 demandas	 que	 transcendem	 a	 esfera	 do	 indivíduo,	 ordenou	 um
sistema	próprio	para	a	 tutela	dos	 interesses	oriundos	dos	conflitos	de	massa,	a	chamada	Tutela	Coletiva
Diferenciada.	 Buscou-se	 o	 tratamento	 coletivo	 de	 problemas	 enfrentados	 por	 número	 considerável	 de
pessoas,	tornando	possível	o	acesso	à	Tutela	Jurisdicional	por	indivíduos	que	estavam	ou	estão	à	margem
do	sistema. 5
O	ordenamento	pátrio	reconheceu	e	conceituou	três	espécies	de	direitos	e	interesses	metaindividuais,	os
de	 caráter	 difuso,	 os	 de	 caráter	 coletivo	 estrito	 senso	 e	 aqueles	 denominados	 direitos	 individuais
homogêneos,	como	se	depreende	do	art.	82	do	CDC.
Tendo	em	vista	o	objetivo	deste	trabalho,	focar-se-á	nos	direitos	e	interesses	individuais	homogêneos.
O	art.	82,	III,	do	CDC	cuidou	de	conceituar	tais	direitos	e	interesses	como	aqueles	decorrentes	de	origem
comum.
Depreende-se	do	dispositivo	legal	que	os	respectivos	titulares	são	pessoas	perfeitamente	individualizadas,
que	 podem	 ser	 determinadas	 ou	 determináveis.	 A	 homogeneidade	 advém	 da	 real	 possibilidade	 de
identidade	ou,	pelo	menos,	semelhança	entre	as	causas	de	pedir	de	cada	direito	individual,	não	vinculadas
estritamente	à	existência	das	mesmas	questões	de	fato. 6
Trata-se	de	uma	categoria	de	direitos	criada	no	plano	processual	com	o	objetivo	de	possibilitar	a	proteção
coletiva	 dos	 direitos	 individuais	 subjetivos	 clássicos.	 Assim,	 mesmo	 direitos	 ou	 interesses	 divisíveis,
podem,	se	originados	de	uma	mesma	questão	de	fato,	merecer	tratamento	idêntico,	de	forma	que,	como
leciona	José	Marcelo	Menezes	Vigliar,	em	vez	de	várias	demandas	 (atomização	de	conflitos),	opta-se	por
uma	 única	 ação,	 concedendo-se	 eficácia	 da	 coisa	 julgada	 material	 in	 utilibus	 (molecularização	 dos
conflitos). 7– 8
Pela	particularidade	dos	direitos	individuais	homogêneos	o	legislador	adotou	regras	processuais	próprias.
Como	 leciona	 Cássio	 Scarpinella	 Bueno,	 o	 art.	 94	 do	 CDC	 prevê	 que	 a	 sentença,	 no	 caso,	 será	 genérica,
limitando-se	 a	 identificar	 o	 an	 debeatur,	 pois	 o	 quatum	 debeatur	 será	 objeto	 de	 cognição	 jurisdicional
ulterior,	na	fase	de	liquidação 9	a	que	se	refere	o	art.	97	do	Estatuto. 10
O	 legislador	 também	 regulamentou	 regras	 de	 convivência,	 na	 expressão	 de	 Elton	 Venturini,	 entre	 as
demandas	 individuais	e	coletivas.	No	art.	103	do	CDC	estabeleceu	a	extensão	 in	utilibus	da	coisa	 julgada
obtida	 em	uma	ação	 coletiva,	 a	 qual	 jamais	 prejudicará	 as	 pretensões	 individuais.	 Já	 o	 art.	 104	do	CDC
dispôs	que	a	ação	coletiva	não	induzirá	litispendência	para	as	ações	individuais	com	pretensões	similares
à	 coletiva,	 mas	 os	 efeitos	 da	 coisa	 julgada	 não	 beneficiarão	 os	 autores	 das	 ações	 individuais	 que	 não
tenham	requerido	a	suspensão	de	suas	demandas	no	prazo	de	30	dias,	a	contar	da	ciência	nos	autos	da
ação	coletiva. 11
O	 procedimento	 de	 suspensão	 das	 ações	 individuais	 encontra	 na	 doutrina	 duas	 interpretações
antagônicas.	A	primeira	delas	entende	que	o	 legislador	concedeu	ao	demandante	 individual	a	 faculdade
de	 optar	 pela	 suspensão.	 Diametralmente	 opostas,	 há	 vozes	 que	 vão	 ao	 encontro	 do	 posicionamento
apresentado	pelo	acórdão	em	comento.
4.	Suspensão	da	ação	individual	como	procedimento	facultado	ao	demandante	individual
É	importante	observar	que	a	tutela	coletiva	não	pode	se	tornar	um	óbice	ao	direito	individual	subjetivo	de
ação,	previsto	no	art.	5.º,	XXXV,	da	CF,	direito	e	garantia	fundamental.	Embora	um	dos	escopos	da	tutela
coletiva	 seja	 a	 economia	 processual	 e	 a	 isonomia	 dos	 jurisdicionados,	 ela	 deve	 se	 harmonizar	 com	 o
direito	inafastável	do	acesso	à	Justiça.	Venturini	ressalta	que	a	coexistência	de	ações	coletivas	que	visem	à
tutela	 de	 direitos	 individuais	 homogêneos	 e	 de	 ações	 individuais	 conexas	 se	 justifica	 pela	 ideologia
segundo	a	qual	a	tutela	coletiva	não	pode	ser	encarada	como	substitutiva,	mas	sim	adicional	à	individual.
Dessa	 forma,	 com	o	 intuito	de	harmonizar,	 tanto	quanto	possível,	 a	 convivência	entre	ações	 coletivas	 e
individuais,	com	especial	atenção	à	economia	processual	e	a	repulsa	às	decisões	contraditórias,	assegura-
se	aos	demandantes	individuais	o	direito	potestativo	de	optar	pela	suspensão	ou	prosseguimento	da	ação
individual. 12
Marcelo	Abelha	Rodrigues	acrescenta	que	ninguém	pode	usurpar	ou	impedir	que	o	indivíduo	ajuíze	sua
demanda	 individual,	 mesmo	 quando	 possível	 a	 ação	 coletiva.	 O	 acionamento	 do	 Poder	 Judiciário,	 na
hipótese,	não	precisa	ser	justificado,	tratando-se	de	direito	seu,	e	ponto	final.
Lembra	 ainda	 o	 autor	 que	 é	 extremamente	 heterogênea	 a	 realidade	 de	 funcionamento	 da	 Justiça	 nos
Estados	 brasileiros	 e,	 até	 mesmo,	 dentro	 das	 diversas	 comarcas	 da	 unidade	 da	 federação.	 É	 crível,
portanto,	que	a	celeridade	seja	um	mote	para	a	demanda	individual.	Conclui,	portanto,	que	a	suspensão	da
ação	individual	em	curso	e	concomitante	à	coletiva	é	mera	faculdade	do	indivíduo. 13– 14
Hugo	 Nigro	Mazzilli	 coaduna	 com	 a	 posição,	 afirmando	 que	 o	 acesso	 à	 Justiça	 é	 garantia	 individual	 e
coletiva	 que	 não	 pode	 ser	 obstado	 aos	 lesados.	 Portanto,	 cabe	 ao	 lesado	 optar	 pela	 suspensão	 do	 seu
processo	individual	ou	decidir	prosseguir	em	sua	defesa	de	forma	individual. 15
5.	Argumentos	pela	possibilidade	de	imposição	da	suspensão	das	ações	individuais
Os	argumentos	expressos	no	aresto	em	comento	encontram	eco	na	doutrina.
Vigliar	defende	a	suspensão	ex	officio	das	demandas	 individuais	na	concomitância	de	ação	coletiva	com
pretensão	 semelhante.	 Afirma	 que	 tal	 procedimento	 atende	 ao	 princípio	 da	 economia	 processual.
Acrescenta	que	seria	homenagem	excessiva	ao	liberalismo	permitir	que	as	ações	individuais	pudessem	ser
suspensas	 apenas	 pela	 vontade	 das	 partes,	 sem	 que	 o	 Poder	 Judiciário	 pudesse	 fazê-lo	 em	 nome	 da
segurança	jurídica	e	economia	processual. 16
Vera	Lucia.	 R.	 S	 Jucovsky	 aprova	 a	 aplicação	da	Lei	 dos	Recursos	Repetitivos	 como	 fundamento	para	 a
suspensão	 das	 ações	 individuais.	 Afirma	 que,	 assim,	 o	 Poder	 Judiciário	 cumpre	 seu	 importante	 papel,
aprimorando	a	interpretação	das	regras	processuais	por	meio	do	manejo	de	novos	mecanismos	existentes
no	ordenamento	jurídico	para	dar	eficácia	e	rapidez	às	ações	coletivas. 17
Há	ainda	quem	defenda	um	protagonismo	por	parte	do	Poder	Judiciário	a	fim	de	que	seja	aprimorada	a
tutela	coletiva,	uma	vez	que	vários	têm	sido	os	entraves	para	asmudanças	advindas	através	do	Legislativo
necessárias	ao	sistema. 18– 19	Trata-se	de	posição	perigosa	que	afronta	não	só	o	princípio	da	separação	dos
poderes,	mas	também	o	direito	fundamental	ao	devido	processo	judicial	e	legislativo.
6.	Insustentabilidade	do	entendimento	do	STJ	diante	do	atual	regramento	da	relação
entre	ações	individuais	e	coletivas
É	 preciso	 reconhecer	 a	 necessidade	 de	 uniformização	 das	 decisões	 no	 caso	 de	 questões	 ventiladas	 em
centenas	ou	milhares	de	ações	com	pretensão	semelhante,	de	forma	a	buscar	isonomia,	segurança	jurídica
e,	até	mesmo,	a	redução	da	quantidade	de	processos	que	acabam	por	impactar	negativamente	o	próprio
funcionamento	do	Poder	Judiciário.
Contudo,	a	solução	para	a	questão	deve	respeitar	as	previsões	legais	vigentes	acerca	da	tutela	coletiva	e,
principalmente,	os	direitos	e	garantias	fundamentais	previstas	na	Constituição	da	República	de	1988.
Mazzilli, 20	acertadamente,	ao	comentar	a	aplicação	da	Lei	de	Recursos	Repetitivos	para	a	suspensão	das
ações	individuais,	apresenta	argumentos	importantes	que	demonstram	a	insustentabilidade	da	posição	do
STJ.
Ressalta,	em	primeiro	lugar,	que	a	aplicação	da	Lei	de	Recursos	Repetitivos	para	as	ações	individuais	nega
o	direito	fundamental	previsto	no	art.	5.º,	XXXV,	da	CF/1988.	O	acesso	à	jurisdição	não	está	garantido	pela
mera	possibilidade	de	o	indivíduo	ajuizar	sua	ação	individual,	quando	se	nega,	ao	mesmo	tempo,	o	direito
de	vê-la	prosseguir.	Uma	garantia	para	ser	real,	afirma,	deve	ser	garantida. 21
Não	por	outra	 razão,	 é	possível	 entender	que	o	acesso	à	 Justiça	deve	 ser	 compreendido	 como	 requisito
fundamental	de	um	sistema	jurídico	moderno	e	igualitário	que,	verdadeiramente,	pretenda	garantir,	e	não
apenas	 proclamar	 os	 direitos	 de	 todos.	 O	 “acesso”	 não	 é	 apenas	 um	 direito	 social	 fundamental,
crescentemente	 reconhecido,	 ele	 é,	 também,	 necessariamente,	 o	 ponto	 central	 da	 moderna
processualística. 22
Importante	 ainda	 observar	 que	 a	 Lei	 de	 Recursos	 Repetitivos	 regulamenta	 apenas	 e	 tão	 somente	 a
suspensão	 de	 recursos	 especiais	 repetitivos,	 não	 fazendo	 referência	 ou	 atribuindo	 poder	 aos	 tribunais
para	suspender	as	ações	individuais	em	andamento	no	País,	como	lembra	Mazzili.	Na	verdade,	a	referida
lei	teve	o	intuito	de	apresentar	solução	para	os	recursos	repetitivos	no	tribunal,	resguardando	o	acesso	à
Justiça,	 na	 medida	 em	 que	 apenas	 os	 recursos	 ficam	 suspensos	 enquanto	 não	 é	 julgado	 o	 caso
paradigmático. 23
A	aplicação	da	 referida	Lei	 aos	processos	que	veiculam	pretensões	 individuais	homogêneas	acabou	por
não	 garantir	 de	 forma	 substancial	 o	 direito	 de	 acessar	 o	 Judiciário.	 Esse	 direito	 fundamental	 restou
violentamente	 ferido,	 vez	 que	 a	 suspensão,	 tal	 como	 entendida	 pelo	 STJ,	 impede	 toda	 e	 qualquer	 ação
individual	de	prosseguir	até	o	julgamento	da	ação	coletiva.
Nesse	diapasão,	Thais	Matallo	Cordeiro,	afirma 24	que	o	STJ	não	se	limitou	a	elaborar	uma	interpretação
atualizada	 aos	 dispositivos,	mas	 perfilou	 entendimento	 totalmente	 discrepante	 daquilo	 que	 se	 encontra
previsto	 na	 legislação	 processual	 coletiva:	 “O	 tribunal	 impôs	 aos	 jurisdicionados	 uma	 situação
completamente	diferente	daquilo	que	a	própria	 legislação	confere.	Em	suas	palavras:	Deve-se,	 ressaltar,
contudo,	 que	 a	 suspensão	 das	 ações	 individuais	 diante	 da	 ação	 coletiva	 tratando	 sobre	 a	 mesma	 tese
jurídica	 seria	 absolutamente	 positiva,	 seja	 para	 proferir	 decisões	 de	 forma	 única,	 seja	 para	 diminuir	 a
movimentação	do	Poder	Judiciário,	evitando	o	julgamento	de	inúmeros	casos	idênticos.	O	problema	é	que
não	 temos	 tal	 previsão	na	nossa	 legislação	 brasileira	 e	 o	 STJ,	 adotando	 tal	 entendimento,	 em	arrepio	 a
normas	vigentes,	está	agindo	de	forma	absolutamente	discricionária”. 25
De	 fato,	 no	 sistema	 jurídico	brasileiro,	 como	 leciona	Humberto	Ávila,	 o	 Poder	 Judiciário	 deve	 ter	 como
ponto	 de	 partida	 as	 disposições	 normativas	 estabelecidas	 pelo	 Poder	 Legislativo.	 Mesmo	 que	 não	 se
pretenda	 que	 os	 textos	 normativos	 legais	 encapsulem	 normas,	 mas	 apenas	 estabeleçam	 núcleos	 de
significação	mais	ou	menos	determinados,	que	necessitam	ser	argumentativamente	contextualizados	do
ponto	 de	 vista	 fático	 e	 normativo	 para	 adquirirem	pleno	 sentido,	 o	 Poder	 Judiciário	 deve	usá-los	 como
pontos	de	referência	para	a	aplicação	do	direito. 26
A	questão	toma	contorno	indissociável	à	própria	essência	do	Estado	Democrático	de	Direito.	Ao	legislador
cabe	traduzir	em	leis	a	vontade	daqueles	que	representa.	De	outra	forma,	corre-se	o	sério	risco	de	romper
a	 lógica	 das	 instituições	 concebidas	 pelo	 próprio	 Estado	 para	 o	 exercício	 do	 poder	 que	 lhe	 é	 inerente,
lesando-se	gravemente	a	democracia	e	a	segurança	jurídica. 27
Não	 se	 pode	 negar	 a	 normatividade	 da	 Constituição,	 afastando-se,	 de	 forma	 peremptória	 e
desproporcional	 o	 direito	 fundamental	 ao	 acesso	 à	 Justiça.	 O	 processo	 precisa	 ser	 analisado,	 além	 da
perspectiva	meramente	 instrumentalista.	 Os	 operadores	 do	 direito	 devem	 ainda	 reconhecê-lo	 sob	 uma
perspectiva	 constitucional	 e,	 em	 consequência	 disso,	 entender	 a	 inarredável	 configuração	 do	 próprio
processo	como	um	direito	fundamental. 28
Nem	sempre	uma	Justiça	rápida	é	uma	boa	Justiça,	portanto,	não	pode	ser	transformada	em	um	fim	em	si
mesma,	como	adverte	Boaventura	de	Souza	Santos.	Para	este,	a	Justiça	tende	a	ser	tendencialmente	rápida
para	aqueles	que	sabem	que,	previsivelmente,	a	 interpretação	do	direito	 favorecerá	seus	 interesses.	Por
essa	 razão,	 reflete	 que	 uma	 intepretação	 inovadora	 e	 socialmente	 responsável	 pode	 exigir	 um	 tempo
adicional	de	estudo	e	reflexão. 29
De	fato,	é	preciso	repensar,	aprofundar	e	debater	a	possibilidade	de	suspensão	das	ações	individuais	até	a
decisão	 da	 ação	 coletiva,	 assim	 como	 perquirir	 alternativas	 que	 possam	 trazer	 celeridade,	 isonomia,
segurança	jurídica	de	forma	compatibilizada	com	o	direito	e	garantia	fundamental	de	acesso	à	Justiça.	O
que	não	se	pode	admitir	é	que	decisões	apressadas	e	que	busquem	resolver	o	problema	de	forma	política,
e	não	jurídica,	se	sobreponham	à	normatividade	da	Constituição	e	do	Estado	Democrático	de	Direito.
Oportuno	lembrar	que	os	membros	da	comissão	que	elaborou	o	PL	5.139/2009	entenderam	ser	possível	a
suspensão	das	ações	 individuais	sem	que	seja	violada	a	norma	do	art.	5.º,	XXXV,	da	CF/1988.	Para	tanto,
procuraram	conciliar	a	suspensão	prevista	no	caput	do	art.	37 30	com	a	possibilidade	de	prosseguimento
concomitante	das	ações	 individuais	a	pedido	do	autor,	 se	demonstrado	que	a	 suspensão	causará	graves
prejuízos	ao	indivíduo,	como	previsto	no	§	3.º 31	do	mesmo	Dispositivo.
Contudo,	 ainda	 há	 celeuma	 entre	 os	 operadores	 do	 direito	 acerca	 da	 possibilidade	 de	 alteração	 nesse
sentido.
O	 Conselho	 Nacional	 dos	 Procuradores	 Gerais	 do	 Ministério	 Público	 dos	 Estados	 e	 da	 União	 (CNPG)
encaminhou	parecer	 ao	Deputado	 Federal	 Renato	 Biscaia,	 relator	 do	 referido	 projeto	 de	 lei,	 apontando
algumas	 críticas	 e	 sugestões	 para	 aprimoramento	 do	 projeto.	 Dentre	 as	 propostas	 apresentadas	 pelo
Conselho	está	a	retirada	da	suspensão	obrigatória	dos	processos	individuais.
Segundo	 aquela	 a	 instituição,	 o	 sistema	 processual	 coletivo	 deve	 preservar	 a	 liberdade	 de	 escolha	 do
indivíduo,	 de	 forma	 que,	 proposta	 a	 ação	 coletiva	 e	 provocada	 a	 automática	 suspensão	 das	 ações
individuais	 relacionadas	 ao	 mesmo	 tema,	 os	 autores	 individuais	 possam,	 livremente,	 optar	 pelo
prosseguimento	da	ação	individual	e,	consequentemente,	não	benefício	pelo	julgado	coletivo. 32
De	qualquer	forma,	o	que	parece	certo	é	que,	pela	mera	leitura	da	legislação	hoje	em	vigor,	depreende-se	a
possibilidade	 da	 existência	 concomitante	 das	 ações	 coletivas	 e	 individuais,	 mesmo	 quando	 ambas
tratarem	da	mesma	tese	jurídica,	sendo	uma	faculdade	do	litiganteindividual	requerer	a	suspensão	de	seu
processo.
Inexiste,	portanto,	no	ordenamento	 jurídico	brasileiro	previsão	de	suspensão	 imposta	à	ação	 individual.
Também	 não	 parece	 possível	 a	 interpretação	 delineada	 pelo	 STJ,	 pois,	 de	 forma	 peremptória,	 obsta	 o
prosseguimento	das	ações	individuais,	sem	sequer	considerar	particularidades	da	casuística	processual.
Se	há	dúvidas	sobre	a	possibilidade	de	a	própria	legislação	determinar	a	suspensão	das	ações	individuais,
mais	difícil	ainda	é	conceber	que	tal	procedimento	advenha	de	uma	interpretação	judicial.
De	 outro	 lado,	 não	 pode	 ser	 ignorado	 que	 com	 a	 aprovação	 do	 novo	 Código	 de	 Processo	 Civil	 (Lei
13.105/2015),	haverá	com	a	sua	entrada	em	vigor,	expressa	autorização	legal	para	este	tipo	de	decisão:
“Art.	1.035.	O	Supremo	Tribunal	Federal,	em	decisão	irrecorrível,	não	conhecerá	do	recurso	extraordinário
quando	a	questão	constitucional	nele	versada	não	tiver	repercussão	geral,	nos	termos	deste	artigo.	(...).	§
5.º	Reconhecida	a	repercussão	geral,	o	relator	no	Supremo	Tribunal	Federal	determinará	a	suspensão	do
processamento	de	 todos	os	processos	pendentes,	 individuais	ou	coletivos,	que	versem	sobre	a	questão	e
tramitem	no	território	nacional.
“Art.	1.036.	Sempre	que	houver	multiplicidade	de	recursos	extraordinários	ou	especiais	com	fundamento
em	 idêntica	 questão	 de	 direito,	 haverá	 afetação	 para	 julgamento	 de	 acordo	 com	 as	 disposições	 desta
Subseção,	 observado	 o	 disposto	 no	 Regimento	 Interno	 do	 Supremo	 Tribunal	 Federal	 e	 no	 do	 Superior
Tribunal	de	Justiça.
Art.	1.037.	Selecionados	os	recursos,	o	relator,	no	tribunal	superior,	constatando	a	presença	do	pressuposto
do	 caput	 do	 art.	 1.036,	 proferirá	 decisão	 de	 afetação,	 na	 qual:	 (...).	 II	 –	 determinará	 a	 suspensão	 do
processamento	de	 todos	os	processos	pendentes,	 individuais	ou	coletivos,	que	versem	sobre	a	questão	e
tramitem	no	território	nacional	(...)”.
Considerações	finais
Era	 necessário	 mesmo	 repensar	 o	 atual	 sistema	 processual,	 perquirindo	 soluções	 para	 as	 demandas
envolvendo	 direitos	 individuais	 homogêneos.	 Imprescindível	 buscar	 a	 redução	 da	 quantidade	 de
processos	 que	 acabam	 por	 impactar	 negativamente	 o	 próprio	 funcionamento	 do	 Poder	 Judiciário.	 Por
outro	lado,	não	é	possível	coadunar	com	interpretações	que	violem	peremptoriamente	o	direito	e	garantia
fundamental	de	acesso	à	justiça,	como	a	decisão	proferida	pelo	STJ	no	acórdão	analisado.
Não	 se	 pode	 desconsiderar	 que	 atuação	 do	 Poder	 Judiciário	 deve	 ter	 como	 ponto	 de	 partida	 a	 própria
legislação,	sob	pena	de	se	tornar	ilegítima.
O	aprimoramento	do	sistema	processual	coletivo	é	um	anseio	não	só	da	comunidade	jurídica,	mas	também
dos	próprios	 jurisdicionados.	Contudo,	sem	avaliações	acuradas,	discussões	e	análise	à	 luz	dos	direitos	e
garantias	fundamentais,	corre-se	o	risco	de	retrocessos.
Com	 a	 aprovação	 do	 novo	 Código	 de	 Processo	 Civil	 poderá	 haver	 sensível	 melhora	 na	 busca	 por	 um
processo	 mais	 célere	 e,	 em	 especial,	 a	 adoção	 de	 decisões	 iguais	 para	 casos	 idênticos,	 especialmente
visando	a	uniformização	do	entendimento	nos	tribunais	superiores.
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Pesquisas	do	Editorial
O	RESP	1.110.549	À	LUZ	DO	DEVIDO	PROCESSO	LEGAL:	O	ACESSO	À	JUSTIÇA	INDIVIDUAL
FRENTE	ÀS	AÇÕES	COLETIVAS,	de	Felipe	Silva	Noya	-	RePro	197/2011/373
RELAÇÃO	ENTRE	DEMANDAS	INDIVIDUAIS	E	COLETIVAS:	"PROJETO	CADERNETAS	DE
POUPANÇA	-	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA	DO	RIO	GRANDE	DO	SUL"	-	UMA	ANÁLISE	DO	CASO,	de
Débora	Chaves	Martines	Fernandes	-	RePro	201/2011/315
TRATAMENTO	COLETIVO	ADEQUADO	DAS	DEMANDAS	INDIVIDUAIS	REPETITIVAS	PELO
JUÍZO	DE	PRIMEIRO	GRAU,	de	Alexandre	Gir	Gomes	-	RePro	234/2014/181
FOOTNOTESFOOTNOTES
1
Nesse	sentido	já	havia	decidido	a	2.ª	Seção,	por	maioria,	no	REsp.	1.110.549/RS,	j.	28.10.2009.2
CAPPELLETTI,	Mauro;	GARTH,	Bryant.	Acesso	à	Justiça.	Trad.	Ellen	Gracie	Northfleet.	Porto	Alegre:	Fabris,	1988.	p.	92.
3
Cappelletti	e	Garth	ressaltam	que	os	novos	direitos	substantivos	de	pessoas	comuns	têm	sido	particularmente	difíceis	de	fazer	valer	no	plano
individual.	 As	 barreiras	 enfrentadas	 pelos	 indivíduos	 relativamente	 fracos	 com	 causas	 relativamente	 pequenas,	 contra	 litigantes
organizacionais	–	especialmente	corporações	ou	governos	–	têm	prejudicado	o	respeito	a	esses	novos	direitos	(CAPPELLETTI,	Mauro;	GARTH,
Bryant,	1988,	p.	92).
4
MENDES,	Aluísio	Gonçalves	de	Castro.	O	Código	Modelo	de	Processo	Coletivo.	In:	LUCON,	Paulo	Henrique	dos	Santos	(coord.).	Tutela	Coletiva:	20
anos	da	Lei	de	Ação	Civil	Publica	e	do	Fundo	de	Defesa	de	Direitos	Difusos,	15	anos	do	Código	de	Defesa	do	Consumidor.	São	Paulo:	Atlas,	2006.	p.
46.
5
FAVRETO,	Rogério;	GOMES	JUNIOR;	Luiz	Manoel.	O	projeto	da	nova	Lei	de	Ação	Civil	Pública:	principais	aspectos.	In:	SALIBA,	A.	T.;	ALMEIDA,
G.	A.;	GOMES	JÚNIOR,	L.	M.	(orgs.).	Direitos	fundamentais	e	sua	proteção	nos	planos	interno	e	internacional.	Belo	Horizonte:	Arraes,	2010.	p.	220.
6
ALMEIDA,	Gregório	Assagra	de.	Direito	material	coletivo:	Superação	da	 summa	divisio	direito	público	e	direito	privado	por	uma	nova	 Summa
Divisio	constitucionalizada.	Belo	Horizonte:	Del	Rey,	2008.	p.	485-486.
7
VIGLIAR,	José	Marcelo	Menezes.	Interesses	individuais	homogêneos	e	seus	aspectos	polêmicos.	2.	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2008.	p.	59.
8
O	autor	informa	que	as	expressões	“atomização”	e	“molecularização”	foram	cunhadas	por	Kazuo	Watanabe.
9
Importante	observar	que	em	fase	de	 liquidação	além	da	apuração	do	quantum	a	ser	pago	pelo	réu,	 inclui-se	a	demonstração	do	nexo	causal
entre	os	danos	individuais	e	a	responsabilização	imposta	na	sentença,	dano	geral	(LUCON,	Paulo	Henrique	dos	Santos;	SILVA,	Érica	Barbosa	e.
Análise	crítica	da	liquidação	e	execução	da	tutela	coletiva.	In:	LUCON,	Paulo	Henrique	dos	Santos	(coord.).	Tutela	Coletiva	–	20	anos	da	Lei	de
Ação	Civil	Pública	e	do	Fundo	de	Defesa	de	Direitos	Difusos	–	15	anos	do	Código	de	Defesa	do	Consumidor.	São	Paulo:	Atlas,	2006.	p.	175.
10
BUENO,	Cassio	Scarpinella.	Curso	sistematizado	de	direito	processual	civil:	direito	processual	público,	direito	processual	coletivo.	3.	ed.	São	Paulo:
Saraiva,	2013.	vol.	2,	t.	III,	p.	215.
11
VENTURINI,	Elton.	Processo	civil	coletivo:	A	tutela	jurisdicional	dos	direitos	difusos,	coletivos	e	individuais	homogêneos	no	Brasil	–	Perspectivas	de
um	Código	brasileiro	de	processos	coletivos.	São	Paulo:	Malheiros,	2007.	p.	344-345.
12
VENTURINI,	Elton,	2007,	p.	347-348.
13
RODRIGUES,	 Marcelo	 Abelha.	 Relações	 entre	 ações	 individuais	 e	 ações	 coletivas:	 anotações	 sobre	 os	 efeitos	 decorrentes	 da	 propositura	 e
extinção	das	ações	coletivas	para	defesa	dos	direitos	individuais	homogêneos	em	relação	às	pretensões	individuais	sob	a	perspectiva	dos	art.	35
e	38	do	Projeto	de	Lei	que	altera	a	ação	civil	pública.	In:	GOZZOLI,	Maria	Clara;	CIANCI,	Mirna;	CALMON,	Petronio;	QUARTIERI,	Rita	(coord.).	Em
defesa	de	um	novo	sistema	de	processos	coletivos	–	Estudos	em	homenagem	à	Prof.	Ada	Pellegrini	Grinover.	São	Paulo:	Saraiva,	2010.	p.	415.
14
Também	entendem	se	 tratar	de	 faculdade	do	autor	 individual:	GOMES	 JÚNIOR,	Luiz	Manoel.	Curso	de	direito	processual	 coletivo.	 2.	 ed.	 São
Paulo:	SRS,	2008.	p.	314.	BUENO,	Cassio	Scarpinella.	Curso	sistematizado	de	direito	processual	civil:	direito	processual	público,	direito	processual
coletivo.	3.	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2013.	vol.	2,	t.	III,	p.	221.	LENZA,	Pedro.	Teoria	geral	da	ação	civil	pública.	2.	ed.	São	Paulo:	Ed.	RT,	2005.	p.	259.
15
MAZZILLI,	Hugo	Nigro.	A	tutela	dos	interesses	difusos	em	juízo.	24.	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	248.
16
VIGLIAR,	José	Marcelo	Menezes,	2008.	p.	80.
17
JUCOVSKY,	Vera	Lucia.	R.	S.	Ação	civil	pública	na	atualidade:	alguns	aspectos	polêmicos.	In:	MILARÉ,	Edis	(coord.).	Ação	civil	pública	após	25
anos.	São	Paulo:	Ed.	RT,	2010.	p.	826.
18
Rudinei	Baumbach	continua	afirmando	que	há	como	fazer	muito	mais	sem	mudanças	vindas	do	parlamento.	O	avanço	da	tutela	transindividual
deve	 ser	 pelos	 operadores	 do	 direito,	 maiormente	 pelos	 juízes,	 que	 devem	 usar	 a	 criatividade	 para	 reconstruir	 interpretativamente,	 com
ambições	funcionais,	as	normas	do	sistema	processual	coletivo.	Não	se	justifica	a	passiva	espera	por	soluções	legisladas.	(...)	Já	que	o	processo
coletivo	não	progredirá	por	via	 legislativa,	caberá	aos	 juristas,	práticos	e	teóricos,	o	protagonismo	na	tarefa	de	aperfeiçoá-lo,	atividade	a	ser
desenvolvida	 a	 partir	 do	 levantamento	 das	 restrições	 à	 tutela	 metaindividual	 que	 têm	 origem	 antes	 na	 jurisprudência	 do	 que	 na	 lei
(BAUMBACH,	Rudinei.	Sobre	a	tutela	de	direitos	coletivos	no	contexto	brasileiro:	reflexões	à	luz	das	reformas	projetadas.	RePro	226/233-266,	São
Paulo,	dez.	2013.
19
Guilherme	Rizzo	Amaral	aponta	que	a	intervenção	judicial	determinando	a	suspensão	das	ações	individuais	é	uma	importante	forma	para,	se
não	corrigir,	atenuar	as	distorções	do	sistema	processual	coletivo	no	Brasil.	In:	AMARAL,	Guilherme	Rizzo.	Efetividade,	Seguranca,	Massificação
e	a	Proposta	de	um	 “Incidente	de	Resolução	de	Demandas	Repetitivas”.	Revista	Magister	de	Direto	Civil	 e	Processual	Civil	 53/47-78,	mar.-abr.
2013.
20
Registre-se	que	a	posição	do	autor	foi	endereçada	a	já	citada	decisão	prolatada	pela	2.ª	Seção	no	REsp	1.110.549.	As	críticas	apontadas	pelo	autor
são	aplicáveis	ao	acórdão	ora	comentado,	vez	que	são	ventilados	os	mesmos	argumentos	daquele	outro	julgado.
©	edição	e	distribuição	da	EDITORA	REVISTA	DOS	TRIBUNAIS	LTDA.
21
MAZZILLI,	Hugo	Nigro,	2011,	p.	251.
22
CAPPELLETTI,	Mauro;	GARTH,	Bryant,	1988,	p.	12-13.
23
MAZZILLI,	Hugo	Nigro,	2011,	p.	251.
24
A	afirmativa	foi	feita	em	relação	a	já	citada	decisão	prolatada	pela	2.ª	Seção	no	REsp	1.110.549.	As	críticas	apontadas	pela	autora	também	são
válidas	para	o	presente	trabalho,	já	que	ambas	as	decisões	contêm	os	mesmos	argumentos	jurídicos.
25
CORDEIRO,	Thais	Matallo.	Suspensão	das	ações	individuais	em	face	de	ação	coletiva	tratando	da	mesma	tese	jurídica:	uma	faculdade	ou	uma
obrigatoriedade?	RDDP	129/96-104,	São	Paulo,	dez.	2013.
26
ÁVILA,	Humberto.	Segurança	jurídica:	entre	permanência,	mudança	e	realização	do	direito	tributário.	São	Paulo:	Malheiros,	2011,	p.	616.
27
REICHELT,	Luis	Albero.	Efetividade	do	processo,	 tutela	 jurisdicional	do	 consumidor	e	direito	ao	processo	 justo.	RDC	 91/351-364,	ano	23,	São
Paulo,	jan.-fev.	2014.
28
ZANETI	 JÚNIOR,	 Hermes;	 GOMES,	 Camilla	 de	 Magalhães.	 O	 processo	 coletivo	 e	 o	 formalismo-valorativo	 como	 nova	 fase	 metodológica	 do
processo	civil.	Revista	de	Direitos	Difusos	53/13-32,	ano	XI,	mar.	2011.	São	Paulo.
29
SANTOS,	Boaventura	de	Sousa.	Para	uma	revolução	democrática	da	justiça.	2.	ed.	São	Paulo:	Cortez,	2008.	p.	27.
30
“Art.	37.	O	ajuizamento	de	ações	coletivas	não	induz	litispendência	para	as	ações	individuais	que	tenham	objeto	correspondente,	mas	haverá	a
suspensão	destas,	até	o	julgamento	da	demanda	coletiva	em	primeiro	grau	de	jurisdição.”
31
§	3.º	A	ação	individual	somente	poderá	ter	prosseguimento,	a	pedido	do	autor,	se	demonstrada	a	existência	de	graves	prejuízos	decorrentes	da
suspensão,	caso	em	que	não	se	beneficiará	do	resultado	da	demanda	coletiva.
32
[www2.mp.pr.gov.br/direitoshumanos/docs/cpcc/par01.doc].	Acesso	em:	28.05.2014.

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