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● A tutela coletiva tem por objeto os direitos coletivos, que se dividem em direitos difusos e coletivos (direitos transindividuais, extrapolam o direito subjetivo) e direitos individuais homogêneos (por opção legislativa, admite-se que esses direitos sejam tutelados em processo coletivo). Formas de processo: processo coletivo, recurso repetitivo e meios extrajudiciais 1. Processo coletivo: 1a corrente - se identifica a partir de elementos peculiares: legitimidade, objeto e coisa julgada. 2a corrente - se restringe a ressaltar o objeto. A legitimidade é o elemento central do processo coletivo, sendo uma das condições da ação. A parte, o titular do direito, não é quem vai estar em juízo; o autor vai ser um dos legitimados. Diferença entre parte processual e parte material. Consequência prática: no processo coletivo, para fins de comparação entre ações, o importante é a parte material e não o legitimado. Defensoria ajuíza também. ● Natureza jurídica: a) extraordinária: não existe identidade entre titular de direito e parte processual em juízo (na ordinária, há essa identidade), quando o OJ permite. Divergências: 1a corrente - sustentava inicialmente que a natureza era ordinária. A legitimidade do MP é ordinária porque sua função é defender o interesse público (Paulo Cezar Pinheiro). As associações podem representar seus associados pela CF, tendo interesse próprio e legitimidade ordinária das formações sociais (Ada Pellegrini e Kazuo Watanabe). Corrente em desuso. 2a corrente - Nelson Nery e Ricardo de Barros. Nem ordinária nem extraordinária, mas legitimidade autônoma para a condição do processo. Não é extraordinária porque o legitimado também tem interesse próprio, então é insuficiente. 3a corrente - majoritária, defendida por Didier e Daniel Neves: extraordinária. Toda legitimidade é para conduzir o processo, o legitimado defende direito alheio. ● OBS: limites da legitimidade: STJ não autoriza pela parte processual a disposição dos direitos da parte material, ainda que seja a favor do titular. A parte processual não negocia direitos, só conduz o processo. ● OBS: art. 232, CF. Legitimidade das comunidades indígenas é ordinária (Didier e Zanetti). b) primária: os legitimados coletivos não precisam de prévia inércia da parte material, a lei autoriza que atuem independentemente da inércia dos titulares. OBS: legitimidade do MP para ação popular. O MP sempre atua com custos legis, mas tem legitimidade secundária para assumir a ação. Ação popular multitudinária: só uma decisão do STJ nesse sentido. ● Legitimidade concorrente: existe um rol de legitimados ao mesmo tempo, no mesmo patamar. OBS: exceção, na ação popular não existe legitimidade concorrente, é exclusiva do cidadão. Legitimidade dijuntiva/isolada: cada legitimado é livre para atuar isoladamente, não precisa de litisconsórcio. Legitimidade mista: existem entes públicos e privados. Exceção: ação de improbidade administrativa, só pode MP e pessoa jurídica de direito público. ● Representatividade adequada: verificação da concreta capacidade do legitimado para representar os interesses. Não se confunde com pertinência temática, independe desta. É um requisito sempre presente. Controle: 1 - ope legis: o legislador filtra a representatividade. Diz quem é legitimado, é indiscutível. 2 - ope judicis: juiz no caso concreto pode ainda verificar se há legitimidade? Primeira corrente afirma que pela literalidade da lei, o controle é somente do legislador (marcar essa em provas objetivas). Segunda corrente afirma que existe avaliação posterior no caso concreto pelo juiz. Terceira corrente diz que para haver controle ope judicis deveria ter um previsão legal. ● Espécies: ação civil pública (mais genérica), ação popular, improbidade administrativa, mandado de segurança coletivo e mandado de injunção coletivo. Cada um tem seu rol de legitimados. 1. ACP: legitimados ativos - art. 5o da Lei 7347/85 e art. 82 do CDC. As duas listagens se completam, as leis se remetem uma a outra. Ainda há outros legitimados: sindicatos, OAB, associações indígenas, etc. ○ MP: legitimidade conferida pelo art. 129, III, CF. Interesses difusos e coletivos. Não se exige pertinência temática, legitimação ampla e irrestrita. MP não tem legitimidade para tutelar direitos individuais homogêneos (corrente minoritária). MP pode tutelar pela relevância dos direitos (segunda corrente). MP tem legitimidade se forem direitos indisponíveis sempre, mas se forem disponíveis tem que haver relevância social/interesse coletivo qualificado ou acentuado. Esse interesse é avaliado por critérios não-cumulativos, como natureza do bem jurídico (critério objetivo), direitos do consumidor (Súmula 601 do STJ), qualidade dos sujeitos titulares (critério subjetivo), dimensão do dano, repercussão no interesse público. Essa última é a corrente majoritária, adotada pelo STJ e STF. Súmulas 329 e 437, STF e súmula 643, STJ. ○ Defensoria Pública: instituição constitucional permanente e não órgão público (atenção com isso). Lei 11.448/07 insere a DP no art. 5o da Lei de ACP. LC 132/09 insere previsões para a legitimidade coletiva da DP. EC 80/14 deu novo patamar para DP na CF, falando de direitos coletivos. Limites: primeira corrente - tutela apenas de hipossuficientes; segunda corrente - tem legitimidade sempre que tiver vulneráveis. Vulnerabilidade pode ser organizacional, informacional. ADI 3943 e RE 73433. Pessoas necessitadas se enquadram em diversos tipos de necessidade. Essa segunda é a adotada pelo STJ e STF. ● (continuação de DP) Fase executiva: DP teria limites de legitimidade? Corrente 1 diz que DP só tem legitimidade para hipossuficiente; corrente 2 diz que tem que executar nos mesmos moldes da legitimidade no processo de conhecimento. ○ Administração pública: não inclui procuradores. Adm. direta: STJ entende que a legitimidade é ampla, o próprio ente tem interesse. Doutrina coloca pertinência territorial, tem que corresponder à realidade de seu território. Órgãos públicos tem legitimidade no CDC se relacionado aos direitos do consumidor. Não há capacidade jurídica, mas capacidade judiciária. Adm. indireta: STJ exige que haja pertinência temática. Art. 5, IV da Lei de ACP fala de fundação. 1a corrente: só as fundações de direito público, já que o dispositivo só fala de entes públicos. 2a corrente: pública e privada, porque não tem restrição legal. ○ Associação: direito de representação associativa. Art. 5 da LACP c/c art. 82 do CDC. Requisitos que podem ser reconhecidos de ofício pelo juiz a qualquer tempo: 1) pré-constituição: deve existir há pelo menos 1 ano para evitar associações de ocasião. OBS: 1 ano de registro em cartório. Na mudança substancial de objeto, não pode continuar ajuizando e zera prazo. Art. 493, CPC: o prazo de 1 ano pode ser atingido no curso da ação. Esse requisito de 1 ano pode ser afastado pelo juiz quando identificar interesse social manifesto. Pela dimensão do dano (elemento subjetivo), pela natureza do dano (elemento objetivo) ou pela relevância do BJ. 2) pertinência temática: STJ e doutrina entendem que não precisa estar expresso no regimento interno que vai ajuizar direito coletivo. 3) autorização específica prévia: até 2014, STF e STJ dispensavam a autorização dos associados. RE passou a entender que é necessário ter autorização. A mera previsão estatutária não é suficiente. Os efeitos da decisão só atingem os que autorizaram e moram no local do tribunal (muito criticado). ED do RE 573.232: essa tese só se aplica para ação coletiva de rito ordinário e não ACP. Nessa tese, a representação do art. 5o serve para qualquer ação com rito ordinário. Para ações com rito próprio, como há na verdade substituição processual, dispensa autorização. Competência territorial é mantida. OBS: MS coletivo não precisa de autorização e não há limitação territorial. ○ Sindicatos: art. 8o, III, CF. É substituição processual, não precisa de autorização. ○ Partidos políticos: entendimento doutrinário de que parte processual é associação (Ricardo de Barros). ○ OAB: ConselhoFederal tem legitimidade (art. 14, XIV, EOAB). Art. 105, V, RGOAB dá ao Conselho Seccional. Art. 81, III do Estatuto do Idoso. STJ diz que não há pertinência temática, só limitação territorial do CS. ○ Sociedade cooperativa: art. 81-A, lei das cooperativas. ○ Comunidades indígenas: art. 232, CF. ● Legitimado passivo: qualquer pessoa que cause dano.
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