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1 Resumo de Marketing(unidade 1 a unidade 4) Marketing é um conjunto de atividades que visa satisfazer as necessidades e desejos do consumidor, através de processos de troca, com a finalidade de lucro. Processo do marketing: (fases) #criar algo de valor para o consumidor, isto é, algo em que o consumidor perceba valor para ajudá-lo a resolver seu problema ou aliviar sua vontade; #definir o quanto cobrar por essa fonte de valor para o consumidor; #mostrar ao consumidor que a empresa tem algo que pode lhe servir; e #disponibilizar esse valor que você deseja oferecer quando, onde e na quantidade que o consumidor precisa. o conceito de marketing utiliza o marketing integrado*, que nada mais é do que ter toda a empresa, todas suas áreas funcionais, atuando com o objetivo de satisfazer as necessidades do consumidor. Uma organização que adota o marketing integrado deixa de ver o departamento de marketing como o único responsável por esta atividade. Com o marketing integrado, todos na empresa entendem que exercem funções que visam satisfazer às necessidades e desejos do consumidor. Ao fazer isso bem feito, a compra do produto pelo consumidor se torna uma coisa natural (ele vai comprar porque o produto vai ser bom para ele, vai ajudá-lo a resolver um problema, uma necessidade). Da mesma forma, ao se sentir satisfeito, aumenta também a probabilidade do consumidor voltar a comprar o produto da empresa. Com isto, a empresa vende algo de valor para o consumidor e realiza lucro ao entregar esse valor. O consumidor se transforma no verdadeiro "patrão" de todos os membros de uma organização. *Marketing Societal – é a orientação em que o atendimento da necessidade do consumidor está limitado pela preservação e melhoria do bem-estar do consumidor e da sociedade O Marketing de Guerra baseia-se em uma abordagem militar do mercado. Ao invés de focar no atendimento das necessidades do consumidor, diz que a empresa deve preocupar- se com os concorrentes, na batalha pelo mercado. Propõe que a empresa deva se concentrar em aspectos como ataque, defesa, pontos fortes e fracos, conflito, competição pelo cliente, etc. Concentração de forças, marketing de guerrilha, dominação de mercados, guerra de preços e propaganda comparativa são exemplos de ações que permeiam a proposta do marketing de guerra. 2 Portanto, devemos ter uma definição para mercado baseada em necessidades. Podemos dizer que um mercado existe até mesmo sem que as necessidades estejam satisfeitas – basta haver as necessidades. Dessa forma, em marketing costumamos definir um mercado como um conjunto de consumidores, não como uma quantidade de produtos. Esses consumidores formam um mercado na medida em que preencham dois requisitos: tenham uma determinada necessidade específica; e possuam a capacidade de satisfazê-la. Assim: Mercado é o conjunto de todos os consumidores potenciais que compartilham uma necessidade ou desejo específico, dispostos e habilitados a fazer uma troca para satisfazê-lo. O trabalho de marketing objetiva: a) oferecer algo capaz de satisfazer à necessidade existente, b) por um preço que “caiba” no valor que o consumidor atribui à resolução de seu problema ou necessidade e pelo qual possa pagar, c) disponível onde, quando e na quantidade que o consumidor necessita e d) fazendo com que o consumidor fique devidamente informado da capacidade do produto em satisfazer essa necessidade. Quando o marketing faz isso bem feito, o consumidor compra o produto (bem ou serviço), transformando o mercado potencial em demanda de mercado. A demanda de mercado* por um produto pode ser definida como o volume total que seria comprado por um grupo definido de consumidores em determinado período, em uma área geográfica definida, em dado ambiente econômico, sob um programa de marketing específico Curva “S” do Marketing, em que a demanda de mercado varia de acordo com os níveis de esforço de marketing do setor. *Mercado potencial – pode ser definido como o limite aproximado pela demanda de quando os gastos em marketing das empresas do setor tendem ao infinito, para um dado ambiente de marketing. Já a demanda de mercado tem o formato aproximado de um “S”, seguindo o padrão descrito acima: a variação da resposta ao crescimento do esforço de marketing é lenta no início, acelera-se e depois volta a desacelerar, tendendo ao mercado potencial. 3 *Transação – é uma troca acordada entre duas partes. *Marketing de Relacionamento– é uma postura em que a empresa reconhece sua responsabilidade além da transação, até o momento da extração dos benefícios pelo consumidor. Ao invés de focar a atração de novos clientes e realizar trocas e os lucros que elas podem proporcionar, o marketing de relacionamento advoga que as empresas devem buscar a construção de relacionamentos de longo prazo com seus clientes, para benefício mútuo. Do lado da empresa, o benefício do relacionamento está na economia encontrada em não ter que atrair e convencer clientes para novas transações. Do lado do cliente, o benefício do relacionamento está em não ter que pesquisar, conhecer, avaliar e incorrer em riscos a cada transação com um produto novo para ele. Portanto, faz sentido para a empresa estabelecer uma ligação econômica e social com seus clientes, retendo-os através da oferta consistente de um valor adequado aos clientes, superior ao encontrado no mercado. Para tanto, o marketing de relacionamento deve procurar entender claramente quem são os clientes, o que eles valorizam, o que desejam adquirir e como desejam ser atendidos. A retribuição do cliente vem em termos de compras repetidas e da indicação do produto a novos clientes. Isto resulta em mais lucros na medida em que atender aos clientes existentes custa menos do que atrair novos clientes. Assim, o marketing de relacionamento gera um jogo ganha-ganha. (CRM, ou Gestão do Relacionamento com o Cliente). Esta sigla tornou-se incorporada ao jargão empresarial, tanto positiva como negativamente. O CRM* tornou-se possível com o desenvolvimento da tecnologia da informação, que possibilitou a criação, o armazenamento e a utilização de grandes quantidades de informações a baixo custo. Com isto, todos os contatos e transações de uma empresa com um cliente podem ser armazenadas, organizadas, estudadas e disponibilizadas a todos os membros da organização que podem impactar o relacionamento com o cliente. O apelo de maiores lucros intrínseco ao marketing de relacionamento levou muitas empresas a adotar o CRM visando obter a lealdade dos clientes. Seguiu-se uma profusão de programas de fidelização, geralmente formatados com a premiação de compras repetitivas. O resultado foi uma enorme quantidade de fracassos na implantação do CRM, chegando a 75% dos casos segundo certas fontes (GREENBERG, 2003). É provável que a razão desse elevado número de fracassos tenha sido a visão do CRM como uma ferramenta de informática que representaria uma panacéia nos negócios. Uma visão mais abrangente do CRM envolve o processo geral de construir e manter relacionamentos lucrativos com clientes. Isto se consegue com entrega de valor ao consumidor e de sua satisfação. Ou seja, adotar uma ferramenta de CRM não me será muito útil se eu não me dispuser a seguir a filosofia de marketing e praticar o marketing de relacionamento. *CRM ou Customer R e l a t i o n s h i p Management – é o conjunto de atividades desenvolvidas para gerenciar todos os relacionamentos dos clientes com a empresa A noção mercadológica do termo satisfação está mais próxima da idéia de que algo satisfaz um consumidor quando realiza, desempenha ou cumpre aquilo que o consumidor busca nesse produto. Uma definição precisa de satisfação usa a comparação entre as expectativas que o consumidor faz do produto e o seu real desempenho. A satisfação* do consumidor pode serdefinida como o sentimento de que o produto (bem ou serviço) atendeu (ou superou) as expectativas do consumidor. Fontes de valor O conhecido estudioso do comportamento do consumidor, Jagdish Sheth, com um grupo de colegas (1991), identificou cinco tipos de benefícios como fontes de valor para o consumidor em marketing: funcionais, sociais, emocionais, cognitivos e conjunturais. 4 Assim, no exemplo da compra de um automóvel, além de transportar você ao seu novo emprego (benefício funcional), o carro talvez o ajude a impressionar um grupo de amigos (benefício social). Ele também pode levá-lo a desenvolver certa estima por ser seu primeiro carro (emocional). Pode atender ainda a sua curiosidade em aprender a operar o computador de bordo (cognitivo). Por fim, em um dia de chuva talvez você conclua que o valor é ainda maior do que pensava (conjuntural). * D i s s o n â n c i a cognitiva – é o desconforto psicológico pós-compra causado pela possibilidade de que o produto escolhido não corresponda à melhor decisão. A empresa orientada para o marketing deve aumentar o valor para o consumidor, para que seu produto seja o escolhido em um mercado competitivo. Para tanto, a resposta mais trivial é simples: aumentar os benefícios oferecidos e reduzir os custos. * C o m p o s t o mercadológico ou marketing mix – é o conjunto de ferramentas de marketing englobados nos quatro Ps: Produto, Preço, Praça e Promoção. A função de marketing de uma organização está ilustrada na Figura 8. Existe um mercado de consumidores potenciais com necessidades e desejos a serem satisfeitos. Essas necessidades e desejos se apresentam à organização sob a forma de informações. A função de marketing de uma empresa principia pela tarefa de descobrir as necessidades e desejos, acessando as informações. Uma vez conhecidas essas necessidades, devem ser desenvolvidos conceitos de produtos – sob a forma de bens ou serviços, ou de alguma combinação deles. A função de marketing continua, criando a melhor combinação ao alcance dos quatro Ps, de maneira a satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. Isto se materializa na forma de bens e serviços que são, então, levados ao mercado. A noção de marketing integrado é bem capturada no moderno instrumento conhecido como Balanced Scorecard (ou simplesmente BSC). O BSC visa, em última instância, ligar os esforços aos objetivos da empresa. Ele adota quatro perspectivas para analisar a organização e colocar a visão estratégica em ação. Essas quatro perspectivas (Financeira, do Cliente, Interna e da Inovação e Aprendizagem) devem ser balanceadas, conforme o próprio nome, BSC, indica. Na perspectiva financeira aparece, ao lado da satisfação dos acionistas e da geração de caixa, a preocupação com a satisfação do cliente, protegendo a criação de valor no longo prazo. A perspectiva do cliente é adotada como forma de garantir que a empresa ofereça valor à sua principal fonte de recursos, o cliente. A perspectiva interna concentra-se nos processos internos, procurando avaliar se eles causam impacto na satisfação do cliente, condicionando o funcionamento da empresa a essa orientação. Mesmo a perspectiva da inovação e aprendizagem, ao examinar como a 5 organização aprende e cresce, o faz buscando a melhoria e a criação de valor para o consumidor. O marketing integrado implica em colocar o consumidor no centro das preocupações de toda a empresa. Muitas vezes funcionários que ficam mais distantes dos consumidores pensam que as pessoas que têm contato com os clientes procuram protegê-los. Ao fazer isto, não estariam resguardando os interesses da empresa. Lembrete de Marketing Os ativos da empresa têm pouco valor sem a existência de clientes. A tarefa-chave da empresa é, portanto, atrair e reter clientes. Clientes são atraídos por ofertas competitivamente superiores e retidos pela satisfação. A tarefa do marketing é desenvolver uma oferta superior e fornecer satisfação ao cliente. A satisfação do cliente é afetada pelo desempenho dos demais departamentos. O marketing precisa influenciar os outros departamentos a cooperar no fornecimento de satisfação ao cliente. *Modismo – é um fenômeno efêmero, em que peças de vestuário, lugares, cortes de cabelo, gírias e nomes próprios, entre outros objetos, tornam-se populares e sinônimos de status. *Tendência – é um movimento duradouro, seqüência de eventos ou direcionamento que não surge e desaparece de uma hora para outra. São disposições que se formam lentamente e uma vez estabelecidas, exercem influência por longos períodos. Afinal, onde devemos procurar esses modismos e tendências? No ambiente onde a empresa opera. Pode-se distinguir forças com dois níveis de influência: algumas sobre as quais se tem algum controle – microambiente – e outras que são praticamente incontroláveis – macroambiente. Discutiremos cada um deles a seguir. (1) O microambiente, o ambiente de negócios ou também chamado ambiente-tarefa da empresa, é formado por todos os atores mais próximos dela que afetam sua habilidade de servir a seus clientes. Aqui, incluem-se fornecedores, intermediários, os próprios clientes, concorrentes e seus diversos públicos. Ao mesmo tempo em que é influenciada por esses grupos, a empresa também os influencia, com maior ou menor intensidade, dependendo de quão competitiva ela é. (2) O macroambiente é formado por forças sobre as quais a influência e controle por parte da empresa são muito pequenos. Segundo Kotler e Keller (2006), no macroambiente agem seis forças – demográficas, econômicas, naturais, tecnológicas, político-legais e socioculturais – que influenciam o ambiente de negócios de todas as empresas. Recapitulando: Todos os elementos do microambiente de marketing – fornecedores, concorrentes, intermediários, clientes e públicos – impactam as empresas de uma maneira muito próxima, mas, ao mesmo tempo, estas exercem alguma influência em seu ambiente de negócios. As seis forças macroambientais – demográfica, econômica, sociocultural, natural, tecnológica e político-legal – são fatores incontroláveis que influenciam todo o ambiente do negócio de uma empresa. Com tanta coisa acontecendo ao seu redor, o profissional de marketing precisa encontrar um método sistemático para analisar o mercado, antes de tomar decisões, para preparar um plano ou uma estratégia de marketing. Esse é o papel do Sistema de Informação de Marketing. As inovações tecnológicas mais importantes para o profissional de marketing são aquelas relacionadas à tecnologia da informação, isto é, aquelas que envolvem a coleta, armazenamento, análise e distribuição da informação sobre os consumidores. 6 O processo de tomada de decisão de marketing deve ser baseado em informações abrangentes e atualizadas sobre o mercado em que a empresa atua. De quais informações estamos falando? Em primeiro lugar, de informações sobre o ambiente de marketing: é preciso saber como o ambiente de negócios da empresa vem se comportando em função da influência das forças macroambientais. Em segundo lugar, é preciso conhecer bem cada uma das variáveis independentes de marketing, representadas pelas decisões quanto ao produto, preço, distribuição e comunicação – os 4 Ps – Os gerentes de marketing estão sempre reclamando que: #Não têm as informações certas; #Têm muitas informações erradas; #As informações estão muito espalhadas: é difícil localizá-las; e #Informações importantes chegam tarde demais ou não são acuradas ou confiáveis. Na verdade, muitas vezes, o que realmente acontece é que: O que os gerentes pensam é diferente do que eles realmente precisam que é diferente do que é economicamente viável! Sistema de Informação pode ser entendido como um conjunto de componentes inter- relacionados, que visam coletar dados e informações,manipulá-los e processá-los para finalmente dar saída a novos dados e informações. Agora, vamos acrescentar um toque de Marketing a essa definição? Um Sistema de Informação de Marketing (SIM) é constituído de pessoas, equipamentos e procedimentos dedicados a coletar, classificar, analisar, avaliar e distribuir as informações necessárias de maneira precisa e oportuna para os tomadores de decisões de marketing. O objetivo fundamental de um SIM é reduzir a incerteza na tomada de decisões de marketing, disponibilizando informações sobre as variáveis incontroláveis* e controláveis* de marketing. * V a r i á v e i s incontroláveis – são as forças do macroambiente. Conforme o nível de valor do produto, o preço cobrado, o investimento na sua promoção e características das condições do canal de distribuição, obtêm-se diferentes resultados na participação de mercado, receita de vendas ou satisfação do consumidor. *Variáveis controláveis – são os 4 Ps e as forças internas da empresa. O SIM, segundo Mattar (2006), traz muitas vantagens ao tomador de decisão de marketing: #proporciona mais informações dentro das limitações de tempo exigidas; #permite integrar as informações que estão dispersas em várias áreas da empresa de forma adequada; #proporciona a recuperação seletiva da informação; #facilita o reconhecimento de tendências; #permite melhor uso das informações; #evita que informações importantes sejam suprimidas; #reduz o número de decisões tomadas com base na intuição ou experiência; e #depura o fluxo de informações. Os elementos que fazem parte do SIM são os sistemas de registros internos da empresa, de inteligência de marketing e de pesquisa de marketing. Esses sistemas monitoram o ambiente no qual a empresa se insere, processa os dados e informações e leva ao profissional de marketing dados e informações que ele necessita. 7 Sistema de Inteligência de Marketing A diferença entre o sistema de registros internos e o Sistema de Inteligência de Marketing é que o primeiro fornece dados sobre resultados – coisas que já aconteceram – enquanto o segundo fornece dados sobre eventos que estão acontecendo. O Sistema de Inteligência de Marketing é um conjunto de procedimentos e fontes de dados utilizados com o objetivo de acompanhar diariamente os eventos relevantes nos seus ambientes de marketing. Com os três sistemas – Registros Internos, Inteligência de Marketing e Pesquisa de Marketing –, que se complementam, o SIM (Sistema de Informação de Marketing) avalia as necessidades de informação, gera as informações necessárias e as distribui oportunamente ao gerente de marketing. O SIM permite a descoberta de oportunidades e ameaças de marketing, identificando tendências no ambiente em que a empresa atua. *Comportamento do consumidor – é o conjunto de atividades mentais, emocionais e físicas em que as pessoas se engajam quando selecionam, adquirem, usam e descartam bens e serviços para satisfazer suas necessidades e desejos. O estudo da motivação procura explicar porque os comportamentos ocorrem. A palavra motivação é derivada do latim movere, que significa “mover”, “movimentar”. Assim, motivação* se refere aos processos que movem uma pessoa a se comportar de determinadas maneiras. Mais precisamente, a motivação é: *motivação – é um estado interno de excitação que devota energia para se alcançar um objetivo Características da Motivação do Consumidor. (1) Motivação tem dois componentes principais: energia e direção (2) Motivos podem ser abertos ou ocultos, e são múltiplos (3) Consumidores buscam redução da tensão (4) Consumidores são motivados por forças internas e externas (5) Motivos têm valença – podem ser positivos ou negativos (6) Consumidores são motivados a atingir objetivos (7) Consumidores têm uma sede por variedade (8) Motivações refletem diferenças individuais (9) Consumidores desejam ordem em seu mundo (10) Consumidores são guiados por uma hierarquia de necessidades Fatores que afetam a motivação Algo terá relevância pessoal e, portanto, aumentará a motivação de um consumidor se: # disser respeito à sua auto-imagem; # for consistente com seus valores; e # for de alto envolvimento. Personalidade* diz respeito a uma consistência nos comportamentos e reações a eventos em diferentes situações. Cada pessoa tem uma personalidade distinta, que pode ser descrita como um conjunto de traços de personalidade* – características duradouras dentro da pessoa ou em seus relacionamentos com outras pessoas. As personalidades têm sido frequentemente descritas em termo de traços como assertividade, submissão, extroversão, dominância, sociabilidade, adaptabilidade e agressividade. Rockeach (1979) pesquisou mais de quinhentos tipos de valores, concluindo que podem ser divididos em valores terminais, ou crenças sobre nossos objetivos ou estados finais pelos quais lutamos (tais como felicidade, sabedoria, prazer) e valores instrumentais, ou crenças sobre maneiras desejáveis de se comportar para alcançar os valores terminais (como honestidade, responsabilidade, alegria). Embora a maioria das pessoas de uma sociedade concorde com relação a muitos valores, a importância de cada valor difere de pessoa para 8 pessoa e mesmo para uma mesma pessoa ao longo de sua vida. Uma aplicação relevante dos valores pessoais em marketing é o encadeamento* meios-fins. Através do encadeamento podemos identificar os atributos de um produto que servem a certos valores do consumidor. O encadeamento se baseia na seqüência: Atributos Conseqüências Valores Os produtos oferecem atributos aos consumidores. Os consumidores experienciam conseqüências ao consumir os atributos. Essas conseqüências ajudam os consumidores a alcançar certos valores, primeiro instrumentais e a seguir terminais. *Valores – Valores são objetivos importantes compartilhados por uma grande parcela da população de uma sociedade. *Encadeamento – é uma abordagem que procura identificar os valores do consumidor que são ou podem ser atendidos pelos atributos do produto. Envolvimento O envolvimento* pode ser definido como o estado de energia que uma pessoa experimenta em relação a uma atividade relacionada ao consumo. O nível de envolvimento depende da importância das conseqüências da compra para o consumidor. A importância do envolvimento reside no fato de que as pessoas se motivam a colocar mais esforço nos comportamentos de maior envolvimento. De modo geral, o envolvimento será mais alto quando: # a compra for mais importante para si, como compras de produtos de elevado preço, ou com conseqüências mais duradouras (compra de uma casa, por exemplo); # a compra for mais prazerosa (como uma pessoa vaidosa comprando roupas); e # houver um risco maior na compra, incluindo situações de compra complexa, difícil de entender, de alto valor, ou representar risco social (como uma roupa para festa). Além disso, o nível de envolvimento está ligado à nossa autoimagem (e, portanto, à personalidade) e aos nossos valores pessoais. O modelo do PIC* (Processamento da Informação pelo Consumidor) é uma representação mental do que ocorre entre o mundo externo e o mundo interno do consumidor. No mundo externo estão os estímulos, inclusive os do marketing, e no interno estão o comando das ações (comportamentos) que o consumidor vai fazer e as memórias sobre os produtos e suas qualidades. Além de nos ajudar a compreender como funciona a mente do consumidor, o PIC permite um melhor entendimento do conceito de posicionamento, essencial em marketing. O PIC é um modelo das seqüências das atividades mentais que as pessoas usam nos contextos de consumo. O PIC nos ajuda a compreender a percepção, a aprendizagem, o posicionamento, o processo de decisão do consumidor. *Limiar sensorial absoluto – é o nível de intensidade de um estímulo a partir do qual o sentimos. *Limiarsensorial diferencial – é a quantidade mínima de mudança de um estímulo que pode ser sentida. Para evitar um desperdício de recursos psicológicos limitados, o consumidor usa quatro operadores de seletividade: Exposição seletiva. Os consumidores decidem a quais estímulos estarão expostos. Por exemplo, podem mudar de canal no intervalo comercial, deixando de ver a propaganda preparada com tanto cuidado pelas empresas. Atenção seletiva. Em geral, os consumidores irão prestar atenção apenas nas mensagens consistentes com suas atitudes e crenças e irão ignorar as inconsistentes (você já notou que na propaganda eleitoral você só presta atenção na propaganda do candidato ou partido que você já suporta? - por essa razão os horários eleitorais têm tão pouca capacidade de mudar as intenções de voto!). 9 Interpretação seletiva. Mesmo quando um estímulo recebe nossa atenção, tendemos a interpretá-lo conforme nossas atitudes e crenças. Isto cria o viés de confirmação, que nos leva a interpretar os dados de modo a confirmar o que já pensávamos sobre o produto. Retenção seletiva. Igualmente, tendemos a nos lembrar somente das coisas que se conformam com nossos gostos e expectativas. Se tivermos uma imagem positiva de dado produto, nos lembraremos mais da informação positiva sobre ele. Caso contrário, lembraremos mais dos aspectos negativos. Interpretação O terceiro estágio da percepção ocorre com a interpretação*, quando atribuímos um significado a dado estímulo. A interpretação ocorre quando conseguimos ligar um determinado estímulo a um conceito ou conjunto de conceitos já presente em nossa MLP. Para tanto, é preciso passar por três processos. O primeiro, a organização perceptual, consiste em determinar quais, dentre o imenso número de moléculas e ondas em nosso ambiente, devem ficar juntas. O seguinte, a categorização perceptual, nos leva a identificar o estímulo. Por fim, a inferência perceptual ocorre quando formamos uma crença acerca do estímulo. A escola comportamentalista (ou behaviorista) foca no mundo externo da aprendizagem. Ela preocupa-se essencialmente com (E) estímulos, (R) respostas ou comportamentos e (T) tempo ou episódios de experiência. A escola cognitivista foca o mundo interno da aprendizagem, sobretudo o (C) conhecimento e os (P) processos internos de pensamento. A atitude tem três componentes: componente cognitivo, componente afetivo e componente conativo. A Figura 23 ilustra esses componentes. O componente cognitivo representa o conhecimento e as crenças em relação a um objeto. Por exemplo, em relação à marca BMW, o componente cognitivo pode ser descrito por “BMWs são carros de qualidade, mas caros”. O componente afetivo está ligado aos sentimentos desenvolvidos em relação objeto. Por exemplo, “eu gosto de BMWs”. Por fim, o componente conativo evidencia as tendências de comportamento em relação ao objeto. Pode ser “eu quero comprar um BMW”. *Atitude – é uma p r e d i s p o s i ç ã o aprendida e duradoura para responder a um objeto de modo consistente, favorável ou desfavorável. Influências externas no comportamento do consumidor O fato de o comportamento do consumidor sofrer influência externa reflete sua natureza adaptativa: os consumidores se adaptam às situações que os cercam. As influências externas não são necessariamente ruins nem boas. Algumas formas, como coerção e manipulação, são ruins. Outras podem ser benéficas, como aconselhamentos, informação sobre produtos, etc . 10 Processos pré-compra A pré-compra pode ser analisada em dois momentos: a) o reconhecimento do problema pelo consumidor e b) a busca da informação. Reconhecimento do problema O reconhecimento do problema pelo consumidor ocorre quando ele percebe que tem uma necessidade. Oocorre quando o consumidor compara seu estado atual ou corrente com um estado ideal ou desejado. Se ele avaliar que há uma discrepância suficientemente grande, reconhecerá que tem um problema, uma necessidade não atendida. Processos de compra A compra é um momento crucial para a empresa, pois é neste estágio que a empresa gera caixa. Para o consumidor, também é um momento fundamental, pois é quando ele faz a escolha de uma única marca, da qual passa a depender para obter os benefícios necessários à satisfação de sua necessidade. Uma escolha errada e o consumidor corre o risco de não ter seu problema resolvido! Compra satisfatória custos físicos e psicológicos Dentre as alternativas de cuja existência saibamos, a primeira estratégia simplificadora consiste em reduzir o número de alternativas a considerar. No exemplo da compra de um automóvel, podemos nos restringir a uma categoria de veículos, a uma faixa de preços e/ou, se formos avessos ao risco, talvez apenas às marcas mais conhecidas. Outros fatores talvez possam estar presentes, como seria o caso de consumidores que excluiriam marcas que não investem na preservação do meio ambiente. Essas restrições levam a um conjunto menor de alternativas, conhecido como conjunto de consideração. Regras de decisão Uma vez de posse de um conjunto de consideração, o consumidor passa a adotar uma regra de decisão. Embora haja outras regras, as mais básicas regras de decisão são: Regra compensatória: o consumidor seleciona a melhor marca usando um modelo multiatributo. Regra lexicográfica: o consumidor seleciona a marca que é melhor no atributo mais importante para ele. Regra conjuntiva: o consumidor seleciona entre as marcas que atinjam um nível mínimo de desempenho. Processos pós-compra Muitas vezes a fase pós-compra não recebe muita atenção das empresas, que concentram seu esforço em desenvolver o produto, tornálo conhecido e vendê-lo ao consumidor final. O pós-compra, no entanto, é fundamental em marketing. Se o objetivo do consumidor é resolver seu problema, isto se dá através do consumo e não da compra. A compra é apenas um meio. O que ocorre após a compra é fundamental para o marketing, pois é após a compra que as necessidades e desejos são satisfeitos e, geralmente, apenas se experiências favoráveis de consumo ocorrerem é que haverá a recompra. Três questões merecem nossa atenção no pós-compra: a) a satisfação do consumidor, b) a dissonância cognitiva e c) o descarte. A dissonância cognitiva é uma decorrência natural da tomada de uma decisão e ocorre após a escolha ter sido feita. Ela acontece por dois tipos de razões: #há aspectos positivos na alternativa não escolhida; e #há aspectos negativos na alternativa que foi escolhida (mesmo ela sendo a melhor opção, no geral). 11 Descarte dos bens Esta é a fase final da vida de um bem com determinado proprietário. Há três possibilidades para descartar um bem: a) jogá-lo no lixo, b) guardá-lo (ou consertá-lo) e c) vendê-lo ou doá-lo. É contra-intuitivo, mas o descarte pode compreender diversas oportunidades de marketing. Assim, com a crescente preocupação ecológica, os consumidores já estão deixando de comprar produtos que afetem negativamente o meio ambiente. Embalagens reutilizáveis ou menos ofensivas ao meio ambiente podem aumentar significativamente o valor que os consumidores vêem em produtos ecologicamente corretos.
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