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Introdução ao Direito Civil e Pessoas Físicas

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PESSOAS FÍSICAS 
 
INTRODUÇÃO 
Neste material começaremos a estudar o Código Civil. Antes de mais nada, precisamos 
fazer uma introdução teórica, abordando a importante ideia do “direito civil 
constitucional”: 
 “Direito Civil Constitucional”: pode ser traduzido num sistema de 
normas e princípios, reguladores da vida privada, relativos à 
proteção da pessoa nas suas mais diferentes dimensões 
fundamentais, integrado pela Constituição. 
Portanto, quando do enfrentamento de alguma questão, haverá que se fazer uma 
leitura da norma civil de modo a compreender sua estrutura interna a partir da 
legalidade constitucional. 
Essa releitura que o direito civil deve passar à luz da Constituição é que permite o atual 
entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a eficácia dos Direitos Fundamentais 
nas relações privadas, chamada de eficácia horizontal dos direitos fundamentais (V. 
Recurso Extraordinário 210.819/RJ). 
 
 3 paradigmas: Socialidade, eticidade e operabilidade 
Amparado na dignidade da pessoa humana, além dos princípios basilares, o Código 
Civil de 2002 trouxe novos princípios norteadores: socialidade, eticidade e a 
operabilidade. 
Pela socialidade, o Código busca a superação do caráter individualista e egoísta 
predominante no CC/16. Percebe-se uma denotação social em muitos institutos civis: a 
família, o contrato, a propriedade, a posse, a responsabilidade civil, a empresa, o 
testamento. Em razão deste princípio, teve-se a relativização da autonomia da 
vontade, como nas relações contratuais, onde podemos observar um marcante 
intervencionismo estatal. 
Em relação à eticidade, observamos a ideia de valorização da ética, da boa-fé objetiva, 
que deve constar essencialmente das relações, de modo que, sem ela, o negócio 
jurídico padece de irregularidade. Conforme se explorará em momento oportuno, da 
boa-fé, pode-se extrair uma tríplice funcionalidade (função interpretativa da boa-fé 
objetiva, função de controle da boa-fé objetiva e função de integração da boa-fé 
objetiva). Como se verá, tais funções vêm sendo muito utilizadas pelos Tribunais no 
exame de casos concretos, de modo que é importante que o candidato fique atento 
quanto a esses pontos. 
 
 
Por fim, mas não menos importante, temos a operabilidade, que busca trazer maior 
efetividade às regras do Código Civil, conferindo ao intérprete liberdade na adequação 
da norma aos casos concretos, o que se conseguiu pela adoção do sistema de 
cláusulas gerais. 
Em relação às cláusulas gerais, valiosas são as lições do Professor Carlos Roberto 
Gonçalves, para quem: 
“As cláusulas gerais resultaram basicamente do convencimento do legislador de 
que as leis rígidas, definidoras de tudo e para todos os casos, são 
necessariamente insuficientes e levam seguidamente a situações de grave 
injustiça. Embora tenham, num primeiro momento, gerado certa insegurança, 
convivem, no entanto, harmonicamente no sistema jurídico, respeitados os 
princípios constitucionais concernentes à organização jurídica e econômica da 
sociedade. Cabe destacar, dentre outras, a cláusula geral que exige um 
comportamento condizente com a probidade e boa-fé objetiva (CC, art. 422) e a 
que proclama a função social do contrato (art. 421). São janelas abertas deixadas 
pelo legislador, para que a doutrina e a jurisprudência definam o seu alcance, 
formulando o julgador a própria regra concreta do caso. Diferem do chamado 
“conceito legal indeterminado” ou “conceito vago”, que consta da lei, sem 
definição, como, v. g., “bons costumes” (CC, arts. 122 e 1.336, IV) e “mulher 
honesta” – expressão que constava do art. 1.548, II, do Código Civil de 1916 –, 
bem como dos princípios, que são fontes do direito e constituem regras que se 
encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não 
escritas.” 
 
Enfim, importante consequência da constitucionalização do direito civil é a 
concentração do seu regramento na personalidade, considerando a necessidade de se 
relevar a importância da concepção do indivíduo enquanto pessoa e não como ser 
dotado de patrimônio, ou seja, a visão civilista deve estar vinculada à proteção da 
pessoa em primeiro lugar, e não do patrimônio, uma vez que a dignidade da pessoa 
humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CF/88). 
 
PESSOAS NATURAIS 
 
1 – INÍCIO DA PERSONALIDADE 
Ao contrário de outros ordenamentos jurídicos, o brasileiro considera que qualquer ser 
humano, sem distinção, tem total possibilidade de ser sujeito de direitos e obrigações. 
Neste sentido, o artigo 1º do Código Civil anuncia que “toda pessoa é capaz de direitos 
e deveres na ordem civil”. Aqui, verifica-se a capacidade de direito, que não se 
confunde com a capacidade de exercício ou de fato, que depende do preenchimento 
de requisitos legais, para que seja possível exercer plena e pessoalmente os atos da 
vida civil. 
 
 
Nos termos do artigo 2º do Código Civil, a personalidade civil tem início com o 
nascimento com vida. No entanto, tal dispositivo informa que a lei põe a salvo, desde 
a concepção os direitos do nascituro (concebido, mas ainda não nascido). 
- nascimento: é a saída do nascituro para o mundo exterior, sendo desnecessário o 
corte do cordão umbilical para que seja considerado o nascimento. 
- com vida: observa-se com a respiração, pela entrada de ar nos pulmões, momento 
em que se considera adquirida a personalidade. 
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a 
lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
Vale mencionar, ainda, que a interpretação do art. 2º, em relação ao momento de 
início da personalidade civil e ao reconhecimento da personalidade ao nascituro, 
encontra divergência na doutrina. Podem ser citadas três teorias que tentam fixar o 
exato momento. Vejamos: 
a) Teria natalista – entende que o nascituro não é dotado de 
personalidade. Essa teoria adota uma interpretação literal do artigo 2º do Código Civil, 
entendendo que a personalidade jurídica somente é adquirida com o nascimento com 
vida. 
 
b) Teoria concepcionista – para esta teoria, o nascituro possui 
personalidade jurídica, uma vez que esta seria adquirida no momento da concepção. 
 
c) Teoria condicionalista – reconhece a personalidade do nascituro desde 
a concepção, mas se trata de personalidade sujeita a uma condição suspensiva, qual 
seja, o nascimento com vida. 
 
Apesar de não ter afirmado expressamente, de certa forma, o STF adotou a teoria 
natalista, conforme se infere das palavras do Ministro Ayres Brito, quando do 
julgamento da ADI 3510/DF. Confira-se: 
O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela 
começa. Não faz de todo e qualquer estágio da vida humana um autonomizado bem jurídico, mas da 
vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque nativiva (teoria “natalista”, em contraposição 
às teorias “concepcionista” ou da “personalidade condicional”). 
 
Ainda que se adote a teoria natalista, deve-se ter em mente, contudo, que o art. 2 º 
reconhece que a lei porá a salvo os direitos do nascituro. Neste sentido, vale 
mencionar o Enunciado 1 da Jornada de Direito Civil, que trata do natimorto (nascido 
sem vida), dispondo o seguinte: “a proteção que o Código defere ao nascituro alcança 
o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e 
sepultura”. Portanto, tem-se que, violados os direitos personalíssimos do nascituro, 
 
 
vinculados à sua imagem, podemos falar em indenização pelo dano moral daí advindo, 
substituindo-o processualmente para defesa desse direito. 
Merece menção, dada a notoriedade que ganhou nos principais veículos de 
informação jurídica, o entendimento ao que o STF chegou a respeito dos embriões no 
julgamento da já citada ADI 3510/DF: 
 
“A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, 
infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas deobstar sua natural continuidade 
fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a 
pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de 
pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a 
caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as 
primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de 
vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do 
desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida humana anteriores ao nascimento 
devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser 
protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição.” 
 
Assim, segundo o STF, o embrião não é considerado pelo direito como vida, de modo 
que não é pessoa. Tem-se, com isso, que, apesar de receber tratamento especial pela 
Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005), o embrião não pode ser considerado como 
vida para efeitos de tutela jurídica. 
 
2 – CAPACIDADE DE FATO (DE EXERCÍCIO DE DIREITOS): 
 
Conforme adiantado acima, trata-se da possibilidade de praticar, pessoalmente, os 
atos da vida civil. Conforme se infere dos artigos 3º a 5º do Código Civil, essa 
capacidade pode sofrer limitações. 
Assim, de acordo com o artigo 3º, serão absolutamente incapazes os menores de 16 
anos, de modo que estará vedada, para estes, o exercício das situações jurídicas 
pessoalmente, devendo estar representado por terceira pessoa (representante legal). 
A prática de um ato pelo incapaz, sem a devida representação, implica na nulidade do 
ato, não produzindo qualquer efeito jurídico (cf. art. 166, I, do CC/02). 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida 
civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 
Candidato, atenção especial quanto ao ponto: a Lei nº 13.146/2016 (Estatuto da 
pessoa com deficiência) alterou esse dispositivo, de modo que não são considerados 
mais absolutamente incapazes, ex lege, os que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos, ou os 
que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
 
Assim, com essa substancial alteração legislativa, tem-se que, como regra, parte-se da 
premissa que os deficientes não são incapazes. A ideia do referido estatuto foi retirar 
da pessoa com deficiência a presunção de incapacidade, tratando-a como 
presumivelmente capaz. Isso, contudo, não impede que, verificada a impossibilidade 
dos atos da vida civil pessoalmente pelo deficiente, as pessoas legalmente legitimadas 
promovam a sua interdição (V. arts. 747 e ss do NCPC), de modo que lhe seja atribuída 
a condição de absolutamente ou relativamente incapaz, a depender do caso e do grau 
de incapacidade. 
Por fim, voltando-se aos menores de 16 anos (absolutamente incapazes), não pode se 
olvidar que, diariamente, eles envolvem-se em negócios jurídicos, como a compra de 
lanche na escola, não sendo razoável supor que este tipo de negócio deve ser 
invalidado por conta da incapacidade absoluta. Neste sentido, a III Jornada de Direito 
Civil do CJF aprovou o Enunciado 138, que dispõe que “A vontade dos absolutamente 
incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º , é juridicamente relevante na concretização 
de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento 
bastante para tanto”. 
 
Já o art. 4º do CC/02 menciona aqueles que serão relativamente incapazes a certos 
atos, ou à maneira de os exercer. São eles: os maiores de dezesseis e menores de 
dezoito anos; os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; aqueles que, por causa 
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; os pródigos. 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os 
exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
IV - os pródigos. 
 
Merece destaque o fato de que o Estatuto da pessoa com deficiência também alterou 
esse dispositivo, de modo que não são considerados mais relativamente incapazes, ex 
lege, os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, bem como os 
excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. As razões são as mesmas 
acima mencionadas, para onde remetemos o candidato, a fim de que melhor fixe a 
ratio dessa importante alteração legislativa. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
 
 
Quanto aos relativamente incapazes, tem-se que, para a prática dos atos da vida civil, 
eles devem estar assistidos do representante legal, sendo anulável o ato que não 
observe essa exigência. 
 
3 – CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE 
Via de regra, nos termos do caput do art. 5º do CC/02, a incapacidade cessa aos 
dezoito anos completos. O parágrafo único do dispositivo em questão, todavia, prevê 
hipóteses em que se autoriza a cessação da incapacidade antes mesmo dos dezoito 
anos, por meio da emancipação. 
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a 
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou 
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos 
completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de 
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 
dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
A emancipação pode ocorrer nos seguintes casos: 
a) Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial. Vale mencionar, 
Absolutamente 
incapazes 
Representados 
Sob pena de 
NULIDADE 
Relativamente 
incapazes 
Assistidos 
Sob pena de 
ANULABILIDADE 
 
 
aqui, que o STJ tem entendido que a emancipação do menor, em regra, isenta os pais 
dos atos danosos praticados pelo filho após a sua concessão, salvo em caso que se 
ateste abuso ou fraude (V. REsp 764.488/MT); 
b) Por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos 
completos; 
c) Pelo casamento; 
d) Pelo exercício de emprego público efetivo; 
e) Pela colação de grau em curso de ensino superior; 
f) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação 
de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. 
 
4 – FIM DA PERSONALIDADE 
O artigo 6º do CC/02 afirma que a personalidade tem o seu fim com a morte da 
pessoa, que, nos termos do artigo 3º da Lei 9.434/1997, se dá com o diagnóstico da 
morte encefálica (morte real). 
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-
se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a 
abertura de sucessão definitiva. 
Mencione-se que, de acordo com o STJ, a data do óbito é relevantepara a verificação 
do termo inicial do pensionamento decorrente de responsabilidade civil por homicídio, 
assim como para efeitos previdenciários. (V. REsp 1.198.534/RS e Súmulas 340 e 416). 
Além da morte real, o Código Civil reconhece a possibilidade de se declarar o fim da 
personalidade por meio da morte presumida, quando, apesar de não ter sido atestada 
formal e cientificamente, for extremamente provável. 
Por isso, o art. 6º do CC/02 afirma que “a existência da pessoa natural termina com a 
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a 
abertura de sucessão definitiva”. Neste caso, para o reconhecimento da morte 
presumida, será necessário observar o procedimento para a declaração de ausência e 
a posterior abertura da sucessão (cf. arts. 22 a 39 CC/02). 
Por outro lado, o art. 7º do CC/02 reconhece a possibilidade de declaração da morte 
presumida, SEM decretação de ausência, nas seguintes situações: 
(I) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
(II) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 
dois anos após o término da guerra 
A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois 
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do 
falecimento. 
 
 
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for 
encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente 
poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a 
sentença fixar a data provável do falecimento. 
Vale destacar que o artigo 8º prevê o instituto da comoriência, que ocorre quando 
dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião e não se pode determinar qual 
deles morreu primeiro, de modo que, então, presume-se que faleceram 
simultaneamente. Tal ponto ganha especial relevância quando do estudo do direito 
sucessório, pois, se tais pessoas morreram simultaneamente, não ocorreu, entre elas, 
transmissão de direitos, no caso de uma ser herdeira da outra. 
Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo 
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. 
Atenção: Não é requisito da comoriência que as mortes decorram do mesmo evento, 
mas sim na mesma ocasião. 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
1 – INTRODUÇÃO 
Os direitos da personalidade não derivam da relação da pessoa com a coisa (direitos 
reais), nem da sua relação com outra pessoa (direito obrigacional). Tais direitos, na 
verdade, originam-se da relação que a pessoa tem consigo mesma, ou seja, daqueles 
bens que a pessoa guarda dentro do seu corpo e intelecto, e que formam a sua 
personalidade, razão pela qual são intransmissíveis e irrenunciáveis (art. 11 CC/02). 
Vale destaque o que restou consignado no Enunciado 274 da IV Jornada de Direito Civil 
do CJF: “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo 
Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no 
art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de 
colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica 
da ponderação”. 
Tem-se, assim, que, além dos direitos da personalidade mencionados e tratados no 
Código Civil, outros podem ser extraídos do princípio da dignidade da pessoa humana, 
 
 
previsto no art. 1º, III, da CF, de modo que o rol previsto no Código Civil é meramente 
exemplificativo. 
Como forma de exemplo de um direito da personalidade que não está expressamente 
previsto no Código Civil, cite-se o direito ao esquecimento, tão debatido na atualidade 
por doutrina e jurisprudência. 
No campo doutrinário, tal direito foi reconhecido pelo Enunciado 531, com o seguinte 
teor: “A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o 
direito ao esquecimento”. 
De acordo com as justificativas da proposta, “Os danos provocados pelas novas 
tecnologias de informação vêm-se acumulando nos dias atuais. O direito ao 
esquecimento tem sua origem histórica no campo das condenações criminais. Surge 
como parcela importante do direito do ex-detento à ressocialização. Não atribui a 
ninguém o direito de apagar fatos ou reescrever a própria história, mas apenas 
assegura a possibilidade de discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais 
especificamente o modo e a finalidade com que são lembrados”. 
O próprio STJ, no julgamento do REsp nº 1.334.097/RJ, reconheceu o direito ao 
esquecimento de homem inocentado da acusação de envolvimento na chacina da 
Candelária e que foi retratado pelo extinto programa “Linha Direta”, da TV Globo, 
mesmo após a absolvição criminal. A emissora foi condenada a indenizar o autor da 
demanda, por danos morais, em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 
 
2 – CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
O art. 11 do Código Civil dispõe que com “exceção dos casos previstos em lei, os 
direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu 
exercício sofrer limitação voluntária”. Além disso, a doutrina aduz que os direitos da 
personalidade também são absolutos, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis e 
vitalícios. Vejamos: 
a) Intransmissibilidade – considerando que os direitos da personalidade 
decorrem da relação que a pessoa tem consigo mesma, nos âmbitos físico e 
intelectual, por consequência, a pessoa detentora deles não pode transmiti-los a 
terceiros. Há, contudo, aspectos da personalidade que podem se desdobrar em bens 
jurídicos patrimoniais e estes podem ser transmitidos. Exemplo: pretensão reparatória 
por dano moral. 
Apesar disso, em certos casos, os descendentes de pessoa morta podem reivindicar a 
proteção de direitos personalíssimos do de cujus. Esta espécie de proteção encontra-se 
prevista no art. 12, parágrafo único do Código Civil, e é chamada pela doutrina de dano 
por ricochete ou dano reflexo. 
 
Por fim, conquanto os direitos da personalidade sejam intransmissíveis, a pretensão ou 
direito de exigir a sua reparação pecuniária, em caso de ofensa, transmite-se aos 
 
 
sucessores, nos termos do art. 943 do CC/02. Este, inclusive, é o entendimento do STJ: 
“O direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se 
aos sucessores da vítima”. 
 
b) Irrenunciabilidade – no exercício dos direitos da personalidade, o seu 
titular não pode, ainda que voluntariamente, se comprometer a deixar de exercê-los. 
Observe-se, contudo, que a indisponibilidade dos direitos da personalidade não é 
absoluta, mas relativa. Quanto ao ponto, vale a menção ao Enunciado 4 da I Jornada 
de Direito Civil do CJF: “O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação 
voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. – CUIDADO, POIS EM UMA 
PROVA OBJETIVA VOCÊ DEVE MARCAR A LITERALIDADE DO ART. 11: “Art. 11. Com 
exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis 
e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.” 
 
c) Absolutos – Trata-se de uma consequência da oponibilidade erga omnes 
dos direitos da personalidade. São tão relevantes e necessários que impõem a todos 
um dever de abstenção, de respeito. Por outro lado, têm caráter geral, pois inerentes a 
toda pessoa humana. 
d) Ilimitados – Conforme adiantado acima, o número de direitos da 
personalidade é ilimitado, conquanto os arts. 11 a 21 tenham se referido 
expressamente a respeito de alguns. Reputa-se tal rol meramente exemplificativo, pois 
não esgota o seu elenco, visto ser impossível imaginar-se um numerus clausus nesse 
campo. 
Na atualidade, em razão dos avanços científicos e tecnológicos, a personalidade passaa sofrer novas ameaças que precisarão ser enfrentadas, com regulamentação da sua 
proteção. Assim, para uma efetiva proteção dos direitos da personalidade, deve-se ter 
em mente que o rol vai além das prerrogativas catalogadas na Constituição e na 
legislação ordinária. 
e) Imprescritíveis – os direitos da personalidade não são extintos pelo não-
uso e pelo decurso do tempo, muito menos pela inércia na pretensão de defendê-los. 
Vale ressaltar, contudo, que, apesar de o dano moral consistir na lesão a um interesse 
que visa a satisfação de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da 
personalidade (vida, a honra, o decoro, a intimidade, a imagem, etc.), a pretensão à 
sua reparação está sujeita aos prazos prescricionais estabelecidos em lei, por ter 
caráter patrimonial. 
Quanto ao ponto, o STJ já decidiu que “o direito de ação por dano moral é de natureza 
patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores da vítima”. Não se pode, pois, 
afirmar que é imprescritível a pretensão à reparação do dano moral, embora consista 
em ofensa a direito da personalidade. 
OBSERVAÇÃO: No que diz respeito aos casos de reparação por danos 
sofridos em razão de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante o 
Regime Militar, a jurisprudência tem entendido que NÃO HÁ PRAZO PRESCRICIONAL. 
 
 
 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PRISÃO, TORTURA 
E PERSEGUIÇÃO. REGIME MILITAR. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. DANOS MORAIS. 
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. EVENTO DANOSO. ACÓRDÃO 
RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ. SÚMULA 83/STJ. DIVERGÊNCIA 
JURISPRUDENCIAL NÃO CONHECIDA. 1. A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de 
que não se aplica a prescrição quinquenal do Decreto n. 20.910/1932 às ações de reparação de 
danos sofridos em razão de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante o 
Regime Militar, afirmando a sua IMPRESCRITIBILIDADE. 2. O Tribunal a quo decidiu de acordo 
com jurisprudência desta Corte, no sentido de que os juros moratórios, em caso de 
responsabilidade extracontratual, devem incidir a partir da data do evento danoso, nos termos 
da Súmula 54/STJ. Incidência da Súmula 83/STJ. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no 
REsp: 1417171 SP 2013/0371447-3, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de 
Julgamento: 10/12/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/12/2013) 
 
f) Impenhorabilidade – Uma vez que os direitos da personalidade são 
inerentes à pessoa humana e dela inseparáveis, e por essa razão indisponíveis, 
consequentemente não podem ser penhorados, uma vez que a constrição é o ato 
inicial da venda forçada determinada pelo juiz para satisfazer o crédito do exequente, 
o que é impensável em relação aos direitos em questão. 
 
g) Vitalícios – Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no 
instante da concepção e acompanham a pessoa até sua morte. Como visto acima, 
mesmo após a morte, alguns desses direitos permanecem resguardados, como, por 
exemplo: o respeito ao morto, à sua honra ou memória e ao seu direito moral de 
autor. 
 
 
3 – ROL DE DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Como mencionado, além dos direitos da personalidade mencionados e tratados no 
Código Civil, outros podem ser extraídos do princípio da dignidade da pessoa humana, 
de modo que o rol previsto no Código Civil é meramente exemplificativo. 
Sem prejuízo de outros que possam ser extraídos do princípio da dignidade da pessoa 
humana, podemos mencionar os seguintes direitos da personalidade: direito à vida, 
direito à integridade física, direito ao nome, direito à imagem, direito à vida privada, 
direito ao esquecimento, direito à livre manifestação de pensamento e liberdade de 
imprensa, direitos autorais. 
Por sua importância para fins de prova, vejamos o rol de direitos da personalidade 
regulamentados pelo Código Civil e algumas discussões correlatas: 
 Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio 
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou 
contrariar os bons costumes (art. 13, CC). 
 
 É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do 
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte (art. 14, CC) 
 
 
 
 Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica (art. 15, CC). O ato de disposição 
pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
 
 Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o 
sobrenome (art. 16) 
 
 O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se 
dá ao nome (art. 19) 
 
 A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do 
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar 
ato contrário a esta norma (art. 21, CC) 
 
 Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da 
palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa 
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que 
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se 
destinarem a fins comerciais (art. 20, CC) 
 
Obs.: Pela interpretação literal do art. 20, as biografias não-autorizadas 
seriam proibidas, de modo que o biografado poderia impedir a produção da 
biografia ou, se ela já estivesse pronta, a sua comercialização. 
Contudo, foi ajuizada uma ADI (nº 4815) perante o STF, sendo que esta 
corte julgou procedente a ação, e declarou ser desnecessária a autorização 
prévia para a publicação de biografias. 
Assim, para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária 
autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, 
nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, 
não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. 
Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda 
que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito à reparação, 
o que poderá ser feito de diversas formas.

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